quinta-feira, 30 de abril de 2020

Victor Colonna - EntreVistas



Nos conhecemos em Saraus pelas noite cariocas, a empatia veio de pronto, visto que Victor Colonna é uma grande intérprete de poesia falada. Em 2019 foi premiado como segundo melhor intérprete no XXI FestCampos de Poesia Falada, em Campos dos Goytacazes-RJ. Pelo face e pelo zap temos uma interlocução diária sobre nossas as perspectivas nesses tempos obscuros em que mergulharam o país. Ele é um desses poetas que fala pouco, está quase sempre em seu silêncio meditativo, mas quando solta a voz, leva sua poesia às alturas.  

Victor Colonna é poeta. E cronista. Tem três livros publicados. Sujeito Oculto ( Poesia/1999 ), Cabeça Tronco e Versos ( Poesia/ 2009 ) e Antes que eu me Esqueça ( crônicas/ 2015 ).

Artur Gomes -  Como se processa o seu  estado de poesia?

Victor Colonna - Cada poema tem sua história.  Em geral eu não penso em fazer o poema. Surge “algo”: pensamento, emoção, explosão. Nasce um verso.  E eu saio em perseguição ao poema.

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

Victor Colonna - O próximo.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Victor Colonna - Vinícius, Drummond, Fernando Pessoa, Cora Coralina, Viviane Mosé. São tantos...

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Victor Colonna - A vida.

Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra?

Victor Colonna - Não acredito em livro definitivo. Livros maravilhosos há vários:  Guerra e Paz, Irmãos Karamazov, Macbeth, Dom Casmurro.  e outros vários.

Artur Gomes - Além da poesia em verso  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Victor Colonna - Declamação. O que envolve teatro também. O poema falado num palco, com a  luz certa, é outro poema.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Victor Colonna - Todos. Escrever nunca foi fácil pra mim.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Victor Colonna - Todos passarão. Passarinho somente alguns serão.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Victor Colonna - Discordo da afirmação. Nunca fiz parte de tribo alguma. Transitar, sim, transito. Fazer parte, não.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Victor Colonna - É ser o que um poeta é. Cuidadoso com o poema. Desde a escrita até a declamação. Poema precisa de tempo para ser feito. E de silêncio e atenção para ser entendido. O mundo cada vez está mais corrido e desatento. O poeta vai na contramão disso. Ser poeta é  ir na contramão.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Victor Colonna -  Todas as perguntas foram feitas.

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