terça-feira, 26 de agosto de 2025

poéticas fulinaimânicas


     o cu do mundo 

onde fica?

minha língua afiada

onde enfiá-la?

fulinaimagem

metáfora nua na janela

meter a língua na linguagem dela

 

despir a musa

rasgar o vestido

a calça a blusa

despetalá-la

deixá-la lua

em carne viva nua e crua

 

palácio do planalto alvorada

o cu profundo o submundo

cu do boi

de um país que foi

 

contei duas estrelas

do outro lado do muro

uma era baudelaire

a outra luiz melodia

se eu fosse zeca baleiro

bolero blues cantaria

 

          Artur Gomes

www.fulinaimagembaudelerico.blogspot.com

       poética 38

 

enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas 
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso  ócio

a selva amazônica perde 
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio


poética 24

para lucia muniz de sousa

 

naquela manhã de sol em ubatuba
lambi o ácido que caiu depois da chuva

cheirei resíduos da resina  em caraguá

e a toxina que entranhou naquela uva
caiu da lágrima que bebi do teu olhar

poética 25

para salgado maranhão

 

a cor da tua palavra me conforta
porta que se abre pra beleza absoluta
a vida que tivemos na matéria bruta
a sorte de nascer dentro do norte
na   felina selvageria da pantera

 

o sal que temperou as nossas eras

na pele do  tempero ruptura em cada corte

e ao mesmo tempo é voz que predestina
que o  poeta  não vai morrer antes da morte

 poética 26

 

viajo para muito além do  corpo
onde habito no buraco

mais pro  fundo 
dos sentidos abstratos

no abstrato  um samurai
onde o concreto nem de longe 
significa o quântico
 do amor que ainda trai


poética 27
para ronaldo werneck

 

foto grafias
foto gramas
pomba rio
pomba minas
rio prece
rio drama
minas tomba

esquadro poema pátrio
partido país penetrado
por quem descobriu a pólvora
pavio explodindo  chamas

paiol nas colchas das camas

de um país esfarrapado


poética 28

funk dance funk

para sebastião nunes

 

a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

 

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

 

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmè

 

punkrEreção pancada 
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreçãonegróide nada

 

 descubro o irado tião nunes

para o banquete desta zorra
e vou buscar em madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

 

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

 

 Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

a poesia liberada de artur gomes

  A poesia liberada de Artur Gomes   Há uma passagem, em  Auto do Frade,  de João Cabral, que me chamou a atenção: “- Fazem-no calar...