Comecei a tomar contato com a poesia de Almandrade em tempos de Mostra
Visual de Poesia Brasileira, lá
pelos idos dos anos 80, onde ele teve participações em várias edições com a sua Poesia Visual.
Na MVPB, Almandrade, assim
como Hugo Pontes, Paulo Bruscky, Avelino de Araújo, J Medeiros, Philadelpho
Meneses, Moacy Cirne, asim como os poetas verbais como Aricy Curvello, Uilson
Pereira, Dalila Teles Veras, Katia Bento, Tanussi Cardoso, Leila Miccolis, Rubervam Du Nascimento, Cesar Augusto de Carvalho, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Samaral, Paco Cac, e tantos outros, foram
poetas que me impulsionaram a levar adiante uma proposta que era de, reunir em exposição num mesmo espaço
físico as múltiplas linguagens da poesia brasileira contemporânea, até desaguar
em em 1993 na Mostra Visual de Poesia
Brasileira - Mário de Andrade - 100 Anos e em 1995 nos Retalhos Imortais do SerAfim - Oswald de
Andrade Nada Sabia de Mim.
De Almandrade,
tenho publicado em meus espaço no face, não só a sua poesia plástica visual,
mas também os seus textos sobre teoria da arte. Em 2015 tivemos um encontro em Montes Claros-MG, no Psiu Poético realizado pelo incansável
poeta Aroldo Pereira
Almandrade - Artista plástico, nasceu em 1953 em São Felipe-BA. - arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de teoria da arte das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da Bahia e Palacete das Artes. Participou de várias mostras coletivas, entre elas: XII, XIII e XVI Bienal de São Paulo; “Em Busca da Essência” – mostra especial da XIX Bienal de São Paulo; IV Salão Nacional; Universo do Futebol (MAM/Rio); Feira Nacional (S.Paulo); II Salão Paulista, I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras (Fortaleza); I Salão Baiano; II Salão Nacional; Menção honrosa no I Salão Estudantil em 1972. Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior.
Realizou cerca de trinta exposições individuais em vários
Estados. Tem trabalhos em vários acervos particulares e públicos, como: Museu
de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), Museu
da Cidade (Salvador) e Pinacoteca Municipal de São Paulo, Museu Afro (São
Paulo), Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Brazil Godlen Art.
Artur
Gomes - Como se processa o
seu estado de poesia?
Almandrade - É sempre um debruçar sobre poemas e textos
alheios, um trabalho na busca de uma outra solução poética, dúvidas são muitas
até a construção do objeto poético.
Artur
Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua
admiração?
Almandrade - Não tenho um poema preferido, são vários a
depender do momento um me atrai mais, ou apenas um verso, um fragmento de
poema.
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Almandrade
–
Vai depender da insônia, por exemplo: João Cabral, Michaux, Wlademir Dias-Pino
entre outros.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Almandrade
–
Um acontecimento do cotidiano, uma leitura, uma sugestão da natureza pode me
provocar a escrever, a produzir algo poético. As oscilações da vida são
provocativas.
Artur
Gomes - Livro que
considera definitivo em sua obra?
Almandrade – Acho
que não tenho um livro definitivo ainda, talvez “Arquitetura de Algodão” (poesia reunida) por ser o mais completo
dos que cheguei editar.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso
já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?
Almandrade
–
Desde o começo dos anos de 1970 que venho produzindo poemas visuais, conquistas
da Poesia Concreta e do Poema /Processo. Fiz arquitetura e me dediquei às artes
visuais e acabei fazendo uma ponte entre a literatura (poesia) e as artes plásticas.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
Almandrade
–
Na vida sempre aparece uma pedra no meio do cominho e é motivo para novos
poemas, estamos sempre escrevendo poemas a partir de obstáculos no nosso
percurso
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Almandrade
–
De certa forma a vaidade, a individualidade vai passar, o mundo vai precisar
mais da solidariedade. A poesia e arte contra vantagens e privilégios
indevidos.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma
que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de
onde vem, qual é a sua tribo?
Almandrade
–
Perfeito, uma verdade. Eu vim do interior da Bahia para a capital, em 1970, a
minha tribo as minhas referências começam nessa década, Poesia Concreta, Poema
/ Processo, Neo Concretismo, Arte Conceitual, Arquitetura, o ambiente político
etc. Foi uma década rica de muitas referências e muitas tribos que marcou a
minha geração.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
Almandrade
–
Um sonhador, a poesia hoje quase que não tem leitores. O poeta é um solitário
que enriquece o mundo com a sua poesia e devolve ao homem sua intimidade
perdida.
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Almandrade
–
Não sei se consegui responder as perguntas formuladas. Espero que sim. Não me
recordo se teria algo importante pra dizer.
- Agradeço a gentileza da
entrevista.
Um abraço e salve a poesia
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Fulinaíma
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Guardo, com carinho, na parte de livros preferidos, o “Arquitetura de Algodão”. Parabéns pela entrevista, poeta. Grande abraço
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