quinta-feira, 30 de abril de 2020

Sergio Alves - EntreVistas



Conheci  Sergio Alves , lá pelos idos dos anos 80 no Rio de Janeiro, tempos de poesia urbana, poesia de rua, com Samaral, Douglas Carrara, Edu Planchês, Lucio Celso Pinheiro, Iverson Carneiro, Flávio Nascimento, Zé Cordeiro, Moacy Cirne, Brasil Barreto, Paco Cac  e Marko Andrade. Para encontrá-lo bastava ir ao  Passa na Praça Que A Poesia Te Abraça. Varal de Poesia Ao Sabor do Vento. Feira de Poesia Na Cinelândia. Voltei a encontrá-lo pessoalmente na edição do POLEM comandado por Marcelo Mourão, na Taberna de Laura em Copabana,  outubro de 2019, edição em homenagem a poesia urbana carioca dos anos 80.  

SERGIO ALVES - Escritor, jornalista, animador cultural, ator, diretor de teatro, compositor. É autor de 6 livros de poesia. Militante do movimento cultural e do movimento negro há mais de 40 anos. Com 15 anos ingressou no grêmio estudantil, atuando como diretor cultural. Participou da histórica Feira da Poesia da Cinelândia, no começo dos anos 80. 

Em 1984 foi um dos fundadores do grupo Poça D’Água e do projeto “Passa na Praça que a Poesia te abraça”. Em 1990, participou da fundação do MACACO – Movimento de Arte e Cultura Alternativa, Comunitária e Organizada. Em 1991, teve seu poema “Cidade Dormitório”, usado como tema de prova do vestibular da Cesgranrio.  Em 1992, conquistou o 2º lugar, com o Poema “Mente Sã”, no Prêmio Internacional Cataratas, da prefeitura de Foz de Iguaçu.

Em teatro, Em 2004, dirigiu as peças “A Conta e o Tempo” de Regina Pierini e “Espíritos, Amor de Outras Vidas” de Vagner Castellanos. Em 2014, participou da criação , junto com a Banda DSD, o projeto “O Poeta e o Cantador”. Em 2015, participou da fundação do Coletivo Cultural “Rio da Prata”. Em 26 de junho de 2018, recebeu o Diploma Heloneida Studart, da Comissão de Cultura da ALERJ. É membro da diretoria do CEDICUN – centro de Estudos e Divulgação das Culturas Negras.

Artur Gomes- Como se processa o seu estado de poesia?

Sergio Alves - Depende muito do momento. Surge a ideia, corro e anoto. Depois vou trabalhando essa ideia, trabalhando as palavras, buscando a poesia.

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

Sergio Alves - São muitos. Alguns fazem parte do meu repertório, sempre declamo ou trabalho com meus alunos, como por exemplo “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos, que foi o primeiro poema que ouvi alguém declamar, um professor de literatura que o declamou em sala de aula quando eu tinha 15 anos. Outro que adoro é “O Analfabeto Político” de Berthold Brecht ou “A Flauta Vértebra” de Maiakoviski. Dos brasileiros, adoro “O Operário em Construção”, do Vinícius de Moraes, “Os Estatutos do Homem”, do Thiago de Mello, dentre muitos outros.
Dos meus, gosto muito do “Poema Fúnebre”, tem também “Mente Sã”, “Soweto, Salvador , Rio” que são os mais conhecidos, além do “Cidade Dormitório”, que foi matéria de Vestibular, em 94.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Sergio Alves - São muitos. Não tenho como especificar nenhum. Leio vários ao mesmo tempo. Com essa pandemia então, estou um verdadeiro leitor maluco, lendo desde Gregório de Mattos, Castro Alves, Lorca e Cervantes até os contemporâneos. Estou revisitando os companheiros poetas atuais do movimento marginal e alternativo, como o Flávio Nascimento, Cairo Trindade, Iverson Carneiro, Marcelo Mourão, Zé Cordeiro, João Batista Alves, Douglas Carrara... Muita gente. Estou um verdadeiro rato da minha própria biblioteca.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Sergio Alves - Sim. A temática social. A luta de classes me fascina. A luta do homem por liberdade, contra a opressão me impulsiona. A luta contra a escravidão, em todos os tempos, são meus temas prediletos.

Artur Gomes- Livro que considera definitivo em sua obra?

Sergio Alves - Já publiquei seis livros. Participei de muitas antologias. Mas acho que nenhum é definitivo. Porque sempre estamos aprendendo, trocando com outros artistas.
Artur Gomes - Além da poesia em verso já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Sergio Alves - Escrevo desde os 12 anos, mas comecei minha atuação cultural aos 15 anos, em 1975, quando ingressei no grêmio estudantil. Depois ingressei num grupo de teatro da escola e nunca mais parei. Era ditadura militar e os grêmios eram proibidos. A militância era feita na clandestinidade. Havia vários cineclubes atuando e apresentávamos vários esquetes e pequenas peças. Portanto, costumo dizer que o teatro popular entrou antes da poesia em minha vida.

Comecei mesmo a levar a poesia a sério em 1984, quando conheci o João Batista, o Zé Cordeiro, o Douglas, o Misael, a Rosinha na Feira da Poesia da Cinelândia e fundamos o “Passa na Praça que a Poesia te Abraça”.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Sergio Alves - Como eu disse, são quase 40 anos de atividades culturais. Como negro, morador da Zona Oeste, educador, de família pobre, sempre tive pedras no meio do caminho. Cada poema que escrevo é uma forma de enfrentar e denunciar essas pedras.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Sergio Alves - Tenho certeza que o fascismo, implantado recentemente em nosso país, passará, como passou o nazismo, como passaram os tiranos que a história nos mostra. Mas para que essa tirania desapareça de vez em nosso país, é preciso muito investimento em educação e em cultura. Só assim o povo consegue identificar e não votar nos lobos disfarçados em pele de cordeiro e seus lacaios, que são cordeiros querendo vestir a pele de lobo. Esses são os piores.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Sergio Alves - Minha tribo vem da África. Meus ancestrais, minhas referências vem desde o primeiro negão que fugiu pro quilombo. Com esse pensamento,  continuo por aqui, fundando quilombos por onde passo. Nunca sozinho, sempre de mãos dadas com companheiros, fortalecendo coletivos. Aqui na Zona Oeste, fundamos o MACACO e o Coletivo Cultural Rio da Prata, ingressei no CEDICUM – Centro de Estudos e Divulgação das Culturas Negras, que é uma das maiores referências do movimento negro da região e está completando 32 anos.

Outra tribo que adoro são os jovens, com quem trabalho diariamente como animador cultural e educador social. Adoro experimentar novas linguagens e com esse espírito criei, junto com o pessoal da Banda DSD o projeto “O Poeta e o Cantador”, um encontro com a vanguarda jovem da região. Essa é a minha tribo.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Sergio Alves - Sou um cidadão de esquerda, filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1990. Mas procuro não partidarizar a minha poesia, a minha arte. Me defino mais como militante do movimento social, do movimento cultural, do movimento negro. Acho que muitos grandes escritores conseguiram esse feito, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, entre outros. Só não acredito na chamada “arte pela arte”, essa, na minha opinião, não conscientiza, não desperta ninguém.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Sergio Alves - Sobre a obrigação do poder público de fomentar a cultura.

Respondo que deveria ser prioridade. Como educador e animador cultural, trabalhei em muitos projetos nas comunidades e em escolas. Posso afirmar que esses projetos salvam vidas, retiram jovens dos braços do crime; já aconteceu com alunos meus.  Acho que cada escola deveria ter um escritor de plantão, violões e berimbaus à disposição. Só acredito no governante que ao invés de fazer gestos com armas nas campanhas, jogue capoeira e dance um jongo com os meninos nas comunidades.

A poesia agradece.

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Victor Colonna - EntreVistas



Nos conhecemos em Saraus pelas noite cariocas, a empatia veio de pronto, visto que Victor Colonna é uma grande intérprete de poesia falada. Em 2019 foi premiado como segundo melhor intérprete no XXI FestCampos de Poesia Falada, em Campos dos Goytacazes-RJ. Pelo face e pelo zap temos uma interlocução diária sobre nossas as perspectivas nesses tempos obscuros em que mergulharam o país. Ele é um desses poetas que fala pouco, está quase sempre em seu silêncio meditativo, mas quando solta a voz, leva sua poesia às alturas.  

Victor Colonna é poeta. E cronista. Tem três livros publicados. Sujeito Oculto ( Poesia/1999 ), Cabeça Tronco e Versos ( Poesia/ 2009 ) e Antes que eu me Esqueça ( crônicas/ 2015 ).

Artur Gomes -  Como se processa o seu  estado de poesia?

Victor Colonna - Cada poema tem sua história.  Em geral eu não penso em fazer o poema. Surge “algo”: pensamento, emoção, explosão. Nasce um verso.  E eu saio em perseguição ao poema.

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

Victor Colonna - O próximo.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Victor Colonna - Vinícius, Drummond, Fernando Pessoa, Cora Coralina, Viviane Mosé. São tantos...

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Victor Colonna - A vida.

Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra?

Victor Colonna - Não acredito em livro definitivo. Livros maravilhosos há vários:  Guerra e Paz, Irmãos Karamazov, Macbeth, Dom Casmurro.  e outros vários.

Artur Gomes - Além da poesia em verso  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Victor Colonna - Declamação. O que envolve teatro também. O poema falado num palco, com a  luz certa, é outro poema.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Victor Colonna - Todos. Escrever nunca foi fácil pra mim.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Victor Colonna - Todos passarão. Passarinho somente alguns serão.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Victor Colonna - Discordo da afirmação. Nunca fiz parte de tribo alguma. Transitar, sim, transito. Fazer parte, não.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Victor Colonna - É ser o que um poeta é. Cuidadoso com o poema. Desde a escrita até a declamação. Poema precisa de tempo para ser feito. E de silêncio e atenção para ser entendido. O mundo cada vez está mais corrido e desatento. O poeta vai na contramão disso. Ser poeta é  ir na contramão.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Victor Colonna -  Todas as perguntas foram feitas.

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Daniel Perroni Ratto - EntreVistas


Nosso contato no face surgiu depois que o conheci ao vivo no Gente de Palavra Paulistano, na Patuscada, comandado por outros dois grande amigos e grandes poetas, Cesar Augusto de Carvalho e Rubens Jardim, fevereiro de 2019, em homenagem a outra grande amiga e também grande poeta Dalila Teles Veras.

Juro, que quando vi o Daniel, pensei estar novamente diante de Paulo Brusky, poeta e amigo que vi pela última vez em 1987 na cidade de Batatais-SP. A noite foi um vendaval poético, 29 poetas fazendo leituras da poesia de Dalila, numa sinfonia de vozes  emocionadas com a grandeza do que estava sendo dito.

Daquela  noite em diante, Daniel Perroni Ratto faz parte do meu roll de amigos de face, que com sua brava poesia enriquece ainda mais essa nossa  Balbúrdia Poética.

Daniel Perroni Ratto -  Vencedor do Prêmio Guarulhos de Literatura 2019, na categoria, Escritor do Ano, com o livro, Alucinação (Algaroba, 2018), Daniel Perroni Ratto é poeta, jornalista, músico e editor, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA/USP. É autor dos livros, Urbanas Poesias (Ed. Fiúza, 2000), Marte mora em São Paulo (A Girafa, 2012), Marmotas, amores e dois drinks flamejantes (Ed. Patuá, 2014) e VoZmecê (Ed. Patuá, 2016).

Foi cronista do UOL Música, editoria de música do portal Culture-se e do jornal Diário do Nordeste. Faz parcerias de composição com artistas da cena musical brasileira como: Tatá Aeroplano, Douglas Mam, Bleck a Bamba, Daniel Medina, Juli Manzi, etc.

Artur Gomes -  Como se processa o seu  estado de poesia?

Daniel Perroni - Boa noite, Artur. Agradeço o convite para participar desse espaço bem bacana da literatura brasileira contemporânea.

Para mim, o “estado de poesia” é uma ligação com o etéreo, das coisas universais e intangíveis ao mesmo tempo em que está intimamente ligado ao mundano, aos fatos cotidianos da urbanidade ou da natureza, do mundo tangível ao nosso redor. A chave, talvez, seja uma sensibilidade para captar a energia que a matéria emana e das luzes imateriais que viajam através das dimensões.

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

Daniel Perroni - Não tenho um poema próprio preferido. Claro, tenho poemas que gosto menos, todavia, não tenho um de que goste mais. Vou pensar aqui. Bom, tenho um carinho pelo poema “Marte mora em São Paulo”, por ter sido um momento de ruptura, de uma nova práxis que se apresentava na minha vida, naquele momento. Escrevi de uma tacada só, daquele jeito que Blake diz que tem que ser, logo após minha primeira caminhada pela Avenida Paulista, pleno meio-dia. Sempre vivi na praia, Fortaleza ou São Vicente. Só conheci a famosa selva de pedra, de fato, jovem adulto, em 1998, aos 22 anos, quando escrevi o poema.

Marte mora em São Paulo

Tudo o que pude fazer para você
deu no que deu
Comi o papel para o quê?
Tudo que ganhou foi meu.

Radioatividade de pessoas
Cantam na Paulista com Augusta
Ruas glamourosas e coroas
na vida ganha da grana sua.

Aliens atropelam corações
que tentam ser São no salmo
Homens caçam perdões
Marte mora em São Paulo.

Violência sensorial extrapola
Guerra Mundial Nuclear
Meu tesão controla
Brindes nas Ondas… No Mar.

No Mar Edificado das capitais
Perdido no concreto armado
Enjaulado como animais
Em São Paulo Campo minado.

Planos confabulados
por metro quadrado
Alienígenas de várias
galáxias na Avenida Paulista

Métrica totalmente aleatória Desagrado
Raios inversos na térmica da Atmosfera.

Amanhece com o frio usando no edredom
Meio-dia de mangas curtas e suor escorre
Balas psicodélicas perseguem o Poseidon

Sujeito seguido
dentro do software
corre ou morre

A mulher fatal estende a mão para o alto
Lá de cima o homem olha os terráqueos
Quadro enfocado dos sacos esfaqueados

Só eu sei que Marte Mora em São Paulo
Comunicação telepática além dos óculos
Escuros espaços nas calçadas do Universo
ali do lado perto das famosas esposas do
povo

O gigolô fuma um cigarro
e puxa a camisa de Vênus

Carros correm nas avenidas
com a pressa do tempo
Aviões monitorados nos
micros trazem pessoas

Helicópteros transportam
executivos e canais de TV
Motos desafiam a gravidade
e levam a Morte na garupa

Ninguém se entende
nesse caos proposital
minhas rimas seguem
qualquer padrão

E fica assim então como
divergência intelectual
das diversas formas de vida
que vivem no hospedeiro
corpo humano veículo ineficaz
de supremacia
A praga já se disseminou
e contagiou as mentes
os mendigos vivem
nas ruas sem dentes
e não tem como
resolver a problemática
sem vacina
Marte Mora em São Paulo.

Marcianos exploram
o governo Mundial
a disputa fica quente

Manipulação das
criaturas noturnas
Saturno vive em São Paulo

Saturnianos enfrentam
Marcianos pela posse
guerra sanguinolenta
entre espécies

Manipulação das criaturas
subterrâneas
Andrômeda assalta São Paulo

Andromedanos
disputam com
Plutanianos
o direito de roubar
energia dos nordestinos
que vieram de Mercúrio
onde o vermelho não possibilitava
temperaturas satisfatórias

Os povos da
Constelação de Órion
encontraram moradia
na zona Leste
Os Orionmanos
se organizam nos guetos
armamento pesado
pra combater
os alienígenas de Júpiter
guerreiros gigantes
que se infiltraram
em todos os lugares do mundo
globalizando informações
para poderem dominar

Ali e Acolá
no meio das ruas
a guerra está aberta
O Ser Humano
já não é o ser
Liberdade de ir
e não voltar
ou de ficar
e não deixar
prospera nas leis
estabelecidas pelos Marcianos

Vou ficando como um louco
que não reconhece
as digitais da sua companheira
um fato pode ser esclarecido
o planeta Marte mora em São Paulo.

Tem esse texto visceral de Torquato Neto que levo sempre comigo:

“Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilho. Poetar é simples, como dois e dois são quatro, sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, para quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus. E Fique sabendo: quem não arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.”

 Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Daniel Perroni - Tenho lido muitos poetas contemporâneos, mas de cabeceira posso dizer: Blake, Rimbaud, Burroughs, Piva, João Cabral, Manoel de Barros, Waly e Torquato.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Daniel Perroni - Pode ser qualquer coisa que me desperte algum tipo de sentimento, de emoção. Boa ou má. Não tenho nenhum tipo de ritual a me prender.

 Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra?

Daniel Perroni - Todos são definitivos, penso. Marcam as fases, as transições de vida. Por óbvio, talvez o primeiro, Urbanas Poesias, lançado no ano 2000. Justamente por quebrar aquela barreira de lançar ou não. De mostrar para as pessoas ou não. De dar a cara para bater, de entender que ninguém é unanimidade e de lidar com a possível rejeição, por certa parte dos leitores, com tranquilidade.

Artur Gomes - Além da poesia em verso  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Daniel Perroni - A poesia está no mundo e a arte é seu veículo na transmissão. De minha parte, além da poesia “de livro”, faço declamações, leituras, poesia audiovisual e parcerias musicais.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Daniel Perroni - Vários, bicho. Até um “Poema Comunista” com a forma, métrica e rima do “Poema da Necessidade”, de Drummond, quando eu tinha uns 16 anos. Esse último livro, Alucinação (Algaroba, 2018), é, basicamente, sobre a pedra fascista que está no caminho do Brasil, chamada Bolsonaro.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Daniel Perroni - É um mundo novo, para além de Huxley, nada admirável. Já vivemos nessas distopias que líamos em 1984 e Fahrenheit 451, por exemplo. Não é possível termos esse governo simultaneamente ao coronavírus. É preciso extirpar o protozoário que ocupa o Palácio da Alvorada. Acredito que ele e seus filhos, os Irmãos Metralha, passarão. Os poetas, passarinho.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Daniel Perroni - Sim, a tribo no sentido de serem suas experiências, influências, que podem ser uma fusão da passagem por diversas tribos ao longo da vida. Pelo menos, penso assim. Não me atenho a regras, formas, ritos. Nesse caminho, sou anarquista. Venho do Ceará, com uma infância rica em artes, música e poesia. Venho de São Vicente, com uma adolescência rica em esportes, contato com a natureza, o mar, principalmente. Venho de São Paulo, das urbanidades do ser cosmopolita. Venho de outras dimensões, das camadas mais finas, das membranas intergalácticas da Teoria das Cordas. Venho do sertão, do cangaço, da flor do mandacaru. Venho da vontade de existir contida no Big Ben.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Daniel Perroni - Poeta sempre foi, é, e será um revolucionário. Um provocador do status quo. Um poema de Patativa do Assaré, das agruras da seca é revolucionário. Onde canta o sabiá é subversivo. O ato de fazer lembrar que  somos, que existimos, e, que, ao nosso redor está o que é, o que existe para além do ego, do superego.
A poesia é a alma do mundo e o poeta a transporta até as palavras.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Daniel Perroni -  Estou bem satisfeito com a entrevista e feliz por tê-la respondido! Obrigado mais uma vez, pelo espaço! Um grande abraço, Artur!

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Federico Baudelaire - EntreVistas

Diego interpretando Federico Baudelaire 
em LeminskiAndo Em Cena


 As vezes penso que muito o conheço, outras vezes sei Nonada. Desde que nos encontramos pela primeira vez lá pelos idos de 1974 num terreiro de Xangô, que as idas e vindas e nossos encontros tem sido pra lá de inusitados. Depois de enfrentarmos juntos trovoadas e tempestades pelos mares de Atafona e Guaxindiba, nos perdemos de vista e fomos nos encontrar novamente em 1987 em Batatais-SP. Depois mais um grande intervalo de 3 anos e por acaso em 1990 nos re-encontramos em Ouro Preto-MG.

Com a criação da Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta No In-consciente Coletivo, Federico Baudelaire foi alçado ao cargo de Mestre/Sala e por longos 10 anos nosso encontros foram permanentes, nos ensaios, desfiles e assembleias. Mas aí veio o seu desentendimento quase arranca rabo com Pastor de Andrade, por conta da não re-eleição de Gigi Mocidade para Rainha da Bateria da MIPO, rasgaram a ata da assembleia, e o impasse permanece até hoje.

Welton Martini interpretando 
Federico Baudelaire em A Nossa Casa É Um Teatro

Em 2005 outra vez  por esses descuidos do acaso do destino nos re-encontramos em Curitiba, antes em 1994 já havíamos estados juntos no desfile da Unidos do Botão, a convite do Hélio Letes, que agora é Leites. Por mais um tempo perdidos das entre vistas, voltamos a nos ver em 2015, num encontro dos acasos ou conspiração do cosmo em PortoViejo, na Bolívia.

Estava eu, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, compondo a  Comissão Julgadora dos desfiles das Escolas de Samba e na segunda feira de carnaval resolvemos pegar uma van e atravessar a fronteira para dar uma espiada no carnaval da Bolívia, e eis lá se deu o encontro sagrado  para a criação da Igreja Universal do Reino de Zeus.

Artur Gomes - consta no face que você nasceu em Itabira, confere¿

Federico Baudelaire - na verdade Itabira é um acidente de percurso. Eu nasci mesmo em Araraquara, meu pai (que prefiro não citar o nome para não entregar), estava separado da minha mãe, que eu nem conheci. Do seu outro casamento havia um meio irmão pedante e ciumento. Aos 7 anos fui adotado por Drummond, que me levou para o Rio de Janeiro. Como não me acostumei a ficar trancado os dias inteiros dentro de livros na Biblioteca Nacional, então ele resolveu me levar pra Itabira, onde fiquei até os meus 15 anos, na casa de minha mãe de criação.

Artur Gomes - Como você foi parar em Campos nos anos 70?

Federico Baudelaire - Bem, com 15 anos coloquei mochila nas costas e peguei estrada. Era comum na época, viajar de carona e acampar próximo a sítios, montanhas, cachoeiras. Eu estava aprendendo a tocar violão, e de repente quando dei por mim estava em Itaperuna no Estado do Rio de Janeiro, e lá conheci Vitor Meireles (o pardal), que estava querendo formar uma banda, mesmo sem ter muita prática de violão ainda, foi a minha primeira incursão com música. Depois de algumas apresentações nos bares e nos clubes de Itaperuna, Vitor resolveu ir tentar a sorte em Campos, e me carregou na bagagem.

Artur Gomes - Quando você começou a frequentar terreiros de umbanda?

Federico Baudelaire - Foi por influência do Pardal, toda a família dele tinha uma ligação com a mediunidade, mas em Itaperuna eu nunca tinha ido a nenhum centro. Em Campos foi a primeira vez, naquela noite de 1974 quando nos conhecemos.

Artur Gomes - Por quanto tempo você ficou morando em Campos?

Federico Baudelaire - Durante os anos que existiu a Turma do Campo, acho que uns 4 anos depois, até 1979 mais ou menos. Ainda me lembro dos Festivais de Música até 1980 em Miracema. Depois caí na estrada novamente. Quis ir pra Marília, onde meu pai lecionava, mas acabei indo parar em Cerquilho, morar com Mariana uma namorada que conheci em Registro. Era um mar de fogo, foi ela quem me levou a  incursionar pela poesia, paixão avassaladora. Nunca mais tive outra igual, apesar que os 6 anos vividos com Gigi foram vulcânicos também.

Artur Gomes - Como você foi parar em Batatais em 1987?

Federico Baudelaire - Eu tinha  conhecido o Gariel de La Puente, em Assis, e desde que o conheci colaborei com a sua revista de contos: FURAPRHOYDI. Em 1985 era para ter ido a Jadinópolis no encontro que ele organizou mais não foi possível, estava tentando exame para comunicação na  PUC , e levei pau, passava por um momento de grande depressão. Em 87 Gabriel me convenceu e lá fui  eu mergulhar naquela fogueira que foi a semana em Batatais. Foi lá o último encontro que tive com o meu pai, na fazenda onde ficamos hospedados, com mais alguns poetas, entre eles: Hugo Pontes, Paulo Bruscky, Ricardo Pereira Lima, Jorge Mautiner, Nelson Jacobina, Cesar Augusto de Carvalho, e o cineasta Guilherme Almeida Prado.

Artur Gomes - E por quê não nos encontramos Registro em 1990, e fomos nos encontrar em Outro Preto naquele mesmo ano?

Federico Baudelaire - A Mariana, é filha de uma família tradicionalíssima de lá, japoneses cultivadores de chá e banana, zen budistas, ela ficou com receio dos seus pais não aprovarem o nosso relacionamento. Em setembro de 1990 já estávamos morando em Ouro Preto, Mariana cursava arquitetura na Federal de lá.

Artur Gomes - Mas naquele ano mesmo começou o seu romance com Gigi na Mocidade Independente?

Federico Baudelaire - Não. Lá em Ouro Preto começou o nosso contato, e a partir dali um bom período de trocas de cartas. Só fui para Campos em 92 para o primeiro desfile da Mocidade, e por lá fiquei até o desentendimento com Pastor de Andrade, em 2002. Aí botei a mochila nas costas novamente. Primeiro baixei em São Paulo, tinha feito uma Oficina de Artezanato com o Hélio, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, e pensei que ele ainda estivesse por lá, como não estava fui procurá-lo em  em Curitiba e por fim e fui parar na Bolívia, até nos re-encontrarmos em 2015.

Artur Gomes -  Vamos deixar de lado agora o pessoal e entrar na sua vida de poeta, a apesar de achar que elas se confundem. Como se processa o seu  estado de poesia?

Diego com Rachel Rosa, se preparando para interpretar
 Federico Baudelaire em Leminskiando Em Cena.  

Federico Baudelaire - Primeiro eu tenho que me localizar em que estado me encontro. dependendo desse estado, é uma música, uma palavra que desconforta ou desconcerta, um fora de uma porta bandeira qualquer. Quando você me colocou para contracenar com Clarice, por exemplo, o meu estado era de desvario pleno, pois pensava encontrar na minha frente uma mulher madura, quando me vi diante daquela lindura, que era a Rachel Rosa logo pensei em Wally Salomão - : "me segura que eu vou ter um troço". Na verdade, não tem uma coisa lógica, racional. Acabo de ler uma entrevista que você fez com Fábio Pessanha, que me encantou, me vi muito ali naquelas figuras de linguagem que ele coloca como exercício de escrita.
Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

Federico Baudelaire - meu. não que seja o melhor, mas tem um grande significado pela motivação da escrita, pelo local onde foi escrito e o fato que o motivou. eu estava oculto em Bento Gonçalves-RS ano de 1996, primeira edição do Congresso Brasileiro de Poesia, lá, onde reinava Afonso Romano de Sant´Anna Fernando Aguiar, Hugo Pontes, Clemente Padin e Virgílio Lemos.   Essa minha incursão pelas virgindades poéticas de Bento  me rendeu 6 anos de cartas incendiárias trocadas com uma musa que conheci no hall do Hotel Dallonder numa madrugada inteira de poesia 



desfloração

teu corpo é carne de uva
meu líquido - vinho
como chuva - molha teu corpo
de dentro
no altar sagrado dessa casa de pedras
esse vale agora secreto
testemunha do ato profano
a cada segundo dessas horas
em nossos corpos carnaval 
em que desfolho teu bem-me-quer
e cheiro as flores do mal

de outros: são dois que não me largam, O Corvo, Edgard Alan Poe e Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão, Oswald de Andrade.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Federico Baudelaire - tenho vários. depende muito do estado de poesia que eu queira desbravar naquele instante em que me jogo numa cama, só, ou acompanhado. quando só, toda a troup da poética brasileira contemporânea, ou até mesmo alguns anteriores. quando acompanhado gosto de ter na cabeceira as poetas: Ana Cristina César, Olga Savary, Hilda Hilst, são poetas que me apunhalam, me exploram e ao mesmo tempo me esporam. Gosto das per-versas as que maltratam, para mostrar a quem deitou comigo que o amor se faz por todos os sentidos, mesmo muitas vezes não tendo sentido algum.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Federico Baudelaire - o toque  do corpo a corpo na carne da palavra. isso apesar de não ser o bastante, é o que pode ser a tecla propulsora de uma criação. agora mão gosto de pedra de toque. Uilcon Pereira tinha a mania de falar no livro de capa preta, como essa pedra de toque. O que na verdade nunca soube exatamente o que era para ele. muitas vezes para mim a pedra de toque é a própria palavra que preciso naquele determinado momento da vertigem. e essa citação do Herbert Emanoel é bem adequada para o que penso a respeito do instante da criação: "o poema é a espantografia da linguagem". Isso para mim significa que o ato de escrever é um estado de êxtase. não sei criar  em outro estado.

Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra?

Federico Baudelaire - não é  um livro, minha obra está marcada pela minha trajetória nos desfiles da Mocidade Independente de Padre Olivácio - e para mim tem um desfile definitivo que é o de 1992 em Campos dos Goytacazes, com a banda do Boi Capeta, e no verão de 1993 no Farol de São Tomé, com o Boi Chupeta. Desfilar com aquele Samba Enredo - : Federika A Porta Bandeira Que BorTou Olivácio Doido, foi a glória total para um mestre/sala anarco como eu.

Artur Gomes - Além da poesia em verso  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Federico Baudelaire - poesia em verso escrevo muito pouco. tenho algumas incursões como ator de teatro, e na minha estada na Bolívia fiz curso de cinema, aproveitando umas experiências que tinha feito em São Paulo na Boca do Lixo, enquanto Guilherme filmava Perfume de Gardênia, que antecede A Dama Do Cine Xangai. Hoje escrevo alguns salmos para as festas das Bacantes da Igreja Universal do Reino de Zeus, principalmente para os discursos de Dionísio nos seus encontros com Vênus quando ela se transforma em  Afro-dite-se-quiser. são as  epístolas  das minhas sagradas escrituras. também vez por outra escrevo prosa poética quando re-visito os quintas de Assombradado, com re-leituras da trilogia No Coração dos Boatos, de Uilcon Pereira e em textos para entrevistas.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Federico Baudelaire - esse tempo em que estamos vivendo é a própria pedra no meio do caminho. mas o primeiro impasse que tive na vida e que percebi uma pedra do nomeio do caminho tirei de letra com esse poemeto:

não prego prego sem estopa
não uso óculos de garfo
só tomo sopa de colher 
ninguém me ama
ninguém me quer
ninguém me chama
federico baudelaire

no momento me veio a lembrança as ironias de Nicolas Bher com o seu livreto Yogurte Com Farinha que tinha lido no início dos anos 80.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Federico Baudelaire - de verdade. não sei dizer. tenho andado bem pessimista com esse estado de coisas. vez em quando me vem a mente e assovio umas canções do Belchior, e um dos seus refrões que não sai da lembrança desde a primeira vez que ouvi -

: "tenho sangrado demais
tenho chorado pra cachorro
ano passo eu morri
mas esse ano eu não morro". -

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Federico Baudelaire - bem acho que a minha tribo está na estrada. na geração beat, hippie, alucinógena, já experimentei quase de tudo. nos anos 70 aprendi a encarar o mundo com Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Bob Dylan. sou mais  ligado a audição. a música é o que me alimenta e ao mesmo tempo me desconcerta desconforta mas também me impulsiona. Quando comecei a ouvir Caetano, Gil, Tom Zé, Gal, Mutantes, o Terço, o comecei a perceber que o barato era  total.  foi como se  um trem de ferro passasse lotado a todo vapor por minhas estações dos desencontros.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Federico Baudelaire - para mim ser poeta é ser Mestre/ Sala da Mocidade Independente de Padre Olivácio. é lá que ainda me encontro, lá é o meu lugar de ser e de estar. onde encontrei a minha grande paixão, o meu poema carne osso e não vai ser um Pastor de Andrade que vai ser o exterminador do meu futuro. quanto a isso sou otimista, ser poeta é ter também a picardia a teimosia e não desistir dos seus sonhos mesmo que estejam mais para o impossível.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Federico Baudelaire - pensei que fosse  perguntar o nome do meu pai. Mas mesmo se me perguntasse eu não iria dizer, em respeito a sua memória e ao seu descanso eterno. 

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