domingo, 11 de fevereiro de 2024

Fernando Andrade Entrevista Artur Gomes

Fernando Andrade - A língua em seu livro de poesia novo, é lúdica, metafórica, difícil não imobilizá-la na página, parece que sai andando. Queria que você falasse de toda essa cinética, brincante. 

Artur Gomes – a algum tempo percebi que poesia pode ser corpos em movimento palavras voando ao sabor do vento não apenas verso mas também muito prosa com a possibilidade de signi ficar outros signi ficados acho que percebi isso lá pelos idos dos anos de 1983 quando criei o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira fazendo exposições  com todas as linguagens poéticas contemporâneas pós semana de arte de 1922. 

Fernando Andrade - A cultura nossa você gosta de usá-la até criar efeito paródico sobre ela. Como você trabalha poeticamente, a cultura. Fale  disso. 

Artur Gomes - sim além da poesia trabalho com artes visuais música cinema teatro estando e estando em contato com essas outras linguagens tive que ir aos poucos mergulhando nesse caldeirão cultural que é o brasil e essa efervecência  de uma certa forma é o que dinamiza a minha escrita buscando nela o cenário de que por muitas vezes aparece de forma bem explícita nas minhas narrativas em outras metaforicamente e claro tendo uma visão crítica sobre o que se passa não poderia deixar de satirizar ironizar sarcasticamente até de forma impiedosa as formas como que se sobrevive nesse país do futuro 

Fernando Andrade - Você brinca de forma ágil com o modernismo brasileiro. A poesia tem essa possibilidade, transgressora de aglutinar/deglutir os movimentos. 

Artur Gomes – em 1993 o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira completou 10 anos o grupo Livre-Espaço de Poesia de Santo André com todos os seus integrantes esteve presente em todas as 9 edições realizadas até então e também estava completando 10 anos de existência. uma das poetas integrantes de grupo: Dalila Teles Veras que em Santo André dirige o centro cultural e livraria Alpharrabio me convidou para fazer uma performance na  comemoração dos seus primeiro aniversário. dessa minha ida a Santo André nasceu a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos que foi executado pelo Sesc-SP, na unidade de São Caetano, com atividades também no Alpharrabio em Santo André, no Colégio Impacto e no entreposto cultural Beco das Garrafas, amos também em Santo André. Depois desse projeto a pedido do saudoso Danilo Miranda, criei Os Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo Sesc em 1995 n a unidade Consolação. para conceber esses dois projeto mergulhei na vida e obra dos dois ícones da pauliceia desvairada e da cultura brasileira e daí fui me entranhando cada vez mais nessa diversidade cultural pós 22. 

Fernando Andrade - O gênero não é só o poema é também o masculino/feminino, a mão direita/a mão esquerda, a fome a evacuação. Esse dualismo vi muito no seu livro. 

Artur Gomes – gosto de brincar ironizar todas essas questões de gêneros e daí foram surgindo os personagens Lady Gumes, Federika Bezerra, Federico Baudelaire, Gigi Mocidade, EuGênio Mallarmè, Pastor de Andrade, Rúbia Querubim, Irina Serafina, Artur Fulinaíma e Artur Kabrunco que estarão presentes no próximo livro: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim preparando a santa ceia para um banquete antropofágico. esses personagens são todos andróginos macho/fêmea masculino/feminino e desfilam na Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola d e Samba Oculta NO Inconsciente Coletivo e frequentam a Igreja Universal do Reino de Zeus. a relação entre eles é amorosa com a  fome dos desejos de amor e ódio com aranhas com cada um tecendo a sua rede de intrigas.

 


 Artur Gomes

É poeta. ator. produtor cultural e vídeo maker. Em 2023, criou o projeto Campos Veracidade que para a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima onde atualmente atua na coordenação cultural em Campos dos Goytacazes-RJ. De 1975 a 2002 coor­denou a Oficina de Artes Cênicas da ETFC – CEFET-Campos – no IFF Instituto Federal Fluminense. Em 1993, criou o proje­to Mostra Visual de Poesia Brasileira, Mário de Andrade – 100 Anos, realizado pelo SESC-SP. Em 1995, criou o projeto Reta­lhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim – realizado pelo SESC-SP. De 1996 a 2016, coordenou o Departamento de Audiovisual do Proyecto Sur Brasil – Bento Gonçalves-RS – realizando Mostras Cine.Vídeo na programa­ção do Congressso Brasileiro de Poesia. Em 1999, Artur criou o FestCampos de Poesia Falada, projeto que é realizado até hoje pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. De 2014 a 2016, dirigiu Curso de Artes Cênicas no SESC – Campos. Em 2018 e 2019, o autor lecionou no Curso Livre de Tetro da Fun­dação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Em 2018, participou como convidado do I Festival Transepoéticas no Museu Naa­cional de Brasília-DF. Em 2021, Curador do 1º Festival Cine Vídeo de Poesia Falada que é realizado na página Studio Fuli­naíma Produção Audiovisual no Facebook*. Por fim, em 2022, integrou a Mostra Bossa Criativa, Arte de Toda Gente, realizada pela FUNARTE-Rio. Foi também curador da Mostra Cine e Ví­deo de Poesia Falada realizada pelo SESC Piracicaba. Em 2023 lançou pela Editora Penalux o livro O Homem Com A Flor Na Boca

 

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