terça-feira, 21 de abril de 2020

Fernando Rossi - EntreVistas



 Nos  anos de 1970 em Campos dos Goytacazes, com o nosso queridíssimo e saudoso poeta Prata Tavares, a frente do Departamento Municipal de Cultura e Orávio de Campos Soares, ocupando a presidência da ARTA (Associação Regional de Teatro Amador), começavam as primeiras experiências com Festivais de Poesia Falada e Festivais de Teatro Estudantil.

Foi no palco do Teatro de Bolso, nessa década que vi Fernando Rossi, dando os seus primeiros passos, tanto no Teatro como na Poesia Falada. Sua trajetória nas artes cênicas em Campos, marca um novo ciclo, não só pela sua intensa produção e direção de Espetáculos Teatrais, mas também por sua passagem a frente do Teatro do SESI, e atualmente na Direção e Administração do Teatro de Bolso.

Luiz Fernando Crespo Rossi – Nome Artístico: Fernando Rossi, brasileiro, Ator e Diretor profissional e roteirista, DRT: 34.145, expedida pelo SATED – Sindicato dos Artistas e Técnicos em Diversão. Filho de Aldo Arêas Rossi e Creuza Crespo Rossi. Nascido em Campos dos Goytacazes em 23 de Setembro de 1961. Iniciou sua carreira artística em 1974 no Centro Educacional Nilo Peçanha – Tendo com professora Vilma Rangel Braga. Atuou em diversas produções teatrais, participou de vários Festivais de Teatro estudantil, universitários e regionais, recebendo prêmio de destaque por sua atuação. Diretor cênico em diversos espetáculos musicais. Articulista do jornal “Folha da Manhã” com a coluna “Na Ribalta” onde aborda assuntos pertinentes as artes cênicas, foi durante 25 anos Supervisor Cultural e Administrador do Teatro Firjan SESI de Campos Colaborador do SISTEMA FIRJAN desde 12/04/1994 – Primeiro na função de Animador Cultural depois Promotor Cultural, Administrador do Teatro SESI de Campos, Chefe do Setor de Cultura e Supervisor de Cultura do SESI Campos. Cursou História na Faculdade de Filosofia de Campos além de ser Formado no Curso de Tecnologia em Recursos Humanos pela UNOPAR. Atualmente representante do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro) na região norte Fluminense, assim como Diretor Administrativo e Artístico do Teatro de Bolso Procópio Ferreira. Incentivador das produções culturais locais e ativista cultural.


 Artur Gomes -  Como se processa o seu estado de poesia?

Fernando Rossi - O poeta e dramaturgo espanhol Frederico Garcia Lorca disse:  “O Teatro é a poesia que sai dos livros e se faz humana”. O meu estado de poesia se processa a partir do momento em que busco no meu processo criativo levar para o palco o que chamo de poesia em movimento.

Artur Gomes - Seu poema preferido?

Fernando Rossi - São tantos. O poema geralmente te toca dependendo do seu estado de espírito, do seu momento.  Ele acaba sendo a mais perfeita tradução de tudo que toca profundamente. É uma catarse, um bálsamo, um delírio.

“Eu Canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste. Sou Poeta.”  Cecília Meireles.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

Fernando Rossi - Gosto muito de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa.

“...Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

"Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.”

Carlos Drummond de Andrade


“... Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Fernando Pessoa

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

  
Fernando Rossi - Busco sempre levar a cena a poesia que me toca, ou algo que acho essencial falar naquele momento.

Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles espocam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E quero capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdito: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já.”  

Clarice Lispector 



Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra?

Fernando Rossi - Os Livros as histórias as montagem não são definitivas, na verdade elas abrem possibilidades para que continuemos a contar novas histórias impregnadas de muita luz cor e poesia.

Artur Gomes - Além da poesia em verso,  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia¿

Fernando Rossi - Em nossa trajetória é importante e necessário exercitar diversa formas de linguagens cênicas, é o que nos enriquece e nos dá a possibilidade se sermos múltiplos.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Fernando Rossi - Toda criação artística é sempre um grande desafio, todo processo tem sempre pedras nos caminhos a serem retiradas.

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Fernando Rossi - Acredito que a arte a poesia sempre vencerá qualquer diversidade.



Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Fernando Rossi - Sou da tribo dos inconformistas dos contestadores dos artistas  que acreditam na arte com ferramenta de transformação de um ser humano e uma sociedade melhor.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Fernando Rossi  -  Ser honesto e Verdadeiro com o que acredita.

Artur Gomes - Qual o espetáculo teatral que você dirigiu que te traz mais saudade?

Fernando Rossi - Vários Trabalhos. Gosto das Primícias do Dias Gomes e as dos Campistas Adriano Moura O Julgamento de Lúcifer e do Eugênio Soares. As Pessoas na Sala de Jantar. Espetáculos mais maduros e profissionais

Fulinaíma MultiProjetos
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