Conheci Joaquim
Branco, em 1983 através da Mostra
Visual de Poesia Brasileira. Esteve presente em todas as edições da Mostra
de 1983 a 1993. Ele e Hugo Pontes foram os responsáveis por trazerem para o
projeto a maioria dos Poetas que produziam poesia visual na época, e não foram
poucos. Em 1985 quando a Mostra foi realizada na UFF em Niterói JB saiu de sua casa no Rio, atravessou a ponte e
foi me ajudar na montagem da mesma. Durante os 10 anos que ele morou no Rio,
tivemos muitos encontros, muitos bate papos. E em Cataguases me lembro de uma
reunião com ele e Françóis Fusco e Pelé, não, não foi o Pelé jogador de
futebol, mas um outro, muito mais pelé
do que o jogador. JB é de pouca
fala, é daqueles mineiros que não gosta de gastar o verbo, prefere despejar
todas sua verve poética na construção imagética dos seus petardos visuais.
Joaquim Branco - nasceu em Cataguases MG a 25 de maio de 1940.
Formado em Direito pela UERJ-Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1966 e
Letras pela FIC-Cataguases, 1975. Mestre em Literatura Brasileira pelo CES-Juiz
de Fora MG, 2001 e Doutor em Literatura Comparada pela UERJ (Rio de Janeiro),
2006. É poeta, crítico e professor de literatura.
Envolvido desde cedo com literatura,
Joaquim Branco participou da organização da Exposição de Poesia Concreta de
Cataguases, em 1968. No ano seguinte, publicou seu livro de estréia, Concreções
da Fala, obviamente ligado à estética concretista.
Em 1969, ele já estava ligado ao
Poema Processo, uma radicalização da poesia concreta que dá mais peso a
elementos gráficos não verbais.
Artur Gomes - Como se processa o
seu estado de poesia?
JB – Não
considero o que se chama “estado de poesia”. Penso no poema dentro do
circunstancial, ou seja, aquilo que o mundo me oferece de instigação,
espetáculo ou provocação.
Artur
Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua
admiração.
JB –
Próprio seria muito cabotinismo de minha parte. Prefiro de um grande autor, por
exemplo, “O cão sem plumas”, de João Cabral de Melo Neto.
Artur
Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?
JB – Na
minha cabeceira, cabem todos os bons poetas, de Mallarmé a Mário Faustino, de
Ezra Pound a Drummond.
Artur
Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque,
algo que o impulsione para escrever?
JB – O
que me impulsiona é o mundo à minha volta, o que ele me diz em determinada
hora.
Artur
Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?
JB – Não
tenho essa pretensão.
Artur
Gomes - Além da poesia em verso,já exercitou ou exercita outra
forma de linguagem com poesia?
JB – Como
sabe, faço poesia visual, dependendo dos recursos que posso utilizar.
Artur
Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do
caminho?
JB –
Interpreto essa pedra sempre que vejo um problema social, por isso a maioria
dos meus poemas é de linha social, ideológica.
JB – a
Humanidade anda, mesmo que enfrente problemas.
Artur
Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e
jornalista Ademir Assunção, afirma
que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de
onde vem, qual é a sua tribo?
JB – Sou
de uma cidade do interior mineiro – Cataguases – mas já morei 10 anos no Rio, o
que me valeu uma experiência também rica. Meu referencial está na cidade onde
nasci, mas nem sempre.
Artur
Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de
poesia?
JB – No
momento, o poeta precisa mais do que nunca interferir na realidade em que vive.
Para mim, não tem o menor sentido ficar alheio ao que nos rodeia,
principalmente se o que nos incomoda for quase um asilo de loucos.
Artur
Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
JB –
Estou satisfeito com as perguntas feitas.
Obrigado, Artur.
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Muito boas respostas, Joaquim, concisas, objetivas. Bravo!
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