Tenho a impressão que o Daniel
Wachowicz numa noite dos Artefatos Poéticos, criado pelo meu querido Cesar Augusto de Carvalho, depois tivemos vários encontros em noites de Poesia na Patuscada, o Bar Café Livraria da
Editora Patuá, o QG do Eduardo Lacerda. Ali mesmo trocamos contatos e nos
tornamos amigos de face. Depois vieram
outros encontros lá mesmo, na Patuscada, e os laços de amizade se estreitaram, hoje faço
parte do seu grupo Encontro dos Malditos, que ele mantém no face, com a participação de vários poetas multifacetados.
Daniel Wachowicz nasceu em Taboão da
Serra (por ele chamada de Taboão das Trevas), é formado em Letras e atua como
professor do estado de São Paulo. É o organizador do evento Encontro dos Malditos que teve sua primeira edição na noite de finados (02/11)
no ano de 2019, um evento que celebra a poesia dark, mórbida e de influência
gótica. Publicou
os livros Convite ao abismo
(Multifoco, 2014), As Musas estão esmagadas no asfalto (Benfazeja, 2016), Cosmopeles (plaquete independente,
2017), Tempos de penhasco (Patuá,
2018) e a plaquete X (Primata, 2018) e Masmorra
(Patuá, 2019).
Artur
Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?
Daniel Wachowicz - Acredito que seja uma mistura
das leituras que faço, sejam elas de poesias, contos, romances, textos sobre
artes visuais, etc, assim como os filmes que assisto e as músicas que ouço. Ou
seja, tudo aquilo que me toca a alma e gera um êxtase impulsiona o meu processo
criativo, que é bem desregrado. Não tenho nenhum tipo de disciplina para
escrever, deixo as ideias fluírem e vou depois adequando as palavras e
expressões para que eu consiga alcançar os efeitos de sentido que quero.
Artur
Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua
admiração?
Daniel Wachowicz - Um dos
poemas de minha autoria por qual tenho mais estima, chama-se Arte Poética. É um soneto
em versos decassílabos no estilo clássico (sáficos e heróicos) em que consegui,
de uma certa forma, concretizar na linguagem a própria construção poética.
Sempre tive muito interesse em metalinguagem e considero esse poema como um dos
mais perfeitos que consegui fazer com essa proposta. Ele está em uma plaquete
que fiz chamada Cosmopeles
(Independente, 2017) e também integra meu livro Tempos de Penhasco (Patuá, 2018).
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Daniel Wachowicz - Sem sombra de dúvidas o Charles Baudelaire. Considero-o a base
de tudo para mim, seja em meus interesses poéticos e estéticos. Os textos dele
sobre arte moderna instigaram meu interesse por pintura, escultura,
performance, às óperas de Richard Wagner e me levaram a buscar posteriormente
as vanguardas do século XX, em especial as Surrealistas e Dadaístas.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Daniel Wachowicz - Na maior parte das vezes que
escrevo ou estou lendo ou ouço música e isso geralmente impulsiona o insight
para escrever e geralmente a ideia jorra com muita intensidade.
Artur
Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?
Daniel Wachowicz - Creio que a obra completa de Charles Baudelaire até hora gera um
reflexo no que escrevo.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso já exercitou ou exercita outra
forma de linguagem com poesia?
Daniel Wachowicz - Já fiz alguns projetos musicais
com minhas poesias, com uma ideia de heavy metal experimental e também escrevo
prosa poética, porém com pouca intensidade, não tenho um volume tão grande
desse tipo de texto.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
Daniel Wachowicz - Creio
que todo o poema seja uma pedra no meio do caminho se pensarmos na questão da
escolha das palavras e na organização de sentido para formar o todo. Acho que
todos os meus poemas foram escritos nesse contexto, pois reflito muito sobre a
escolha de cada palavra para formar cada verso e toda a obra tem seu desafio a
ser superado e creio que escrever um poema é exatamente isso.
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Daniel Wachowicz - Acredito que os hipócritas que
odeiam a humanidade passarão, entre eles o Bolsonaro com sua política genocida,
que mata tanto fisicamente como culturalmente. Esse tipo de gente não passará.
E creio que nós, os artistas,
passarinho, para parafrasear Quintana. A
arte sobreviveu a todo o tipo de pandemia na história da humanidade e agora é a
nossa vez de mantermos essa chama acesa que as artes oferecem ao mundo.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele
traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
Daniel Wachowicz - Desde a adolescência que gosto
de heavy metal e desde aquela época simpatizo com o aspecto visual e continuo
sendo um fanático por bandas como Judas Priest, Dio, etc. Embora não me
considere mais como pertencente a algum grupo, mantenho o visual dark, metal
como parte de minha personalidade.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
Daniel Wachowicz - O que me faz escrever é o amor,
e tão necessário quanto respirar e, para mim, ser poeta é isso. A ideia de
militância para mim é ser honesto e sincero com meu estilo. Manter um estilo,
construir uma poética e não traí-la é o grande engajamento.
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Daniel Wachowicz Talvez,
como a pandemia influencia meu processo de criação?
Resposta - Muitos artistas
nesse momento se indagam sobre isso. Estamos passando por um momento de
incerteza quando a segurança da vida e isso tem me feito refletir sobre muita
coisa e, devido a essa fixação de pensamento, já produzi alguns poemas que se
relacionam com toda essa atmosfera.
Fulinaíma
MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 -
whatsapp
muito bom POETA, parabéns........
ResponderExcluir