DA CARNE DA PALAVRA
por Tanussi Cardoso, poeta
Ator, produtor, videomaker e agitador cultural, o
poeta Artur Gomes tem assinatura própria. SagaraNAgens Fulinaímicas, seu mais
novo livro, repleto de citações a partir do título, é a prova generosa do que
afirmo: um inventário da pulsação de sua escritura, uma das mais iluminadas,
entre os remanescentes da geração que se inicia nos anos 60-70.
Mesmo mirando certa desconstrução narrativa, o
autor semeia as raízes culturais, germinadas naquelas décadas, que
desabrocharam como furacão em nossa arte, principalmente vindas da canção
popular, com sua palavra cantada, da poesia marginal, da Tropicália, do
Concretismo, do poema-postal, da poesia visual, do cinema e, mesmo, dos
quadrinhos.
Todo esse caldeirão cultural, todas essas
referências e linguagens eram (são) muito próximas: Caetano, Gil, Torquato,
Glauber, Leminski, Waly, Gullar, Hilda Hilst… E é desse quadro geracional (e
bem lá atrás, Drummond, Murilo Mendes, Bandeira, Cabral, Quintana, Mário,
Oswald e Guimarães Rosa – e principalmente -, a trilogia dos malditos: Rimbaud,
Baudelaire e Mallarmé, além dos ecos do mestre beat, Allen Ginsberg), é desse
manancial criativo que o poeta consegue desarmar o que nele se encontra
envolto, de forma atávica, e reafirmar seus próprios tempo e potência, com o
refinamento de sua fala.
Ao unir todo artefato onde exista possibilidade de
poesia, Artur Gomes habita o lugar entre a palavra e a imagem, ao experimentar
os sentidos que lhe chegam, sugando os afluentes existentes nas estruturas
tradicionais de nossas artes, e reescrevendo-os a seu bel-prazer, num mix de
nostalgia e futuro.
“visto uma vaca triste como a tua cara:
estrela cão gatilho morro
a poesia é o salto de uma vara”
De forma particular, o autor parece nos indicar
algo que se confunde com transgressão, mas, ao mesmo tempo, mantém a linha
tênue da poesia clássica, ao flertar com um romantismo de tintas fortes, e
tocando, igualmente, o surrealismo, com uma violência verbal, que cheira à flor
e à brutalidade. Cada poema possui sua própria respiração, pausa e pontuação
emocionais. Quem não gostar de sangrar e ir fundo no mais recôndito dos
prazeres é melhor não prosseguir na leitura, mas quem tiver coragem de encarar
a vida de frente e se deliciar com versos saborosos e extremamente imagéticos,
entre no mundo do poeta, de imediato, e sentirá a alegria de descobrir uma poesia
a que não se pode ficar indiferente.
“a língua escava entre os dentes
a palavra nova
fulinaimânica/sagarínica
algumas vezes muito prosa
outras vezes muito cínica”
Ainda que não pretenda novas experiências formais,
o autor consegue alcançar perspectivas ousadas e radicais, em vários
enquadramentos linguísticos, sempre disponíveis para o espanto, já que quando
falamos de poesia, tocamos em lados inexatos, onde qualquer inversão de
objetividade, e da própria realidade, é sempre bem-vinda. Sua poesia tem muito
da desordem, da inobservância de regras, do não sentido, e apresenta um
discurso contrário a certo pensamento lógico, fazendo surgir nas páginas do
livro, algumas impurezas saudáveis.
“te procurei na Ipiranga
não te encontrei na Tiradentes
nas tuas tralhas tuas trilhas
nos trilhos tortos do Brás
fotografei os destroços
na íris do satanás”
SagaraNAgens Fulinaímicas nos apresenta uma peça
de tom quase operístico e, paradoxalmente, para um só personagem: o Amor. E o
desenho poético dessa montagem pressupõe uma grande carga lírica, alegórica e,
tantas vezes, dramática, ao retratar o som universal da Paixão, perseguindo a
imagem ideal dos limites do desejo. Seus versos são movidos por esse sentimento
dionisíaco, e por tudo que é excesso, por tudo que é muito, como na música de
Caetano.
“te amo
e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos”
E indaga e responde:
“até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria”
Em seu texto, há uma espécie de dança frenética,
onde interagem os quatro elementos do Universo – Terra, Água, Fogo e Ar – numa
feitiçaria cósmica em contínuo transe mediúnico. Poesia que é seta certeira no
coração dos caretas e dos conformados, ao apontar para as possíveis descobertas
inesperadas da linguagem, inebriada pela vida, pelo cantar amoroso, pelo
encontro dos corpos.
“e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa”
Dono de uma sonoridade vocabular repleta de
aliterações e assonâncias, que remetem à intensa oralidade e à pulsão musical,
refletindo no leitor o desejo de ler os poemas em voz alta, o poeta brinca com
as palavras, cria neologismos, utiliza-se de colagens originais, e soma ao seu
vasto arsenal de recursos, o uso das antíteses, dos paradoxos, das metonímias,
das metáforas, dos pleonasmos e, principalmente, das hipérboles, através de
poemas de impactante beleza. Esse jogo vocabular, que a tudo harmoniza,
transforma a dinâmica do verso, dá agilidade, tensão e ritmo envolventes a uma
poesia elétrica e eletrizante. Um bloco de tesão carnavalizante e tropical –
atrás de Artur Gomes só não vai quem não o leu.
“quero dizer que ainda é cedo
ainda tenho um samba/enredo
tudo em nós é carnaval”
De forma lúdica e irônica, reconstrói, ou reverte,
as intenções de Guimarães Rosa, quando Sagarana se mistura à ideia de paisagens
e ao sentido de sacanagens; e às de Mario de Andrade – onde Macunaíma reparte
seu teor catártico em poéticas folias, ou em fulias de imagens, ou seja, em
fulinaímicas poesias, banhadas de caos e humor.
“é língua suja e grossa
visceral ilesa
pra lamber tudo que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
desta língua portuguesa”
Ao seguir de perto o conceito metafórico do
processo crítico e cultural da Antropofagia, o artista ratifica seus valores,
com sua língua literária, e reafirma o ato de não se deixar curvar diante de
certa poesia catequisada pela mesmice e pelo lugar comum, distanciando-se da
homogeneidade de certo academicismo impotente e de certos parâmetros poéticos
com que já nos acostumamos. De acordo com o próprio autor, revelado em uma
entrevista, SagaraNAgens Fulinaímicas é um pedido de bênção a seus Mestres, imbuído
do teor catártico que sua poesia contém, como o fragmento do poema que abre o
livro:
“guima meu mestre guima
em mil perdões eu vos peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste”
E afirma:
“só curto a palavra viva
odeio essa língua morta
poema que presta é linguagem
pratico a SagaraNAgem
no centro da rua torta”
No livro, os poemas se interpenetram,
linguisticamente, libidinosos, doces e cruéis, vampiros de imagens ferrenhas,
num aparente jogo de representação, onde o rosto do poeta se mostra e se
esconde, de acordo com a mutação e o reflexo de seus espelhos interiores. Seus
textos ora afirmam, ora desmentem o já dito, a nos lembrar um de seus ídolos,
Raul Seixas, e a sua metamorfose ambulante. Sentimentos contraditórios, como se
o autor quisesse, propositalmente, escorregar segredos pelos nossos olhos,
ambiguamente, rindo de nós, a nos instigar: “Desnudem a minha esfinge!”
“eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta”
Na verdade, sua poesia apresenta vários (re)
cortes, várias direções, vários abismos e formas de olhar a vida e o mundo.
Como se o verdadeiro Artur se dissolvesse em outros, a cada poema, e essa
dissipação o transformasse em alguém improvável, impalpável. Errante. Artur
Gomes, ele mesmo, são muitos. E todos nós. Afinal, “o poeta é um fingidor”, ou
não?
“a carne que me cobre é fraca
a língua que me fala é faca
o olho que me olha vaca
alfa me querendo beta
juro que não sou poeta”
Tantas vezes escatológico e sensual, numa
performance textual que parece uma metralhadora giratória, o seu imaginário
poético explode em tatuagens, navalhas, sangue, cicatrizes, punhais, facas,
cuspe, pus, línguas, dedos, dentes, unhas, seios, paus, porra, carne, flores e
lençóis, como um paraíso construído num inferno, e toca o nosso céu interior,
nas ondas de um mar verde escondido em nosso peito. Na nossa melhor alma.
Sem falsos pudores, o autor procura, em seu
liquidificador de palavras, misturar o erótico, o profano e o sagrado, com
cortes de cinismo e grande dose de humana solidariedade. Equilibrista na
corda-bamba, sem rede de proteção, entre razão e delírio, instiga dualidades
com seus versos de alta voltagem poética. Com linguagem rebuscada, seu trabalho
ultrapassa os limites das páginas do livro, e reverbera como tambor, mesmo após
o término de sua leitura.
“a carne da palavra
: POESIA
l a v r a q u e s o l e t r o
todo Dia”
A poesia de cunho social é, igualmente, referência
obrigatória em seu trabalho, desde o início de sua carreira literária,
marcadamente, em Jesus Cristo Cortador de Cana, de 1979, mas, principalmente,
no memorável e premiado O Boi Pintadinho, de 1980. Esses poemas
político-sociais, junto ao tema amoroso, também encontramos em outras obras
importantes do poeta, como Suor & Cio, de 1985, Couro Cru & Carne Viva,
de 1987 e 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de
Campos, de 1990, BraziLirica Pereira: A Traição da Metáforas, de 2000, e se
inserem em todos os seus livros posteriores, que culminam agora em SagaraNAgens
Fulinaímicas.
Em suas viagens imemoriais, o poeta mistura São
Paulo, Copacabana, Búzios, calçadas, origem, chão, mares, cactos, sertão, onde
tudo sangra de maneira violentamente bela e sem volta. Só a língua a ser
reconstruída em poesia.
“ando por são Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara”
Artur Gomes sabe que ao escritor cabe proporcionar
beleza e prazer. Entende que a poesia existe para expressar a condição humana,
tocar o coração e a emoção do outro, e dar oportunidade para que seu
interlocutor tenha chances de conhecer-se mais e melhor. E que só há um meio de
o poeta conseguir seu intento: cuidar e aperfeiçoar a linguagem. Sempre
coerente, Artur Gomes sublinha o essencial de seu pensamento, ratificando em
seu trabalho que as duas maiores palavras da nossa língua são amor e liberdade.
“a coisa que me habita é pólvora
dinamite em ponto de explosão
o país em que habito é nunca
me verás rendido a normas
ou leis que me impeçam a fala”
SagaraNAgens Fulinaímicas veio confirmar o que os
leitores do poeta já sabiam: Artur Gomes é um artista instigante, um cantador
que desafia rótulos. No seu fazer poético, há um desfocar proposital da
realidade, onírico e cinematográfico, que mergulha em constantes vulcões, em
permanente ebulição – um texto em contínuo movimento. Sua poesia
metalinguística, plástica, furiosa, delicada, passional, corporal, sexual,
desbocada, invasiva, libertária, corrosiva, visceral, abusada, dissonante,
épica é, antes de tudo, a poesia do livre desejo e do desejo livre. Nela, não
há espaço para o silêncio: é berro, uivo, canto e dor. Pulsão. Textura de vida.
Uma poesia que arde (em) seu rio de palavras
o espelho do Brasil
e a Samarco/Vale
é a puta que pariu
Federika Lispector
poética
27
paixão é tudo
entre teu corpo e o poema
a faca desliza
amolada
entre a casca e a pele da fruta
quando sair para o banho
acenda a luz do abajour
aos pés da cama
e deixe que eu escreva nos lençóis
as palavras selvagens
que baudelaire nos ensinou
Artur
Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com
na
pele do poema
o cavalo selvagem
cavalga a pele do poema
enquanto transa na pastagem
um novo trote
a deusa do rock
berra em outro canto
rúbia passeia o mar de iriri
com o fogo a flor da pele
o sal pelas entranhas
sede na vagina Úrsula
e um berro pra cada pranto
enquanto na voragem da vertigem
assento a Pedra de Xangô
na Vitória do Espírito Santo
Cristina Bezerra
Girassóis pousando
nu teu corpo: festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva de saliva doce
Artur Gomes
in Couro Cru & Carne Viva
poétika
nem santa
nem puta
apenas filha
dessa ilha
seja do que for
Federika Lispector
naquela
noite de chuva
as cores no vestido de Yansã passaram
despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do
Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha
tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as
sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de
chuva num coração estraçalhado
61
revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me
acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal
catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o
éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da
janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos
canteiros ouvindo o som que nos unia
linguagem de cinema
corta o verso do avesso
e a cena segue em outra dimensão
sem seta sem endereço
como se a nova meta
enlouquecesse o coração
mãos ao alto:
uma quadrilha
invadiu o planalto
Federika Lispector
eu não sou santa
a flor
da boca
ficamos duas horas em frente a casa velha aline
perseguia os pássaros e eu comia o vento que passeava entre a pele eriçando os
pelos ela me falou do prazer que ainda não tinha vivido e me mostrou a flor da
boca tinha gosto de saudade o tempo da escrita e tudo que ali fizemos
Artur Gomes
poesia muito prosa
www.fulinaimagens.blogspot.com
a dor
do ciúme
érika era o azul
como o poema sujo
entre a serra e o vinhedo
a jura secreta
na carne das vinículas
e sua carne na ponta dos meus dedos
nosso segredo sagrado
por entre as vinhas de Bento
em comnhão e sacramento
o beijo quase rasgado
dentro das taças de vinho
e tanto amor prometemos
em rendas brancas de linho
érika era o azulzinho
por entre as tranças do vento
bebendo meu desalento
no interior da cozinha
e a mãe sôfrega na cama
ardendo o seu queixume
fazendo amor e
vertendo a dor do teu ciúme
Federico Baudelaire
O Ator
Plinio Marcos
Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do
cotidiano tornem um homem duro ou cínico o bastante para fazê-lo indiferente às
desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que
seja, um recanto suave no qual ele guarda ecos dos sons de algum momento de
amor que viveu em sua vida.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem
que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade,
e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição
a que, por desencanto ou medo, se sujeita, e por aí inquietá-lo e comovê-lo
para as lutas comuns da libertação.
Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir
as pessoas nos pontos nos quais não existem defesas. Os atores, eles, e não os
diretores e os autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.
O público vai ao teatro por causa dos atores. O
autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes
interpretações dos atores. Mas, o ator tem que se conscientizar de que é um
cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma
dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que
fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha
muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno
para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus
personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser
humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com
seus códigos de ética pretendem.
Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de
humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua
insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem a bússola da fé ou da
ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu
mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem
tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco
com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para
expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.
Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor
para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu
público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, que
tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem
que a única recompensa que podem ter – não é o dinheiro, não são os aplausos -
é a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os
atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada
registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e
sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por
qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica. (1986)
TEATRO - Gêneros
Tragédia
Peça dramática de enredo sério que promove uma
catarse, ou purgação no espectador ao assistir a luta dos personagens contra
poderes muito mais altos e mais fortes, que em geral os levam à capitulação e à
morte. A derrota das aspirações do herói trágico, muitas vezes, é atribuída à
intervenção do destino ou aos seus defeitos morais e vícios que concorrem para
o seu fim adverso. Atualmente não se encontram mais tragédias, no sentido
antigo, e sim dramas com final infeliz.
Na clássica tragédia grega, os personagens lutam
contra o Destino, uma força que domina igualmente as ações dos homens e dos
deuses.
No início, as tragédias faziam parte das festas em
homenagem ao deus Dionísio (ou Baco), nas quais era comemorando o retorno da
primavera e a fertilidade dos campos. A própria palavra tragédia mostra essa
ligação entre o teatro e os ritos populares religiosos: Tragédia deriva de
tragós, que em grego significa bode, animal muito usado nos sacrifícios dos
festivais dionisíacos.
No século VII a.C., a tragédia foi sendo
sofisticada e aprimorada até tornar-se um gênero autônomo distante de sua
origem nas festividades religiosas.
A tragédia pode ser considerada também a
representação da fragilidade do homem perante os deuses.
Segundo a poética realizada por Aristóteles, as
tragédias se dividem em 3 partes:
- Unidade de tempo;
- Unidade de espaço;
- Unidade de ação.
E ainda possuem as seguintes características:
* exposição: apresentação dos personagens e da
estória.
* conflito: oposição e/ou luta entre diferentes forças.
* peripécia: reviravolta.
* revelação.
* catástrofe: conclusão, acontecimento principal
decisivo e culminante.
* catarse: purgação, purificação, que acontece
geralmente no final. (MAIS!)
Comédia(s)
A comédia é o uso de humor nas artes cênicas. Uma
comédia é uma peça humorística na qual os atores dominam a ação. A comédia pura
é o mais raro de todos os tipos de drama. Na comédia a ação precisa não somente
ser possível e plausível, mas precisa ser um resultado necessário da natureza
do personagem. De forma geral, "comédia" é o que é engraçado, o que
faz rir. (MAIS!)
Comédia Atelana: No antigo teatro romano, peça no
gênero da farsa, curta, caracterizada pelas sátiras político-sociais da antiga
cidade de Atela, e na qual os atores eram mascarados e personificavam tipos
fixos.
Comédia De Caráter: Aquela que a ação se define
pelas atitudes peculiares as diferentes personagens.
Comédia De Costumes: Reflete os usos e costumes,
idéias e sentimentos de determinada sociedade, classe ou profissão. Martins Pena
foi o grande percussor da comédia de costumes.
Comédia Dell’Arte: Floresceu na Europa durante o
século XVII e sua ação de gestos estereotipados é sempre improvisada, embora os
enredos e os personagens sejam fixos; alguns deles usavam máscaras, e permanecem
até hoje como tipos característicos de carnaval.
A Commedia Dell’Arte tornou regra no elenco a
presença da atriz, afastada em muitas épocas do palco, por ancestral
preconceito.
Os atores usavam máscaras devolvendo essa comédia
aos rituais religiosos, com a despersonalização do indivíduo, para que ele
participe dos mistérios sagrados e se preocupavam com a preparação corporal
acrobática/coreográfica, vocal e mímica. Os roteiros eram muito ricos,
apresentavam sempre um grande número de personagens, mas os tipos eram fixos e
representados pelos mesmos atores.
Havia o célebre personagem Arlechino e também
Colombina, Pantaleone, Brighela, Dottore, Capitano, etc... (MAIS!)
Comédia Moral: Comédia de costumes que encerra
princípios éticos.
Tragicomédia
Definimos o que é comédia com suas diferentes
"classificações" e o que é tragédia. Mas é possível um casamento
perfeito entre dois gêneros tão distintos?
Basicamente, a Tragicomédia é um drama onde se
associam elementos trágicos e cômicos. Como era de se imaginar, é a mistura do
trágico com o cômico.
Segundo o dicionário Aurélio, trata-se de uma peça
teatral que participa da tragédia pelo assunto e personagens, e da comédia
pelos incidentes e desenlace.
Originalmente, significava a mistura do real com o
imaginário. A tomada da vida cotidiana e absurda com um toque especial de
comédia, de forma a descontrair; deixando-a verdadeira e engraçada. Usam-se
temas como violência, morte, roubos, dentre outros e a estes é dado o humor.
Hoje em dia, é utilizado com frequência em peças
teatrais e filmes.
Respondendo assim a pergunta feita no início: Sim,
é possível e perfeitamente! A tragicomédia é um ponto forte no qual o teatro
conquista grande sucesso e expansão.
Farsa ou Farsesco
O Farsesco ou Farsa é um gênero dramático
predominantemente baixo cômico, de ação trivial, com tendência para o burlesco
(cômico; ridículo). Inspira-se no cotidiano e no cenário familiar e é o mais
irresponsável de todos os tipos de drama.
Caracteriza-se por seus personagens e situações
caricatas. Se distingue da comédia e da sátira por não preocupar-se com a
verossimilhança nem pretender o questionamento de valores. Busca apenas o humor
e, para isso, vale-se de todos os recursos; assuntos introduzidos rapidamente,
evitando-se qualquer interrupção no fio da ação ou análises psicológicas mais
profundas; ações exageradas e situações inverossímeis.
Sua estrutura e trama são baseadas em situações em
que as personagens se comportam de maneira extravagante, ainda que pelo geral
mantêm uma quota de credibilidade. Seus temas e personagens podem ser
fantásticos, mas podem ser críveis e verossímios.
Embora existam elementos farsescos nas comédias de
Aristófanes e Plauto, a farsa originou-se nos mimos medievais. Recorre a
estereótipos (a alcoviteira, o amante, o pai feroz, a donzela ingênua) ou
situações conhecidas (o amante no armário, gêmeos trocados, reconhecimentos
inesperados).
Surgiu em meados do Século XII com o Teatro
Medieval e suas divisões: o Teatro Sacro (tratava de milagres, autos, moralidades
e mistérios) e o Teatro Profano (Farsas). Nas representações profanas usavam-se
as "farsas", os "arremedos burlescos", que tinham o
objetivo de arrancar gargalhadas do público.
No Renascimento, autores dedicaram-se ao gênero,
entre eles Gil Vicente com a trilogia satírica das Barcas - o "Auto da
Barca do Inferno" (1516), "Auto da Barca do Purgatório" (1518) e
"Auto da Barca da Glória" (1519) - misturando elementos alegóricos
religiosos e místicos.
Drama
É representado em tom mais coloquial que a
tragédia e ter episódios levemente cômicos, entremeados de cenas sérias. O
drama pode ser declamado, declamado com intervenções cantadas ou totalmente
cantado.
O Drama é usado como gênero de personalização em
filmes, cinema, telenovelas, teatro e qualquer representação de personagem.
O chamado Drama Social é uma nova linha de
tragédia em que as forças do destino se materializavam como força de convenções
sociais sobre o indivíduo, principalmente na injustiça sócio-econômica. Pode
ser entendido como uma forma séria de espetáculo, performance ou filme que não
chega a ser uma tragédia.
O conflito inerente ao drama é a disputa que
permite ao espectador tomar partido e se interessar pela representação no
palco. O herói grego luta com o sobre-humano, o herói do drama elisabetano luta
contra si mesmo, e o herói do Drama Social luta contra o mundo.
Melodrama
O termo Melodrama origina-se do francês mélodrame,
que pela análise etimológica: melos (grego) que significa som, e drame (latim
antigo) que significa drama.
Sua característica é intensificar as virtudes e
vícios das personagens, sejam protagonistas ou antagonistas, enfatizando
artificialmente suas características já que o objetivo maior deste gênero é
impressionar e comover o espectador, com a semelhança com a realidade. Existe
um grande maniqueismo, os personagens, ou são muito bons ou então são
extremamente maus. O bem e o mal estão sempre em luta, e o bem, depois de muito
sofrimento, lutas e peripécias, acaba vencendo o mal.
Possui significados contraditórios e é aplicado
com diferentes significados e ocorrências variadas ou em distintas, algumas
vezes refere-se a um efeito utilizado numa obra, outras como estilo da obra e
outras como gênero.
O melodrama teatral surgiu oficialmente como
gênero em 1800 com a obra Coeline de René-Charles Guilbert de Pixérécourt e
teve como principais representantes o inglês Thomas Holcroft seu introdutor na
Gran Bretanha, o alemão August Friederich Von Kotzebue e o irlandês Dionysius
Lardner Boursiquot ou Dion Boucicault.Ao final do século XIX, novas propostas
estéticas surgiam, entre elas o naturalismo, negando assim muitas das formas
super utilizadas de interpretação do melodrama, que foram consideradas
anti-naturais. Logo o termo melodrama se tornou sinônimo de uma interpretação
exagerada, anti-natural, assim como de efeitos de apelo fácil à platéia.
Auto
Do latim actu = ação, ato. Trata-se de um gênero
cuja finalidade é tanto divertir quanto instruir com seus temas que podem ser
religiosos ou profanos, sérios ou cômicos, no entanto devem possuir sentido
moralizador.
Tem sua origem na Idade Média, na Espanha, por
volta do século XII. Mas foi no século XVI, que o português Gil Vicente que a
expressão deste gênero dramático realmente despontou.
O auto era escrito em redondilhos (versos de sete
sílabas) e visava satirizar pessoas. Não possui uma estrutura definida, então
para facilitar sua leitura divide-se o auto em cenas da maneira clássica, a
cada vez que uma nova personagem entra em cena.
Pantomima
Pantomima, Mímica ou Mimodrama: Peça de qualquer
gênero que o(s) ator(es) se manifesta(m) apenas e simplesmente por gestos,
expressões corporais ou fisionômicas, prescindindo da palavra e da música, que
pode ser, também, sugerida por meio de movimentos; mímica.
Resumindo, é um espetáculo teatral sem palavras,
em que os artistas comunicam seus pensamentos e sentimentos através da dança,
da expressão facial e corporal. É a arte de narrar com o corpo.
Com este gênero, os pantomímicos precisam buscar a
forma perfeita, a estética da linha do corpo, pois através do gesto tudo será
dito, uma boa pantomima está na habilidade adquirida pelo pantomímico em se
transformar durante a interpretação, passando para a platéia as mensagens que
se fizerem necessárias, pelos gestos.
É uma das artes que exige o máximo do artista para
que este receba o máximo de retorno do público, ou seja, a atenção da platéia
para que a mensagem seja passada devidamente.
Teatro do Absurdo
Criado na segunda metade do século XX, o Teatro do
Absurdo procurava representar no palco a crise social que a humanidade vivia.
Gênero moderno que utiliza elementos chocantes e
ilógicos na composição do enredo, personagens e diálogos, com o objetivo de
reproduzir o desatino e a falta de soluções que faz parte da vida do homem e da
sociedade.
Os seus representantes mais importantes são Eugène
Ionesco, Samuel Beckett, Harold Pinter, Arthur Adamov, G. Schahadé, Antonin
Artaud, J. Audiberti e J. Tardieu, Fernando Arrabal, Günther Grass e
Hildersheimer e no Brasil, destaca-se José Joaquim de Campos Leão, mais
conhecido como Qorpo Santo.
A inspiração dos dramas absurdos era a burguesia
ocidental, que, segundo teóricos, distanciava-se do mundo real, com suas
fantasias e ceticismo em relação às conseqüências desastrosas que causava ao
resto da sociedade.
Ópera
Trata-se de um drama encenado com música, que é
apresentado utilizando os elementos típicos do teatro, como cenografia,
figurinos e etc. Porém, a letra da ópera (libreto) é cantada e não falada como
normalmente em uma peça teatral. O termo Ópera surgiu de opus (latim =
"obra"). Possui diferentes tipos e/ou formas específicos como, a
Ópera-balada, Ópera Cômica ou Buffa, Ópera de Pequim, e a Opereta.
A “Ópera-balada” (Francesa) é um tipo de ópera que
utiliza diálogos falados, intercalando com músicas inspiradas, geralmente, em
temas populares. A sua maior característica é sua formação com grande número de
interpretes que dominam a linguagem da música/canto e do teatro/interpretação,
são na maioria das vezes atores-cantores.
Ópera Cômica ou Ópera-Buffa (Italiana) possui
maior quantidade de diálogos falados e seu conteúdo e o resumo da encenação é
repleto de comicidade.
O Ching Hsi também conhecido como Ópera de Pequim,
que mescla as diferentes linguagens cênicas, como dança, música, teatro,
acrobacia e os demais artifícios cênicos que venha enfatizar a interpretação e
o uso da voz, utilizando a técnica do falsete para cantar e falar.
Opereta é uma ópera pequena. Contém mais diálogos
narrados do que músicas e é vista por muitos como uma obra de menor seriedade,
por sua característica de tratar de temas frívolos e comuns do dia-a-dia das
pessoas. Porém seus cantores treinam a ópera de forma clássica.
Musical
Gênero em que a narrativa é constituída por um
combinado de músicas coreografadas e diálogos falados.
Musical é o termo utilizado para definir a união
do teatro com a música. Pode se confundir com a ópera ou o cabaré, visto que os
três apresentam estilos diferentes, porém as linhas que os delimitam são
difíceis de definir. Em sua maioria, possuem roteiros quase que completamente
cantados sendo raras as partes em que há diálogo entre os personagens e uma
orquestra ou banda ao fundo criando a trilha sonora para fundir a cantoria à
atuação.
Os três componentes essenciais de um espetáculo
musical, são: a música, a interpretação e o enredo. A música e a letra são o
propósito do musical; o enredo refere-se à parte dramática do espetáculo e a
interpretação relaciona as performances de dança, encenação e canto.
Com cerca de vinte a trinta canções, podem durar
desde uns poucos minutos à várias horas. Os mais populares, duram de duas horas
à duas horas e quarenta e cinco minutos e atualmente, são geralmente
apresentados com intervalos de quinze minutos entre os atos.
Teatro de Bonecos
Teatro de Bonecos (Marionetes, Fantoches, Teatro
de Animação ou ainda Teatro Lambe-Lambe) é a representação teatral feita com
bonecos de manipulação, em especial aqueles onde o palco, cortinas, cenários e
demais elementos próprios são construídos especialmente para a apresentação.
Acredita-se que o Teatro de Bonecos talvez seja
mais velho do que o próprio teatro com atores de verdade. Tendo sua origem na
mais remota antiguidade, com o passar do tempo os homens começaram a modelar
bonecos de barro, inicialmente sem articulações. Na Grécia antiga, os bonecos
possuíam conotações religiosas. O Império romano assimilou da cultura grega o
Teatro de Bonecos, que rapidamente se espalhou pela Europa. Na idade média, os
bonecos eram utilizados em doutrinações religiosas e apresentados em feiras
populares. Depois da primeira guerra, as marionetes foram difundidas pelo mundo.
Os bonecos se apresentam de diferentes formas. Podem
ser pendurados por fios ou cordões quase invisíveis, com o manipulador dando à
vida aos personagens movimentando uma cruzeta na qual estão amarrados os fios,
onde cada um deles é responsável pelo movimento de um dos membros do boneco ou
então podem ser colocados na mão como luvas.
Chegou ao nordeste do Brasil como forma de
manifestação popular e se propagou por todo o país através de artistas
mambembes. Essa forma de teatro é chamada de Mamulengo, na qual os bonecos
representam personagens do nosso folclore.
Teatro de Revista
Gênero em que os atos são divididos em quadros
mais ou menos independentes, ainda que ligados uns aos outros por um tema
comum, geralmente alegre e crítico, tudo em meio a exibições de beleza de
atrizes e cenários, ao som de músicas igualmente alegres, especialmente
compostas.
O Teatro de Revista pretendia agradar os
diferentes segmentos da sociedade. É um gênero teatral importante na história
das artes cênicas, com seu auge no século XX em Portugal, que tinha como
principais características números musicais, apelo à sensualidade e à comédia
leve com críticas sociais e políticas destacando-se com o texto em verso e a
presença da opereta, da comédia musicada, das representações folclóricas e da
dança. Recorre também ao modelo francês de enredo frágil servindo como elo
entre quadros que marcam a estrutura fragmentária do gênero.
O Teatro de Revista tornou-se um gênero popular no
Brasil a partir do final do século XIX. Aqui, o também chamado simplesmente por
Revista, foi responsável pela revelação de diversos talentos no cenário
cultural, como Carmem Miranda e sua irmã Aurora, as chamadas vedetes de imenso
sucesso como Wilza Carla, Dercy Gonçalves e Elvira Pagã. Já na variante
conhecida como Teatro Rebolado, compositores como Dorival Caymmi, Assis Valente
e Noel Rosa.
O Gênero é marcado por três fases marcantes no
Brasil:
- A primeira fase do gênero é marcada pela
valorização do texto em relação à encenação, e pela crítica de costumes
composta por versos e personagens alegóricos.
- A segunda fase é movida pelos grandes nomes que
levam o público ao teatro. É a fase em que o gênero se equilibra entre quadros
cômicos e de crítica política, e os números musicais e de fantasia.
- Já a terceira fase marca o ponto onde, aos
poucos, a revista começa a apelar para o escracho, para o nu explícito, em
detrimento de um de seus alicerces: a comédia. E é dessa maneira que entra em
seu período de decadência, desaparecendo quase que completamente nos anos 60.
Teatro de Rua
Gênero de teatro popular apresentado em praças,
ruas, avenidas e lugares públicos em geral, ao ar livre, em rodas de
espectadores ao nível do chão ou em plataformas, caminhões, praticáveis, etc.
com recursos técnicos precários, ou inexistentes.
Teatro de Sombras
Espetáculo teatral em que a ação dramática é
mostrada ou sugerida pelas sombras dos atores, projetadas de fora sobre uma
tela translúcida. Também tem o nome de: teatro de silhuetas.
Surgindo na Pré-História, por volta de 5.000 a.C.,
quando os homens se encantavam com sombras movendo-se nas paredes das cavernas,
o Teatro de Sombras trata-se de uma representação em uma tela branca com um
foco de luz aceso contrariamente projetando sombras de silhuetas de figuras
humanas, animais, ou objetos, recortadas em papel ou formadas com determinadas
posições das mãos reportando-nos ao mundo mágico das histórias de faz de conta.
Uma lenda chinesa diz que “no ano 121, o imperador
Wu Ti, da dinastia Han, desesperado com a morte de sua bailarina favorita,
ordenou ao mago da corte que a trouxesse de volta do "Reino das
Sombras", caso contrário, seria decapitado.
O mago usando a imaginação com uma pele de peixe
macia e transparente, fez a silhueta de uma bailarina. Com tudo preparado, o
mago ordenou que no jardim do palácio, fosse armada uma cortina branca contra a
luz do sol e que esta deixasse transparecer essa luz.
Houve uma apresentação para o imperador e sua
corte. Esta apresentação foi acompanhada de um som de uma flauta que "fez
surgir a sombra de uma bailarina movimentando-se com leveza e
graciosidade". Neste momento, teria surgido o teatro de sombras.
Noh
Noh, Nō, Nô ou Nou é a forma clássica de teatro
japonês combinando canto, pantomima, música e poesia, sendo interpretado apenas
por atores, que passam sua arte pela tradição familiar. Seu universo é habitado
por deuses, guerreiros e mulheres enlouquecidas, às voltas com os mistérios do
espírito. Os espetáculos Noh ocorrem num palco bastante despojado, feito de
hinoki liso (cipreste japonês). O cenário é constituído apenas pelo kagami-ita,
(pinheiro pintado, no fundo do palco) por sua interpretação que se refere aos
rituais xintoístas, pelos quais os deuses descem à Terra por este meio.
Kabuki
O Teatro Kabuki, é um gênero de teatro japonês,
conhecido pela estilização do drama e por suas elaboradas maquiagens e seu
principal tema é o conflito entre a humanidade e o sistema feudal.
A única característica do Kabuki, e talvez a mais
significativa na conservação do invulgar espírito Kabuki é o fato de que não
utiliza atrizes em cena. Todos os papéis femininos são representados por
elementos masculinos conhecidos como onnagata. (MAIS!)
Butô
Traduzindo-se o termo Butoh, "bu"
significa dança e "toh" significa passo.
Concebido inicialmente como “Ankoku Butoh”, ou
“Dança das Trevas”, ele surge no final dos anos 50, num Japão recém-humilhado
pela rendição na Segunda Grande Guerra. (MAIS!)
Stand-up Comedy
É uma expressão em língua inglesa que indica um
espetáculo de humor executado por apenas um comediante. O humorista se
apresenta geralmente em pé (daí o termo 'stand up'), e na ausência da quarta
parede.
Também conhecida como humor de cara limpa, a
comédia stand-up privilegia o artista munido apenas do microfone, sem
personagem, fantasia ou acessórios. O humorista stand up não conta piadas
conhecidas do público (anedotas). É normal que se prepare números com texto
original, construído a partir de observações do dia-a-dia e do cotidiano.
O gênero do "one man show" que é
semelhante, mas permite outras abordagens (interpretação de personagens,
músicas, cenas) foi introduzido no Brasil por José Vasconcelos, na década de
70. Aproximando-se mais ainda do estilo americano, Chico Anysio e Jô Soares
mantiveram o gênero - principalmente em seus shows ao vivo, e geralmente, na
abertura de seus programas - se aproximando da comédia stand up como vemos hoje.
Clown
Clown é a palavra inglesa para palhaço, porém no
teatro não refere-se àquele modelo clássico de palhaço que vemos em circo. Um
clown no teatro é basicamente: o próprio ator de forma "exagerada".
Ou seja: se determinado ator se acha gordo, por
exemplo, ele vai usar justamente essa característica para exagerar a própria
imagem e personalidade.
Além disso, o clown tem alguns fatores de
interpretação únicos que assemelham-se às peripécias de um palhaço comum feitas
de forma mais teatral.
Complemento de estudo Livro "O Elogio da
Bobagem"
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