Entrevista com o poeta
Artur Gomes
POR FERNANDO ANDRADE
Artur Gomes é Poeta, Ator,
Performer, Letrista, Produtor Cultural e Cineasta. Nascido em 1948, na Fazenda
Santa Maria de Cacomanga, Campos dos Goytacazes, começou a publicar em 1973 com
o livro “Um Instante no Meu Cérebro”. Com o seu Parceiro musical Paulo Ciranda
venceu Festivais de Música em todo o Estado do Rio nas décadas de 70/80. Subiu
ao palco pela primeira vez no Musical Gotas de Suor, interpretando textos de
sua autoria e músicas em parceria com Paulo Ciranda.
Em 1983 criou o Projeto
Mostra Visual de Poesia Brasileira, realizado até o ano de 1993 com a décima
edição dedicada ao centenário de Mário de Andrade, realizado pelo SESC-SP.
Desde então dirige Oficinas de Criação e faz performances poéticas pelas
unidades do SESC-SP e SESC-Rio. Em 1999 criou o FestCampos de Poesia Falada,
Festival que é realizado até hoje pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo
Lima, em Campos dos Goytacazes-RJ.
Atualmente é professor de
interpretação no Curso Livre de Teatro, em sua cidade natal. Em junho de 2018
foi um dos poetas convidados para o I Festival de Brasília da Poesia
Brasileira. Artur está divulgando seu trabalho mais recente, o livro de poesias
“Juras Secretas”, pela editora Penalux. O poeta concedeu entrevista à Revista
Ambrosia. Confira abaixo.
Artur Gomes um militante da poesia
Ambrosia: Seu livro tem um
desejo de canibalizar outras fontes, outros poetas, numa competente
miscigenação de culturas e escolas literárias. Como foi pensar o seu Juras
Secretas nesta linha de pensamento?
Artur Gomes: Na verdade os
poemas do livro foram sendo criados sem a pretensão de um dia se tornarem
repertório de um livro. Desde que comecei a dar a eles o título: Jura Secreta,
tinha na minha mente a canção da Sueli Costa/Abel Silva, muito bem percebido
por Adriano Moura em sua resenha para o livro. Os primeiros poemas escritos
como Juras começaram a surgir ainda na década de 1990, no livro, em muitos
acompanha um subtítulo. No final da década de 90 criei dois projetos culturais
que foram executados pelos SESC-SP: Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário
de Andrade – 100 Anos (1993) e Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade
Nada Sabia de Mim(1985). Por conta desses dois projetos acabei morando em São
Paulo de 1993 a 1997, pesquisando esses dois ícones da cultura Brasileira. E em
ambos encontrei fontes que até hoje continuam matando a minha sede de
conhecimentos. Em Oswald, acho que aprendi a antropofagia o canibalismo, e em
Mário aprendi a olhar a cultura como um bem coletivo. A miscigenação está na
carne no sangue.
A: O amor e sexo aparecem
como elementos quase metalinguísticos do próprio ato da criação. Você acha que
uma relação, qualquer que seja, tem um pouco de gestação onde se trabalha
elementos formativos, como construção de (naturezas) em torno da palavra e do
afeto, das metáforas e imagens.
Artur: Amor e sexo, são
componentes da minha poesia desde a década de 80, poemas com esse foco comecei
a publicar em (1985) no livro Suor e Cio. Está presente também no livro
Eu quero o cravo e a rosa/comer o verso e a prosa/devorar
a lírica a métrica/a carne da musa/seja branca vermelha verde amarela cafusa.
A: Como é a relação do
poeta da escrita com a performance do gesto, do trabalho corporal, da palavra
musicada no trabalho de declamar ou decantar o livro em Saraus e performances
poéticas? A escrita seria também um processo de performance no sentido de
elaborar um grau de apuro tanto visual como semântico?
Artur: No final da década
de 70 eu tinha já lançado 3 livros de poesia: Um Instante No Meu Cérebro
(1973), Mutações Em Pré-Juízo (1975) e Além da Mesa Posta (1977). Insatisfeito
com o fato de não saber o que acharam os seus possíveis leitores, me despertou
o desejo de aprender a falar poesia em público.
Como eu era extremamente
tímido, fui procurar o Teatro. E aí aprendi não só a lidar com uma linguagem
que já não era só palavra escrita, e sim palavra falada, palavra cênica.
Acredito que com o fazer teatral, a continuidade das performances com poesia ao
vivo, a própria produção poética tenha um tom de oralidade, mas não crio
exatamente com esse propósito, a oralidade surge natural nos poemas.
Ter alguns bons parceiros
de música, como Paulo Ciranda, Naiman, Reubes Pess, Luiz Ribeiro e Rodrigo
Bittencourt, contribuíram para que a musicalidade esteja presente na maioria da
poesia que escrevo. Agora o apuro, a semântica, a visualidade foram sendo
acopladas durante a trajetória desses já 45 anos lidando com a produção
poética.
A: Você lança o livro
quando? E onde? E como está o processo de divulgação? Tem viajado muito?
Artur: Próximos
lançamentos: Dia 5 de julho no Centro Cultural da Justiça Federal na Cinelândia
durante a programação da 11ª Mesa-redonda sobre Poesia Visual Contemporânea com
curadoria do Tchello d`Barros. Dia 13 de julho no Alpharrabio em Santo André-SP
com a performance Poesia Viva Poesia. Dia 19 de julho no POLEM na Lapa, evento
produzido por Marcelo Mourão. Dia 25 de julho no Teatro de Bolso em Campos dos
Goytacazes-RJ e dia 17 de Julho em Itaperuna no Sarau Devo-Ilo, organizado por
Lucia Bandoli.
Sim tenho viajado
constantemente, com minhas performances, em junho fui uns dos poetas convidados
para o I Festival de Brasília da Poesia Brasileira, e em agosto alguns convites
também já estão sendo estudados para lançamentos e performances, pois uma ação
complementa a outra.
Artur
Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
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