Alberto Sobrinho nasceu
no Rio de Janeiro em 1963. É Oficial da Marinha do Brasil, Psicólogo e Graduado
em Letras. Possui uma trajetória muito mais na poesia falada que escrita.
Publicou em 2018 Delírios de Vossa
Insolência e participou de diversas antologias. Seus poemas e contos
receberam prêmios em diversos concursos literários como Prêmio Escriba
Piracicaba, SESC, FestCampos de Poesia Falada e Festival Aberto de Poesia
Falada de São Fidélis. Possui dois canais no Youtube: um sobre Festivais de MPB
e o outro com suas poesias faladas. Vencedor do XXI FestCampos de Poesia
Falada, Campos dos Goytacazes-RJ 2019 com a poesia New Gotan City.
Artur
Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?
Alberto
Sobrinho - Quase tudo que escrevo provém de uma necessidade
ancestral de me expressar. Priorizei uma vida “segura” economicamente e caí na
armadilha da automutilação literária. Dessa forma, minha poesia flui (quando
flui) de uma briga comigo mesmo e de uma vontade enorme de expor minhas “roupas
sujas” em versos. Isso dói muito... Porém me traz um alívio que não tem preço.
Artur
Gomes - Seu poema preferido?
Alberto
Sobrinho - Eu gosto muito de uma ironia refinada. Na literatura a
gente tem muito exemplo disso. Os meus poemas caminham muitas vezes pelas
vertentes da ironia (nem sempre refinadas!) e são esses os meus preferidos. Um
pai não escolhe um filho específico e eu não seria exceção. Tirando os poemas
que aborto logo de cara, todos me são caros.
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Alberto
Sobrinho - Minha cabeceira é cheia de poetas. Nela frequentam
Ferreira Gullar, Mário de Andrade, Torquato Neto, Cacaso, Leminski, Hilda Hilst
e alguns ilustres (quase) desconhecidos como Lasana Lukata, Maria Rezende, etc.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Alberto
Sobrinho - O que me
impulsiona a escrever, por incrível que possa parecer, é a pressão. Só escrevo
em mar bravio, incomodado, indignado... Aí surge um verbete. Daí ele começa a
fazer uma espécie de eco dentro de mim, como um pedido para que eu torne este
“verbete” em poesia. Meus poemas costumam surgir quando eu honestamente me
rendo a esses apelos.
Artur
Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?
Alberto
Sobrinho - Não digo em minha obra (que considero muito limitada) mas
as minhas inquietações tomaram uma proporção gigantesca desde que li pela
primeira vez (ainda na adolescência) A
NÁUSEA de Jean-Paul Sartre. A percepção de falta de sentido da vida e a
necessidade de se amparar na arte (especificamente na poesia) é tudo que me
ronda. Como o protagonista de Sartre, escrevo sem expectativas de ser lido, de
ser compreendido... Escrevo para me manter vivo.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso,já exercitou ou exercita outra
forma de linguagem com poesia?
Alberto
Sobrinho - Muito pouco. Infelizmente fiz escolhas ainda na
adolescência que me impossibilitaram formas de expressão como o teatro e a dança.
Tenho a certeza de que elas fariam de mim um artista mais pleno.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
Alberto
Sobrinho - Todos. Como disse, as pedras no caminho é que me
impulsionam. Por vezes, quando tento ser comedido ao escrever, o poema nasce
com aquela carinha falsa... Então, prefiro cavoucar este meu terreno pedregoso
usando a minha verdade. Meus poemas, independente de sua literariedade (ou não)
são sempre oriundos de desafios existenciais.
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Alberto
Sobrinho - Eu espero que passem todos aqueles que tratam algo tão
sério como uma “gripezinha”; que apregoam a “cloromerda” como o novo “nióbio”
que resolverá o problema dos brasileiros; os que acham confortante a ideia de
que a morte de idosos (pobres, é claro!) trará um alívio para o “problema”
previdenciário...
.... Enquanto isso, nós poetas
atentos, passarinho!
Artur
Gomes –Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele
traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
Alberto
Sobrinho - Minha tribo vem daqueles malfadados livros de bolso com
histórias de sacanagens, bang-bang da década de 70, Chico Buarque, Caetano,
Camões, Cassandra Rios, Nelson Rodrigues, poesia marginal dos anos 70,
Festivais de MPB... Tudo isso se mesclou e formou essa massa estranha que me
carrega. Lamentavelmente não participei de militância literária por timidez...
Isso me fez (e faz!) uma falta. Um vácuo na minha escrita.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?
Alberto
Sobrinho - Ser um poeta militante de poesia é encarar as diversas
manifestações sem preconceito; promover a poesia onde ela ainda não teve
espaço; ter a coragem de correr os riscos de se produzir poesia em terreno
árido, em um país que não lê, não gosta de pensar...
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Alberto
Sobrinho - Qual a sua maior frustração como poeta?
Resposta – Ainda não ter
conseguido fazer um poema erótico que me convença. Talvez pelo motivo de que o
sexo não seja uma “pedra no meu caminho”, meus pretensos poemas eróticos são
meio brochantes. Contradições que eu não sei e nem busco explicar.
Fulinaíma MultiProjetos
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