segunda-feira, 20 de abril de 2020

Alberto Sobrinho - EntreVistas



Alberto Sobrinho nasceu no Rio de Janeiro em 1963. É Oficial da Marinha do Brasil, Psicólogo e Graduado em Letras. Possui uma trajetória muito mais na poesia falada que escrita. Publicou em 2018 Delírios de Vossa Insolência e participou de diversas antologias. Seus poemas e contos receberam prêmios em diversos concursos literários como Prêmio Escriba Piracicaba, SESC, FestCampos de Poesia Falada e Festival Aberto de Poesia Falada de São Fidélis. Possui dois canais no Youtube: um sobre Festivais de MPB e o outro com suas poesias faladas. Vencedor do XXI FestCampos de Poesia Falada, Campos dos Goytacazes-RJ 2019 com a poesia New Gotan City.

Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

Alberto Sobrinho - Quase tudo que escrevo provém de uma necessidade ancestral de me expressar. Priorizei uma vida “segura” economicamente e caí na armadilha da automutilação literária. Dessa forma, minha poesia flui (quando flui) de uma briga comigo mesmo e de uma vontade enorme de expor minhas “roupas sujas” em versos. Isso dói muito... Porém me traz um alívio que não tem preço.

Artur Gomes - Seu poema preferido?

Alberto Sobrinho - Eu gosto muito de uma ironia refinada. Na literatura a gente tem muito exemplo disso. Os meus poemas caminham muitas vezes pelas vertentes da ironia (nem sempre refinadas!) e são esses os meus preferidos. Um pai não escolhe um filho específico e eu não seria exceção. Tirando os poemas que aborto logo de cara, todos me são caros.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Alberto Sobrinho - Minha cabeceira é cheia de poetas. Nela frequentam Ferreira Gullar, Mário de Andrade, Torquato Neto, Cacaso, Leminski, Hilda Hilst e alguns ilustres (quase) desconhecidos como Lasana Lukata, Maria Rezende, etc.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Alberto Sobrinho  - O que me impulsiona a escrever, por incrível que possa parecer, é a pressão. Só escrevo em mar bravio, incomodado, indignado... Aí surge um verbete. Daí ele começa a fazer uma espécie de eco dentro de mim, como um pedido para que eu torne este “verbete” em poesia. Meus poemas costumam surgir quando eu honestamente me rendo a esses apelos.  

Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?

Alberto Sobrinho - Não digo em minha obra (que considero muito limitada) mas as minhas inquietações tomaram uma proporção gigantesca desde que li pela primeira vez (ainda na adolescência) A NÁUSEA de Jean-Paul Sartre. A percepção de falta de sentido da vida e a necessidade de se amparar na arte (especificamente na poesia) é tudo que me ronda. Como o protagonista de Sartre, escrevo sem expectativas de ser lido, de ser compreendido... Escrevo para me manter vivo.

Artur Gomes - Além da poesia em verso,já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Alberto Sobrinho - Muito pouco. Infelizmente fiz escolhas ainda na adolescência que me impossibilitaram formas de expressão como o teatro e a dança. Tenho a certeza de que elas fariam de mim um artista mais pleno.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Alberto Sobrinho - Todos. Como disse, as pedras no caminho é que me impulsionam. Por vezes, quando tento ser comedido ao escrever, o poema nasce com aquela carinha falsa... Então, prefiro cavoucar este meu terreno pedregoso usando a minha verdade. Meus poemas, independente de sua literariedade (ou não) são sempre oriundos de desafios existenciais.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Alberto Sobrinho - Eu espero que passem todos aqueles que tratam algo tão sério como uma “gripezinha”; que apregoam a “cloromerda” como o novo “nióbio” que resolverá o problema dos brasileiros; os que acham confortante a ideia de que a morte de idosos (pobres, é claro!) trará um alívio para o “problema” previdenciário...
.... Enquanto isso, nós poetas atentos, passarinho!

Artur Gomes –Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Alberto Sobrinho - Minha tribo vem daqueles malfadados livros de bolso com histórias de sacanagens, bang-bang da década de 70, Chico Buarque, Caetano, Camões, Cassandra Rios, Nelson Rodrigues, poesia marginal dos anos 70, Festivais de MPB... Tudo isso se mesclou e formou essa massa estranha que me carrega. Lamentavelmente não participei de militância literária por timidez... Isso me fez (e faz!) uma falta. Um vácuo na minha escrita.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Alberto Sobrinho - Ser um poeta militante de poesia é encarar as diversas manifestações sem preconceito; promover a poesia onde ela ainda não teve espaço; ter a coragem de correr os riscos de se produzir poesia em terreno árido, em um país que não lê, não gosta de pensar...

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Alberto Sobrinho - Qual a sua maior frustração como poeta?

Resposta – Ainda não ter conseguido fazer um poema erótico que me convença. Talvez pelo motivo de que o sexo não seja uma “pedra no meu caminho”, meus pretensos poemas eróticos são meio brochantes. Contradições que eu não sei e nem busco explicar.

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