linguística linguagem
o lixo no jornal
teu corpo entre títulos e tintas
tipográficas tudo em cores gráficas
fujifilme fujimore teu corpo em ilusões
estéticas palavrações a bala
tudo em impressões modernas off set
por tudo que o falar não rala
desfruta do meu sangue a massa
desfruta do teu mangue a raça
um filme de fellini e pronto
teu corpo entre o papel da foto
a língua sobrevoa a vala
teu corpo em foto de jornal no lixo
poema quando espanta o olho
do poeta na impressão do bicho
Artur Gomes
do livro Conkretude Versus ConkrEreções
Teresina-PI - 1994
um sol entre montanhas
em memória de meus irmãos
Eu não queria precisar
de moedas e medalhas.
Eu só queria precisar
de uma vida sem migalhas.
Eu só queria precisar
de uma vida
devida-mente dividida
: uma árvore como casa
(da madeira faz-se a brasa!),
ossos como ferramentas,
folhas e gravetos como teto,
couro de animais com vestimentas
e um filho que me destinasse um neto.
Animal, mineral, vegetal
nunca iam faltar.
Eu só queria um lugar!
Eu só queria um precisar
de mais nada.
Eu não queria precisar.
Eu só queria precisar...
Além do mundo,
de uma sacada,
além de tudo
e mais nada.
Andri Carvão
do livro Um Sol Para Cada Montanha
CHIADO Books - 2018
as traquinagens da poesia
para dona Nathanna e João Miguel
caminhávamos
de mãos dadas
no largo dos tempos verbais
mapeando balbucios encantadoiros
e parastes para
amamentar
e pus-me a desenhar versos
recordando
como se o carro das bonitezas
desaguasse nas nossas retinas
e o vagido primeiro
ancestral
de repente
viesse abraçar-nos
(se eu entendesse
de gramáticas e dicionários
como entendo de traquinagens
soletraria
a ma men tar
devagarinho
a mar men tar
bordando uma letrinha
uma letrinha
bem caprichosa
entre a segunda e a terceira
sílaba
po é ti ca)
Paulo Dantas
do livro A Botija dos Dizer
Alpharrabio Edições - 2018
vinte e cinco de um primeiro ano
de nossa anunciada hecatombe
em lugar da prisão
o desejo do presidente
da empresa assassina
volta ao local do crime
escudado pelo presidente
da nação enlameada
lado a lado
empertigado e lustroso, aquele
como convém a um alto executivo
colete de caçador amarfanhado, este
como convém ao mais alto dignatário
perdido na floresta de trapalhadas
da república federativa do brasil
sobrevoam
a lama, a lama, a lama,
após os lucros retirados
resta a lama/rejeito devolvido
em conluio, derramada
sobre os rejeitos humanos
acusados de prejuízo
sobrevoam e calam
pelo tuiter, prometem
mudam o discurso
mentem
a lama que tudo oculta
está longe de ser metáfora
lama língua linguagem
silêncio que diz
dos corpos sem nome
mortos, que o protocolo
chama de(¿) desaparecidos
os que não morreram
ficam sem nada
são nada
servem apenas de espetáculo
motivo/lenitivo
para a caridade de ocasião
amanhã todos
mortos e mortos vivos
não passarão de meras estatísticas
brumadinho
bruma indício
do fracasso
da ex-terra brasílis
e de sua falência humana
Dalila Teles Veras
do livro tempo em fúria
Alpharrabio Edições - 2019
ESSÊNCIA
para Olga Savary
Não me traga de volta o que sequer perdi.
Antes pergunte pelo que vejo e passo,
quando me virem no que não vi
do que se traduz no que (me) faço.
Enquanto traço noite e dia,
é que encontro no furacão o olho em furo,
pelo que sei de tanta travessia
- viagem que trespassa gozo e apuro.
No que se perde em breu e magia,
o poema se abre e me anuncia.
Amélia Alves
do livro No Reverso do Viés
Ibis Libris - 2015
mini conto - a faca
poesia não é manchete de jornal para espremer escorrer sangue o poema pode ser facada sim que entra mas não sangra como aquela em Juiz de Fora que até agora ninguém me explicou o melodrama estava li e não vi Adélio no curral do tal comício palanque armado para fazer do brasil um precipício
Gigi Mocidade
Rainda da Bateria
da Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp
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