quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Leonardo Almeida Filho - 5 poemas do livro Tutano

 


Encalacrado

 

Dura é a procura da palavra rara.

Avara sina que se insinuara na incrédula criatura.
Atura, jura, fura a mais profunda escuridão, o breu.


Como fora um monstro estranho,
entranha-se na trilha, esmera-se no brilho turvo e torpe,
prova do estorvo da nervura claro-escura, treva sempre impura do real.

 

Sigo assim, prossigo, muito mais que abrigo amigo.
O âmago mágico, consigo.
Gosto, gasto, gesto, grito e ganho o que persigo
num vasto silo encalacrado: um arsenal.


E o poema acena aquela velha cena,
a vela sempre encena a palavra acesa
que se nos liberta e acerta e aperta a jugular da fera,
e o poeta encerra a dor cruel do trivial.


 

Ogiva

 

      Para Alberto Bresciani

 

Armar um poema requer lógica.

Uma lógica secreta,

de seita, confraria,

e que apenas os poetas,

iniciados nas artes dessa alquimia,

conhecem e arriscam articular.

 

Armar um poema é sempre forma

de amar o poema

que o leitor, ao final,

amando-o também,

tentará eternamente,

e sem sucesso,

desarmar.


 

Tutano

 

        Para Antonio Damasio

 

Há coisas que pedem silêncio,

o mesmo silêncio das pedras no fundo do rio,

dos peixes nos igarapés, da aranha no paiol vazio,

a mudez das rochas e dos musgos.

 

Há coisas que devem permanecer caladas, intocadas,

entaladas na garganta como o choro que se engole

dissimulado, amargo.

 

Há coisas que pedem para serem engasgadas,

para ficarem dentro da gente como tutano,

pulsando por se mostrarem vivas,

não mais que isso.

 

Há segredos que devem morrer sagrados,

ocultos, enterrados, como fossem fósseis

no sítio arqueológico da alma,

sob olhares quase-mortos

e cheios de tristeza e desencanto,

sem dor, lamento ou pranto.

 

Há coisas que exigem silêncio,

mas é sobre essas coisas que o poema berra,

que os versos uivam ,

que as estrofes gritam

para quem as quiser ouvir

e se ensurdecer.


 

Utopia


O desejo aspira
o não-lugar
(não para estar)
para ser.


É como o Outro
que me justifica
e me faz ser,
só porque é
quando está.


A menina abre a geladeira,
pega a coca-cola
em silêncio
e pula do oitavo andar
(não para estar
nem para ser)
porque aspira
o não-lugar.


Agonia de peixes dourados

 Parte do que somos flutua e brilha

mariposa e luminária que se miram
sem qualquer espanto, enfado ou medo.

 

Outra, mergulha e se apaga,
celacanto-vagalume,
opaca, que se afaga na escuridão das fossas,
com terror e desespero.

 

Céu e abismo, poço fundo que se oferece
ao salto inexorável.
Parte de nós se lança corajosamente
no anoitecer que assombra,
nas trevas que assustam,
na rouquidão das trovoadas,
e goza.

 

Outra busca o sol, as estrelas,

a mansidão da noite clara, a luz dos relâmpagos,
e chora porque sabe que quando o bedel
bater à porta,
será tempo de retirar, às pressas, os capachos,
envenenar as maçanetas, secar os aquários
e deixar os peixes dourados se debatendo
em busca de ar.
Será a hora de rastejar e apagar as luzes da casa.

 

Leonardo Almeida Filho (Campina Grande, 1960), professor universitário, escritor, ensaísta, reside em Brasília desde 1962. Mestre em literatura brasileira pela Universidade de Brasília (2002), publicou, em 2008, o seu livro Graciliano Ramos e o mundo interior: o desvão imenso do espírito (EdUnB).  Alguns trabalhos publicados: O livro de Loraine (romance, 1998), logomaquia: um manefasto (híbrido, 2008); contos em Antologia do Conto Brasiliense (2004) e Todas as gerações (2007) e pelo Prêmio SESC de contos Machado de Assis (2011); poesias em Poemas para Brasília (2004) e pelo Prêmio SESC de poesias Carlos Drummond de Andrade (2011). Publicou, com os professores Hermenegildo Bastos e Bel Brunacci, o livro Catálogo de benefícios: o significado de uma homenagem (Hinterlândia, 2010), que aborda o  cinquentenário do escritor Graciliano Ramos. Publicou, pela Editora e-galaxia, Nebulosa fauna & outras histórias perversas (contos).

 

domingo, 16 de agosto de 2020

Artur Gomes - uma trajetória multi arte



Artur Gomes 

Poeta. Ator – Produtor Cultural  - Vídeo Maker

RG 068.323.72-4 - CPF 812.680.097-68

Desde 2018  é professor do Curso Livre de Teatro na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima - em Campos dos Goytacazes

2019 - Vencedor do Festival Cine Mosquito na Categoria Cine.Poética com o curta Atafona Pontal Grussaí.


Trajetória com Arte MultiLinguagens

 De 1975  a 2002 foi Coordenador da Oficina de Artes Cênicas da ETFC e CEFET-Campos-RJ

 De 2011 a 2012 foi Coordenador do Laboratório de Cinema do IFF – Instituto Federal Fluminense – Campos-RJ

 Em 2013 – foi um dos artistas integrantes do V Circuito Cultural de Arte Entre Povos

 Em 2014 – Dirigiu Oficina de Teatro no SESC Campos-RJ – com a montagem dos espetáculos Multi Mídia: Nos Tempos da Foto Novela e Uma Noite de Natal

 Em 2015 - dirigiu no SESC Campos-RJ Oficina de Teatro para montagem em novembro do espetáculo: Waterkis – Selecione Água.

 Em 2016 - Dirigiu  no SESC Campos – Oficina de Artes Cênicas – O Espelho – tendo como pano de fundo o universo surrealista do dramaturgo Espanhol Fernando Arrabal.

Em 2015 - Apresentou performance poética no FestSolos II - Teatro Municipal de Cabo Frio-RJ

 Em 2016 - Apresentou performance poética no Poesia de Cena - Teatro Municipal de Cabo Frio-RJ

 Em 2018 apresentou a performance poética musical Sax Blues Poesia no Teatro de Bolso - Campos dos Goytacazes-RJ

Em 2018 - foi uma das atrações do I Festival de Poesia de Brasília - Transe Poéticas - no Museu da República

Em 2019 - Apresentou a performance poética Juras Secretas - no Psiu Poetico - Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte-MG

 Em 2019 - Apresentou a performance Juras Secretras - na Usina 4 - Casa das Artes - dentro da programação do Festival Cine Mosquito - em Cabo Frio-RJ

 Em 2019  dia 23 de maio -  lançou em São Paulo - o seu décimo quinto livro: Pátria A(r)mada - no Café Bar e Livraria Patuskada - Rua Luis Murat, 40 - Vila Madalena-SP

 Em 2019 dias 14, 15 e 16 de junho foi mais uma vez uma das atrações do FestSolos - na Usina 4 - Casa das Artes - em Cabo Frio-RJ

Um Trajetória Multi Mídia da Poesia ao Audiovisual - 1973 a 2019

 

meu coração marçal tupã

sangra tupy & rock and roll

meu sangue tupiniquim

em corpo tupinambá

samba jongo maculelê

maracatu boi bumbá

a veia de curumim

é coca cola e guaraná


 

Artur Gomes - Poeta

 

livros:

 Um Instante no Meu Cérebro – 1973

 Mutações em Pré-Juízo - 1975

 Além da Mesa Posta – 1977

 Jesus Cristo Cortador de Cana – 1979

 Boi Pintadinho – 1980 - 1981 – Prêmio MEC

Carne Viva - Antologia de Poesia Erótica - org. Olga Savary - 1984

 Suor & Cio - 1985

Couro Cru & Carne Viva - 1987

20 Poemas com Gosto de JardiNÒpolis & Uma Canção com Sabor    de      Campos - 1990

Conkretude Versus ConkrEreções - 1994

 CarNAvalha Gumes – 1995

 Do Requinte do Lírico Ao Delicado do Erótiko – 1995 – Livro Criado na Oficina de Poéticas Gráfico Visuais – Dirigida por Sebastião Nunes no Festival de Inverno de Ouro Preto – UFMG

Desde 1990 tem poemas publicados na Antologia Poetas do Brasil, organizada por Ademir Bacca – Ed. Graffitti-RS

 Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas – 2000

Em 2002 lançou o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, com osparceiros Dalton Freire, Luiz Ribeiro, Naiman e Reubes Pess.

 SagaraNAgens Fulinaímicas - 2015

Juras Secretas - Editora Penalux - 2018

Pátria A(r)mada - Desconcertos Editora - 2019


O Poeta Enquanto Coisa - Editora Penalux - 2020

inéditos - O Homem Com A Flor Na Boca Da Nascente A Foz  - Um Rio de Palavras 

2011 – Tem poemas publicados na Antologia Internacional Eco Arte Para Re-Encantamento do Mundo – Organizada pela Bióloga Michelle Sato,  e Editada pela Universidade Federal d Mato Grosso

2012 – Tem poemas publicados na Revista Coyote, uma das principais revistas de literatura publicadas no Brasil, com patrocínio do MINc – Editada por Ademir Assunção e Rodrigo Garcia Lorca em Londrina-Paraná.  

Tem poemas também publicados nas Revistas  Digitais :  Cronópios,  Germina, Gueto, Literatura & Fechadura, Ruído Manifesto e Mallarmargens. 

Trajetória com Produção Cultural

1974 - Autor da Canção Caminho de Paz, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do IV Festival de Música de São Fidélis

1975 – Autor da Canção Ponto de Luz, em parceria com Vítor Meireles e Bento Mineiro, vencedora do II Festival de música do Sesc Campos

De 1975 a 2002 Coordena Oficina de Artes Cênicas na Escola Técnica Federal de Campos  e Cefet-Campos

De 1986 a 1990 coordena o Grupo de Atividades Culturais da Escola Técnica Federal de Campos.

1975 – 1976 - Escreve, atua e dirige Judas o Resto da Cruz, encenada no Sesc, com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos

1976  - Escreve, atua e dirige  25 Anos de Sonho e Sangue, encenada no Sesc-Campos, tendo como parceiro de palco Jorge Pessanha Santiago, hoje doutor em Antropologia e Professor na Universidade de Lion na França

Autor da Canção Balada Pros Mortais em parceira com Paulo Ciranda, vencedora do Festival de Música de Itaocara-RJ e do Festival Universitário realizado na Ses-Rio em 1977.

1976 – Trabalha como ator  em Avatar, texto de Paulo Afonso Grisoli, com direção de Orávio de Campos Soares, encenada no Sesc Campos. 

1977 – Trabalha como como ator no Auto de São Salvador, com texto que narra a criação da Vila de São Salvador, escrito e dirigido por Winston Churchil Rangel, encenação que acontece no Ginásio de Esportes da Escola Técnica Federal de Campos.

1978 – autor de Canta Cidade Canta, poema vencedor do II Festival de Poesia de Campos dos Goytacazes-RJ

1979 – Escreve atua e dirigiu Jesus Cristo Cortador de Cana, auto-popular, encenada com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos

 Autor de Poema Para o Povo em Tempo de Abertura, poema vencedor do III Festival de Poesia de Campos

1980 – Escreve,  atua e dirige O Boi-Pintadinho, espetáculo que percorre as ruas, avenidas e praças da cidade, tendo no elenco atores amadores de Campos dos Goytacazes, inclusive a atual prefeita Rosinha Garotinho.

Autor da Canção Boi-Pintadinho, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do Festival de Música de Miracema-RJ - 1981.

1981 -  Encena O Boi Pintadinho com alunos da Oficina de Artes Cênicas e alunos da Banda Marcial da Escola Técnica Federal de Campos, com apresentações em várias cidades do Estado do Rio de Janeiro.

1982 – Autor da Canção Fotografia Urbana, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do Festival dos Festivais – Itaocara-RJ

1983 – Cria o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira – com exposições das mais diversas linguagens da poesia contemporânea, além da utilização de performances poéticas e multi mídia para expor os poemas dos mais diversos poetas brasileiros. Este projeto percorre todo o Estado do Rio de Janeiro de 1983 a 1992 com pelo menos uma Edição Anual.

1984 – Tem poemas publicados ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano Santana, Ferreira Gullar e mais 73 poetas contemporâneos, na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary e editada pela Editora Anima do Rio de Janeiro.

1985 – Realiza o recital solo Suor & Cio com poemas do livro homônimo no Bar Doce Bar em Campos e no Clube do Livro em Ipanema-Rio.

Participa em JardiNÓpolis-SP do Encontro de Escritores, onde além do recital Suor & Cio, escreve poema para o livro 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos. Em JardiNÓpolis, conhece o então aluno de jornalismo Ricardo Pereira Lima, que vai se tornar um de seus grandes parceiros na Editora Makondo.

1986 – Realiza a Mostra Visual de Poesia Brasileira em Miracema, Macaé e na Universidade Federal Fluminense em Niterói-RJ com o lançamento do Movimento Vista-se de Poesia, com poemas impressos em camisetas que serão expostos e consumidos, durante todo o  verão de 1987 na praia de Ipanema-RJ

De 1986 a 1987 – Assessora a Professora Diva Abreu no Departamento Municipal de Cultura de Campos e realiza um Edição da Mostra Visual de Poesia Brasileira em homenagem ao poeta Manuel Bandeira, focando a sua poesia e exibindo uma Exposição de Caricaturas criada pelo artista gráfico carioca Jorge de Salles.

1987 - Cria a Ciranda do Boi Cósmico, que estreia na posse de Luciano D´Angleo,  primeiro Diretor eleito da Escola Técnica Federal de Campos.  Realiza encenações no Ginásio de Esportes, tendo como cenário uma gigantesca exposição de artes visuais criada pelo  ex-aluno Genilson Soares, além de percorrer as ruas, praças e avenidas da cidade, com elenco formado por alunos da Oficina de Artes Cênicas e da Banda Marcial.  O  corpo do Boi Cosmico foi construído com uma estrutura de metal e fragmentos reciclados nos laboratórios de Mecânica e Eletrotécnica, e era re-vestido  de poesia impressa em um pano por sistema de serigrafia, técnica que utilizava para espalhar poesia pelo brasil.

Profissão:

 Meu ofício é de poeta

Pra rimar poema e blusa

E ficar em tua pele

Pelo tempo em que me usa

1987 – Encena com os alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos o happening Ensaio 27, composto por poemas de Carlos Drummond de Andrade, este projeto vai se desdobrar em Poesia NU Vermelho, exposição que se realiza no Bar Vermelho no mesmo ano de 1987, e posteriormente na Praia de Farol de São Tomé durante o verão de 1989.

 1987 - Lança com performance dos pintores Genilson Soares e Nilson Siqueira,   o livro Couro Cru & Carne Viva, no Espaço Cultural Arte Nativa, em Campos dos Goytacazes.


1987 - Atua na Comissão de Organização do Seminário – Brasil: Uma Cultura em Questão, realizado pela UBE-SP, Funarte e Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, realizado na cidade de Batatais-SP, onde apresenta em bares, praças, escolas e Teatro Municipal o recital solo Couro Cru & Carne Viva.

1987 - Realiza o Recital Solo Couro Cru & Carne Viva, na União Brasileira de Escritores em são Paulo, onde conhece o cineasta Guilherme Almeida Prado, (diretor de A Dama do Cine Shangai), com quem faz Oficina de Criação de Roteiro, no Departamento de Cinema, da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.

1988 – Cria o projeto  - Brasil 100 Anos de Abolição – com mesa redonda realizada na Escola Técnica Federal de Campos e encenação do espetáculo de teatro.poesia A Cor da Pele, com poemas do livro homônimo, do poeta mineiro Adão Ventura, tendo no elenco alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos,

1988 - É um dos poetas convidados para a Festa da Poesia, organizada pelo poeta  Marcio Almeida, realizada em Oliveira-MG

Posteriormente apresenta o recital solo, A Cor da Pele, no Teatro Francisco Nunes em Belo Horizonte-MG. 

 1988 - A convite da Doutora Hygia Calmon Ferreira, realiza o recital solo Couro Cru & Carne Viva, na UNESP em São José do Rio Preto e fala sobre a Obra teatral de Oswsald de Andrade, com destaque para os textos A Morta e O Rei da Vela.

1988 - Realiza o solo Couro Cru & Carne Viva, pelos circuitos de bares de Ribeirão Preto-SP, onde é filmado pelo cineasta Ricardo Pereira Lima, para o seu trabalho de conclusão do curso de jornalismo na UNAERP

1989 – Assume a Direção do Departamento de Projetos Especiais da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e   coordena o Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta, até 1990.

 1989 - Dirige 9 alunas da Escola de Serviço Social da UFF-Campos, no espetáculo teatral Jesus Cristo Cortador de Cana, tendo com ator principal Eugênio Soares, com o objetivo dar enfoque ao trabalho de conclusão de pesquisa de campo realizada pelas alunas para os seus respectivos TCC. A Encenação tem no elenco também alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos.

 1990 – Lança em JardiNÒpolis-SP com uma performance poética, o seu livro 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos. - Editora Makondo 

1990 - Realiza o recital solo 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos, no Bar Cantinho do Poeta, em Campos dos Goytacazes-RJ.

1990 - Encena com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos um happening teatral na entrada da Biblioteca para inauguração do painel de Genilson Soares, um ex-aluno da Escola.

1990 - Atua na Comissão de Organização do Seminário: Cultura e Resistência, realizado pela UBE-SP, Funarte e Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo,  na cidade de Registro-SP, onde escreve e encena pela primeira vez o recital solo EntriDentes, dedicado a sua musa Mariana de Piracicaba 

1991 – A convite da Doutora Hygia Calmon Ferreira, dirige Oficina de Criação Literária na UNESP em São José do Rio Preto, onde transforma em happening o recital solo Entridentes e encena com os alunos da Oficina.

1992 – Realiza a IX Mostra Visual de Poesia Brasileira na Faculdade de Filosofia de campos-RJ.

 1992 - A convite de  alunos da Faculdade de Letras,  volta a dirigir Oficina de Criação Literária na UNESP, em São José do Rio preto-SP e encena o happening teatral SagaraNAgens Fulinaímicas, criado com fragmentos de textos do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa.

1992 - A convite da poeta Dalila Teles Veras, realiza Recital e Dirige Oficina de Criação de Poesia, no Espaço cultural Alpharrabio, em Santo André-SP, na comemoração do seu primeiro aniversário. 

1993 – De março a agosto realiza pesquisa sobre a obra de Mário de Andrade, na ECA, Escola de Comunicação de Arte da USP, sob a orientação de Uilcon Pereira.

1993 – Em parceria com o Grupo de Livre Espaço de Poesia idealiza o Projeto: Mostra Visual de Poesia – Mário de Andrade 100 Anos. Realizado pelo Sesc-SP o projeto é apresentado no Sesc São Caetano, no Centro Cultural da Ligth em São Paulo, no Colégio Singular,  no Espaço Cultural Alpharrabio  e no Bar Porto das Garrafas em Santo André, sendo escolhido pela APCA(Associação Profissional de Críticos de Arte) como o Evento Cultural do Ano.

O projeto é composto por exposições de poesia contemporânea Os Amigos de Mário. Performances de teatro.poesia: Paulicea Desvairada, com poemas do livro homônimo e ReVirando a Tropicália, encenadas por Artur Gomes e Mônica Cardella. Mesas redondas com José Miguel Wisnik, Uilcon Pereira e Dalila Teles Veras, enfocando a poesia e as pesquisas de Mário de Andrade sobre a música brasileira, além de show do cantor curitibano Carlos Careqa.

 1993 - Depois de São Paulo a Mostra Visual de Poesia BrasileiraMário de Andrade 100 Anos é apresentada na Escola Técnica Federal de Campos e na Faculdade de Filosofia de Campos c0m as respectivas exposições, a performance Paulicea Desvairada e um happening poético com o professor de comunicação  Moacy Cirne, na época diretor do Instituto de Artes da UFF

1994 – Realiza no Espaço Cultural Alpharrabio a performance EuGênios, tendo como parceiro de palco o genial ator/cantor curitibano Carlos Careqa, que além de poder ser ouvido em seus maravilhosos CDS,  pode ser visto hoje na TV ao lado da atriz Marieta Severo, fazendo um comercial do Hiper Mercado  Walmart.

1994 - Cria o projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, uma re-leitura do livro Serafim Ponte Grande, de Oswalde de Andrade, com exposições de poemas gráfico.visuais, teatro.poesia, workshops, mesas de debate e vídeo.poesia

Encena pela primeira vez a performance Retalhos Imortais do SerAfim, na Escola Técnica Federal de Campos, tendo em cena os alunos da Oficina de Artes Cênicas, Rey de Souza, Clarice Terra e Magda de Friburgo.

1995 – De março a setembro realiza pesquisa sobre a obra poética de Oswald de Andrade na UNICAMP, com foco no seu poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão, orientado pela doutoranda em dança, Nirvana Marinho, hoje bailarina do Corpo de Baile da Cidade de Lion – França

1995 - Expõe os poemas gráfico.visuais do Projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, na Casa Guinard, durante o Festival de Inverno de Ouro Preto, realizado pela UFMG e encena a performance de teatro.poesia tendo em cena Rey de Souza e Clarice Terra, seus alunos na Oficina de Artes Cênicas da ETFC.

1995 - Durante da programação do Festival que aconteceu de 8 na 25 de julho, faz Oficina de Criação de Poéticas Gráfico Visuais: Do Requinte do Lírico ao Delicado do Erótico, dirigida pelo escritor mineiro,  Sebastião Nunes. Um exemplar do livro criado encontra-se na Biblioteca da Universidade Federal de Minhas Gerais e um outro foi presenteado a Bilioteca da ETFC.

Em outubro o Projeto Retalhos Imortais do SerAfim é realizado pelo Sesc-SP nas Unidades da Consolação, São Caetano, Carmo, Campinas e São José do Rio Preto. Com a exposição de poemas gráfico.visuais Os Órfãos de Oswald, mais workshops e mesas de debate, com Uilcon Pereira, Philadelpho Meneses e Dalila Teles Veras. A performance de teatro.dança.poesia, passa a ter em seu elenco além dos alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos, Rey de Souza e Clarice Terra, passa a contar com a bailarina e coreografa Nirvana Marinho. Posteriormente a performance foi encenada na Escola Técnica federal de Campos

1996 – Escreve, atua e dirige em Campinas o espetáculo de dança.poesia CarNAvalha Gumes, ao lado da bailarina Nirvana Marinho, com coreografia criada e interpretada por ela, para o poema Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão. O espetáculo foi apresentado no Café de La Ricoletta. 

 1996 - Cria em Santo André a Escolinha Alpharrabio de Teatro Infantil, e dirige a peça O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado, com os 25 alunos da Escolinha, tendo na direção musical o seu parceiro Naiman. Além de apresentações no próprio Espaço Cultural Alpharrabio, a peça é encenada no Sesc São Caetano e Sesc Carmo em São Paulo.

1996 - A convite do poeta, jornalista e produtor cultural Ademir Antônio Bacca, faz perforamnces e dirige Oficinas  no  IV Congresso Brasileiro de Poesia, realizado  em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Neste primeiro ano expõe na Galeria do Sesc os poemas.gráfico.visuais Retalhos Imortais do SerAfim, e realiza no Auditório do Sesc e nas Escolas o recital solo com o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão.

Dirige Oficina de Teatro Infantil no Colégio Medianeira e Oficina de Poesia Falada na Escola Técnica Federal de Bento Gonçalves-RS

1996 - Selecionado pelo crítico paulista Cláudio Willer, é um dos 50 poetas presentes no Projeto Poesia 96, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com curadoria da poeta Eunice Arruda.  Sua performance acontece na Oficina Cultural de Santo Amaro e no Centro Cultural de São Paulo, tendo como seu apresentador o Doutor em Estética da Arte Uilcon Pereira, onde exibe pela primeira vez este poema dedicado ao Mestre, que viria a ser publicado posteriormente em 2000 no livro Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas.

quem és tu:

Uilcon Pereira

que foste fazer na Sorbonne

ter aulas com Sartre

ou cantar a Simone

                                           ?

 torquato era um poeta que amou a ana

leninski profeta que amou alice

um dia pós veio uilcon torto

pegou a jóia diana

juntou na pereiralice

como o corpo e alma das duas

vou bovoir assombrdado

pra lá de frança ou bahia

roendo o osso do mito

pois tudo que Sartre dizia

o anjo jurou já ter dito

:

NONADA

Biúte ria

1997 - Realiza em parceria com Juliana Stefani, a performance LeminskiArte Em Cena na inauguração do Bar Cachorro Louco, na Cidade Alta, em Bento Gonçalves-RS

1997 – Cria e Dirige no Cefet-Campos em Parceria com Beth Rocha o espetáculo de teatro e canto-coral: O Dia que a Federal Soltou a Voz e Criou um Coro de 67 Vertebrados, colocando 67 alunos da Oficina de Artes Cênicas e do Coral em cena. Pela primeira vez utiliza um cenário Virtual, com imagens captadas na Usina de Santa Cruz, mostrando o processo da fabricação o açúcar, da entrada da cana na moenda até a finalização do açúcar sendo ensacado para ser comercializado.

1997 - Durante o Festival de Inverno de Ouro Preto faz Oficina Multi Arte, com o ator e cantor e performer mineiro, Alexandrino DuCarmo que vive em New York desde os anos 80.

1997 - Assume a coordenação de Oficinas de Arte Cênicas no Cefet Campos, quando Arte passa a ser parte do Currículo Escolar de estudantes de Ensino Médio.

1998 – Cria no Cefet-Campos o projeto: Brecht Com 100 – em comemoração ao centenário do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Encena com os alunos da Oficina de Artes Cênicas, o espetáculo teatral Brecht Versus Suassuna, colocando no palco o texto O Mendigo e o Imperador, de Bertold Brecht e fragmentos da peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

Encena ainda com alunos da Oficina, pelos corredores do Cefet e na Faculdade de Odontologia de Campos, o happening Mendigos Jantam Brecht, título que posteriormente em 2008 ele vai dar a um dos vídeos de sua produção, filmado em Campos com trilha sonora do músico paulista Edvaldo Santana, que foca a situação de moradores das ruas paulistanas. 

1999 – Assume a Direção do Departamento de Projetos Especiais da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, retoma a coordenação do Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho, que estava desativado, dirige Oficinas de Criação de Poesia,  e cria O FestCampos de Poesia Falada, que coordena até 2004.

Em suas duas primeiras edições o Festival foi realizado no Auditório Cristina Bastos no Cefet-Campos.  Com a participação cada vez maior de poetas de todos os Estados Brasileiros. A partir de 2003 passa a ser realizado no Palácio da Cultura. 

2000 – Cria no Cefet-Campos o projeto: CaraVelas ao Vento: -

Brasil - Outros Quinhentos, com exposição de poemas visuais e encenação com os alunos da Oficina de Artes Cênicas a peça Calabar, de chico Buarque e Ruy Guerra.

2000 - Dirige Oficina de Interpretação de Poesia no Cefet-Bento Gonçalves, expõe poemas visuais na Galeria do Sesc Bento-Gonçalves-RS e interpreta fragmentos dos poemas da peça Calabar, durante toda a programação do VIII Congresso Brasileiro de Poesia. 

Atua na Comissão de Organização da Iª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, realizada pela Fundação Cultural Oswaldo Lima nas dependências do Cefet-Campos.

Estreia na Bienal o show Fulinaíma Sax Blues Poesia, tendo como parceiros de palco os músicos Luiz Ribeiro e Dalton Freire.

2001 – Dirige no Cefet-Campos com alunos da Oficina de Artes Cênicas, Seis Personagens a Procura de Um autor, de Luigi Pirandello

Inicia com alunos da Oficina de Artes Cênicas do Cefet-Campos, estudo das peças A Prostituta Respeitosa, de Sartre.  O Santo Inquérito e O Pagador de Promessas, de Dias Gomes

2001 - Dirige Oficina de Interpretação de Poesia no Cefet-Bento Gonçalves-RJ e apresenta o recital solo ReVirando a Tropicália, com poemas de Torquato Neto e Paulo Leminski na edição do IX Congresso Brasileiro de Poesia.

Apresenta o show Fulinaíma Sax Blues Poesia durante a realização do III FestCampos de Poesia Falada, na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, tendo como parceiros de palco os músicos, Luiz Ribeiro, Danton Freire, Naiman e Reubes Pess.

2002 – Lança o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, com os parceiros Luiz Ribeiro, Naiman, Dalton Freire e Reubes Pess, com um show na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, durante a realização do IV FestCampos de Poesia Falada. O show conta ainda com  a participação especial do guitarrista carioca Fil Buc. Posteriormente este show é apresentado na II Bienal do Livro de Campos e no Sesc-Campos.

2002 - Apresenta recital solo com os poemas do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia acompanhado do músico Naiman, durante a programação do X Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS.

Dirige Oficina de Criação de Poesia no Colégio Medianeira e no Cefet-Bento Gonçalves.

2002 - Dirige com alunos da Oficina de Artes Cênicas do Cefet-Campos, o espetáculo teatral Retalhos Imortais do SerAfim, costurando textos seus com fragmentos das peças O Pagador de Promessas, de Dias Gomes e A Prostituta Respeitosa, de Sartre. E cria para esta encenação a personagem: Clarice/Beatriz, inspirada na obra de Clarice Lispector e Oswald de Andrade. Uma ex-aluna que atuou nesta  montagem, Emanuele Goulart, é hoje Engenheira Mecânica e funcionária do IFF Campus-Guarus.

Atua na Comissão de Coordenação da II Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, realizada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.

Cria no Sesc Campos, o evento Sesc na Quarta Poesia Em Cena, cuja primeira Edição acontece durante a II Bienal do Livro de Campos, com uma homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. O projeto se estende por 6 edições durante todo o ano de 2002 e culmina com uma apresentação na sua última edição da filósofa e poeta Viviane Mosé, que foi a grande vencedora do IV FestCampos de Poesia Falada.

Produz para o Sesc Campos a encenação do espetáculo teatral Quando A Libido Ataca, com texto de Direção de Dinho Valadares, professor de Artes Cênicas da UNI-Rio e diretor da Cia Contemporânea de Teatro, do Rio de Janeiro.

Cria no Sesc Campos o projeto 22 - Mário X Oswald 80 Anos Depois, com exposição do seu  laboratório de criação gráfica, livro de invenções que vinha construindo desde 1995 no projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, e o encontro no palco de fragmentos do texto de O Rei da Vela, Oswald de Andrade, e Paulicea Desvairada, Mário de Andrade.

2003 – Lança na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, o tabloide; O Coronel e o Lobisomem, com um vasto material sobre José  Cândido de Carvalho. Dirige Oficina de Poesia Falada e Coordena a V Edição do FestCampos de Poesia Falada.

Dirige Oficina de Criação e Interpretação de Poesia no Sesc e no Cefet-Bento Gonçalves e apresenta o recital solo com poemas de Mário Faustino,  durante a programação do XIII Congresso Brasileiro de Poesia. 

A Convite de Ademir Bacca, realiza recital solo com poemas de Oscar Bertoldo, na cidade de Nova Roma do Sul-RS durante Semana Cultural dedicada ao poeta gaúcho que além de poeta foi um padre queridíssimo na região serrana.

2004 – Atua na Comissão de Coordenação da III Bienal do Livro de Campos Goytacazes. Durante a programação dirige mesa de debate com o poeta Ferreira Gullar e apresenta com banda o show Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, tendo como parceiros de palco os músicos paulistas, Renato Gama, Ronaldo Gama, Juninho Batucada, e o mineiro Naiman.

Coordena a V Edição do FestCampos de Poesia Falada.

Dirige Oficina de Poesia Falada no Sesc e no Cefet-Bento Gonçalves-RS. Apresenta o recital solo SagaraNAgens Fulinaímicas, com poemas do seu livro inédito, durante a programação do XII Congresso Brasileiro de Poesia.


2005 – Selecionado pelo poeta, jornalista e produtor cultural Ademir Assunção é uma das atrações do projeto Outros Bárbaros – Poesia na Arte Mídia, onde apresenta com a banda fulinaíma, o espetáculo multi mídia Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, no Itaú Cultural em São Paulo, tendo como parceiros de palco os músicos: Renato Gama, Ronaldo Gama, Juninho Batucada, Naiman e a carioca  Joana Flor.

Incorpora de vez o áudio visual nas suas performances poéticas, tendo no cenário virtual, imagens suas captadas pelo cineasta Ricardo Pereira Lima, na Praça Pedro II e nas Lojas Americanas em Ribeirão Preto, quando de sua estada por lá em 1988 e 1989.

Dirige Oficina de Poesia Falada no Sesc Bento Gonçalves e apresenta o recital solo com poemas de Oscar Bertoldo, durante a programação do XIII Congresso Brasileiro de Poesia.

Dirige Oficina de Criação Literária no Sesc Campos

Apresenta na Casa de Cultura Laura Alvim – no Rio de Janeiro – o Recital Poesia In Concert, ao lado do poeta Affonso Romano de Santana e do cantor Pedro Luiz, com Direção de Rodrigo Bittencourt e Maria de Resende.

 2006 – Dirige Oficina de Poesia Falada No Cefet-Bento Gonçalves, com o foco na poesia de Mário Quintana. Cria o espetáculo Eles Passarão Eu Passarinho, que é apresentado na programação do XIV Congresso Brasileiro de Poesia, no Teatro do Sesc, Cefet, Colégio Medianeira e Colégio Cecília Meireles. tendo como parceira de palco  May Pasquetti a musa da Jura Secreta 16.

Realiza no Sesc Campos, com o artista gráfico César Castro a exposição Wermmer Além da Alma, uma transpiração gráfica recriando com poesia imagens da obra plástica do pintor.

Faz recital no Projeto Poesia na Quarta Capa, dirigido por Jiddu Saldanha, no Centro Cultural da Constituição - Rio de Janeiro

2007 – Inicia com o ator, mímico e cineasta, Jiddu Saldanha no Ateliê D´Aroeira,  em Cabo Frio, suas pesquisas e produções de vídeo.poesia, e concretizam sua primeira experiência com criação do curta Tropicalirismo.

Com a banda Avyadores do Brazyl, faz show  com rock, blues  poesia no Espaço Plural do Sesc Campos.

É o homenageado no evento Belô Poético em Belo Horizonte, onde apresenta no Sesc o recital solo Poéticas Fulinaímicas e com produção da Aliás Comunicação tem um pouco da sua trajetória poética mostrada em dois Curtas criados para o programa Cinco Minutos do Blog Caixa Preta.

Faz performance com poesia no Shopping Brasil em Brasília, na abertura do show de lançamento do CD As Faces da Gaita, do músico Engels Espíritos, com a participação especial da lenda do Blues J J KJackson.

Apresenta no Espaço Plural do Sesc Campos o recital multi mídia Poéticas Fulinaímicas, onde em determinados momentos dialoga com a sua própria poesia no vídeo Jura Secreta 55, filmado em Brasília, na Feira da Torre da TV e no Ateliê  da atriz Lilia Diniz, e em Belo Horizonte na Galeria onde foi criado o Clube da Esquina

Realiza o recital O Amor Em Estado de Vinho e Uva, com poemas sobre o vinho, durante a realização da VII Fenavinho em Bento Gonçalves-RS, tendo como parceria de palco a atriz May Pasquetti.

Realiza o recital com poemas de sua autoria e  de Pablo Neruda durante a programação do XV Congresso Brasileiro de Poesia, tendo como parceira de palco a sua musatriz May Pasquetti.

2008 – Realiza recital solo SagaraNagens Fulinaímicas, no projeto Terças Poéticas, dirigido por Wilmar Silva no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Tem o poema que dá título ao recital publicado no livro/catálago do evento.

Realiza o mesmo recital SagaraNAgens Fulinaímicas, no circuito cultural de Brasília, tendo como parceira de palco a atriz maranhense Lilia Diniz, e tem poemas musicados de improviso durante o recital pelo músico brasiliense Anand Rao.

Com a banda Avyadores do Brazyl, faz show de blues rock poesia no projeto Aumenta que Isso Aí é Rock And Roll, no Sesc Campos e no espaço externo do Teatro Trianon. Produz a exposição multi mídia,  Luz e Sombras, com letras de rock, fotografia de Ricardo Busquet e iluminação de Caco Omena, exposta na Galeria do Sesc-Campos.

Realiza o recital LeminaskiArte da Palavra em Cena durante a programação do XVI Congresso Brasileiro de Poesia em Bento-Gonçalves, tendo como parceira de palco a musatriz May pasquetti.

Dirige Oficina de Produção de Vídeo em Imperatriz no Maranhão, durante a Feira do Livro e realiza o recital solo Leminslkiarte da Palavra em Cena, com poemas de sua autoria, de Paulo Leminski, Torquato Neto e Ferreira Gullar. 

 Realiza o recital Artur Gomes Poesia In Concert no Sesc Campos, abrindo shows das cantoras Itamara Korax e Vânia Bastos dentro da programação do Projeto Todas As Bossas.

Realiza o Recital Artur Gomes Poesia Viva no Sesc Piracicaba-SP


2009 – Dirige Oficina de Produção de Vídeo no Sesc Campos no Projeto Cultura Urbana e realiza o recital Malditos Bem Ditos, com poemas de Torquato Neto e Paulo Leminski ao som de músicas do compositor capixaba  Sérgio Sampaio.

Realiza o recital multi mídia  Mal Ditos Bem Ditos, em Bento Gonçalves-RS durante a programação do XVII Congresso Brasileiro de Poesia, tendo como parceira de palco a musatriz May Pasquetti

2010 – Realiza no parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro o show Rock.Poesia, com 4 bandas de Rock do Rio de Janeiro, entre elas a Riverdies, que tem como guitarrista o seu filho Filipe Buchaul Gomes(Fil Buc), além da participação de uma dezena de poetas cariocas, e a atriz gaúcha May Pasquetti. Todo o evento teve imagens captadas pelo cineasta Jiddu Saldanha, e vários vídeos de diversos momentos do evento estão disponibilizados no canal: www.youtube.com/fulinaima

Encena ao lado de Yve Carvalho e Sidney Navarro a  peça Pontal no bar de Neivaldo no Pontal em Atafona, com o patrocínio da Prefeitura Municipal de São João da Barra. O Espetáculo poético teatral tem poemas seus, de Aulysio Abreu Barbosa, Adriana Medeiros e Kapi, que assina a direção.

 Realiza recital de abertura do  XVIII Congresso Brasileiro de Poesia no hall de entrada da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves,  com poemas de Ferreira Gullar, poeta homenageado na referida edição.

 Dirige Oficina de Produção de Vídeo, no Sesc-Bento Gonçalves, durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia.

Realiza recital com poemas seus e de Ferreira Gullar  em várias Escolas e Praças de Bento Gonçalves, tendo com parceira de palco a musatriz May Pasquetti.

Realiza recital com poemas seus no Ateliê D´Aroeira em Cabo Frio no evento Saberes e Sabores Nômades, com direção de Jiddu Saldanha. No mesmo espaço dirige Oficina de Produção de Vídeo para alunos de Escolas Municipais.

 Atua no Curta O Ventilador, dirigido por Jiddu Saldanha, que conta ainda com atuações dos poetas Cairo Trindade e Herbert Emanuel.

 Realiza recital na VI Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes e participa de uma mesa de debate com o  poeta gaucho  Carpinejar.

 2011 – Dirige Oficina de Produção de Vídeo no Projeto Conexões Urbanas do Sesc Campos, voltado para alunos dos Cieps da Periferia. Produz uma dezena de vídeos com imagens captadas nas Oficinas de Grafite e Skate do Projeto. Realiza Mostra de Vídeos no Espaço Multi Mídia do Sesc.

 Seu poema Esfinge, musicado pelo músico e cineasta carioca Rodrigo Bittencourt é gravado pela cantora gaúcha Dani Rauen, no CD Qualquer Lá.

 Dirige Oficina Cine Vídeo para alunos da Oficina de Fotografia do IFF Campus Campos Centro. Faz Edição de 5 vídeos filmados por alunos durante o período dessa Oficina.

 Dirige Oficina Cine Vídeo durante a Semana do Saber Fazer Saber realizada no IFF Campus Campos Centro e realiza Mostra de Curtas produzidos nas Oficinas durante a programação da Semana. Faz a Edição de 5 vídeos filmados por alunos durante a realização dessa Oficina.

Realiza recital com poemas de Affonso Romano Santana, na abertura do XIX Congresso Brasileiro de Poesia, no hall de entrada da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves-RS

Dirige Oficina de Produção de Vídeo no IFF-Bento Gonçalves. Realiza o recital O Delíro é A Lira do Poeta Se o Poeta Não Delira Sua Lira Não Profeta, com poemas seus e de Mário Faustino, tendo como parceira de palco a musatriz May Pasquetti.

 Atua no filme Brisa, dirigido por Jiddu Saldanha, primeiro curta em HD do Projeto Cinema Possível, contando ainda no elenco com a atriz  May Pasquetti, o poeta Jorge Ventura e o escritor Airton Ortiz.

 Integra a Comissão de Seleção e Comissão Julgadora do III Festival Aberto de Poesia Falada de São Fidélis, onde apresenta o recital Poesia In Concert, com poemas de Ademir Assunção, Ferreira Gullar, Torquato Neto, Caetano Veloso, além de poemas de sua própria autoria.

 2012 – Coordena o I Festival Nacional de Cinema do IFF. Dirige Oficinas de Cine Vídeo para alunos do Ensino Médio. Dirige Oficinas Cine Vídeo no Laboratório, para alunos de vários cursos do IFF Campus Campos Centro. Dirige Oficinas de Produção de Vídeo para alunos do IFF Campos Campos Centro, bolsistas da UPEA.

Dirige Oficina de Produção de Vídeo na UPEA  Durante o II Encontro Agro Ambiental.

 Produz vários curtas ambientais, com imagens captadas nos canais, braços de rio e boca da barra, onde o rio Paraíba do Sul encontra com o oceano Atlântico, tendo como atores os pescadores e catadores e catadoras de caranguejo de Gargaú.

 Dirige Oficina de Produção de Vídeo para alunos do Núcleo Avançado do IFF em São João da Barra

 A convite de Paula Bastos, faz  leitura dramática com poemas de Pablo Neruda no Centro Cultural Luciano Bastos em Bom Jesus do Itabapoana., durante o evento A América Latina Somos Todos Nós

 Realiza em Bento Gonçalves de 24 a 28 de setembro a Mostra Poesia na Telona, mostrando a sua produção vídeo poética durante a programação da  Edição do Congresso Brasileiro de Poesia, onde realiza o recital Poesia In Concert,  com poemas de Zeca Baleiro, Caetano Veloso, Paulo Leminski, Ademir Assunção, além de poemas de sua própria autoria.

 Realiza o Recital Poesia In Concert no Sesc São Carlos, dentro da programação do Projeto Valer São Carlos, com o coletivo TopamosLer um encontro com Artur Gomes

 A partir de 2014 - Dirige Oficinas de Teatro No SESC Campos com a montagem dos espetáculos:

2014 -  Nos Tempos da Foto Novela, e Uma Noite de Natal

2015 - Waterkis - Selecione Água e em 2016 A Nossa Casa É Um Teatro

 Em maio de 2015 realiza performance  no FesTSolos 2, como uma das atrações convidadas no Teatro Municipal de Cabo Frio.

Artur Gomes : soldado da palavra 

por Thiago Rosenberg

Quando Artur Gomes, então aos 18 anos de idade, foi convocado a servir aos Dragões da Independência, sua futura ocupação com a escrita estava determinada. Sentia-se deslocado, angustiado, e passou a escrever cartas para seus conhecidos e familiares de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro. “Era a forma que tinha para falar com os outros”, lembra.

Poeta, ator e arte-educador, Gomes escreve e recita poemas desde os anos 70. Em 1983, criou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira, que, 10 anos depois, venceu o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), na categoria realização do ano.

Depois de muito ler as obras de Mário de Andrade, especialmente Macunaíma , o artista idealizou o projeto musical Fulinaíma. Criada em 2000, a banda apresenta um diálogo entre a poesia e diversos estilos musicais. O CD Fulinaíma Sax Blues Poesia , lançado em 2002, conta com Gomes na voz, Dalton Fleire no sax e Luiz Ribeiro na guitarra, em um trabalho mais voltado ao rock e, logicamente, o blues.

Em Fulinaíma: Outras Vozes/Outras Falas , programa apresentado em Outros Bárbaros , o poeta explora o rock, o blues e outras sonoridades e diz ter atingido o verdadeiro propósito da banda. “O significado do termo é algo como um ‘caldeirão de misturas', e a nossa intenção é justamente misturar sons, influências”, explica Gomes.

Poeta que começou a escrever com a intenção de fugir da solidão e da angústia no exército, diz que “todo artista, de certa forma, vive a barbárie do mundo, mas os seus discursos devem ser justamente a favor da anti-barbárie”.

 

Alguma Poesia


não.
não bastaria a poesia de algum bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos teus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos

não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador

não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que  os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos


não.
não bastaria delirar copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e um cheiro de fêmea no ar devorador
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa mistura de feitiço e fantasia
entre as pedras e o mar do arpoador
em altas ondas de mistérios que são vossos

não.
não bastaria toda poesia que eu trago
em minha alma um tanto porca
este postal com uma imagem meio lorca
um bondinho aterrisando lá na urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos

POEMA DO LIVRO  Couro Cru & Carne Viva - 1987

 A Geografia Poética de Artur Gomes, em Música, Prosa e Verso

ou
A Arte da Palavra em Movimento

Por Cristiane Grando*

“todo poema tem dois gomes
toda faca tem dois gumes”
Artur Gomes

“A poesia é palavra que não fere o silêncio.”
Jorge Berchet

É possível encontrar, na poesia de Artur Gomes (Cacomanga-RJ, 1948), uma série de referências culturais, uma espécie de mapa, uma geografia poética. Seus versos são visitados por diversos artistas e intelectuais, vivos e eternos, da arte brasileira e universal, como os músicos Caetano Veloso, Miles Davis, Janis Joplin, e John Lennon, os cineastas Godard, Truffaut, Fellini e Glauber Rocha, filósofos, dramaturgos, artistas plásticos, os poetas-amigos Dalila Teles Veras, Luíza Buarque e Zhô Bertholini, além de uma infinidade de escritores e poetas: Hilda Hilst, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa, Drummond, Lorca, entre outros, e especialmente seus mestres – os Andrades, Mário e Oswald e Guimarães Rosa... Macunaíma, Serafim Ponte Grande e Sagarana, são referências constantes na obra de Artur Gomes.

 Num diálogo intenso com a tradição literária, Macunaíma transforma-se em Fulinaíma, e, acrescida da obra do mestre Guima, metamorfosea-se em SagaraNAgens Fulinaímicas, (livro e CD ainda inéditos) poesia-música... e teatro, para os que têm o privilégio de assistir aos shows de Artur Gomes, declamando pelas ruas, bares, palcos... pela vida. Em sua inquietude, Gomes, impregna o mundo com o som de poemas no cotidiano, quando os torna existência em sua voz. O valor deste trabalho poético e musical ganha maior intensidade quando inserido no contexto da sociedade contemporânea, no qual a poesia quase não tem espaço nem estudo.


A poesia de Artur Gomes fere sem ferir. Num universo de navalhas, sexo, cio, náuseas, estrumes, sua poesia tem dois gumes: um, marcado pela tradição dos poetas malditos, retomando Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé em inúmeros poemas; outro pela musicalidade, arma com a qual assalta/assusta o leitor desprevenido. Em lances de versos metalingüísticas, o próprio poeta define o fazer poético: “pense sinfonia em rimas raras”.

 Para ler Artur Gomes, devemos sempre estar atentos aos jogos de palavras, à riqueza do trabalho sonoro e rítmico, à musicalidade, à inquietude de seus conceitos, à plurissignificação, à multiplicidade das formas que as palavras assumem no espaço da folha em branco, às maiúsculas e minúsculas usadas de forma nada convencional, à criação de neologismos e novas expressões, como drummundo, sabe/sabre, fogo de palha/fogo & palha, bola de gude/gosma de grude, boca do estômago/bala no estômago. Um exemplo de trabalho formal e inovador e representado no poema “Dia D”, cujas estrofes iniciam-se por uma vírgula.

A cultura brasileira ganha valor e significado quando é convocada à sua festa criativa uma grande quantidade de elementos indígenas e africanos, relegados muitas vezes pela sociedade brasileira. Da mesma forma, estilos musicais variados, associados à vanguarda da música contemporânea, também são convocados a esta festa de livros e CDs de Artur Gomes que pode ser conferida ouvindo o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, onde desfia com os seus parceiros Luiz Ribeiro, Naiman de Reubes Pess a sua “Marca Registrada".

 A palavra poética é uma ponte, uma celebração da liberdade pela qual as pessoas podem ou devem ao menos tentar cruzar, para se salvarem ou para gritarem contra as injustiças sociais e abusos que o império comete em seus extra-muros.

A arte que assume Artur Gomes em seus versos e em sua vida é a arte da palavra em movimento. Sendo ator, gestor e produtor cultural, Artur caminha por diversas vertentes artísticas. Assim como o mímico Jiddu Saldanha, Artur Gomes sabe “arrancar do gesto/ a palavra chave/ da palavra a imagem xis/ tudo por um risco/ tudo por um triz”.

Agradecimentos ao poeta Leo Lobos, pela leitura da obra de Artur Gomes e pelo diálogo, sugestões e comentários tecidos durante a elaboração do texto.

Cristiane Grando
Escritora, fotógrafa e professora
Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada – Universidade de São Paulo (USP). Laureada UNESCO-ASCHBERG de Literatura 2002-2003


A Traição do Lirismo
Dalila Teles Veras 
(orelha do livro)



Artur Gomes, feito gume, é máquina devoradora do mundo. 
Mastiga coisas, afetos, pessoas, rumina e afia os elementos 
em sua navalha verbal e os transforma na mais pura poesia. 
Dono de uma criatividade em permanente ebulição, hábil no verbo 
e na disposição visual do mesmo no espaço do suporte - papel ou pano - 
bandeira a gotejar palavra que, não raro, é também palco e gesto, 
(in)cenação a complementar e enriquecer o que a palavra muda já disse, 
a dizer outra coisa que é também a mesma coisa: poesia. 

Poeta em tempo integral, como poucos ousaram ser, Artur Gomes constrói, 
sem pressa (os anos não parecem pesar - na carne nem no espírito) 
a sua delirante e criativa poesia, colagem da colagem da colagem, 
(re)encarnação mais do que perfeita da antropofagia como nem 
mesmo o velho Serafim sonhou. Nada, absolutamente nada escapa 
à sua devastadora e permanente passagem, andarilho de poderosa 
voz a evangelizar para a poesia.

Este Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas é a continuação 
de um enredo de há muito ensaiado. Seus atrevidos personagens 
já apareciam em Vinte Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção 
com Sabor de Campos. Legítimas apropriações retiradas de 
suas viagens brazílicas, figuras que a sua generosidade literária 
faz questão de homenagear. Na passarela poética de Artur, 
tanto podem desfilar Mallarmé, Faustino, Dalí, Oswald, 
Baudelaire, Drummond, Pound, Ana Cristina César 
e o sempre lembrado mestre Uilcon Pereira, 
a quem o novo livro é dedicado, como personagens anônimos 
encontrados nas quebradas do mundaréu, além dos amigos, 
objeto constante de sua poesia. Neste caldeirão, 
“olho gótico TVendo”, entra até um despudorado acróstico, 
rimas milionárias em permanente celebração. 
O poeta Artur, disfarçado de concreto, 
celebra descaradamente a amizade e o lirismo 
e ri-se de quem tenta classificá-lo. Evoé, Artur!

 

Delírio Verbal e Preito 
em BraziLírica Pereira

O livro, altar em que se celebra poetas do conturbado século XX, traz a poesia do poeta fluminense Artur Gomes, situada na interface da praxis artística e da experiência existencial, advinda do campo das escaramuças lexicais e da experimentação alegórica. 

Erorci Santana* 

BraziLírica Pereira: A Traição das Metáforas (Alpharrabio Edições, Santo André/SP, 2000), obra poética de Artur Gomes, toda grafada em minúsculas, principia com dois textos ou, melhor, intertextos com lastro na obra do escritor Uilcon Pereira, espécie de homenagem a desvairada letra uilconiana e à figura daquele escritor. Tanto que, no sintético poema que arremata esse preito literário, Artur o invoca através de uma circunstância biográfica datada: “quem es tú uilcon pereira?/que foste fazer na sorbonne?/Ter aulas com sartre/ou cantar a simone?”. 

Contudo, e apesar da primazia de Uilcon Pereira nesta festa verbal, é vasto o coração dessa usina lírica, BraZilírica Pereira trafega em que, antes de traição, há a afirmação do caráter multifacetário e engendrador das metáforas, personificadas e levadas ao extremo onde êxtase e humor se entrelaçam. Todo um renque de escritores de ponta é glosado, parodiado e parafraseado: Mallarmé(e seu lance de dados), Oswald de Andrade (e seus biscoitos finos, prometido ao palato das massas), Leminski (e sua Alice), Drummond (e seu anjo torto), além de Torquato Neto, Mário Faustino, Sousândrade, Ezra Pound, Dalí, Ana Cristina César, autores referenciais a constituir um panteão geracional. São ícones alinhados no altar da celebração literária, sim, mas também serventia doméstica, dos quais o autor se utiliza, por estético capricho, com derrisão e iconoclastia: “torquato era um poeta/que amou a ana/leminski profeta/que amou a lice/um dia/pós/veio uilcon torto/e pegou a joia diana/juntou na pereiralice/com o corpo & alma das duas/foi Beauvoir assombradado/roendo o osso do mito/pra lá de frança ou bahia/pois tudo que o anjo via/Sartre jurou já Ter dito/Nonada/biúte:ria”. 

Aqui não se vislumbra paradoxo, pois a modernidade, tendo peneirado as cinzas da dor humana no século XX, revelou a fênix de face tanto ebúrnea quanto álacre; a arte passou a privilegiar o profano e o lúdico em detrimento das inclinações sacramentais e sombrias. E essa BraziLírica Pereira antropofágica e transluzente é a maneira do poeta entretecer a urdidura dos afetos, reinventar a cultura e os agentes culturais de sua predileção, com instrumentos lúdicos e sarcásticos, considerados a ponte para a grande arte. 

Outro aspecto a ser considerado é que o autor, egresso do movimento da poesia marginal dos anos 70, “essa poesia de efeito extraordinariamente comunicativo, que procura e tira vantagem de uma dicção bem-humorada, ardilosa, alegre e instantânea”, na radiografia de Heloísa Buarque de Hollanda, incorporou e aprimorou suas principais conquistas estéticas, notadamente elementos da oralidade acoplados à exploração acentuada da sonoridade vocabular, recurso que leva a poesia ao liminar do domínio musical. Quase não é mais poesia para ler e sim para dizer em alta voz, ou cantar., circunstância em que o poeta moderno recupera o status de jogral. Nessa aventura literária, às vezes o autor se transubstancia no texto, traveste-se através das personas Lady Gumes, Macabea, Federika Bezerra, Fedra Margarida, projeções de seu alter-ego que pretendem cravar o corpo na palavra, com sinuosidades, coalescências e dissimulações, atributos só encontráveis no espírito feminino. 

Situada na interface da praxis artística e experiência existencial, o poeta-prazer, com estado de êxtase permanente desde Couro Cru & Carne Viva, perpetua sua poesia guerrilheira no campo das escaramuças lexicais e da experimentação alegórica, dotada até de um certo autoflagelamento exibicionista, em que louca e alucinada se lacera e despe-se da veste hierática revelando sua outra face insuspeita, sua outra indumentária profusa e multicolor. Em outras palavras, seu traje de ironia e de humor. 

Erorci Santana é poeta, autor de Estatura Leviana, Conceitos para Rancor e Maravilta.

 

JURAS SECRETAS 

feitiçarias de Artur Gomes –

 Michèle Sato 

Difícil iniciar um prefácio para abordar feitiçarias de um grande mestre. A mágica aparição do texto transborda sentidos cósmicos, como se um feixe de luz penetrasse em um túnel escuro dando-lhe o sorver da vida. Diariamente, recebo um deserto imenso de poemas e a leitura se esvai com “batatinha quando nasce põe a mão no coração”. Um ou outro me chama a atenção, desde que sou do chamado “mundo das ciências” e leio poemas com coração, mas inevitavelmente aguçado pelo olhar crítico vindo do cérebro. 

A academia pode ser engessada, mas é, sobremaneira, exigente. Aplaude o inédito, reconhecendo que o poema é um caos antes de ser exteriorizado, mas harmônico, quando enfeitiçado. A leitura requer algo como canto do vento, que não seja fugaz, mas que acaricie no assopro da Terra. Por isso, é com satisfação que inicio este pequeno texto, sem nenhuma pretensão de esgotar o talento do grande mestre, mas responder aos poemas de Artur que brilham, soltam faíscas, incendeiam-se em erotismo e garras enigmáticas. Ele transcende regras, inventa palavras, enlouquece verbos. E as relações estabelecidas revelam a desordem dos sonhos na concretude harmônica de suas palavras. 

A aventura erótica não se despede de seu olhar político. Situado fenomenologicamente no mundo, e transverso nele, Artur profana o sagrado com suas invenções transgressoras. Reinventa a magia e decreta uma nova vida para que o mundo não seja habitado somente pelos imbecis. Dança no universo, com a palavra fluída, imprevistos pitorescos, mordidas e grunhidos. Reaparece no meio de um cacto espinhoso, mas é absurdamente capaz de ofertar a beleza da flor. Contemporâneo e primitivo se aliam, vencem os abismos como se ao comerem as palavras monótonas, pudessem renascer por meio da antropofagia infinita de barulhos e silêncios. O sangue coagulado jorra, as cavernas se dissolvem e é provável que poucos compreendam a beleza que daí se origina. 

Nos labirintos de suas palavras, resplandece o guerreiro devorador, embriagado, quase descendo ao seu próprio inferno. Emana seu fogo, na ardência de sexo e simultaneamente na carícia do amor. Pedras frias se aquecem, coram com o tom devasso que colore a mais bela das pornofonias. Marquês de Sade sente inveja por não ser o único déspota das palavras sensuais. E os poemas de Artur reflorescem, exalam odor como desejos secretos e risos que ecoam no infinito. 

não fosse essa alga queimando em tua coxa ou se fosse e já soubesse mar o nome do teu macho o amor em ti consumiria (jura secreta 5) 

De repente um cavalo selvagem cavalga na relva úmida, como se o orvalho da manhã pudesse revelar o fogo roubado das pinturas rupestres. Ao som de tambores, suas palavras se tornam arte em si, como se fossem desenhos projetados em um fantástico mundo vertiginoso. Seres encantados surgem das águas originários de sentimento, abraçadas nas pedras lisas, rugosas, esverdeadas da terra. O fogo dança em vulcões e a metamorfose é percebida em seus ares. Os elementos se definem como bestas, humanos, ou segmentos da natureza como uma orquestra sinfônica que vai além da sonoridade. Adentram sentidos polissêmicos e, neste momento, até o André Breton percebe o significado das palavras de Artur, pois a beleza é convulsiva e crava no peito feito cicatriz. 

e o que não soubesse do que foi escrito está cravado em nós como cicatriz no corte (jura secreta 10) 

Da violação do limite, do fruto proibido ou da linguagem erótica, os poemas de Artur são orgasmos literários que oscilam entre o sacro e o profano. Sua cultura, visão de mundo e inteligência possibilitam ir além da pura emoção sentimental, evocando a liberdade para que a terra asfixiada grite pela esperança. Artur comunga com outros seres a solidariedade da Terra, ainda que por vezes, seja devastador em denunciar disparidades, mas é habilidoso em anunciar acalentos. A palavra poética desfruta fronteiras, e Roland Barthes diria que a história de Artur é o seu tributo apaixonado que ele presta ao mundo para com ele se conciliar. Em sua linguagem explosiva, provavelmente está a intensidade de sua paixão - um amor perverso o suficiente para viciar em suas palavras, mas delicado o bastante para dar gênese ao mundo enfeitiçado pela habilidade de sua linguagem. 

A essência deste perfume parece estar refletida num espelho, pois se as linguagens podem incluir também o silêncio, as palavras de Artur soam como uma melodia. Projetada numa tela, a pintura erótica torna-se sublime e para além de escrevê-las, ele vive suas linguagens. Esta talvez seja a diferença de Artur com tantos outros poetas: a sua capacidade de transcender a tradição medíocre para viver um intenso de mistério de sua poética. Ele não duvida de suas palavras, nem as censura para não quebrar seu encanto, mas devora em seu ser na imaginação e no poder de sua criação. Criador e criatura se misturam, zombam da vida, gargalham da obviedade. Põem-se em movimento na dança estrelas que iluminam a palavra. 

Os fragmentos poéticos são misteriosos de propósito, uma cortina mal fechada assinala que o palco pode ser visto, porém não em sua totalidade. Disso resulta a sedução para que ele continue escrevendo, numa manifestação enigmática do poder surrealista em nos alertar sobre nossas incompletudes fenomenológicas. O imperfeito é o sentido da fascinação, diria Barthes em seus fragmentos de um discurso amoroso. E a poética de Artur não representa ressurreição, nem logro, senão nossos desejos. O prazer do texto pode revelar o prazer do autor, mas não necessariamente do leitor. Mas Artur lança-se nesta dialética do desejo, permitindo um jogo sensual que o espaço seja dado e que a oportunidade do prazer seja saciada como se fosse um "kama sutra poético" para além do prazer corporal. Esta duplicidade semiológica pode ser compreendida como subversiva da gramática engessada - o que, em realidade, torna seus textos mais brilhantes. Não pela destruição da erudição, mas pela abertura da fenda, para que a fruição da linguagem seja bandeira cultural da liberdade. 

E a sua liberdade projeta-se num horizonte onde a dimensão sócio-ambiental é freqüentemente presente. É uma poesia universal de representações urbanas e rurais, de flora, fauna e fontes de praças públicas. Desacralizando o “normal previsível”, borda em sua costura de mosaicos, esquinas e passaredos. 

eu sei de gente e de bichos ambos atolados no lixo tem gente que come bicho tem bicho que come gente tem gente que vive no lixo tem lixo que mora no bicho gente que sabe que é bicho e bicho que pensa ser gente(jura secreta 28) 

A poética das Juras Secretas opõem-se a instância pretérita numa espiral de presente com futuro. Metafisicamente, desliga-se do momento agonizante e os olhos do poeta não se cansam, ainda que a paisagem queira cansá-los. Seu toque lembra o neoconcretismo, por vezes, cuja aparição na semana da arte moderna mexeu com os mais tradicionais versos da literatura ordinária. Mas sua temporalidade vence Chronos, na denúncia de um calendário tirano ao anúncio de Kairós, também senhor do tempo, mas que media pelos ritmos do coração. 

20 horas 20 noites 20 anos 20 dias até quando esperaria... até quando alguém percebesse que mesmo matando o amor o amor não morreria. (jura secreta 98) 

É óbvio que a materialidade da linguagem, sua prosódia e seu léxico se mantêm no texto. Mas foge das estruturas engessadas do arrombo repetitivo, florescendo em neologismos verossímeis e ritmos cardíacos. Amiúde, são palavras jorradas em potente cultura significante. No chão dialogante, este poeta desestabiliza a normalidade com suas criações. 

por que te amo e amor não tem pele nome ou sobrenome não adianta chamar que ele não vem quando se quer porque tem seus próprios códigos e segredos mas não tenha medo pode sangrar pode doer e ferir fundo mas é razão de estar no mundo nem que seja por segundo por um beijo mesmo breve por que te amo no sol no sal no mar na neve.(jura secreta 34) 

ARTUR GOMES é, para mim, um grande relato de seu próprio devir, que sabe poetizar a partir de seu vivido. E por isso, enfeitiça. 

 

*Michele Sato – Doutora em Biologia – Pesquisadora da UFMT –

Organizadora da Antologia Eco Arte Para o Re-Encantamento do Mundo

 A Poesia Liberada de Artur Gomes

                                  por Uilcon Pereira

 há uma passagem, em Auto do Frade, de João Cabral que me chamou a atenção:

 "- Fazem-no calar porque, certo,

sua fala traz grande perigo.

- Dizem que ele é perigoso mesmo

falando em frutas, passarinhos".

 Vislumbro aí uma espécie de definição do alto poder transgressor da poesia, do poeta, da arte em geral: deixar fluir uma energia de protesto e indignação, crítica e iluminação da existência, qualquer que seja  o pretexto ou ponto de partida.

 Por exemplo -: Suor & Cio, novo poemário de Artur Gomes. Na sua primeira parte (Tecidos sobre a Terra), lemos um testemunho direto sobre as misérias e sofrimentos na região de Campos dos Goytacazes, interior fluminense. Não se canta amorosamente as lavouras de cana e grandes usinas, os aceiros e céus de anil. Ao contrário. Ouvimos uma fala que "traz grande perigo", efetivamente, ao denunciar - com aspereza e às vezes até com extremo rancor - a situação histórico-social, bruta e feroz, selvagem e primitiva, da exploração do homem no contexto do latifúndio e da monocultura.

"usina mói a cana

o caldo e o bagaço.

usina mói o braço

a carne o osso".

 Mas esta poesia dura, cortante e aguda, mantém igualmente a sua força de transgressão - continua revolucionária e perigosa - mesmo quando tematiza (principalmente em Tecidos sobre a Pele, segunda parte do livro) as frutas, ou prazer sexual, os seios, o mar, os impulsos eróticos. Por detrás dos elementos bucólicos e paradisíacos (só na aparência, bem entendido), eis que explode o censurado o reprimido, o que não  tem de vergonha nem nunca terá:

 "arando o vale das coxas

com o caule da minha espada

no pomar das tuas pernas

eu planto a língua molhada".

 Por isso, frequentemente os poemas se debruçam sobre o próprio ofício do poeta, e sobre o próprio sentido do fazer artístico. Ofício de artista, experiência de poeta: presença do risco e da violação das normas injustas: carnavalizando, desbundando a troup-sex, infernizando o céu e santificando a boca do inferno, denunciando o rufo dos chicotes, opondo-se aos donos da vida que controlam o saldo, o lucro e o tesão.

 Os versos de Artur Gomes querem ser lidos, declamados, afixados em cartazes, desenhados em camisas. E vieram para ficar nas memórias e bibliotecas da nossa gente, apesar do suor e do cio, graças ao suor e ao cio:

 "com um prazer de fera

e um punhal de amante".

 

Uilcon Pereira

são paulo, julho 85

 

Antologia Eco Arte

Org. Michele Sato – UFMT

 

Pontal Foto Grafia

1. Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar 
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe 
convento
cabrálias esperas 
relento 
escamas secas no prato
e um cheiro podre no 
AR 

caranguejos explodem 
mangues em pólvora 
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem – 
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais 
telhados boiam nas ondas 
tijolos afundando náufragos 
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra 
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas 
Jerusalém pagã visitada 
Atafona.Pontal.Grussaí 
as crianças são testemunhas: 
Jesus Cristo não passou por aqui 

Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha 
cobra de vidro sangue na fagulha 
carne de peixe maracangalha 
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha? 
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco 
Atafona.Pontal.Grussaí 
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui 

bebo teu fato em fogo 
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro 
aluga-se teu brejo no mar 
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues 
que mar eu bebo afinal?

Artur Gomes (1948) Fazenda Santa Maria de Cacomanga, Campos dos Goytacazes - Estado do Rio de Janeiro.


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onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...