Ele é um velho amigo, remanescente lá dos anos de 1973, quando comecei a frequentar São Fidélis, nos Festivais de Música, com o meu eterno parceiro Paulo Celso Ciranda. Como mesmo afirma descendente como eu de uma tribo de índios goytacazes. Mesmo por um tempo que ele morou no Rio de Janeiro, nunca deixamos de nos encontrar nos Festivais de Música, Poesia Falada, Saraus, por todas as quebradas das bandas do Norte Fluminense. Além da Arquitetura a música, a poesia corre em suas veias, para que São Fidélis não deixe de ser carinhosamente chamada de "cidade poema".
Gustavo
Polycarpo Nasceu em São Fidélis RJ, 1963. E morador na cidade. Escrevinhador desde os 8 anos, tocador de tambor desde os 6,
de violão desde os 12, fazedor de letras e canções desde os 14. Arquiteto e Urbanista, formado pelas andanças já defendidas
por Arariboia, na cidade de Niterói, e por São Sebastião, na Ria de Janeiro. Em música aperfeiçoei-me com Ian Guest. Em poesia, 2017, fui finalista do Prêmio Rio Literatura com livro “poema Cidade”, convidado à Bienal do Livro Rio por conta.
Artur
Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?
Gustavo
Polycarpo - Muitas das vezes por referência rítmica das sílabas,
depois das palavras, enfim o sentido, mesmo como que prosodiando já.
Agora, os temas vêm por onde eu estiver, a andar a olhar a
gostar a arguir a tocar a ouvir.
E nas diversas leituras em pessoas em livros em filmes em
canções em músicas ...
Após recolhidos estes primeiros escritos rabiscados
rapidamente é laborar lapidar labutar a escrita.
Artur
Gomes - Seu poema preferido?
Gustavo
Polycarpo - Me vêm sempre, há anos, versos de uma letra sua, acho,
com música de Paulinho:
“não
que me falte coragem, tá sobrando medo”.
Para mim é, também o da hora.
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Gustavo
Polycarpo - Tô me reapaixonado por sêo Manoel de Barros, os 18
livros. Num tempo como este, que no temos de nos livrar de duas pestes, a
subversão na realidade do (in)visível nos versos dele é uma das melhores formas
de m’entender agora.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Gustavo
Polycarpo - A música, a que ouço já gravada e a que ouço a fazer. Os cenários que vou montando. O gozo.
Artur
Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?
Gustavo
Polycarpo - O último, “poema
Cidade”, finaliza uma trilogia que me havia proposto quando iniciei a
compor os outros dois, tenho que tocá-los ainda, pois são letras que servem
para música, muitas são mesmo letras de música.
Não sei se o considero definitivo. Somente é o último que
fiz.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra
forma de linguagem com poesia?
Gustavo
Polycarpo - Letras de músicas e poema entoado, em que faço o tema
musical que o acompanha. Não é fundo musical para versar, é música composta
especificamente para ler aqueles tais específicos versos.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
Gustavo
Polycarpo - Dei muito bicudo em pedras pelaí, vezes fiz poemas para
exorcizar, mas quando percebi que existia ali o que no meu caminho eu sempre via
e já não existe mais porque já não tem mais preferi, e prefiro, entoar versos
de cantos que chamam o que acontece não o que acontecia.
Tá certo que, depois de um tempo, o que estava a acontecer já
não está no caminho pois já não é o que acontece, mas aí ...
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Gustavo
Polycarpo - Espero que os psicopatas sejam reconhecidos nus.
Sinceramente, acredito que passarão os que já são
resilientes em suas atividades culturais e científicas; e quero, isto, sim, de
modo novo, que possamos conversar mais sem porradaria, afetuosamente apresentar
as coisas que fedem só para mostrar que fedem mas que esqueçamos rapidamente
que elas existem e comecemos e cheirar gostoso, que é coisa que a gente sabe
fazer.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele
traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
Gustavo
Polycarpo - Sou da aldeia que a tribo puri e coroado ajudou a fundar (“sobreviventes” dos cobertores do
Antônio Salema aos goitacá), rio acima sêo Paraíba do Sul, das audiências e
palcos dos festivais de música aqui em São Fidélis, mas também em Campos,
Cambuci, Itaocara, Pádua, Miracema.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
Gustavo
Polycarpo - Parece que descobrir uma mídia para poesias em versos em
prosa em canções em pinturas em teatros em arquitetura cidades e palcos seja a
mais instigante das propostas. Sem receber o nome de performer (ou recebendo),
sem ser um influenciador (ou doendo assim). Parece-me que nichar seja a tribo
do ponto anterior e expandir era palavra era de boca em boca que de olhos em
tela ouve e desouve com um frenesi que tenha que entender em segundos senão
muda o canal, velocidade não me faz sentido, movimento sim.
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Gustavo
Polycarpo - Todas. Manda vir.
Artur
Gomes - Do que você mais sente saudade em São Fidélis?
Gustavo
Polycarpo - Dos meus 20 anos
Artur
Gomes - O que São Fidélis tinha nos seus 20 anos que hoje não tem
mais?
Gustavo Polycarpo - Festivais de Música, Poesia Falada, Teatro,
Música Instrumental, Chorinho, Villa Lobos, Bossa Nova, Varais de Poesia e corpos encantados pelas ruas. Não me esqueço
que na minha juventude, havia sempre uma grande quantidade de compositores de
canções e autores de encontros movidos a música e poesia autoral. O que de
certa forma foi o que lhe fez ser reconhecida como "cidade poema",
não apenas por suas belezas histórico naturais.
Fulinaíma
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A obra do Gustavo Polycarpo é preciso algumas vezes ler e reler e voltar, pois que ñ retrata e sim cria um mundo novo. Complexo e as vezes de difícil entendimento, mas a proposta, creio, ñ é entender. É sentir.
ResponderExcluirantes da palavra
Excluira sede da palavra
e a causa do antes:
palavra antes
cala.
faz-se
sem antes feito:
a palavra.