quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Fernando Andrade Entrevista Artur Gomes

nos quartos do Hotel Vinocap

por muitas noites/madrugadas
bebi da solidão nos olhos dela
que esperou pro seis anos
para saciar a minha sede
alimentar a minha fome
entrar na minha vida
fazer parte dessa história
dela tenho oculto o nome
que levarei para eternidade
como registro de memória
e que depois de vinte  anos
ainda arde quando aflora

Artur Gomes

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para Gigi Mocidade

procuro uma menina
que seja assim quase criança
que seja assim quase mulher
procuro uma menina
que saiba bem a diferença
entre o mal e o bem-me-quer
que saiba bem a flor que cheira
pra desfolhar o mal-me-quer
sabendo tudo brincadeira
saiba beijar o que ela quer
saiba que o beijo é um desejo
que nasce da flor quando mulher
saiba que o desejo quando beijo
não é por um amor qualquer

Artur Gomes

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Erótika

minha língua
entre tuas coxas
lambuzando tua Flor de Lótus
de saliva
tudo em couro cru
tudo em carne viva

Artur Gomes

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jura secreta 27


o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos

você me diz não ter pressa
seus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
que sou um anjo de fadas
não beije assim meus segredos

meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo do rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio

se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora
o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos
quanto mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos

o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas
lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o rio é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada

Artur Gomes

50 Anos de Poesia

Sagaranagens Fulinaímicas

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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EntriDentes 5
ou uma segunda a tarde em Campos dos Goytacazes

o grito
desestrutura o silêncio
atrás da porta
a lâmina acesa
sangra
sob a luz do abajour lilás
a faca escreve
a palavra morta
dois gumes
na noite que estremece
a voz que cala
e o assassino
limpa a lâmina
como quem come
sua última refeição

Artur Gomes Gumes

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 bolero blue

 SagaraNAgens Fulinaímicas

beber desse conhac em tua boca
para matar a febre nas entranhas
entredentes
indecente é uma forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo

é que a fome desse beijo
furta outra qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

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jura secreta 14


eu te desejo flores
lírios brancos margaridas
girassóis
rosas vermelhas
e tudo quanto pétala
asas estrelas borboletas
alecrim bem-me-quer e alfazema

eu te desejo emblema
deste poema desvairado
com teu cheiro
teu perfume
teu sabor, teu suor
tua doçura

e na mais santa loucura
declarar-te amor até os ossos

eu te desejo e posso
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura


Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste

como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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Jura secreta 18


te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto

barcos navios no teu corpo
peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas íntimas que vestias
sobre os teus pêlos ficção

todos os laços dos tecidos
e aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
e o sabor da tua língua
e o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes

e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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aos olhos de Wermmer o amor é natural
como a menina dos brincos de pérola
na pétala do moinho de ventos

imagem: Jose Cesar Castro

 jura secreta 34


te amo
e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode doer pode sangrar
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo
no mar no sal no sol na neve

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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diante do espelho sou
e sempre serei outra
agora o que não sou
fica do outro lado de fora
a lâmina acesa, a brasa
o sal do suor do cio
o mar entre minhas coxas
e mangue entre minhas pernas
os caranguejos que me invadem
sempre que me olham

Gigi Mocidade

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diante do Espelho fico zen
chamo zeca baleiro de meu bem
canto a mama canto o papa
canto o negão do rappa
canto até quem não conheço
e não preciso de endereço
pra mandar cartão postal
canto a mina da esquina
que se chama Lys Cabral

Federika Lispector

www.personasarturianas.blogspot.com

osso. a ponte quebrada não me leva para o outro lado. olho o espelho
d´água e tenho certeza que vou me afogar. engoli o vento da primeira madrugada a casa era caco de vidros. minha filha vaza os pés em rio da ostras. nunca mais pensei o mangue como a morada dos peixes e o canal passava atrás da varanda da cozinha. hoje estou sóbria muito mais que embriagada pela maresia com esse cheiro de sexo evaporando pelo olhos e o corpo tremendo de susto por não ter com quem gozar.

jura secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado

Clarice Lispector

 

Pele

Um favo de mel na boca
um torrão de sal na anca
roubam para a pele o calor de animais
simples e vorazes
soltos como numa catedral
pele de asno
pele de mel
pele de água

Olga Savary

algumas imagens permanecem na medula da memória e me mantém vivo. ontem mesmo te vi à beira mar e mesmo não estando foi como se estivesse tatuada em minha pele com letras de sol e sal nos raios de luz do luar beijei teu nome nas algas e mergulhei no teu olhar.

foto: Artur Gomes Gumes no Pontal de Atafona

jura secreta 115

este teu olho que me olha
azul safira
ou mesmo verde esmeralda fosse
pedra – pétala rara
carne da matéria doce
ou mesmo apenas fosse
esse teu olho que me molha
quando me entregas do mar
toda alga que me trouxe

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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a flor da tua pele
me provoca
me toca
e não sei o que fazer
me perco nas esquinas
do teu corpo
em noites de lua nova
como uma prova de física
que eu nunca soube resolver

Federika Lispector

Jura secreta 101

as orquídeas ainda são azuis
girassóis relâmpagos na chuva
na surpresa dentro a tempestade
dessa manhã que finda
pimenta tua boca em chamas
incendeia meus lençóis profana
essa linguagem como arco-íris
como fosse pulsação que arde
nas entranhas dessa luz de fogo
nos meus dentes mastigando a tarde

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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a lama
é o espelho do Brasil
e a Vale
é a puta que pariu

Federika Lispector

esse vinho em minha boca
me lembra o beijo
no papel de pão
guardado nos vinhedos
de um espelho em vão

Oswald de Andrade

imagem: Jose Cesar Castro

jura secreta 102

 

a carne que me cobre é fraca
a língua que me fala é faca
o olho que me olha vaca
alfa me querendo beta
juro que não sou poeta
a ninfa que me ímã quando arquiteta
o salto da abelha quando mel em flor
e pulsa pulsa pulsa
na matéria negra cor
quando a pele que veste é nada
éter pluma seda pelo
quando custa estar em arcozelo
desatar a lã dos fios do novelo
no sol de Amsterdã desvendar Hollandas
e os mistérios da palavra por entre os cotovelos

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida.

amada de muitos sonhos
e pouco sexo
deposito a minha boca no teu cio
e uma semente fértil
nos teus seios como um rio

Artur Gomes

tecidos sobre a pele

Suor & Cio – 1985

Pátria A(r )mada 2002

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com


Movimento Dos Barcos
Jards Macalé/Wally Salomão

Tô cansado
E você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais

Desculpe a paz que eu lhe roubei
E o futuro esperado que eu não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais

Que passa ao largo
Do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
Às coisas passando, eu quero
É passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo

Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos, movimento

ouça aqui
https://www.youtube.com/watch?v=oNr6aP_xnUY
 

jura secreta 103


a coisa que me habita é pólvora
dinamite em ponto de explosão
o país em que habito é nunca
me verás rendido a normas
ou leis que me impeçam a fala
a rua onde trafego é amplo
atalho pra o submundo
o poço onde mergulho é fundo
vai da pele que me cobre a carne
ao nervo mais íntimo do osso

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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Sede

eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar

Gigi Mocidade

www.porradalirica.logspot.com

Electra

Electra era filha de Agamenon, rei de Micenas, que na época era a mais poderosa cidade grega, e de sua esposa, Clitemnestra. Quando Agamenon partiu para liderar o exército grego na Guerra de Troia, Clitemnestra tornou-se amante de Egisto, primo do marido. Mais de dez anos depois, quando Agamenon voltou vitorioso, Egisto e Clitemnestra tramaram um plano para eliminá-lo: organizaram um banquete em homenagem ao rei e, durante a festa, Egisto assassinou o primo à traição. Electra então fugiu de Micenas levando o irmão pequeno, Orestes, e o educou longe da corte, ensinando-o a acreditar que sua missão na vida era vingar a morte do pai. Anos depois, já adulto, Orestes voltou com Electra à cidade natal, onde o rapaz matou tanto Egisto quanto a própria mãe, Clitemnestra. Matricídio era considerado um crime tão grave que, segundo a lenda, a própria deusa Atena (que os romanos mais tarde cultuaram com o nome de Minerva) foi chamada para presidir o julgamento de Orestes. Por um lado, matar a própria mãe era uma coisa horrível, por outro, a morta também era culpada de um crime hediondo, o de tramar a morte do próprio marido. Por isso, o júri ficou tão dividido que houve um empate: metade a favor de sentenciar Orestes à morte, a outra metade a favor de inocentá-lo. A própria Minerva votou pela absolvição de Orestes, que assim saiu livre e tornou-se o novo rei de Micenas. Essa é a origem da expressão "voto de Minerva", que quer dizer o voto que representa a decisão numa situação indefinida. 

Ítaca

O SIGNIFICADO DE ÍTACA (*)
Quando você partir, em direção a Ítaca, que sua jornada seja longa, plena de aventuras, repleta de conhecimento. Não tema Laestrigones e Ciclopes nem o irascível Poseidon; você não irá encontrá-los durante o caminho, se o pensamento estiver elevado, se a emoção jamais abandonar seu corpo e seu espírito. Laestrigones e Ciclopes, e o enfurecido Poseidon não estarão em seu caminho se você não carregá-los em sua alma, se sua alma não os colocar diante de seus passos. Espero que sua estrada seja longa. Que sejam muitas as manhãs de verão, que o êxtase de ver os primeiros portos, entre o Crepúsculo e a Aurora, traga uma alegria nunca experimentada. Busque visitar os empórios da Fenícia, recolha o que há de melhor. Vá às cidades do Egito, aprenda com um povo que tem tanto a ensinar. Não perca Ítaca de vista, pois chegar lá é o seu destino. Mas não apresse os seus passos; é melhor que a jornada demore muitos anos e seu barco só ancore na ilha quando você já estiver enriquecido com o que conheceu no caminho. Não espere que Ítaca lhe dê mais riquezas. Ítaca já lhe deu uma bela viagem; sem Ítaca, você jamais teria partido. Ela já lhe deu tudo, e nada mais pode lhe dar. Se no final, você achar que Ítaca é pobre, não pense que ela o enganou. Porque você tornou-se um sábio, viveu uma vida intensa, e este é o significado de Ítaca.

Boi-Pintadinho

Desde 1980 que levo quem lê a pensar sobre o verdadeiro significado do que seja boi-pintadinho, como o que vi na fazenda cacomanga como manifesto satírico sarcástico anti a exploração dos trabalhadores nos pastos e nas lavouras do corte-de cana. Tente entender tudo mis sobre o sexo peça meu livro querendo te empresto

 

Artur Gomes

Leia mais no blog

Nação Goytacá

https://fulinaimagem.blogspot.com/




Fernando Andrade Entrevista Artur Gomes

Fernando Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica, difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você falasse de toda essa cinética, brincante.

Artur Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira fazendo exposições  com todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922.

Fernando Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale  disso.

Artur Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência  de uma certa forma é o que dinamiza a minha escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse país do futuro

Fernando Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os movimentos.

Artur Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na  comemoração dos seus primeiro aniversário. dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André. Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc em 1995 n a unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22.

Fernando Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu livro.

Artur Gomes – gosto de brincar ironizar todas essas questões de gêneros e daí foram surgindo os personagens Lady Gumes, Federika Bezerra, Federico Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor de Andrade, Rúbia Querubim, Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco que estarão presentes no próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim preparando a santa ceia para um banquete antropofágico. esses personagens são todos andróginos macho/fêmea masculino/feminino e desfilam na Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente Coletivo e frequentam a Igreja Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles é amorosa com a  fome dos desejos de amor e ódio com aranhas com cada um tecendo a sua rede de intrigas.

 

                   leia mais no blog

A Biografia de UM Poeta Absurdo 

O Homem Com A Flor Na Boca

https://arturgumes.blogspot.com


mitologia itabapoânica

 

itabapoana a pedra submersa nas águas de são francisco hoje  voa sobrevoa a lama da planície goytacá se desviando os fungos criados por fezes e urina de ratos e morcegos  que habitaram  páginas de livros antigos fora e dentro dos arquivos federika bezerra me conta que no período em que se hospedou no hotel amazonas recebeu informações de fontes misteriosas sobre o paradeiro dos tais ratos, morcegos e outros roedores  que surgira  dos esgotos da velha aldeia tupinambara quando seus integrantes passaram pela intrépida cidade

 

Gigi Mocidade

leia mais no blog

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

https://arturkabrunco.blogspot.com/


    1º de Maio

 

Aos trabalhadores

do corpo da palavra

todo o meu amor

que o suor o cio

nunca falte em seus ofícios

que a ins-piração

trans-piração

seja sempre maior

que o sacrifício

de sobreviver nesse brasil

de pandemônias

nesse país sobre as mazelas

que nos impõem

a conviver

com todo tipo de paupérias

onde o seu povo

é atirado ao gran circo do terror

até morrer sempre atolado na miséria

 

Artur Gomes

www.fulinaimargem.blogspot.com  


         A Traição das Metáforas

Em Brazílica Pereira de Campos ex-dos Goytacazes no presídio federal fluminense a rainha das artes cínicas Federika Bezerra esfola um cordeiro a unha, e desafia Macabea a estrela que não sobe para uma cena melodramática no pasto das oliveiras.

- Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões gosto de ser e de estar e quero me dedicar a criar confusões de prosódia e uma profusão de paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões (caetano veloso)

Zé do Burro carregava sua cruz misticamente enquanto Rosa sua mulher adúltera prevaricava no terreiro dançando ao som dos atabaques em louvor a Iansã.

Foi aí que Macabea deu o troço:

- não admito poeta no presídio fazendo filme pornô.
Mas enquanto falava seus olhos esbugalhados não cansavam de olhar a Rosa gozando descaradamente da sua cara de santa do pau oco.

Pessoas fingem que vivem quando não gozam. Federika não, goza da cara cínica do cordeiro sendo destrinchado no Banquete Antropofágico em homenagem a Oswald de Andrade, na porta do Teatro Trianon, enquanto o poeta pornô desfrauda sua bandeira nua e crua descabaçando as flores da rua espuma/esperma semeia e o corpo despido da prosa grafita na lua cheia.

Federico Baudelaire
o mestre sala dos mares nunca dantes navegado

Com os Dentes Cravados na Memória


Voltando a década de 80, exatamente 1988 Sérgio Provisano me lembra uma cena hilária Fernando Leite. Estávamos reunidos numa tarde na sala de Oscar Wagner, pós expediente, para uma rodada costumeira de queijos e vinhos, e Nilson Siqueira, o pintor Nilsinho Maluqinho noivo na época de Dona Maria, além de Jeanzinho, tinha lá sua queda por Jô, nossa modelo canibalizada.

Quando algumas garrafas de vinho já tinham sido consumidas, Genilson tocou num assunto que Dona Maria não gostou e não perdeu tempo, sentou a mão no Maluquinho, que deixou Nilsinho, com o pescoço torto até hoje. E lembro-me que esta cena veio se repetir em 89 no verão do Farol, numa linda noite de lua cheia, quando na Casa de Cultura, Dona Maria soube que Nilsinho havia convidado Jô a nossa modelo canibalizada, para um jantar.

Na mesa do Bar de Zé Antonio, estávamos reunidos já com algumas cervejas consumidas quando chegou Dona Maria e não perdeu tempo, exemplou o Maluquinho novamente. Nesta noite estava conosco também desde 81, o apelido que Gilson tinha colocado em uma das nossas musas da época, frequentadora do Estudio 52, que vivia provocando delírios etílicos em Jorge Teles nosso cinegrafista de plantão.

Artur Gomes Gumes


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