terça-feira, 21 de abril de 2020

Noélia Ribeiro - EntreVistas



Ela é pernambucana, mas brasiliense desde 1972, já foi musa da Legião Urbana, que a chamavam de Nonô, e eterna musa de Nicolas Bher. Já tivemos vários encontros em Feiras de Livros, principalmente em Brasília. Em 2018 o encontro no Festival Transe Poética, criado e coordenado pelo grande amigo Adeilton Lima, me inspirou este poema:

BraXília
para Nicholas Behr e Noélia Ribeiro
como pode ser assim
tão enquadrada
eixo por eixo
quadra a quadra
com as linhas abstratas
na argamassa do concreto
como pode ser também
tão feminina
mesmo não sendo mais menina
musa assim por tantos anos
na arquitetura se concreta
e continua, nunca finda
no desejo do poeta

Artur Gomes
o poeta enquanto coisa

Em 2019, foi uma das finalistas do XXI FestCampos de Poesia Falada.

Pernambucana e residente em Brasília desde 1972, Noélia Ribeiro publicou Expectativa (1982); Atarantada (Verbis,2009); Escalafobética (Vidráguas,2015) e Espevitada (Penalux,2017). Graduada em Letras pela Universidade de Brasília, a poeta tem poemas publicados em antologias, jornais e revistas eletrônicas. Em 2017, recebeu da SECULT-DF o Prêmio FAC 2017 – Igualdade de Gêneros na Cultura e foi poeta homenageada no 31º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, em Montes Claros (MG). É membra da Associação Nacional de Escritores (ANE) e da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ).
contatos: Instagram: @noeliaribeiropoeta
Email: nmariarsilva@hotmail.com

Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

Noélia Ribeiro - Nos dias em que me dedico ao poema, fico surda, cega e muda para o mundo externo. Num primeiro momento, tudo à minha volta importa, mas, depois que surge a ideia do poema, nada mais importa, exceto ele. Fico pensativa, esqueço atividades essenciais, falo sozinha, especialmente enquanto dirijo. Esse é meu estado de poesia.

Artur Gomes - Seu poema preferido?

Noélia Ribeiro - Gosto de muitos, mas, como você me pediu apenas um, destaco o poema Nel Mezzo del Camin, de Olavo Bilac.

Artur Gomes -  Qual é o seu poeta de cabeceira¿

Noélia Ribeiro - Como tenho que escolher apenas um, meu poeta de cabeceira é o brilhante Paulo Henriques Britto.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que a impulsione a escrever?

Noélia Ribeiro - As ideias que me impulsionam a escrever surgem de vários lugares: filmes, livros, canções, lembranças, palavras, acontecimentos, sentimentos. Como disse Rilke: “Tudo o que acontece é sempre um começo”.

Artur Gomes - Que livro considera definitivo em sua obra?

Noélia Ribeiro - Considero meu livro Espevitada (Penalux,2017) o mais encorpado, mas não definitivo. 

 Artur Gomes - Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Noélia Ribeiro - Não, nunca.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve a pedra no meio do caminho?

Noélia Ribeiro  - Vários, mas posso destacar um poema que fiz após o fim prematuro de um relacionamento:

SEM AINDA

Perder sem antes ter
Partir sem chegar ainda
Sumir sem surgir de fato
Ir sem os olhos da volta
Morrer ainda embrião

Trapaças vis do coração...


Artur Gomes - Revisitando Quintana, você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Noélia Ribeiro  - Acredito que haverá mudanças. Possivelmente, muitas pessoas se tornarão mais solidárias, mais empáticas, mais humanas. Enfim, o umbigo passará e o amor passarinho. Ressignificar será o verbo da vez.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem¿ Qual é a sua tribo?

Noélia  Ribeiro - Acho que minha tribo é a Geração Mimeógrafo, porque acompanhei bem de perto o início do movimento em Brasília e acabei sendo influenciada por ele. Não posso, porém, deixar de citar minhas leituras, especialmente as que fiz durante o curso de Letras na UnB, e minha ligação com a música, que existe desde criança. Tudo isso aponto como referência.

Artur Gomes - Nos dias atuais, o que é ser um poeta, militante de poesia?

Noélia Ribeiro - Ser poeta é trazer à baila uma outra leitura de mundo. Militar na poesia é convencer o outro de que aquilo que oferecemos, mesmo parecendo inútil, é essencial à vida. Quando conquistamos um leitor ou um ouvinte de poesia, operamos um milagre. Nos dias atuais, a arte tem papel fundamental no combate à mediocridade.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Noélia Ribeiro - Pergunta: O que você anda fazendo nesta quarentena?

Resposta: Ando meio ansiosa, mas consigo, dentro do possível, ler, ver filmes, ver lives, cantar. Tenho cantado muito nesta quarentena. Só lamento o fato de não estar escrevendo nada.

Fulinaíma MultiProjetos

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(22)99815-1268 - whatsapp



2 comentários:

  1. Noelia é poeta até respondendo entrevista. Uma das melhores! Bravo!

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  2. Noelinha, querida! Poeta e pessoa que tanto admiro. Adoro ler seus livros e entrevistas. Saio dessas leituras bem melhor sempre. E Artur, como sempre, impecável. Beijos e abraços nos dois!

    Marcelo Mourão

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