domingo, 24 de maio de 2020

Joaquim Branco - EntreVistas



Conheci Joaquim Branco, em 1983 através da Mostra Visual de Poesia Brasileira. Esteve presente em todas as edições da Mostra de 1983 a 1993. Ele e Hugo Pontes foram os responsáveis por trazerem para o projeto a maioria dos Poetas que produziam poesia visual na época, e não foram poucos. Em 1985 quando a Mostra foi realizada na UFF em Niterói JB  saiu de sua casa no Rio, atravessou a ponte e foi me ajudar na montagem da mesma. Durante os 10 anos que ele morou no Rio, tivemos muitos encontros, muitos bate papos. E em Cataguases me lembro de uma reunião com ele e Françóis Fusco e Pelé, não, não foi o Pelé jogador de futebol, mas um  outro, muito mais pelé do que o jogador. JB é de pouca fala, é daqueles mineiros que não gosta de gastar o verbo, prefere despejar todas sua verve poética na construção imagética dos seus petardos  visuais.

Joaquim Branco -  nasceu em Cataguases MG a 25 de maio de 1940. Formado em Direito pela UERJ-Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1966 e Letras pela FIC-Cataguases, 1975. Mestre em Literatura Brasileira pelo CES-Juiz de Fora MG, 2001 e Doutor em Literatura Comparada pela UERJ (Rio de Janeiro), 2006. É poeta, crítico e professor de literatura.
Envolvido desde cedo com literatura, Joaquim Branco participou da organização da Exposição de Poesia Concreta de Cataguases, em 1968. No ano seguinte, publicou seu livro de estréia, Concreções da Fala, obviamente ligado à estética concretista.

Em 1969, ele já estava ligado ao Poema Processo, uma radicalização da poesia concreta que dá mais peso a elementos gráficos não verbais.


Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

JB – Não considero o que se chama “estado de poesia”. Penso no poema dentro do circunstancial, ou seja, aquilo que o mundo me oferece de instigação, espetáculo ou provocação.

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração.

JB – Próprio seria muito cabotinismo de minha parte. Prefiro de um grande autor, por exemplo, “O cão sem plumas”, de João Cabral de Melo Neto.

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

JB – Na minha cabeceira, cabem todos os bons poetas, de Mallarmé a Mário Faustino, de Ezra Pound a Drummond.

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

JB – O que me impulsiona é o mundo à minha volta, o que ele me diz em determinada hora.

Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua obra?

JB – Não tenho essa pretensão.

Artur Gomes - Além da poesia em verso,já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

JB – Como sabe, faço poesia visual, dependendo dos recursos que posso utilizar.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

JB – Interpreto essa pedra sempre que vejo um problema social, por isso a maioria dos meus poemas é de linha social, ideológica.

JB – a Humanidade anda, mesmo que enfrente problemas.

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

JB – Sou de uma cidade do interior mineiro – Cataguases – mas já morei 10 anos no Rio, o que me valeu uma experiência também rica. Meu referencial está na cidade onde nasci, mas nem sempre.

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

JB – No momento, o poeta precisa mais do que nunca interferir na realidade em que vive. Para mim, não tem o menor sentido ficar alheio ao que nos rodeia, principalmente se o que nos incomoda for quase um asilo de loucos.

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

JB – Estou satisfeito com as perguntas feitas.
Obrigado, Artur.



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Um comentário:

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