por muitas noites/madrugadas
bebi da solidão nos olhos dela
que esperou pro seis anos
para saciar a minha sede
alimentar a minha fome
entrar na minha vida
fazer parte dessa história
dela tenho oculto o nome
que levarei para eternidade
como registro de memória
e que depois de vinte anos
ainda arde quando aflora
Artur Gomes
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para Gigi Mocidade
procuro uma menina
que seja assim quase criança
que seja assim quase mulher
procuro uma menina
que saiba bem a diferença
entre o mal e o bem-me-quer
que saiba bem a flor que cheira
pra desfolhar o mal-me-quer
sabendo tudo brincadeira
saiba beijar o que ela quer
saiba que o beijo é um desejo
que nasce da flor quando mulher
saiba que o desejo quando beijo
não é por um amor qualquer
Artur Gomes
Erótika
minha língua
entre tuas coxas
lambuzando tua Flor de Lótus
de saliva
tudo em couro cru
tudo em carne viva
Artur Gomes
jura secreta 27
o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos
você me diz não ter pressa
seus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
que sou um anjo de fadas
não beije assim meus segredos
meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo do rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio
se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora
o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos
quanto mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos
o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas
lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o rio é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada
Artur Gomes
50 Anos de Poesia
Sagaranagens Fulinaímicas
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
EntriDentes 5
ou uma segunda a tarde em Campos dos Goytacazes
o grito
desestrutura o silêncio
atrás da porta
a lâmina acesa
sangra
sob a luz do abajour lilás
a faca escreve
a palavra morta
dois gumes
na noite que estremece
a voz que cala
e o assassino
limpa a lâmina
como quem come
sua última refeição
Artur Gomes Gumes
bolero blue
SagaraNAgens Fulinaímicas
beber desse conhac em tua boca
para matar a febre nas entranhas
entredentes
indecente é uma forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é que a fome desse beijo
furta outra qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai
Artur Gomes
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jura secreta 14
eu te desejo flores
lírios brancos margaridas
girassóis
rosas vermelhas
e tudo quanto pétala
asas estrelas borboletas
alecrim bem-me-quer e alfazema
eu te desejo emblema
deste poema desvairado
com teu cheiro
teu perfume
teu sabor, teu suor
tua doçura
e na mais santa loucura
declarar-te amor até os ossos
eu te desejo e posso
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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meta metáfora no poema meta
como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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Jura secreta 18
te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas íntimas que vestias
sobre os teus pêlos ficção
todos os laços dos tecidos
e aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
e o sabor da tua língua
e o batom da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes
e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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aos olhos de Wermmer o amor é natural
como a menina dos brincos de pérola
na pétala do moinho de ventos
imagem: Jose Cesar Castro
jura secreta 34
te amo
e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos
mas não tenha medo
pode doer pode sangrar
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo
no mar no sal no sol na neve
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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diante do espelho sou
e sempre serei outra
agora o que não sou
fica do outro lado de fora
a lâmina acesa, a brasa
o sal do suor do cio
o mar entre minhas coxas
e mangue entre minhas pernas
os caranguejos que me invadem
sempre que me olham
Gigi Mocidade
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diante do Espelho fico zen
chamo zeca baleiro de meu bem
canto a mama canto o papa
canto o negão do rappa
canto até quem não conheço
e não preciso de endereço
pra mandar cartão postal
canto a mina da esquina
que se chama Lys Cabral
Federika Lispector
www.personasarturianas.blogspot.com
osso. a ponte quebrada não me leva para o outro lado. olho o espelho
d´água e tenho certeza que vou me afogar. engoli o vento da primeira madrugada a casa era caco de vidros. minha filha vaza os pés em rio da ostras. nunca mais pensei o mangue como a morada dos peixes e o canal passava atrás da varanda da cozinha. hoje estou sóbria muito mais que embriagada pela maresia com esse cheiro de sexo evaporando pelo olhos e o corpo tremendo de susto por não ter com quem gozar.
jura secreta 98
fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria
mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria
20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado
Clarice Lispector
Pele
Um favo de mel na boca
um torrão de sal na anca
roubam para a pele o calor de animais
simples e vorazes
soltos como numa catedral
pele de asno
pele de mel
pele de água
Olga Savary
algumas imagens permanecem na medula da memória e me mantém vivo. ontem mesmo te vi à beira mar e mesmo não estando foi como se estivesse tatuada em minha pele com letras de sol e sal nos raios de luz do luar beijei teu nome nas algas e mergulhei no teu olhar.
foto: Artur Gomes Gumes no Pontal de Atafona
jura secreta 115
este teu olho que me olha
azul safira
ou mesmo verde esmeralda fosse
pedra – pétala rara
carne da matéria doce
ou mesmo apenas fosse
esse teu olho que me molha
quando me entregas do mar
toda alga que me trouxe
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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a flor da tua pele
me provoca
me toca
e não sei o que fazer
me perco nas esquinas
do teu corpo
em noites de lua nova
como uma prova de física
que eu nunca soube resolver
Federika Lispector
Jura secreta 101
as orquídeas ainda são azuis
girassóis relâmpagos na chuva
na surpresa dentro a tempestade
dessa manhã que finda
pimenta tua boca em chamas
incendeia meus lençóis profana
essa linguagem como arco-íris
como fosse pulsação que arde
nas entranhas dessa luz de fogo
nos meus dentes mastigando a tarde
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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a lama
é o espelho do Brasil
e a Vale
é a puta que pariu
Federika Lispector
esse vinho em minha boca
me lembra o beijo
no papel de pão
guardado nos vinhedos
de um espelho em vão
Oswald de Andrade
imagem: Jose Cesar Castro
jura secreta 102
a carne que me cobre é fraca
a língua que me fala é faca
o olho que me olha vaca
alfa me querendo beta
juro que não sou poeta
a ninfa que me ímã quando arquiteta
o salto da abelha quando mel em flor
e pulsa pulsa pulsa
na matéria negra cor
quando a pele que veste é nada
éter pluma seda pelo
quando custa estar em arcozelo
desatar a lã dos fios do novelo
no sol de Amsterdã desvendar Hollandas
e os mistérios da palavra por entre os cotovelos
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida.
amada de muitos sonhos
e pouco sexo
deposito a minha boca no teu cio
e uma semente fértil
nos teus seios como um rio
Artur Gomes
tecidos sobre a pele
Suor & Cio – 1985
Pátria A(r )mada 2002
www.arturgumesfulinaima.blogspot.com
Movimento Dos Barcos
Jards Macalé/Wally Salomão
Tô cansado
E você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz que eu lhe roubei
E o futuro esperado que eu não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo
Do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
Às coisas passando, eu quero
É passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos, movimento
ouça aqui
https://www.youtube.com/watch?v=oNr6aP_xnUY
jura secreta 103
a coisa que me habita é pólvora
dinamite em ponto de explosão
o país em que habito é nunca
me verás rendido a normas
ou leis que me impeçam a fala
a rua onde trafego é amplo
atalho pra o submundo
o poço onde mergulho é fundo
vai da pele que me cobre a carne
ao nervo mais íntimo do osso
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Sede
eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar
Gigi Mocidade
Electra
Electra era filha de Agamenon, rei de Micenas, que na época era a mais poderosa cidade grega, e de sua esposa, Clitemnestra. Quando Agamenon partiu para liderar o exército grego na Guerra de Troia, Clitemnestra tornou-se amante de Egisto, primo do marido. Mais de dez anos depois, quando Agamenon voltou vitorioso, Egisto e Clitemnestra tramaram um plano para eliminá-lo: organizaram um banquete em homenagem ao rei e, durante a festa, Egisto assassinou o primo à traição. Electra então fugiu de Micenas levando o irmão pequeno, Orestes, e o educou longe da corte, ensinando-o a acreditar que sua missão na vida era vingar a morte do pai. Anos depois, já adulto, Orestes voltou com Electra à cidade natal, onde o rapaz matou tanto Egisto quanto a própria mãe, Clitemnestra. Matricídio era considerado um crime tão grave que, segundo a lenda, a própria deusa Atena (que os romanos mais tarde cultuaram com o nome de Minerva) foi chamada para presidir o julgamento de Orestes. Por um lado, matar a própria mãe era uma coisa horrível, por outro, a morta também era culpada de um crime hediondo, o de tramar a morte do próprio marido. Por isso, o júri ficou tão dividido que houve um empate: metade a favor de sentenciar Orestes à morte, a outra metade a favor de inocentá-lo. A própria Minerva votou pela absolvição de Orestes, que assim saiu livre e tornou-se o novo rei de Micenas. Essa é a origem da expressão "voto de Minerva", que quer dizer o voto que representa a decisão numa situação indefinida.
Ítaca
O SIGNIFICADO DE ÍTACA (*)
Quando você partir, em direção a Ítaca, que sua jornada seja longa, plena de aventuras, repleta de conhecimento. Não tema Laestrigones e Ciclopes nem o irascível Poseidon; você não irá encontrá-los durante o caminho, se o pensamento estiver elevado, se a emoção jamais abandonar seu corpo e seu espírito. Laestrigones e Ciclopes, e o enfurecido Poseidon não estarão em seu caminho se você não carregá-los em sua alma, se sua alma não os colocar diante de seus passos. Espero que sua estrada seja longa. Que sejam muitas as manhãs de verão, que o êxtase de ver os primeiros portos, entre o Crepúsculo e a Aurora, traga uma alegria nunca experimentada. Busque visitar os empórios da Fenícia, recolha o que há de melhor. Vá às cidades do Egito, aprenda com um povo que tem tanto a ensinar. Não perca Ítaca de vista, pois chegar lá é o seu destino. Mas não apresse os seus passos; é melhor que a jornada demore muitos anos e seu barco só ancore na ilha quando você já estiver enriquecido com o que conheceu no caminho. Não espere que Ítaca lhe dê mais riquezas. Ítaca já lhe deu uma bela viagem; sem Ítaca, você jamais teria partido. Ela já lhe deu tudo, e nada mais pode lhe dar. Se no final, você achar que Ítaca é pobre, não pense que ela o enganou. Porque você tornou-se um sábio, viveu uma vida intensa, e este é o significado de Ítaca.
Boi-Pintadinho
Desde 1980 que levo quem lê a pensar sobre o verdadeiro significado
do que seja boi-pintadinho, como o que vi na fazenda cacomanga como manifesto
satírico sarcástico anti a exploração dos trabalhadores nos pastos e nas lavouras
do corte-de cana. Tente entender tudo mis sobre o sexo peça meu livro querendo
te empresto
Artur Gomes
Leia mais no blog
Nação Goytacá
Fernando Andrade Entrevista Artur Gomes
Fernando Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica, difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você falasse de toda essa cinética, brincante.
Artur Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira fazendo exposições com todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922.
Fernando Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale disso.
Artur Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência de uma certa forma é o que dinamiza a minha escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse país do futuro
Fernando Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os movimentos.
Artur Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na comemoração dos seus primeiro aniversário. dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André. Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc em 1995 n a unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22.
Fernando Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu livro.
Artur Gomes – gosto de brincar ironizar
todas essas questões de gêneros e daí foram surgindo os personagens Lady Gumes,
Federika Bezerra, Federico Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor
de Andrade, Rúbia Querubim, Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco
que estarão presentes no próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
preparando a santa ceia para um banquete antropofágico. esses personagens são
todos andróginos macho/fêmea masculino/feminino e desfilam na Mocidade
Independente de Padre Olivácio – A Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente
Coletivo e frequentam a Igreja Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles
é amorosa com a fome dos desejos de amor e ódio com aranhas com cada um
tecendo a sua rede de intrigas.
leia mais no blog
A Biografia de UM Poeta Absurdo
O Homem Com A Flor Na Boca
https://arturgumes.blogspot.com
mitologia itabapoânica
itabapoana a pedra submersa nas águas de são francisco hoje
voa sobrevoa a lama da planície goytacá se desviando os fungos criados
por fezes e urina de ratos e morcegos que habitaram páginas de
livros antigos fora e dentro dos arquivos federika bezerra me conta que no
período em que se hospedou no hotel amazonas recebeu informações de fontes
misteriosas sobre o paradeiro dos tais ratos, morcegos e outros roedores
que surgira dos esgotos da velha aldeia tupinambara quando seus
integrantes passaram pela intrépida cidade
Gigi Mocidade
leia mais no blog
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
https://arturkabrunco.blogspot.com/
1º de Maio
Aos trabalhadores
do corpo da palavra
todo o meu amor
que o suor o cio
nunca falte em seus ofícios
que a ins-piração
trans-piração
seja sempre maior
que o sacrifício
de sobreviver nesse brasil
de pandemônias
nesse país sobre as mazelas
que nos impõem
a conviver
com todo tipo de paupérias
onde o seu povo
é atirado ao gran circo do terror
até morrer sempre atolado na miséria
Artur Gomes
www.fulinaimargem.blogspot.com
A Traição das Metáforas
Em Brazílica Pereira de Campos ex-dos Goytacazes no presídio federal fluminense
a rainha das artes cínicas Federika Bezerra esfola um cordeiro a unha, e
desafia Macabea a estrela que não sobe para uma cena melodramática no pasto das
oliveiras.
- Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões gosto de ser
e de estar e quero me dedicar a criar confusões de prosódia e uma profusão de
paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões (caetano veloso)
Zé do Burro carregava sua cruz misticamente enquanto Rosa sua mulher adúltera
prevaricava no terreiro dançando ao som dos atabaques em louvor a Iansã.
Foi aí que Macabea deu o troço:
- não admito poeta no presídio fazendo filme pornô.
Mas enquanto falava seus olhos esbugalhados não cansavam de olhar a Rosa
gozando descaradamente da sua cara de santa do pau oco.
Pessoas fingem que vivem quando não gozam. Federika não, goza da cara cínica do
cordeiro sendo destrinchado no Banquete Antropofágico em homenagem a Oswald de
Andrade, na porta do Teatro Trianon, enquanto o poeta pornô desfrauda sua
bandeira nua e crua descabaçando as flores da rua espuma/esperma semeia e o
corpo despido da prosa grafita na lua cheia.
Federico Baudelaire
o mestre sala dos mares nunca dantes navegado
Com os Dentes Cravados na Memória
Voltando a década de 80, exatamente 1988 Sérgio Provisano me lembra uma cena
hilária Fernando Leite. Estávamos reunidos numa tarde na sala de Oscar Wagner,
pós expediente, para uma rodada costumeira de queijos e vinhos, e Nilson
Siqueira, o pintor Nilsinho Maluqinho noivo na época de Dona Maria, além de
Jeanzinho, tinha lá sua queda por Jô, nossa modelo canibalizada.
Quando algumas garrafas de vinho já tinham sido consumidas, Genilson tocou num
assunto que Dona Maria não gostou e não perdeu tempo, sentou a mão no
Maluquinho, que deixou Nilsinho, com o pescoço torto até hoje. E lembro-me que
esta cena veio se repetir em 89 no verão do Farol, numa linda noite de lua
cheia, quando na Casa de Cultura, Dona Maria soube que Nilsinho havia convidado
Jô a nossa modelo canibalizada, para um jantar.
Na mesa do Bar de Zé Antonio, estávamos reunidos já com algumas cervejas
consumidas quando chegou Dona Maria e não perdeu tempo, exemplou o Maluquinho
novamente. Nesta noite estava conosco também desde 81, o apelido que Gilson
tinha colocado em uma das nossas musas da época, frequentadora do Estudio 52,
que vivia provocando delírios etílicos em Jorge Teles nosso cinegrafista de
plantão.
Artur Gomes Gumes











































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