quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Santa Loucura Santa


Santa Loucura Santa
Hoje 0 28 de novembro - 19h
Santa Paciência Casa Criativa
Rua Barão de Miracema, 81
Campos dos Goytacazes-RJ
Arte A Santa Loucura (Artur Gomes)

O intuito do evento que acontece hoje na Santa Paciência é angariar doações para a festa de Natal para os internos do Hospital Abrigo João Vianna

Ulli Marques
Jornal Terceira Via

A um mês do Natal, data marcada pela celebração do amor ao próximo, um médico e um poeta de Campos, sensíveis às necessidades do outro, agem conforme suas profissões: voltam os olhos tolerantes àqueles que, comumente,  muitos julgam e poucos se lembram.

No dia 18 de dezembro de 2019, os internos do Hospital Abrigo João Vianna devem ter um Natal digno.  E para ajudar a organizar uma farta festa, Dr. César Ronald e Artur Gomes promovem hoje dia 28 de novembro a partir das 19h um Sarau a fim de angariar doações.

Trata-se da Santa Loucura Santa que acontecerá no espaço cultural, Santa Paciência Casa Criativa, situada na Rua Barão de Miracema, 81, a partir das 19h.

Segundo o Dr. César Ronald, apresentador do programa Mais Saúde da 3ª Via TV, a ideia de proporcionar esse Natal aos internos do Abrigo João Vianna, surge da óbvia constatação de que a vulnerabilidade desses pacientes não lhes tira o direito ao carinho. Assim, com o intuito de oferecer a eles o que todo ser humano merece,  o médico,  sensibilizado convidou outro homem também tocado pela causa.

Juntos o médico e o poeta Artur Gomes, que há anos empenha-se  a ajudar o hospital, idealizaram o Sarau. O objetivo é receber doações de alimentos, roupas e materiais de limpeza, e não somente ajudar a manter a casa, mas também realizar uma ceia natalina.

Segundo o atual administrador do Hospital Abrigo João Vianna, Edilson Cruz, hoje a instituição atende a 70 internos e mantê-los com dignidade não é uma tarefa simples. "A situação do Hospital é bem delicada, pois os funcionários estão sem receber há meses e sem 13º desde 2017. Mas, apesar disso percebemos que o carinho que os funcionários têm pelos internos supera um pouco as dificuldades, tanto que ainda não foi cogitada a possibilidade de fazer greve, por exemplo. No mais, as nossas  maiores necessidades são referentes a materiais de limpeza e higiene pessoal, por isso pedimos para que as pessoas ajudem principalmente com esses ítens". Afirmou Edilson.

Confluir, então, a ajuda material, tão necessária, à ajuda material tão necessária, à dedicação e o amor ao próximo, atitudes intimamente relacionadas à energia do Natal, é a missão desse projeto. O Sarau Santa Loucura Santa, deve reunir poetas, músicos, atores e artistas em geral que se apresentarão para toda a população de Campos que está convidada a participar e fazer as suas doações.

"As pessoas, a maioria delas, não sabem como é difícil manter o Hospital Abrigo João Vianna aberto. Essa instituição tradicional sobrevive a crises de toda ordem para proporcionar dignidade àquelas pessoas em situação vulnerável. O mínimo que podemos fazer  é doarmos nosso tempo, nossa força de trabalho e alguns poucos recursos que, para nós, pouco significam, mas garantem a eles o básico.

Estou muito feliz, emocionado e ansioso para ajudar mais uma vez essa causa nobre. Dr. César Ronald é um amigo de longas caminhadas e de luta por uma sociedade mais humana e quando ele me fez o convite, não poderia ficar de fora. Espero que muitos também sejam tocados e se mobilizem para ouvir boa música, poesia e se engajar com a gente nessa campanha", declarou o poeta Artur Gomes.

Jura Secreta 14
do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018

eu te desejo flores lírios brancos 
margaridas girassóis rosas vermelhas 
e tudo quanto pétala 
asas estrelas borboletas 
alecrim bem-me-quer e alfazema 

eu te desejo emblema 
deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume 
teu sabor teu suor tua doçura 

e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos 

eu te desejo e posso : 
palavrArte até a morte 
enquanto a vida nos procura 

obs.: de público queremos agradecer ao querido amigo  Fernando Loureiro,  pelo seu empenho para que a ACIC este ano destine as suas doações ao Hospital Abrigo João Vianna.

Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp





terça-feira, 19 de novembro de 2019

santa loucura santa






Jura secreta 14 
eu te desejo flores lírios brancos 
margaridas girassóis rosas vermelhas 
e tudo quanto pétala 
asas estrelas borboletas 
alecrim bem-me-quer e alfazema 

eu te desejo emblema 
deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume 
teu sabor teu suor tua doçura 

e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos 

eu te desejo e posso : 
palavrArte até a morte 
enquanto a vida nos procura 


Arur Gomes
do livro Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp 
Santa Loucura Santa

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

almas lavadas de lama



Mariana Brumadinho

um mar de lama
mata um rio
que era doce
Mariana Brumadinho
tem muita lama
no meu do caminho

holocausto

quem se alimenta
dessa dor
desse horror
desse holocausto

desse país em ruínas
da exploração dessas minas
defloração desse cabaço

quem avaliza o des(governo)
simboliza esse fracasso?


Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
potalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp



quinta-feira, 14 de novembro de 2019

pátria que pariu



pátria que pariu
para Rubens Jardim

os dentes das pedras
mordem a língua
dos meus dias obscuros

esse país teve passado
         não tem presente
         nem tem futuro

peixe é bicho inteligente
foge do óleo criminoso
               derramado
nos mares do nordeste
- eita peixe caba da peste!

nem sei em que planeta
estamos  hoje
nessa infernal atmosfera

capitão boçal pede desculpas
pelas cagadas dos 3 filhos

Aí 5 é apenas os centímetros
que um deles carrega
pendurado entre as pernas

esperma já virou porra
nesta pátria que pariu
a besta fera



y love song baby


em imburi o vento sopra
gosma de tapioca
manga mandioca abacaxi
são francisco do itabapoana
não me engana
minha língua não precisa
provar lamber comer chupar
para saber  o gosto
do amargo fel dessa estrada
que nela se desova
toda cruel veracidade
com toda essa podridão
que se espalhou pela cidade





Artur Gomes Fulinaíma
do livro inédito - FULINAIMAGEM
contatos: Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Santa Loucura Santa




·        



Convite

convido todos os amigos amigas poetas, músicos, atores, atrizes e interessados em geral, para uma reunião nesta terça 12 de novembro a partir das 20:30h para falarmos dos objetivos e dos passos da campanha Santa Loucura Santa, em prol dos internos do abrigo João Vianna.

O mentor da ideia é o médico humanista Cesar Ronald Pereira, amigo de muitas e muitas caminhadas na luta por tempos mais humanos. O primeiro passo da campanha, se dará no próximo dia 28 a partir das 19h na Santa Paciência Casa Criativa.

Quem se interessar a se engajar nesta caminhada, mensagens no inbox (facebook), ou pelo e-mail
portalfulinaima@gmail.com 
 para passarmos o endereço da reunião.

Santa Loucura Santa, além de ser uma campanha em prol dos internos do abrigo João Vianna, é também uma proposta para performances com as múltiplas linguagens da Arte.

Artur Fulinaíma Gomes




as 3 poesias vencedoras do XXI FestCampos de Poesia Falada




NEW GOTHAN CITY


“Há um morcego na porta principal”
JardsMacalé e Capinan

Na noite morna de Gothan City
nuvens de chorume ameaçam desabar
sobre cabeças indesejadas.
Falsas novidades apontam para bizarros perigos:
bíbliaspornôs, criancinhas engolidas
perigosíssimos complôs intergalácticos
uma exposição profana
artistas satânicos, pensadores perniciosos
        ameaçam a paz em Gothan City...

Em um palanque da Praça principal
um velho messias ressuscita novos lázaros
e realiza o milagre da multiplicação
                de novos cegos
                de novos imbecis
                de novos coxos.

Uma indesejada tomba
e uma desejada tumba se abre fria
comendo, comendo sonhos
Enquanto faxineiros sociais recebem comendas, comendas
urubus galardoados sobre uma Gothan City limpíssima.

Mas cuidado!!!... Existem portas que não a principal
em Gothan City...
Tubulações que excretam escrotos lambidos
nos umbrais da urbe
escrotos de vetustos escrotos do Novo Mundo
        saquinhos de exumadas múmias genocidas

Tubulações perpassam esquecidos calabouços
abrem profundas fendas no poema que insiste
        em manter-se lírico.
Um poema sujo na branquíssima Gothan City.

Cuidado!!!! Há um grande circo na Praça Nacional
Há uma louca na ala psiquiátrica principal
Há uma balbúrdia no picadeiro central
Uma charada em verso branco
Uma ode ao ódio
Um idílio à castração
Lobotomias consentidas
                em Gothan City.

Cuidado!!!! Há um palhaço na cadeira principal!!!
Um poema-laço
Um poeta lasso
Um abraço
Um balaço, dois, três, quatro, nove balaços!!!

Um poema no lixo
Um fogo-fátuo na noite
um dedo que atira
no meio da rua escura
no meio daquele março 
onde duas almas ascendem
Eternos fogos-fátuos nos labirintos kafkianos
        de Gothan City.

Nove baques secos na avenida:
- Pá! Pá! Pá! Pá!
Tiros na cara
Tiros de tiras...

Um silêncio
E os olhos cúmplices da rua
semicerrados...

(Um rádio ligado
e uma opulenta diva negra- e também indesejada -
gritando do sofá:
– Que tiro foi esse?...
Que tiro foi esse, viado?)


Alberto Sobrinho
Niterói-RJ
Maio - 2019
Primeiro Lugar no XXI FestCampos de Poesia Falada 
categoria: Poesia 



A meus deuses profanos.


Sou ateu, mas sou poeta.
Portanto: Malandro e santo.
E me resguardam uns outros tantos agora exus e anjos
(Alguns são vivos).

Tenho a proteção dos desvalidos, dos malditos, dos mal interpretados, dos mal tidos.
Baudelaire, Macalé, Zeca Baleiro...
a melodia do melodia, um panteão inteiro.
Neste céu infernal, Bukowski podre de bêbado está na porta.
É o chaveiro.
Bocetas multicoloridas voam como borboletas entre flores de cannabis no desfiladeiro.

O fruto proibido se esgotou.
Só sobraram ressacas e vertigens.
No céu dos poetas que o diabo projetou,
só ficou proibido o acesso às virgens
(que deixam na entrada com Bukowski os preciosos hímens).

Vinícius pinta no arco-íris, uma aquarela de vícios
chorando litros de Whisky ao rememorar Toquinho.
O Tom dá o tom do seu lamento.
Em afinada arpa o acompanha Cartola
que também toma umas biras lá no firmamento, quebra o precioso instrumento...
pede ao Zé Pilintra a viola.

Mas vejo no canto sozinho...
Camões caolho e desditoso...
Mario Quintana lhe oferece um cigarrinho...Diz-lhe: “- Todos os poemas são de amor”.
Nesse ponto, discutem de novo.

Fernando é que é pessoa intratável...
Ninguém até hoje fez amizade com o cara...
Contempla a natureza nova, novamente insondável.
Quer se matar de novo e murmura: “- Eu não sou nada... não sou nada.”

Garcia Lorca lidera a passeata LGBT.
Cazuza o ama, mas quem ama Cazuza é Caio Fernando Abreu.
Rimbaud apaixonou-se por Rilke
que envia cartas a um jovem poeta feito um pateta (porque nunca o leu).
Renato puxa papo com Tchaikovski, tenta a cantada ruim por impulso,
oferece um o pó mágico a ele, e diz:“- Oi gato, eu também souRusso.”

Drummond assiste tudo de cima.
Cisma em reescrever “A Quadrilha”.
O mineirinho até que foi convidado como simpatizante,
mas segue comedido e reservado como era antes.
Prefere as musas, a solidão, a materialidade das coisas...
Conclui coisas secas.
Rejeita por vezes a rima.
Plantou escrivaninha no alto pra contemplar vasto mundo.
Não sai por nada lá do cume. 

Florbela espanca Anais Niin por ciúme.
Cora Coralina tece serenos bordados de renda, de versos.
Ao cair da noite tudo se resume...
Em calmarias e desassossegos dispersos.

No céu dos poetas e das poetizas,
há sempre um serafim que abranda,
um querubim que satiriza.

E eu cá embaixo sou mais um devoto dos desmiolados santos.
E sou regido por eles.
Por mais que eu cante outros pontos.

Num dia difícil, material, literal, áspero, concreto...
intuo que não estou sozinho, tomo uma taça de vinho...
Vejo meus deuses de perto.

 Marcelo Atahualpa

Segundo lugar no XXI FestCampos de Poesia Falada

categoria - Poesia

  


Cinza

Eu sei o que é morrer.
Matei-me muitas vezes,
em lascas fétidas
cerrei ossos inteiriços
de minha pele esgarçada
por demandas externas.
Triturei minha pele e colei sobre
o vento o pó que fiz de mim.
Arranhei as costas do nada
e fiz cócegas na barriga do mundo
até ele explodir em água.
sursursursursur
SUGUEI o sangue da terra
como se eu mesma fosse o chão
que pudesse se deitar uma cobra.
Segui o rastro do lagarto que renasci em mim
e abandonava o rabo, o cabo e o fim.
Essa história de morrer
é rio que escorre pelo canal central
o uterino, o feminino
o hino de ser mulher que esqueleta
esquenta, ereta
e reta voa pelas linhas de si.
Mas que mulher aberta!
Aberta!
Entre uvas e vulvas
se pompa
se goma
e goza
o deleite de SER
em SI
Nu
e rOSA.
Arranhada pelos cabelos
recentemente cortados
risca sobre a pele os adinkras
e pinta sobre a boca
a cor da noite.
Envenena-se com a própria
saliva que deveria cuspir
e
e
e
cai no ai
e
e
e
chora mais,
mais do que o necessário
pois o adversário
mora dentro
e ri de quem deságua
mas a lágrima é pesada
e
e
e
cai na cabeça do riso
e
e
e
ele morre.
Matei meu próprio riso
com a lágrima que plantei
Quem planta água dentro do peito
sempre tem um rio pra se afogar
quem seca o tempo dentro
sempre racha o bico do peito
que iria amamentar.
Eu sou cura
a nervura
a fervura
a ervura
a sutura
a criatura
a atadura
a molécula
que muda
transfigura
Eu sou a morte
que atravessa
o âmago da vida
que mergulha
no sangue
que revés.
Eu sou o processo
que encharca de si
que morre
morre profundamente
nos braços do fim.

Lívia Prado
Terceiro Lugar no XXI FestCampos de Poesia Falada
categoria Poesia - Primeiro Lugar - categoria Intérprete

portalfulinaima@gmail.com



cidade veracidade

onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...