domingo, 3 de maio de 2020

Eleonora Marino Duarte - EntreVistas


foto: Espetáculo "FINISTERRAE" , direção: 
Eleonora Marino Duarte  e atuação de O Colectivo.

Avistei pela primeira vez o nome Eleonora Marino Duarte, em um comentário no face, na postagem sobre uma leitura do poema O Sétimo Selo, de Wilson Ales-Bezerra, num belo vídeo com o poeta Aníbal Pires. Como bem disse meu amigo poeta Linaldo Guedes, conversa puxa conversa, não tive outra coisa a fazer, senão adicioná-la e bater um  papo com ela, convidando-a para o projeto: Com Os Dentes Cravados Na Memória EntreVistas. A partir de agora, por tantas afinidades percebidas nas suas ações, com poesia, teatro, performance, o  nosso diálogo se dará num processo contínuo.

Eleonora Marino Duarte, atriz, encenadora, poeta, contista, nascida em 1969 na cidade de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Aos 12 anos passa a integrar a Companhia de Teatro carioca GATIG - Grupo de Artes e Teatro da Ilha do Governador e por 30 anos consecutivos trabalha como atriz, encenadora e formadora pela Companhia.

Em 1998 cursou a Escola Superior de Gastronomia UNIRIO onde formou-se em Cheff de Cozinha Internacional. Reside desde 2009 na cidade de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Açores, Portugal,  onde criou e mantém um grupo de Intervenção Artística O Colectivo. Faz apresentações mensais com seu projecto de poesia feminina "Elo de Elas" no Lava Jazz Bar. Coordena projectos de Formação de atores e leituras de Teatro a convite da Fundação INATEL. Trabalha Na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. É membro da Pastoral da Cultura

Artur Gomes -  Como se processa o seu  estado de poesia? 

Eleonora Marino Duarte  - Acontece. Geralmente motivado por algo externo, uma voz, uma luz, até uma memória banal, como uma xícara sobre a mesa, por exemplo. 

Artur Gomes - Seu poema preferido? Próprio. Ou de outro poeta de sua admiração. 

Eleonora Marino Duarte  - Não há. Cada poema (e decoro muitos para o projecto Elo de Elas) marca meu espírito por uma época e momento, no contexto daquela época. Hoje, agora, neste momento, Abril de  2020, é sem dúvida "O Sétimo Selo" de Wilson Alves-Bezerra. 
Para sempre e constantemente posso citar "A Defesa do Poeta" de Natália Correia, pelo contexto histórico atemporal, inclusive. 

Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira? 

Eleonora Marino Duarte - Manoel de Barros, Carlos Drummond de Andrade  e Emanuel Jorge Botelho são a minha tríade divina, são eles que estão sempre na minha cabeceira, sempre! Mas minha vida está cheia de livros, o tempo todo. Ainda não me "libertei" do "Caligrafia dos Pássaros" de Ângela Almeida ou do "A arte da Fuga" de André Tecedeiro, mas os 3 que eu citei gosto de os ter "a mão de semear" como dizemos aqui em Portugal, porque salvam-me se eu precisar. "Um poema salva um afogado" (Quintana) 

Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever? 

Eleonora Marino Duarte  - Imagens mentais, cenas que me passam pela cabeça motivadas por algum estímulo emocional, sensorial. Mas imagens, não palavras, depois é que surgem as palavras. Se "encomendarem" um poema eu geralmente olho fotografias, imagino histórias, contexto, situações, pesco fragmentos,  construo ideias e então me ponho a desenvolver o poema.

Artur Gomes -  Livro que considera definitivo em sua obra¿
Eleonora Marino Duarte  - "A Rosa do Povo" do Drummond 

Artur Gomes - Além da poesia em verso  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

Eleonora Marino Duarte  - Sou atriz, encenadora, tudo o que faço no palco é poesia numa linguagem corporal e colectiva. 

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

Eleonora Marino Duarte  - "Nasceu, Cresceu e Morreu", aos 12 anos, ficou para o livro anual da escola. Foi escrito no processo de choque emocional, quando morreu minha mãe. A poesia sempre salvou a minha alma. Vieram outros depois mas aquele foi o primeiro, onde eu percebi para que servia escrever Poesia. 

Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

Eleonora Marino Duarte  - Passará? Será? Passariam para mim o Trump, o Bolsonaro e os imbecis que os elegeram. Infelizmente sei que não é bem assim porque o capitalismo, a desigualdade insana e os monstros que os representam estarão sempre lá, com novo nome, nova roupa, mas a mesma alma porque são feitos em série nas fábricas diabólicas do neoliberalismo atual. Não passará, mas o meu desejo é que passe e posso sonhar o impossível porque sou poeta. 

Passarinho? Os artistas e os poetas. Nós estaremos sempre!

Artur Gomes - Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

Eleonora Marino Duarte  - Minha tribo é a Arte e o ofício de ser artista, esteja ela onde estiver no mundo, fale a língua que for, tenha a cor que tiver. Minha tribo é a Arte do mundo todo e cada artista. 

Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

Eleonora Marino Duarte  - É ser um cronista do presente afirmando a esperança de futuro. 

Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

Eleonora Marino Duarte  - Se escrevo para além da poesia. Sim, escrevo contos, gênero que adoro. 

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