Conheço Sady Bianchin
já há algumas boas décadas, pelas andanças poéticas pelo Rio de Janeiro, pelas noites
cariocas, e nos encontros e festivais de arte e poesia. Em 2002 ele compôs a comissão
julgadora do IV FestCampos de Poesia
Falada, em Campos dos Goytacazes-RJ, até 2016 esteve presente no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento
Gonçalves-RS. Foi lá em 2016 o lançamento do seu livro TRÁFICOS UTÓPICOS. No
Rio foram inúmeros os nossos encontros e um dos últimos se deu no dia 11 de
outubro de 2019 na Balbúrdia Poética,
em La Taberna de Laura, em Copacabana. Vale lembrar que o nome Balbúrdia Poética, me foi
sugerido por ele em uma das edições do Sarau POLEM, quando num bate papo, lhe
disse que estava pensando em agitar uma
FARRA POÉTICA.
Sady Bianchin - Poeta, ator, jornalista, diretor teatral e sociólogo. Doutor em
Teatro e Sociedade pela Universidade de Roma- Itália, mestre em Ciência da Arte
- UFF. Publicou cinco livros de poesia, entre eles: Nervo Exposto, Poesia no
sentido litoral Circo Armado e TRÁFICOS
UTÓPICOS . Professor de dramaturgia, cultura brasileira e sociologia nas
Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA, Professor de Estética e cultura de
massa na Universidade Candido Mendes - UCAM, coordenador d Pós-Graduação em
Gestão da Cultura na Universidade Estácio de Sá - UNESA. Criou os projetos de
poesia : Rio de Versos, Barca das Dez, Ponte de Versos e Fórum
Poesia no Rio de Janeiro. Atualmente é Secretário de Cultura da cidade de
Maricá-RJ
Leiam poemas do autor em:
http://www.almadepoeta.com/sadybianchin.htm
Sady Bianchin - Pelas ruas. Pelas mesas de bares, pelas
esquinas, pelas passeatas, pelos cafés, pelas universidades. O meu processo de
criação vêm destas caminhadas do cotidiano que é mágico, sou um observador
atento, um passeador pela realidade social. Gosto de me debruçar sobre a
existência, escrever e interpretar para o povo.
Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de
outro poeta de sua admiração
Sady Biachin - Meu poema próprio é difícil escolher, mas gosto de BIOGRAFIA do livro TRÁFICOS
UTÓPICOS.
De outros poetas: Cântico Negro
de José Régio E Agora José
de Carlos Drummond de Andrade e As Aventuras
de Maiakóvski No Verão de Datcha de V.
Maiakóvski.
BIOGRAFIA
Nesta vida / morrer não é difícil / o difícil é a vida / e seu ofício -
(Vladimir Maiakóvski)
Chegou na contramão rio acima
conquistou a solidão das estrelas
narrou a saga amordaçada na esquina
inventou um revolto mar de letras.
Correu atrás do redemoinho do vento
bebeu num último gole a tempestade
matou a sede dos dias
juntou nas sobras do tempo.
Molhou a língua na poesia
experimentou a liberdade maldita
esqueceu a alma nas ruas
acreditou na cidade cerzida.
Pensou nos dilemas da vida comum
resistiu na dignidade do marxismo
atravessou as águas das incertezas
descobriu o atalho para o êxtase.
Bateu o martelo na sombra das palavras
transitou entre o claro e o escuro
guardou o silêncio no bolso, na gibeira
explodiu as pontes, a fé cega do muros.
Perdeu a lucidez na encruzilhada
abortou o suicídio, desconstruiu a cena
acabou no corpo do poema
- pagou o preço por sua coerência.
"Faz tempo que para pensar sobre Deus não leio os teólogos. leio os
poetas". (Rubens Alves)
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Sady
Bianchin - O próximo, rsrsrs! Mas o marcante foi : Poesia no sentido litoral. Gang
edições.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
Sady
Bianchin - Cachaça e café com leite.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso já exercitou ou exercita outra forma de
linguagem com poesia?
Sady Bianchin - Utilizo a poesia em verso numa simbiose com o teatro, a música e o
cinema.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho¿
Sady
Bianchin - ELES
VERÃO do livro Tráficos Utópicos, Ed. Mais que Palavras .
ELES VERÃO
O sonho suado transbordante
que arrasta a realidade.
Eles têm medo
dos poetas que incomodam.
Eles têm medo
da alegria que somos capazes
de arrancar do futuro.
Eles têm medo
daqueles que inventam o mar
na pia do banheiro
e as estrelas no céu da boca.
Eles têm medo
dos que andam com a cabeça-madura
enquanto os pés estão numa verde-aventura.
Eles têm medo
do jogo transparente onde o goleiro
é um doido de pedra embaixo
de uma trave de arco-íris.
Eles têm medo
de uma arte diferente
que ilumina o cotidiano
com a fúria que nos amanhece
de uma lua quebrada da paixão
ou feito um lingote incandescente
retirado dos fornos profundos
das usinas metalúrgicas.
Recomecemos o mundo!
"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
(José Saramago)
Artur
Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise
virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Sady
Bianchin - quem passará? os ignorantes de todos os
segmentos da sociedade, em especial os políticos do atraso. - quem
passarinho?: os poetas, os historiadores, os humanistas.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma
que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de
onde vem, qual é a sua tribo?
Sady Bianchin - Eu não sou daqui, nem da onde vim, trago comigo as cantigas do Mato
(Grosso do Sul), da tribo Guarani Kaiowá, no Rio os territórios que me deram
compasso foram os poetas da Cinelândia e do Posto Nove em Ipanema.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Sady Bianchin - O que é poesia para você?
É um atalho para o êxtase, num arco-íris deslizando rumo a terra sem
males. É o lugar que escolhi para envelhecer e tecer os versos do amanhã, que
até hoje persigo nos sonhos.
Fulainaíma MultiProjetos
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Grande Sady Bianchin: um poeta que faz da poesia a sua realidade de vida; e da vida, sua poesia. Parabéns! Grande beijo.
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