Conheci Anna Miranda através de interpretações da Série Outros Autores do ator poeta e dramaturgo Antônio Cunha. Depois que nos conectamos através do face o diálogo tem sido constante e este bate papo a seguir, é o primeiro, de uma série que quero ter com ela, para abordarmos a poesia do Torquato Neto
Anna Miranda - cantora, poeta, compositora cronista e contadora de histórias. Moro em Teresina onde nasci, formada em Comunicação Social Na PUC- Rio, exerci vários cargos como Diretora do Projeto Torquato Neto da Secretaria de Cultura do Piauí e Coordenadora de Editoração da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, em Teresina, onde moro, depois de quase vinte anos morando no Rio de Janeiro.
Anna Miranda -É algo visceral. Penso numa palavra, numa imagem e aquele olhar me dá um insight poético. Transformo a imagem, a palavra, o sentimento em poesia. As vezes em música. Sou cantora e compositora.
Artur Gomes - Seu poema preferido?
Anna Miranda - Noel Rosa. Sou cantora e pesquiso a obra de Noel. Para interpretá-la num show sensacional, PALPITE FELIZ. Há uma melancolia poética em Noel que me fascina. Noel tem uma música, Cor de Cinza, que é o mais belo e hermético poema impressionista que conheço. Foi lançada em 1955 por Araci de Almeida em discos Continental. É um poema/ canção pouco conhecido. Jards Macalé gravou lindamente.
- Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsionar para escrever?Anna Miranda - Demian, de Herman Hesse. O Homem Rouco, do Rubem Braga e O Encontro Marcado de Fernando Sabino. Talvez DEMIAN tenha sido mais definitivo. Quando era jovem lia mais prosa poética. A poesia chegou muito depois. Com as letras das minhas canções, provavelmente.
Artur Gomes - Além da poesia em verso , já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?
Anna Miranda - Escrevi um livro , PROVA DE FOGO, Em 1981, prefaciado pela Leila Miccolis. Lá estão meus poemas quando encontrei a pedra. Um deles diz assim:
Amar é transformar-se em polvo, criar mil braços, transformar-se em pássaro, voar numa febre selvagem, explodir como um vulcão entrando em erupção, é fungar como um asmático
é sede
é frio
é saúde
É riscar no espaço do ser amado como um raio
É correr nele como um Rio
brilhar
. brilhar
brilhar
Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
- Não tenho a menor idéia. Você tem?Artur Gomes – No prefácio do livro Pátria A(r)mada o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele trás as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
- Da tribo da inquietude visceral/ antropofágica da chamada geração mimeógrafo dos anos 70/80. E nesse exato momento me lembrei de Torquato Neto: eu brasileiro confesso minha culpa meu pecado/ meu sonho desesperado meu bem guardado segredo/ minha aflição/ aqui é o fim do mundo/ aqui é o fim do mundo/aqui é o fim do mundo/ ou lá?Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?
Anna Miranda - O poeta é um inconformado, um mutante, um transformador ou transmutante. Para mim essa é a militância de um poeta: não aceitar, chacoalhar, escarafunchar, fuçar, reinventar, usar a palavra em toda a sua potência transformadora.
Anna Miranda - Muitas. Mas elas ficam para uma nova entrevista.
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