Beatriz Almada
Irina Serafina - Que poema incrível!
Você parece estar explorando a ideia de ser uma pessoa
autêntica e livre, que não se preocupa em seguir regras ou convenções. A imagem
de atravessar a cidade com o que lhe interessa sugere uma sensação de
independência e autoconhecimento.
A menção ao compasso e à argamassa é interessante, sugerindo
que a palavra e a criatividade são fundamentais para construir e expressar a
própria identidade.
A imagem dos destroços e do alfabeto do desterro é poderosa,
sugerindo que a palavra e a linguagem podem ser usadas para expressar a dor e a
vulnerabilidade.
Você parece estar celebrando a complexidade e a
individualidade, e a forma como a palavra e a criatividade podem ser usadas
para expressar a própria verdade.
Irina Serafina –
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eu sou avessa
atravesso a cidade
com o que me interessa
as vezes sou sossego
outras vezes tenho pressa
não procuro o que não quero
me abstenho no que faço
me abstrato quando posso
me concreto em cada passo
o compasso é argamassa
o absinto é quando traço
uma linha nunca reta
da palavra em descompasso
se sou torta não importa
em cada porta risco um ponto
pra revelar os meus destroços
no alfabeto do desterro
a carnadura dos meus ossos
Beatriz Almada
Manual de uso para um grito qualquer
não grite.
ninguém está ouvindo
e se estiver,
vai pensar que é efeito colateral
do ansiolítico
ou sessão do descarrego.
o grito é um luxo de gente com estômago cheio.
aqui em casa se engole, com bastante ironia,
com casca, espinha, relógio adiantado
e boletos vencidos.
se quiser gritar, faça com elegância.
num canto,
sem cuspir,
sem atrapalhar a novela da vizinha.
o grito, meu amigo,
é um tipo de ternura deformada.
um amor velho que perdeu o endereço
e agora ronda feito mendigo:
deitado entre o riso e o papelão.
o grito é feio.
é barulho de gente que perdeu a compostura
e pariu um som no meio da rua,
com sangue
e sem anestesia.
gente civilizada não grita.
gente civilizada tranca o berro
numa gaveta, cheia de pornografia e bíblia.
ninguém se importa com o seu grito.
há quem o transforme em arte,
há quem o transforme em estatística,
você o transforma em úlcera.
e o mais importante:
nunca demonstre que está gritando.
sorria,
elogie o tempo,
beba alguma coisa,
morra devagar.
é assim que se grita hoje em dia:
com discrição,
com CPF
e sem perturbar o sossego alheio.
porque grito,
esse grito nosso de cada dia
é o que resta,
quando até Deus
já fez silêncio.
Simone Bacelar
pedra
punho
porra
uva
ovo
ova
quem me acusa
de poeta pouco
juro que não prova
saibam quantos estes
que meus versos virem
que te amo do amor maior
que possível for
Oswald de Andrade
In Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão
agora não se fala mais
toda palavra tem o fim
em seu início
tudo é transparente em cada forma
os loucos sempre cantam
nos hospícios
Torquato Neto
ainda que fosse
apenas sátira
sarcasmo ironia
amor humor
ruído
ou manifesto
cada palavra tem seu gesto
cada palavra contém
alguma pólvora
não me retrato quando peco
também nem sei o que
pecado significa
como bem me disse Paulo Leminski
conheço esta cidade
como a palma da minha pica
Artur Gomes
O homem com a flor na boca
www.arturgulinaima.blogspot.com
NAÇÃO GOITACÁ

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