quinta-feira, 16 de abril de 2020

Entre Vistas - José Facury


Ator, diretor pós graduado em cenografia, arte educador aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro  com formação em Artes pela Universidade Federal do Maranhão.  Participou da montagem original do espetáculo Tempo de Espera, prêmio Moliére e Mambembe 1977. Foi  presidente da Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro participou de vários espetáculos de realce no cenário carioca como Infância dos Mortos, o Auto do Trabalhador  e Com Suor do Nosso Rosto. Desenvolveu trabalhos comunitários com a montagem de Hora Extra e Utopia Selvagem patrocinado pela Pastoral Operária em Volta Redonda. Há vinte e cinco anos mora em Cabo Frio onde, além de várias montagens com o Grupo Creche na Coxia (30 anos), detentor de vários prêmios com espetáculos adultos e infantis pelos festivais pelo Brasil afora. Foi o responsável pela inauguração de vários teatros na Baixada Litorânea Fluminense e assinou vários espetáculos premiados como o Baco, Querelas Liras e Jagunços, Minha Favela Querida, A Tempestade, Jogo dos Assassinos, Último Brincante e Magia das Águas e Macunaima. Atualmente é Conselheiro  Estadual  de Cultura do Estado do Rio de Janeiro .

com os dentes cravados na memória
soletro teu  nome
c a b o  f r i o
barco bêbado naufragado
fora do teu cais
caminho marítimo
por onde talvez
já passou meu pai
(a.g.)



Artur Gomes – Como se processa o seu estado de poesia?

José Facury – Chegam as palavras com uma certa musicalidade que me envolve e o conflito vai surgindo entre o “eu” realista e o “eu” lírico como em um picadeiro de rimas, gags e quiprocós.

Artur Gomes – Seu poema preferido?

José Facury – Todo o texto lírico  dramatúrgico do “O Ultimo Brincante”, mesmo não sendo nem perto de um  Suassuna e muito longe de um Patativa do Assaré

Artur Gomes – Qual o seu poeta de cabeceira?

José Facury – Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Nauro Machado  e muitos, muitos outros inclusive você, Mano, Jiddu…

Artur Gomes – Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

José Facury – A música e a rima sempre, mesmo eu querendo  delas  me  livrar.

Artur Gomes – Livro que considera definitivo?

José Facurcy – Morte e Vida Severina

Artur Gomes –  Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

José Facury – Já está respondida na dramaturgia, aliás veio primeiro…

Artur Gomes – Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

José Facury – A MUSA…
A musa inspiradora dos nossos poemas
Nunca será nossa
Nunca dividiremos o mesmo teto
Nunca subtrairemos o mesmo pão
Nunca multiplicaremos a mesma prole

E se a força do desejo for tamanha
Que obrigue o amor platônico a tal desdita
Do teto sucumbirá às desavenças
Do pão, o amargor por tê-lo consumido
E da prole a maldição do ter nascido
A musa inspiradora dos nossos poemas
É para ser eternizada na redoma dos nossos sonhos
A sua melodia é inatingível e a sua rima extremamente rica
Para caber na métrica cartesiana da realidade

Artur Gomes – Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

José Facury – Passarão os passaralhos e passarinhará para a história os passarelhos…

Artur Gomes – Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

José Facury – Sou de São  Luis, uma terra de poetas, onde um dramaturgo, tanto na récita  expressiva quanto na métrica musical, era um mal pior.
Hoje, pertenço a uma tribo poética menos fundamentalista, e mais iconoclasta, onde tudo cabe. Poesia é tudo que reluz no firmamento sistêmico da mediocridade.

Artur Gomes – Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

José Facury – É comer o pão que nem o diabo quis amassar, mas que o padeiro da esquina deu um jeito de assar pra quem tem fome de saber comer.

Artur Gomes – Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

José Facury – Por quê eu não desisto de cometer crimes poéticos? Aí, responderia:
Porque sou um flanco atirador de palavras…quem quiser que  morra por elas!

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