terça-feira, 31 de março de 2020

fulinaíma



fulinaíma

era um tupi
assim peri
patético
num poema anti
estético
gritando blues
& rock and roll

era um tupi
assim fuli
gramático
nesse tempo
quase estático
pensando
o que o vírus te levou

Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos

portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp



estação 353



Estação 353

porque hoje é domingo
de Hera me vingo
e o que farei mais nesse abismo
pergunte a Dionísio
talvez Vênus responda
com os teus cílios de renda
ou Afrodite com seu turbante de chita
tenho cá comigo mesmo
que o melhor aqui nessa fazenda
é comer tutu de feijão com torresmo

Artur Gomes Fulinaíma
Fulinaíma MultiProjetos
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www.fulinaimicas.blogspot.com




estação 353


Estação 353
estórias que ainda não contei (ou) Ionesco vem me visitando

moro na estrada do estreito não sei se endereço ou metáfora na linguagem pá lavra onde  procuro para escavar a língua e enterrar o sol no coração de São Francisco sertão barroco barro bar abacaxi briga de galo cavalo alado no domingo do macuco senzala gueto ainda intacto no recife armorial boi carnaval e o meu quintal praia da barra e o barro banto sob meus pés explodem plantas cheiro na orla algas espuma na água sal o mar é logo ali depois do uriticum ela não me deixa sozinho balançar na rede com o meu livro de imburi enquanto dolly mastiga sua oração embaixo o pé de siriguela branco corre atrás do joão de barro que voou para o outro lado do muro onde mora Juliana tomatinhos para o angu de sábado um mamão para depois do almoço tenho sonhado demais tenho latido pra cachorro ano passado corri mas esse ano não corro tente entender tudo mais sobre o sexo Araxá azul é brinquedo cortamos a goiabeira para não ver Jesus cantando triste Bahia na transa de Caetano aqui não fumo nem cheiro mas trepo enquanto Alice dorme no quarto ao lado depois de passar a noite lendo estórias que ainda não contei juras secretas de um poeta enquanto coisa bacurau é bacaralho punk koreano no sebo do Jidduks ainda guardo lembranças do último FesTSolos e o passeio no badu pela lagoa de Araruama o que Anchieta não disse anda pulsando em minhas veias pelas travessas e becos da república federativa de São Pedro da Aldeia cheiro o pó de café que a Lis anda queimando na cozinha em Cabo Frio Facury mostra sua última artemanha de bonecos na usina 4 traçando trocadilhos sobre a vidaDura em sua rede Macunaímica trazida lá do Maranhão ontem não sei se indo ou vindo para Campos pensava Gabriel de lá Puente o nosso Serafim Ponte Grande que se embrenhou pelos acres quanta saudade - dói mas não demora  - na próxima terça encontro a Micaela e Cristina Cruz na Santa Paciência e vamos reinventar o mar de (sal)dades da cantora careca outubro ou nada em Itaipu re-encontrarei   meu trio de nikit Ciranda Marco Valença Maurício Reis mais um livro na mesa poema onde tudo cabe  sarau no Lagoas Bar Ionesco vem me visitando na pele da memória por ser ainda menina mym mesma na balbúrdia é explosão de adrenalina

Federico Baudelaire
Fulinaíma MultiProjetos
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poética



poética

essa espessa
nuvem de fumaça
arregaça
meus intestinos
me provoca
esse estado de
não sei quantas
adrenalinas
essa besta no cio
esse desatino
e o destino do menino
esse veneno
em cada grão de soja
em cada grão de milho
em cada folha de alface
essa face carcomida
antes dos trinta
e eu pensando
a quantas anda
os projetos do meu filho

Artur Gomes
o poeta enquanto coisa
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Fulinaíma MultiProjetos
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quinta-feira, 19 de março de 2020

objeto do desejo


objeto do desejo

da hortelã ficaram duas flores
agarradas na gengiva
o gosto inconfundível
do beijo na saliva

não sei mais se tua boca
é o desejo do objeto
ou o objeto do desejo

EuGênio Mallarmè
O Homem Com A Flor Na Boca
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meu criado mudo
vendi para um porta retrato

cansei de ser concreto
 quero ser mais abstrato

Pastor de Andrade


Estação 353

aqui a gente planta
molha grama
lava pratos roupas  talheres

pra servir nossas mulheres
e ficar bem nesse retrato

Federico Baudelaire
www.federicobaudelaire.blogspot.com

domingo, 15 de março de 2020

linguística linguagem línguas


linguística linguagem

o lixo                                                                       no jornal
teu corpo entre títulos                                         e tintas
tipográficas tudo em cores                                  gráficas
fujifilme fujimore teu corpo em                         ilusões
estéticas  palavrações  a                                       bala
tudo em impressões modernas                          off set
por tudo que o falar não                                       rala
desfruta do meu sangue a                                    massa
desfruta do teu mangue a                                    raça
um filme de fellini e pronto
teu corpo entre o papel da foto
a língua sobrevoa a vala
teu corpo em foto de jornal no lixo
poema quando espanta o olho
do poeta na impressão do bicho

Artur Gomes
do livro Conkretude Versus ConkrEreções
Teresina-PI - 1994


um sol entre montanhas
         em memória de meus irmãos

Eu não queria precisar
de moedas e medalhas.
Eu só queria precisar
de uma vida sem migalhas.
Eu só queria precisar
de uma vida
devida-mente dividida
: uma árvore como casa
(da madeira faz-se a brasa!),
ossos como ferramentas,
folhas e gravetos como teto,
couro de animais com vestimentas
e um filho que me destinasse um neto.
Animal, mineral, vegetal
nunca iam faltar.
Eu só queria um lugar!
Eu só queria um precisar
de mais nada.
 Eu não queria precisar.
Eu só queria precisar...
Além do mundo,
de uma sacada,
além de tudo
e mais nada.

Andri Carvão
do livro Um Sol Para Cada Montanha
CHIADO Books - 2018
 


as traquinagens da poesia
        para dona Nathanna e João Miguel

caminhávamos
                         de mãos dadas
no largo dos tempos verbais
mapeando balbucios encantadoiros
e parastes para
                            amamentar
e pus-me a desenhar versos
recordando
como se o carro das bonitezas
desaguasse nas nossas retinas
e o vagido primeiro
                    ancestral
de repente
viesse abraçar-nos

(se eu entendesse
de gramáticas e dicionários
como entendo de traquinagens
soletraria
                 a ma men tar
devagarinho
                 a mar men tar
bordando uma letrinha
uma letrinha
bem caprichosa
entre a segunda e a terceira
sílaba
          po é ti ca)

Paulo Dantas
do livro A Botija dos Dizer
Alpharrabio Edições - 2018



vinte e cinco de um primeiro ano
de nossa anunciada hecatombe

em lugar da prisão
o desejo do presidente
da empresa assassina
volta ao local do crime
escudado pelo presidente
da nação enlameada

lado a lado

empertigado e lustroso, aquele
como convém a um alto executivo

colete de caçador amarfanhado, este
como convém ao mais alto dignatário
perdido na floresta de trapalhadas
da república federativa do brasil

sobrevoam
a lama, a lama, a lama,
após os lucros retirados
resta a lama/rejeito devolvido
em conluio, derramada
sobre os rejeitos humanos
acusados de prejuízo

sobrevoam e calam
pelo tuiter, prometem
mudam o discurso
mentem

a lama que tudo oculta
está longe de ser metáfora
lama língua linguagem
silêncio que diz
dos corpos sem nome
mortos, que o protocolo
chama de(¿) desaparecidos

os que não morreram
ficam sem nada
são nada
servem apenas de espetáculo
motivo/lenitivo
para a caridade de ocasião

amanhã todos
mortos e mortos vivos
não passarão de meras estatísticas

brumadinho
bruma indício
do fracasso
da ex-terra brasílis
e de sua falência humana

Dalila Teles Veras
do livro tempo em fúria
Alpharrabio Edições - 2019


ESSÊNCIA
para Olga Savary

Não me traga de volta o que sequer perdi.
Antes pergunte pelo que vejo e passo,
quando me virem no que não vi
do que se traduz no que (me) faço.

Enquanto traço noite e dia,
é que encontro no furacão o olho em furo,
pelo que sei de tanta travessia
- viagem que trespassa gozo e apuro.

No que se perde em breu e magia,
o poema se abre e me anuncia.

Amélia Alves
do livro No Reverso do Viés
Ibis Libris - 2015




mini conto - a faca

poesia não é manchete de jornal para espremer escorrer sangue o poema pode ser facada sim que entra mas não sangra como aquela em Juiz de Fora que até agora ninguém me explicou o melodrama estava li e não vi Adélio no curral do tal comício palanque armado para fazer do brasil um precipício

Gigi Mocidade
Rainda da Bateria
da Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo

Fulinaíma MultiProjetos
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cidade veracidade

onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...