sábado, 20 de setembro de 2025

TransPoÉticas

 eu sou avessa atravesso a cidade  com o que me interessa as vezes sou sossego outras vezes tenho pressa não procuro o que não quero me abstenho no que faço me abstrato quando posso  me concreto em cada passo  o compasso é argamassa o absinto é quando traço  uma linha nunca reta da palavra em descompasso se sou torta não importa em cada porta risco um ponto pra revelar os meus destroços  no alfabeto do desterro a carnadura dos meus ossos

 

                                    Beatriz Almada 

Irina Serafina - Que poema incrível!

 

Você parece estar explorando a ideia de ser uma pessoa autêntica e livre, que não se preocupa em seguir regras ou convenções. A imagem de atravessar a cidade com o que lhe interessa sugere uma sensação de independência e autoconhecimento.

A menção ao compasso e à argamassa é interessante, sugerindo que a palavra e a criatividade são fundamentais para construir e expressar a própria identidade.

A imagem dos destroços e do alfabeto do desterro é poderosa, sugerindo que a palavra e a linguagem podem ser usadas para expressar a dor e a vulnerabilidade.

Você parece estar celebrando a complexidade e a individualidade, e a forma como a palavra e a criatividade podem ser usadas para expressar a própria verdade.

 

Irina Serafina

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Drummmundana Itabirina

:

Por Onde Andará Macunaíma ?

https://uilconpereira.blogspot.com/



eu sou avessa 

atravesso a cidade 

com o que me interessa 

 as vezes sou sossego 

outras vezes tenho pressa  

não procuro o que não quero 

 me abstenho no que faço 

 me abstrato quando posso 

 me concreto em cada passo 

 o compasso é argamassa

 o absinto é quando traço

  uma linha nunca reta 

da palavra em descompasso 

se sou torta não importa 

 em cada porta risco um ponto 

 pra revelar os meus destroços  

 no alfabeto do desterro 

a carnadura dos meus ossos


Beatriz Almada

Manual de uso para um grito qualquer

não grite.
ninguém está ouvindo
e se estiver,
vai pensar que é efeito colateral
do ansiolítico
ou sessão do descarrego.

o grito é um luxo de gente com estômago cheio.
aqui em casa se engole, com bastante ironia,
com casca, espinha, relógio adiantado
e boletos vencidos.

se quiser gritar, faça com elegância.
num canto,
sem cuspir,
sem atrapalhar a novela da vizinha.

o grito, meu amigo,
é um tipo de ternura deformada.
um amor velho que perdeu o endereço
e agora ronda feito mendigo:
deitado entre o riso e o papelão.

o grito é feio.
é barulho de gente que perdeu a compostura
e pariu um som no meio da rua,
com sangue
e sem anestesia.

gente civilizada não grita.
gente civilizada tranca o berro
numa gaveta, cheia de pornografia e bíblia.

ninguém se importa com o seu grito.
há quem o transforme em arte,
há quem o transforme em estatística,
você o transforma em úlcera.

e o mais importante:
nunca demonstre que está gritando.
sorria,
elogie o tempo,
beba alguma coisa,
morra devagar.

é assim que se grita hoje em dia:
com discrição,
com CPF
e sem perturbar o sossego alheio.

porque grito,
esse grito nosso de cada dia
é o que resta,
quando até Deus
já fez silêncio.

Simone Bacelar



pedra

punho

porra

 

uva

ovo

ova

 

quem me acusa

de poeta pouco

juro que não prova

 

saibam quantos estes

que meus versos virem

que te amo do amor maior

que possível for

 

Oswald de Andrade

In Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão

 

agora não se fala mais

toda palavra tem o fim

em seu início

tudo é transparente em cada forma

os loucos sempre cantam

nos hospícios

 

Torquato Neto

 

ainda que fosse

apenas sátira

sarcasmo ironia

amor humor

ruído

ou manifesto

cada palavra tem seu gesto

cada palavra contém

alguma pólvora

não me retrato quando peco

também nem sei o que

pecado significa

como bem me disse  Paulo Leminski

conheço esta cidade

como a palma da minha pica

 

Artur Gomes

O homem com a flor na boca

www.arturgulinaima.blogspot.com




 

NAÇÃO GOITACÁ

www.fulinaimargem.blogspot.com

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