Ela
é pernambucana, mas brasiliense desde 1972, já foi musa da Legião Urbana, que a chamavam de Nonô, e
eterna musa de Nicolas Bher. Já tivemos vários encontros em Feiras de Livros,
principalmente em Brasília. Em 2018 o encontro no Festival Transe Poética, criado e coordenado pelo grande amigo Adeilton Lima, me inspirou este poema:
BraXília
para Nicholas Behr e Noélia Ribeiro
para Nicholas Behr e Noélia Ribeiro
como
pode ser assim
tão enquadrada
eixo por eixo
quadra a quadra
com as linhas abstratas
na argamassa do concreto
como pode ser também
tão feminina
mesmo não sendo mais menina
musa assim por tantos anos
na arquitetura se concreta
e continua, nunca finda
no desejo do poeta
tão enquadrada
eixo por eixo
quadra a quadra
com as linhas abstratas
na argamassa do concreto
como pode ser também
tão feminina
mesmo não sendo mais menina
musa assim por tantos anos
na arquitetura se concreta
e continua, nunca finda
no desejo do poeta
Artur Gomes
o poeta enquanto coisa
o poeta enquanto coisa
Em
2019, foi uma das finalistas do XXI FestCampos de Poesia Falada.
Pernambucana
e residente em Brasília desde 1972, Noélia
Ribeiro publicou Expectativa (1982);
Atarantada (Verbis,2009); Escalafobética (Vidráguas,2015) e Espevitada (Penalux,2017). Graduada em
Letras pela Universidade de Brasília, a poeta tem poemas publicados em
antologias, jornais e revistas eletrônicas. Em 2017, recebeu da SECULT-DF o
Prêmio FAC 2017 – Igualdade de Gêneros na Cultura e foi poeta homenageada no
31º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, em Montes Claros (MG). É membra da
Associação Nacional de Escritores (ANE) e da União Brasileira de Escritores
(UBE-RJ).
contatos:
Instagram: @noeliaribeiropoeta
Email:
nmariarsilva@hotmail.com
Artur
Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?
Noélia Ribeiro - Nos dias em que me dedico ao poema, fico surda, cega e muda para o
mundo externo. Num primeiro momento, tudo à minha volta importa, mas, depois
que surge a ideia do poema, nada mais importa, exceto ele. Fico pensativa,
esqueço atividades essenciais, falo sozinha, especialmente enquanto dirijo.
Esse é meu estado de poesia.
Artur Gomes -
Seu poema preferido?
Noélia Ribeiro - Gosto de muitos, mas, como você me pediu apenas um, destaco o poema Nel Mezzo del Camin, de Olavo Bilac.
Artur Gomes - Qual é o seu poeta de cabeceira¿
Noélia Ribeiro - Como tenho que escolher apenas um, meu poeta de cabeceira é o
brilhante Paulo Henriques Britto.
Artur Gomes -
Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que a impulsione
a escrever?
Noélia Ribeiro - As ideias que me impulsionam a escrever surgem de vários lugares:
filmes, livros, canções, lembranças, palavras, acontecimentos, sentimentos.
Como disse Rilke: “Tudo o que acontece é
sempre um começo”.
Artur Gomes -
Que livro considera definitivo em sua obra?
Noélia Ribeiro - Considero meu livro Espevitada (Penalux,2017)
o mais encorpado, mas não definitivo.
Noélia Ribeiro - Não, nunca.
Artur Gomes -
Qual poema escreveu quando teve a pedra no meio do caminho?
Noélia Ribeiro - Vários,
mas posso destacar um poema que fiz após o fim prematuro de um relacionamento:
SEM AINDA
Perder sem antes ter
Partir sem chegar ainda
Sumir sem surgir de fato
Ir sem os olhos da volta
Morrer ainda embrião
Trapaças vis do coração...
Artur Gomes -
Revisitando Quintana, você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem
passará e quem passarinho?
Noélia Ribeiro - Acredito
que haverá mudanças. Possivelmente, muitas pessoas se tornarão mais solidárias,
mais empáticas, mais humanas. Enfim, o umbigo passará e o amor passarinho.
Ressignificar será o verbo da vez.
Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta
e jornalista Ademir Assunção afirma
que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de
onde vem¿ Qual é a sua tribo?
Noélia Ribeiro - Acho
que minha tribo é a Geração Mimeógrafo,
porque acompanhei bem de perto o início do movimento em Brasília e acabei sendo
influenciada por ele. Não posso, porém, deixar de citar minhas leituras,
especialmente as que fiz durante o curso de Letras na UnB, e minha ligação com
a música, que existe desde criança. Tudo isso aponto como referência.
Artur Gomes -
Nos dias atuais, o que é ser um poeta, militante de poesia?
Noélia Ribeiro - Ser poeta é trazer à baila uma outra leitura de mundo. Militar na
poesia é convencer o outro de que aquilo que oferecemos, mesmo parecendo inútil,
é essencial à vida. Quando conquistamos um leitor ou um ouvinte de poesia,
operamos um milagre. Nos dias atuais, a arte tem papel fundamental no combate à
mediocridade.
Artur Gomes -
Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Noélia Ribeiro - Pergunta: O que você anda fazendo nesta quarentena?
Resposta:
Ando meio ansiosa, mas consigo, dentro do possível, ler, ver filmes, ver lives, cantar. Tenho cantado muito nesta
quarentena. Só lamento o fato de não estar escrevendo nada.
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp
Noelia é poeta até respondendo entrevista. Uma das melhores! Bravo!
ResponderExcluirNoelinha, querida! Poeta e pessoa que tanto admiro. Adoro ler seus livros e entrevistas. Saio dessas leituras bem melhor sempre. E Artur, como sempre, impecável. Beijos e abraços nos dois!
ResponderExcluirMarcelo Mourão