não sou de
morder comer chupar calado como mordo chupo e canto com meu coração de galinha
depois que boto o ovo e o sangue escorre pelo ânus depois da dentada do vampiro
por mais
que me chame espanto sou muito mais que isso lingüiça de chouriço sangue de
porco na tripa cachorro louco cão danado nascer em agosto não me é desgosto
pelo contrário me ins-pira
por quê me
chamas fulinaíma? fumaça escorre pelos orifícios de esqueletos refratários
caramujos passeiam paredes emporcalhadas de vinhoto unhas navalha sangram
carnes dos deuses desencarnados os vermes ainda mordem nas camas dos palácios
urubus pantanais pastos de minotauros no planeta não sei onde ó minha nossa
senhora das tempestades quando me livrar desse pesadelo?
Artur Kabrunco
leia mais aqui
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Alice
A música está no bico dos pássaros
na pétala da lamparina
no caracol dos teus cabelos
no movimento dos músculos
e no m das mãos
nada mais sagrado
do que teus olhos acesos
pra me iluminar na escuridão
Artur Gomes
O Poeta Enqaunto Coisa
Editora Penalux – 2020
www.juras-secretas.blogspot.com
navegar
na morte berço das ervas no aprendizado dos ossos
o cavalgar dos caminhos de prata
casa de madeira palha jaboticaba legume trigo
-ela intimidade cruel no destino das origens-
passo a passo
esclarece o beija-flor
o meu outro o amante o feiticeiro o nome no
silêncio da jornada
-viva na hortelã e rosas brancas-
na idade da cabeça do cavalo no berço das palhas
nas sete linhas d’água
cante
a túnica branca o número a nomear
seja
pranto miúdo no encantamento dos antepassados
nas mãos dos pássaros
nas colheitas de café
mulheres celestiais cantam na beira do rio
galhos de hortelã e rosas brancas
arruda manjericão guiné
Macumbaria Poética - Arte Ancestral
José Geraldo Neres
Alceu Valença em seu disco "Espelho Cristalino". Um LP
incrível. Eu, como paulista, filho de nordestinos, dentre eles uma
pernambucana, sinto-me totalmente identificado com esta obra. Quem mais aí
gosta do grande Alceu? Viva ao meu Pernambuco
Matheus Alves
Valério
Um dia sentiremos falta de tudo o que não vivemos, das coisas mais
bonitas que deixamos de fazer, dos milagres que não conseguimos enxergar, por
olharmos sempre para longe.
. Sentiremos falta do amor que não doamos, da
canção que não ouvimos, das tardes com um horizonte todo tingido de laranja.
. E sentiremos saudade do abraço recolhido, dos
olhos refletindo o céu, das noites e das manhãs de abril.
. Sentiremos saudade da casa, da porta sempre
aberta, das risadas pelos cômodos, de um dia especial.
. Somos feitos de retalhos, dos pequenos retalhos
que a vida nos doa, e vamos, dia após dia, costurando nossa história entre
lágrimas e sorrisos.
. Somos feitos dos pedaços que ficam e que vão
embora. De chegadas, de partidas.
De saudade estrada à fora.
[Eunice
Ramos]
[Comunidade Reflexões&Vida]
[Foto: Silvia Mendonça]
[Chapada dos Veadeiros]
[05/2023]
Fala do Homem
Nascido
"Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar."
José Niza
LEMBRA DE MIM! (excerto)
"Lembra de mim!
Dos beijos que escrevi
Nos muros a giz
Os mais bonitos
Continuam por lá
Documentando
Que alguém foi feliz...
Lembra de mim!
Nós dois nas ruas
Provocando os casais
Amando mais
Do que o amor é capaz
Perto daqui
Há tempos atrás..."
Compositores: Ivan Lins/Vitor
Martins
Na calma da tarde
vem um pensamento.
Partir para sempre.
Só. No adeus do vento.
Vão as velas côncavas
sobre o mar aberto
vão levando o amor
ao destino certo.
Turva calmaria
afunda o verão.
Naufragado amor.
O amor é somente
uma dessas cousas
que vêm e que vão.
.
H. Dobal
"De Ephemera"
Não tenho por hábito contar meus sonhos.
Mas nesta noite sonhei que eu era pai.
Pai de uma palavra.
Marie era seu nome.
Ela tinha cabelos encaracolados e seus olhos
espalhavam a profundidade de um mar de flores.
Foi um sonho bonito.
Só não me lembro se eu sabia trocar as fraldas de
minha palavra.
Leonardo Tonus
Vai demorar muito para chegar o pós-impressionismo e a arte moderna? Só
vejo imagens, na maioria, conservadoras.
W. Bougureau,
Ninfas e sátiros, óleo sobre tela. 1873
Este álbum é um primor da música brasileira: "A Página do Relâmpago Elétrico", de Beto Guedes. Cada faixa é um alento na alma. Quem o ouve, torna-se mineiro na hora. Viva a Beto Guedes, viva ao Clube da Esquina, viva a Minas Gerais
Matheus Alves
Valério
“Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras,
de recente data.”
Guimarães Rosa
Jean-Michel Basquiat
Diagram of a Ankle 1982
Medium
Xeroxed paper, oil stick, and acrylic on two hinged canvases
Dimensions
60 × 120 in. (152.4 × 304.801 cm)
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