sábado, 9 de outubro de 2021

Ademir Assunção - EntreVistas

 


Ademir Assunção, acaba de lançar pelo selo Demônio Negro, mais livro de poesia RISCA FACA, ampliando ainda mais a sua marca: poesia afiada, faca apontada para o aviltamento dessa idade mídia, e a barbárie pandemônica em que fomos enfiados.

Ademir, faz parte de um time seleto de poetas que conheci bem antes da criação dessas  “redes sociais”, face, zap, instagram. Lá pelos idos do anos 90, do século passado, por carta foi-me apresentado pelo nosso querido e saudoso mestre amigo Uilcon Pereira. E exatamente em  1996, se deu o nosso primeiro encontro, quando ele apresentava sua performance,   performance na programação do projeto Poesia 96, no Centro Cultural São Paulo, e a partir daí, imediatamente, começou um diálogo, o meu  interesse por sua poesia, que se dá a partir da leitura do seu livro: ZONA BRANCA.

Minhas leituras sobre sua poesia é constante, e sempre que encontro algum de seus poemas que me desafiam para gritar em voz alta, não perco tempo: xingo, no palco ou na tela do computador. Nossos  encontros foram se dando espontaneamente, muitos deles ao acaso, outros programados, em Saraus, Feiras, Projetos,  e mesmo nos botequins para um bom bate papo, como este que você vai ler a seguir:

Ademir Assunção (1961) é poeta e jornalista. Publicou 14 livros de poesia, contos, romance e jornalismo, entre eles A Voz do Ventríloquo (Prêmio Jabuti 2013), Pig Brother (finalista do Prêmio Jabuti 2016), Ninguém na Praia Brava, Adorável Criatura Frankenstein, Zona Branca, LSD Nô e Faróis no Caos. Tem poemas e contos traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, publicados nos EUA, Espanha, Argentina, México, Peru e Alemanha. Gravou os cds de poesia e música Viralatas de Córdoba e Rebelião na Zona Fantasma. Letrista de música popular, tem parcerias gravadas por Itamar Assumpção, Edvaldo Santana, Titane, Patrícia Amaral e Ney Matogrosso. Jornalista profissional há mais de três décadas, trabalhou como repórter e editor em grandes jornais e revistas do país, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Marie Claire. Idealizador e curador da exposição Leminski: 20 Anos em Outras Esferas, sobre a obra do poeta curitibano, no Instituto Itaú Cultural. É um dos editores da revista literária Coyote. Em 2021 com o poema CAVERNA,  participou da Mostra Cine e Vídeo de Poesia Falada, realizada pelo SESC Piracicaba, nos meses de Abril/Maio com curadoria de Artur Gomes.

 Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

 Ademir Assunção - Há muitos anos que vejo e filtro o mundo por meio da linguagem. Da linguagem poética, com seus ritmos, silêncios, sonoridades, imagens alucinantes e pensamentos eletrizantes. Tudo o que vejo, percebo e sinto, tento transformar em matéria poética. Portanto, vivo em estado de poesia o tempo todo.

 Artur Gomes - Seu poema preferido? Seu ou de um outro poeta de sua preferência.

Ademir Assunção - Muitos são os poemas preferidos. E eles vão e vêm, não em vão, como diria Oswald de Andrade. Ultimamente, eu diria que é Dentro da noite veloz, de Ferreira Gullar. Estes versos ecoam na minha cabeça, especialmente neste momento tão desprovido de caráter e superpovoado de vidas tão estreitas:

“Serei dentista? / talvez quem sabe oftalmologista? / Otorrinolaringologista? / Responde a bauxita (da Kaiser Aluminium): / serás médico aborteiro / que dá mais dinheiro // Serei um merda / quero ser um merda / Quero de fato viver. / Mas onde está essa imunda / vida – mesmo imunda? / No hospício? / num santo / ofício? / no orifício / da bunda? / Devo mudar o mundo, / a República? A vida / terei de plantá-la / como um estandarte / em praça pública?”

 Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

 Ademir Assunção - Alguns são definitivos: Maiakovski, Torquato Neto, Rimbaud, Wislawa Szymborska, Augusto de Campos, Iessienin, Paulo Leminski, Oswald de Andrade. Muitos, e estão sempre em rodízio. Ultimamente tem sido Celso de Alencar, com o livro Testamentos.

 Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsiona para escrever?

 Ademir Assunção - Existe todo um software que fui instalando ao longo dos anos no meu processador criativo: sonoridades, ritmos, jogos de imagens, cortes de frases, que se tornaram metas que persigo com minha linguagem. Mas isso é apenas o processador. Cada poema é uma surpresa, um desvio de rota, uma retomada de caminho, um novo desafio. Senão, não teria a menor graça. Falaria uma língua de fantasma, como dizem os Yanomami. A poesia é minha sonda de prospecção para investigar tudo o que está a minha volta.

 Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua vida¿ Ou em sua Obra?

 Ademir Assunção - A Divina Comédia, de Dante Alighieri, especialmente o Inferno.

 Artur Gomes - Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

 Ademir Assunção - Sim. Já gravei cds de poesia e música (Rebelião na Zona Fantasma e Viralatas de Córdoba), já fiz poemas visuais, poesia em prosa e agora estou trabalhando com poemas cinéticos, ou poemas animados, como prefiro. Aliás, um adendo: sei que vira-latas se grafa com hífen (o abelhudo corretor do Windows, inclusive, acabou de me corrigir), mas acho desnecessário. Gosto mais da beleza do desenho da palavra grafada sem hífen: viralatas. Tenho minhas idiossincrasias e, às vezes, elas me pedem que desrespeite a própria língua.

 Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

 Ademir Assunção - Este, por exemplo, publicado em um dos meus livros mais recentes, Risca Faca:

 

UM IDIOTA NO MEIO DO CAMINHO

 

não havia uma pedra no meio do caminho

havia um idiota completo com seu olor de ódio

um idiota completo que relinchava

sem a elegância dos cavalos

um idiota completo com seu fedor de coisa pútrida

babando bílis, bebendo pus, peidando, defecando

sobre bandeiras verdes sem matas

sobre bandeiras azuis de céus sufocantes

sobre bandeiras amarelas de raiva

sobre bandeiras brancas manchadas de sangue

um idiota completo regurgitando e resfolegando

violência, tortura, ameaças, assassinatos

um idiota completo e mentiroso com seu pau hasteado

numa selva escura e sem saída, sem onça-pintada

sem lobo-guará, sem tatu-peba, sem rola-bosta

um idiota completo que berra nos ouvidos de madalena

eu não te estupro porque você é feia!

meu filho não te come porque você é preta!

um führerzinho mal ajambrado em talho tosco

gritando morte aos veados! morte aos vermelhos!

morte aos que ouvem essa música barulhenta!

morte aos montes! morte em marte! marche! marche!

e a turba trevosa e tenebrosa entra em transe

e afia as facas e estala as esporas e engatilha as armas

revelando às crianças uma face dura e rude

sem leveza, sem beleza, sem delicadeza alguma

 

um idiota tão maligno e digno de pena

que nem vale o esforço de um poema

 

 Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

 Ademir Assunção - Lamento profundamente os que se foram por conta da pandemia, inclusive alguns amigos. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um demente tão despreparado no comando do país, cercado de delinquentes igualmente despreparados, exceto para pilhar, destruir e odiar tudo o que está em volta. Acho que essas almas sebosas passarão, mas certamente virão outras para substituí-las. Os que souberam ouvir e perceber o que os tempos estão dizendo, cada vez com mais intensidade, esses passarinhos.

 Artur Gomes – No prefácio do livro Pátria A(r)mada  o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele trás as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

 Ademir Assunção - Minha tribo é a dos poetas aimorés punks zen.

 Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

 Ademir Assunção - Não sei dizer. Mas gosto de pensar que é importante estar com as antenas o mais altas possível e os pés bem enraizadas no chão, no barro do chão, de onde nasce o baião.

 Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

 Ademir Assunção - Por que tantos humanos parecem pálidos fantasmas? Porque não sabem ouvir a música da Terra girando em torno de si mesma e em torno do sol.



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sábado, 2 de outubro de 2021

Mírian Freitas - EntreVistas

 


O primeiro  contato que tive com a poesia de Mírian Freitas, foi através de uma maravilhosa interpretação do mestre  Antônio Cunha para um de seus poemas. Imediatamente levei o vídeo para o Festival Cine Vídeo De Poesia Falada que realizo na página Studio Fuliaíma Produção Áudiovisual no facebook. A partir daí o contato com a sua poesia passou a ser constante, nos adicionamos e convidá-la para esta entrevista foi um processo natural decorrente do meu desejo de querer estar sabendo um pouco mais sobre os poetas que admiro.

leia 5 poemas de Mírian Freitas no blog www.fulinaimicamente.blogspot.com 

Mírian Freitas é mineira, escritora, reside em Juiz de Fora, MG (Brasil). Doutora em Literatura Comparada (UFF), lecionou por anos nos EUA, em Massachusetts. Atualmente é professora do IFSUDESTE/JF. Escreveu Intimidade vasculhada (narrativas- 7Letras), Exílios naufrágios e outras passagens (poemas- Patuá), Caio Fernando Abreu: Uma poética da alteridade e da identidade (Ensaio ilustrado- CRV). Publicou em antologias no Brasil e Portugal (Leiria e Lisboa) e nas revistas CULT, CP Literatura, Palavra Comum, Subversa, Mallarmargens, Acrobata, Ruído Manifesto, Desvario, Arribação, Tamarina, Arara,  Diversos Afins e outras.  

Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

 Mírian Freitas - Muitas vezes pela intuição, conduzindo a uma abordagem sensitiva, que flui naturalmente. Há momentos que este processo passa pela  contemplação de algo ou cenário, geralmente ligado á natureza. Algumas vezes vem de influências literárias; algo que eu esteja lendo e, na intimidade,  absorvendo.

 Artur Gomes - Seu poema preferido? Seu ou de um outro poeta de sua preferência. 

 Mírian Freitas - Tabacaria, de Fernando Pessoa (heterônimo Álvaro de Campos).

 Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

 MírianFreitas - No momento, Hilda Hilst, Ocean Vuong, Herberto Helder, Al Berto.  Costumo ler “alguns”  juntos, ao mesmo tempo. 

 Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsionar para escrever?

 Mírian Freitas -  Sim, a natureza e o ser humano.

 Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua vida¿

 Mírian Freitas -Folhas da folhas de relva- Walt Whitman.

 Artur Gomes - Além da poesia em verso , já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

 Mírian Freias - Sim, a prosa poética.

 Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Mírian Freitas - “Cantei minha canção preferida para abalar o seu vazio”

 Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

 Mírian Freitas - A poesia se fortaleceu nessa crise pandêmica. Ela permanecerá cada vez mais presente e constante, como uma aliada dos dias difíceis que passamos durante o isolamento social. A poesia cresceu, agigantou-se. Aproximou pessoas, servindo como um elo, uma ponte de ligação entre sentimentos de amizade, afeto e solidariedade.

 Artur Gomes – No prefácio do livro Pátria A(r)mada  o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele trás as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

 Mírian Freitas -  Minha “tribo” foram os poetas beatniks (Allen Ginsberg, Whitman, etc) e em seguida, Fernando Pessoa, Drummond, Bandeira, João Cabral e os poetas vanguardistas da Semana de Arte Moderna. E considero que as influências musicais também fizeram parte das origens: Caetano Veloso, Gilberto Gil (enfim, os tropicalistas).  

 Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

 Mírian Freitas - É primeiramente lê-la, difundí-la, divulgá-la, dimensioná-la através de várias formas como a própria criação e a recriação da mesma. É dar voz ao poema que está no papel, tornando-o global, expandindo-o com criatividade e potência entre as pessoas, tocando-as pela palavra, pela imagem e pela sonoridade.  Há muitas maneiras de expandir o poema. O militante de poesia precisa acreditar que o poema salva vidas e contribui para a  construção da humanidade. Não é só quem escreve poesia que milita por ela. Mas também que a lê.

 Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

 Mírian Freitas -  Não faltou nenhuma. O que eu queria responder, foi perguntado e respondi.



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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Da Nascente A Foz Um rio de palavras

Artur Gomes

poeta ator videomaker

 17 livros de poesia publicados – Um Instante No Meu Cérebro (1973) – Mutações Em Pré-Juízo (1975) -  Além Da Mesa Posta (1977) – Jesus Cristo Cortador De Cana (1979) – O Boi-Pintadinho (1980) – Suor &Cio (1985) – Couro Cru & Carne Viva (1987) – 20 Poemas Com Gosto De JardiNÓpolis e Uma Canção Com Sabor de Campos (1990) – Conkretude Versus ConkrEreções (1994) - CarNAvalha Gumes (1995) -  BraziLírica Pereira: A Traição Das Metáforas (200) – SagaraNAgens Fulinaímicas (2015) - Juras Secretas – (Editora Penalux-2018) – Pátria A(r)mada – (Editora Desconcertos - 2019 – Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio – 2020) – O Poeta Enquanto Coisa – (Editora Penalux – 2020) – e-book O Poeta Enquanto Coisa ou Homem Com A Flor Na Boca – (Fulinaíma Edições Eletrônicas – 2021)

Entre e baixe para ler: https://jidduksonline.com.br/ornitorrincobala-arturgomes-ebooks/

 Em 1974 com a música Caminho de Paz, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o IV Festival de Música de São Fidélis-RJ.

 De 1975 a 2002  dirigi Oficina de Artes Cênicas na ETFC (Escola Técnica Federal de Campos) hoje Instituto Federal Fluminense.

Em 1975 com a música Ponto de Luz, parceria com Vítor Meireles e Bento Mineiro, vencemos o II Festival De Música do SESC-Campos.

Em 1977 com a música Balada Pros Mortais, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Itaocara-RJ

Em 1980 com a música Boi-Pintadinho, em parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Miracema-RJ.

Em 1983 criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira – executado até 1994.

Em 1985 participei do Encontro de Escritores em Jardinópolis-SP – evento coordenado pelo escritor Gabriel dela Puente.

Em 1987 em parceria com Genilson Soares, Mário Sérgio Cardoso, Nilson Siqueira e Oscar Wagner criamos o Studio 52, em Campos dos Goytacazes-RJ onde até o final de 1988 produzimos diversos eventos culturais, com o projeto Psicanálise Popular: Um Divã Em Cada Esquina.

Em 1987 – participei do Seminário – Brasil: Cultura e Resistência – realizado em Batatais-SP – evento realizado pela FUNARTE, UBE-SP, Secretaria Estadual de Cultura e Prefeitura Municipal de Batatais. Evento idealizado pelo escritor Gabriel de La Puente.

Em 1988 fiz Performance Poética, na UNESP em São José do Rio Preto-SP, dentro da programação da Semana Cultural 100 Anos de Abolição. Evento idealizado pela pesquisadora Hygia Calmon Ferreira.

Em 1988 fiz Performance Poética, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte-MG, na posse do poeta  Adão Ventura na presidência do Sindicato dos Escritores de Minas Gerais-MG

Em 1988 fiz Performances Poética, em Oliveira-MG no evento Festa da Poesia, idealizado pelo poeta Márcio Almeida.

De 1989 a 1990 dirigi na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima em Campos dos Goytacazes-RJ o projeto Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta.

Em 1990 participei da comissão organizadora do Seminário: Brasil: Uma Cultura Em Questão – Realizado em Regisro-SP – evento realizado  pela FUNARTE, UBE-SP, Secretaria Estadual de Cultura e Prefeitura Municipal de Registro.

Em 1991 e 1992 dirigi Oficina de Criação Poética para estudantes de letras  na UNESP em São José do Rio Preto-SP

Em 1993 criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasielira – Mário de Andrade 100 Anos – executado pelo SESC-SP

Em 1994 realizei com apoio da UBE-Piauí, a Mostra Visual de Poesia Brasileira, em Teresina-PI em homenagem a poesia de Torquato Neto e Mário Faustino.

Em 1995 fia Performance Poética e apresentei poemas.gráfico.visuais do projeto Retalhos Imortais do SerAfim no Festival de Inverno da UFMG em Ouro Preto-MG.

Em 1995 criei o projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim – executado pelo SESC-SP.

Em 1996 dirigi Oficina de Criação Poética no SESC Campinas-SP.

De 1996 a 2016 – fui um dos poetas convidados para o Congresso Brasileiro de Poesia – realizado em Bento Gonçalves-RS – onde me tornei coordenador do Departamento de Áudiovisual – realizando Mostras e Mesas de bate papo sobre o tema a cada edição do evento.

Em 1996 fui um dos poetas convidados para o projeto Poesia 96 – da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo.

Em 1997 fiz Performance Poética e participei do curso Do Requinte Do Lírico Ao Delicado Do Erótico, dirigido por Sebastião Nunes, no Festival de Inverno da UFMG em Ouro Preto-MG.

Em 1998 criei em parceria com Kapi o Projeto Brecht Versus Suassuna, executado pela Oficina de Artes Cênicas do CEFET-Campos, hoje Instituto Federal Fluminense. 

Em 1999 criei o FestCampos de Poesia Falada – executado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima até 2019. 

Em 2000 criei o Projeto CaraVelas Ao Vento: Brasil Outros 500 executado pela Oficinan de Artes Cênicas do Cefet-Campos, hoje Instituto Federal Fluminense. 

Em 2002 com a parceria dos músicos Luiz Ribeiro, Dalton Freire, Naiman e Reubes Pess lancei o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia.  

Em 2002 criei o projeto Terças Poéticas – Poesia Em Cena – realizado no SESC Campos-RJ.

Em 2005 fui um dos poetas convidados para o projeto Outros Bárbaros – Poesia Na Idade Mídia – idealizado pelo poeta Ademir Assunção – realizado pelo Itau Cultural em São Paulo.

Em 2007 em parceria com Jiddu Saldanha iniciei minhas travessuras com produção audiovisual em Cabo Frio-RJ.

Em 2008 fiz Performance Poética na Feira do Livro de Imperatriz-MA e fui homenageado no Belô Poético em Belo Horizonte-MG projeto criado e coordenado pelo poeta Rogério Salgado. 

Em 2011 e 2012 – coordenei o Laboratório de Produção Cine Vídeo no IFF Campus Campos Centro.

Em 2012 fiz Performance Poética, no Centro  Cultural Luciano Bastos, em Bom Jesus do Itabapoana-RJ, com poesia de Pablo Neruda. 

Em 2011 e 2012 Dirigi Oficinas de Produção Cine Vídeo no SESC – Campos.

Em 2013 participei do Circuito Cultural Arte Entre Povos, fazendo Performances Poéticas e dirigindo Oficinas de Cine Vídeo Poesia, em cidades dos Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, projeto criado e coordenado pelo doutor Gino Bastos.

De 2014 a 2016 – Dirigi Oficinas de Artes Cênicas no SESC Campos.

De 2015 a 2017 produzi o Sarau Baião de Dois – no SINASEFE em Campos dos Goytacazes –RJ

Em 2015 fui homenageado no Psiu Poético – em Montes claros-MG – evento coordenado pelo poeta Aroldo de Oliveira

Em 2018 fui um dos poetas convidados para o Transe Poéticas- Festival de Poesia de Brasília-DF – projeto idealizado pelo ator e poesia Adeilton Lima - realizado no Museu da República.

Em 2018 e 2019 lecionei Poéticas no Curso Livre de Teatro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima em Campos dos Goytacazes-RJ

Em 2019 produzi duas edições do evento Balbúrdia Poética – realizado na Taberna de Laura –Em Copacabana – Rio de Janeiro-RJ

Desde 2020 em parceria com Tchello d ´Barros realizo na página Fulinaíma Produção Áudiovisual o Festival Cine Vídeo de Poesia Falada.

Em 2021 fiz a curadoria da Mostra Cine e Vídeo de Poesia Falada realizada pelo SESC-Piracicaba.

Em 2021 – participei da Mostra de Vídeopoemas do projeto Arte de Toda Gente – produzido pela Fio Cultural - com curadoria de Tchello d´Barros – realizado pela FUNARTE.

Tenho poesias publicadas em revistas impressas e virtuais como Urbana, Dimensão, Cronópios, Germina, Acrobata, Poesia Avulsa, Catetê, Gueto, Mallarmargens, Escrita Droide, Ruído Manifesto, Literatura e Fechadura.

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Texto de Ademir Assunção - prefácio do livro Pátria A(r)mada de Artur Gomes

 


TRÊS TOQUES PARA PENETRAR NA NOITE ESCURA  DESTA

PÁTRIA A(R)MADA

1

Artur Gomes é daqueles poetas que não se contentam em grafar suas palavras apenas nas páginas de um livro. Ele inscreve seus poemas no próprio corpo, na própria voz. Misto de ator saltimbanco e trovador contemporâneo, seus versos ritmados e musicais redobram a força quando saltam do papel para a garganta. O CD Fulinaíma – Sax, Blues Poesia, que gravou em parceria  com os músicos Dalton Freire, Luiz Ribeiro, Naiman e ReubesPess, nos primórdios deste terceiro milênio, é uma das experiências mais bem-sucedidas da fusão entre poesia oralizada e música: os versos lancinantes surgem como navalhas de corte preciso entre os blues, bossas, rocks e baladas. Navalhas que acariciam, mas também cortam a pele do ouvinte.

Há delícia e dor em sua poética. Uma delícia sensual, sexual, que se explicita em versos como “poderia abrir teu corpo / com os meus dentes / rasgar panos e sedas // com as unhas /arreganhar as tuas fendas / desatar todos os nós // da tua cama arrancar os cobertores / rasgando as rendas dos lençóis”. Há dor por uma terra prometida e sempre adiada, “por uma bandeira arriada / num país que não levanta”. É

nesse espaço entre a delícia e a dor que o trovador levanta sua voz e emite seus brasões em alto e bom salto, a plenos pulmões: “eu não tenho pretensões de ser moderno / nem escrevo poesia pensando em ser eterno / veja bem na minha língua as labaredas do inferno / e só use o meu poema com a força de quem xinga”.

2

Cada poeta escolhe sua tribo, reinventa seus ancestrais. A tribo de Artur Gomes vem de uma vasta tradição de trovadores inquietos e inquietantes, hábeis no trato do verso e ferinos no uso do humor, do amor e da revolta. Uma linhagem que vai de Arnaut Daniel a Zé Limeira e passa por Oswald de Andrade, Torquato Neto, Paulo Leminski e Uilcon Pereira, para listar alguns.

Cada poeta inventa também o território mítico onde mergulha sua poesia e sua própria vida. Alguns de maneira explícita, outros, mais velada. Há muitos anos surge na poesia de Artur o termo “Fulinaíma”, como uma Macondo espectral, que perpassa livros, sobe aos palcos, atravessa as faixas do CD. Seria um território de folias macunaímicas, uma terra de prazeres e ócios criativos, avessa ao eterno passado colonial que não conseguimos nunca superar, como o fantasma de antigos engenhos em que a “usina / mói a cana / o caldo e o bagaço // usina / mói o braço / a carne o osso // usina / mói o sangue / a fruta e o caroço // tritura suga torce / dos pés até o pescoço”?

3

Artur Gomes é também daqueles poetas que vivem reescrevendo seus poemas, reinserindo-os em outros contextos, reinventando “a poesia que a gente não vive”, aquela mesma que transforma “o tédio em melodia” - para relembrar Cazuza, outro bardo pertencente a mesma tribo. Quem acompanha sua trajetória errante e anárquica provavelmente vai identificar neste livro poemas já publicados em outros – porém, com modificações de tonalidades, de timbres, de intenções.

Se não é despropositado pensar que Dante Alighieri enxertou em sua Dívina Comédia inúmeras desavenças políticas, sociais e culturais de sua época e mandou para o inferno pencas de seus inimigos florentinos, é interessante perceber este Pátria A(r)mada reinventado no contexto deste Brasil que retrocedeu décadas depois do golpe político-jurídico-midiático deflagrado em 2016. Esses tempos passarão, é certo, mas este livro ficará – como um potente desconforto, um desajuste, um desconcerto desse mundo cão e chão. Se vale como trágica profecia – ao modo do cego Tirésias –, após um breve período de sonhos que mais uma vez não se cumpriram, os olhos abertos desses versos ecoarão nos ouvidos de muitos e cortarão a carne de tantos: “ó, baby, a coisa por aqui não mudou nada / embora sejam outras siglas no emblema / espada continua a ser espada / poema continua a ser poema”.

 

Ademir Assunção – poetaescritorjornalista e letrista de música brasileira. Autor de livros de poesia, ficção e jornalismo, venceu o Prêmio Jabuti 2013 com A voz do Ventríloquo (Melhor Livro de Poesia do ano). Poemas e contos de sua autoria foram traduzidos para o inglês, espanhol e alemão, e publicados em livros e revistas na Argentina, México, Peru e EUA.

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