sábado, 20 de março de 2021

Adriana Gama de Araújo - EntreVistas

Através de uma postagem que fiz com a poesia do velho amigo poeta Celso Borges, li um comentário da Adriana Gama de Araújo que me chamou a atenção. Imediatamente a adicionei. Dias depois vi um vídeo com ela falando fragmentos do poema AS ESTRELAS, de Eliot Weinberger, que a partir de 1 de Abril estará no Festival Cine Vídeo de Poesia Falada que realizo na página Studio Fulinaíma Produção Audiovisual no facebook. Depois descobri que é também poeta e a convidei para o projeto EntreVistas.   

 Adriana Gama de Araújo -  (São Luís-Maranhão). Poeta, editora e historiadora. Mestre em História pela UFRN. Professora da Rede Pública Estadual e Municipal.  Vencedora, em 2017, do III Festival Poeme-se de Poesia Falada. Publicou, em 2018, pela Editora Penalux, seu primeiro livro de poesia, Mural de Nuvens para Dias de Chuva. Publicou, em 2019, seu mais recente livro de poemas, TRaNSiTo, pela Olho D'água Edições. Participou da antologia Babaçu Lâmina – 39 poemas. Org. Carvalho Junior, em 2019. Tem poemas publicados na Variações – Revista de Literatura Contemporânea, Revista Revestrés, Mallarmargens – Revista de poesia e arte contemporânea e Revista Caliban, todas em formato digital. 

Artur Gomes - Como se processa o seu estado de poesia?

 Adriana Gama de Araújo - Acho que é um processo cotidiano de estar no mundo, de olhar com aquele olho deseducado. Tenho uma rotina muito sufocante, como a maioria das pessoas, e se não descobrir brechas nesse cenário fica difícil respirar. Então, faço esse exercício de ver e ouvir o que me cerca pela via do extraordinário.

 Artur Gomes - Seu poema preferido? Seu ou de um outro poeta de sua preferência.

Adriana Gama de Araújo - Pergunta difícil. Tenho muitos poemas preferidos. Mas tem um que sempre leio no primeiro dia do ano, já há uns 10 anos, e leio na escola e em vários outros momentos e lugares. É um poema do Neruda que se chama Esperemos.

 Artur Gomes - Qual o seu poeta de cabeceira?

 Adriana Gama de Araújo - Drummond, Sophia de Mello Breyner,  Roberto Piva, Herberto Helder e a Alejandra Pizarnik estão sempre comigo

 Artur Gomes - Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsionar para escrever?

 Adriana Gama de Araújo - Música. Tem sempre um som. Eu só consigo pensar e escrever com um ritmo abrindo os caminhos.

 Artur Gomes - Livro que considera definitivo em sua vida?

 Adriana Gama de Araújo - Quando penso em livros que mudaram minha maneira de sentir e perceber o mundo, sempre me vem em primeiro lugar o do Piva, Paranoia. Ele jogou a poesia num espaço completamente novo pra mim. Foi o Piva que trouxe pele, sonho e fúria de um jeito tão maravilhoso e intenso que eu nunca tinha visto até então. Fiquei e sou fascinada por ele.

 Artur Gomes - Além da poesia em verso , já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?

 Adriana Gama de Araújo - Não.

Artur Gomes - Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?

 

CORPO ESTRANHO

 

nesta casa

cabe uma família

eu não

tem um quadro

que ocupa muito espaço

sua moldura de cabelos

curtos

vento na nuca

um poema de schwitters

uma flor

carícia de gato

um arrepio

eu não

sobra uma pergunta

uma porta

sem fechadura

um coração antigo

eu não.

 Artur Gomes - Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?

 Adriana Gama de Araújo - O passarinho é aquele que pousa no fio elétrico pra tagarelar contra a eletricidade. Acho que a pandemia revelou que há muita gente nesse mundo que percebe suas contradições, de maneira honesta e sensível, e que está fazendo algo pra melhorar a vida de todos. Da pessoa que leva comida para o vizinho que não está conseguindo se manter nesse caos, aos profissionais da ciência e lideranças políticas.

E ainda tenho fé que “o verme” e seus comparsas passarão.

 Artur Gomes – No prefácio do livro Pátria A(r)mada  o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele trás as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?

 Adriana Gama de Araújo - Não sei se tenho uma tribo, mas nunca ando só. Estou sempre perto de pessoas de tribos diversas, gente que lê e faz livros, que faz arte de todo tipo e de todo jeito, gente que trabalha por uma educação de qualidade e cuida da família e entende que família é o lugar e as pessoas que o habitam. As minhas referências são sempre de coletividade.

 Artur Gomes - Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?

 Adriana Gama de Araújo - Ser poeta é romper a jaula, pra usar uma expressão roubada do surrealismo. Se considerarmos que a sociedade em que vivemos nos aprisiona cada dia mais em mecanismos que nos separam, nos individualizam e nos anestesiam, a poesia é o que nos faz sentir (a arte de modo geral), é o choque, o susto ou aquele sopro no pescoço que nos arrepia(risos). Então, o poeta é quem está rompendo essas grades e mostrando que somos seres vivos e não podemos nos conformar, não podemos perder a dimensão do sensível.

 Artur Gomes - Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?

 Adriana Gama de Araújo - Neste exato momento, a pergunta que me faço toda hora é quando tudo isso vai acabar. Pandemia e desgoverno. E gostaria muito de responder que vai acabar logo e que vamos ficar todos bem.

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