Nos conhecemos em Saraus pelas noite cariocas, a empatia veio
de pronto, visto que Victor Colonna
é uma grande intérprete de poesia falada. Em 2019 foi premiado como segundo
melhor intérprete no XXI FestCampos de
Poesia Falada, em Campos dos Goytacazes-RJ. Pelo face e pelo zap temos uma
interlocução diária sobre nossas as perspectivas nesses tempos obscuros em que
mergulharam o país. Ele é um desses poetas que fala pouco, está quase sempre em
seu silêncio meditativo, mas quando solta a voz, leva sua poesia às alturas.
Victor
Colonna é poeta. E cronista. Tem três livros publicados. Sujeito Oculto ( Poesia/1999 ), Cabeça Tronco e Versos ( Poesia/ 2009 )
e Antes que eu me Esqueça (
crônicas/ 2015 ).
Artur
Gomes - Como se processa o
seu estado de poesia?
Victor
Colonna - Cada poema tem sua história. Em geral eu não penso em fazer o poema. Surge “algo”: pensamento, emoção, explosão.
Nasce um verso. E eu saio em perseguição
ao poema.
Artur
Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua
admiração.
Victor
Colonna - O próximo.
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Victor
Colonna - Vinícius, Drummond, Fernando Pessoa, Cora Coralina,
Viviane Mosé. São tantos...
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Victor
Colonna - A vida.
Artur
Gomes - Livro que considera
definitivo em sua obra?
Victor
Colonna - Não acredito em livro definitivo. Livros maravilhosos há
vários: Guerra e Paz, Irmãos Karamazov,
Macbeth, Dom Casmurro. e outros vários.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso já exercitou ou exercita outra forma de
linguagem com poesia?
Victor
Colonna - Declamação. O que envolve teatro também. O poema falado
num palco, com a luz certa, é outro
poema.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
Victor
Colonna - Todos. Escrever nunca foi fácil pra mim.
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Victor
Colonna - Todos passarão. Passarinho somente alguns serão.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma
que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de
onde vem, qual é a sua tribo?
Victor
Colonna - Discordo da afirmação. Nunca fiz parte de tribo alguma.
Transitar, sim, transito. Fazer parte, não.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
Victor
Colonna - É ser o que um poeta é. Cuidadoso com o poema. Desde a
escrita até a declamação. Poema precisa de tempo para ser feito. E de silêncio
e atenção para ser entendido. O mundo cada vez está mais corrido e desatento. O
poeta vai na contramão disso. Ser poeta é
ir na contramão.
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Victor
Colonna - Todas as perguntas
foram feitas.
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