domingo, 19 de abril de 2020

Eloésio de Paulo - EntreVista


Nos conhecemos lá pelos idos dos 1983 em tempos de Mostra Visual de Poesia Brasileira quando os correios ainda era nosso meio de comunicação. Anos se passaram, nos perdermos um pouco de vista, mas agora via zap voltamos a nos encontrar e travarmos esse diálogo que segue: 


Eloésio Paulo nasceu em Areado (MG) no ano de 1965. Trabalhou como jornalista e professor de cursos pré-vestibulares e foi resenhista de O Globo, O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde. Doutor em Teoria Literária pela UNICAMP, desde 2006 é professor da Universidade Federal de Alfenas (MG).


Publicou, além de ensaios e literatura para crianças, os livros de poemas Canguru (1990), Primeiras palavras do mamute degelado (2000), Cogumelos do mais ou menos (2005), Inferno de bolso etc. (2007), Jornal para eremitas (2012), Homo hereticus(2013), Deuses em desuso (2016), Arapucas (2018) e O teu que é mais azul (2019).


Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

Eloésio de Paulo - De duas maneiras principais: por impregnação de leitura de poesia e/ou sob a impressão de experiências pessoais intensas ou surpreendentes.

Artur Gomes - Seu poema preferido? 

Eloésio de Paulo - Dos outros, “Voyage à Citère”, de Baudelaire. Meu, “Primeiras palavras do mamute degelado”. 

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Eloésio de Paulo - Varia de época. Bandeira, Pessoa, Drummond, Dante, Baudelaire, Seamus Heaney…

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever? 

Eloésio de Paulo - Em geral uma palavra ou conjunto de palavras deflagra o poema. Às vezes uma imagem ou um som que experimento de maneira súbita, ou mesmo uma emoção que a princípio seria indizível, raras vezes uma idéia abstrata.

Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?

Eloésio de Paulo - Jornal para eremitas, uma síntese do que escrevi até 2012.

Artur Gomes - Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia¿

Eloésio de Paulo - Fiz vários poemas concretos e algumas letras de canções.

Artur Gomes -  Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Eloésio de Paulo - “Sarar é”.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho¿

Eloésio de Paulo - Passará quem morrer e quem se demonstrar inútil a seus semelhantes. Passarinho quem conseguir manter seus laços com as pessoas amadas.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo¿

Eloésio de Paulo - Arrisco dizer que sou meio bloco do eu sozinho. Moro na roça e não frequento nenhuma turma. Em certas épocas tive contato frequente com autores de literatura alternativa, mas a vida me dispersou e isolou na beira de uma pequena mata no Sul de Minas.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia¿

Eloésio de Paulo - Para mim, antes de tudo alguém que lê muita poesia e mantém uma relação de amor e luta com as palavras, de preferência em várias línguas, pois ao passar de um idioma para outro a palavra adquire estranhezas que a gente não suspeitava.


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