sexta-feira, 8 de março de 2024

Múltiplas Poéticas

Pedra Pássaro Poema

 

era uma vez um mangue

e por onde andará Macunaíma

na sua carne no seu sangue

na medula no seu osso

será que ainda existe algum

vestígio de Macunaíma

na veia do seu pescoço?

 

na teoria dos mistérios

dos impérios dos passados

nas covas dos cemitérios

desse brasil desossado?

 

Macunaíma não me engana

bebeu água do paraíba

nos porões dos satanazes

está nos corpos incinerados

na usina de cambaíba

em Campos dos Goytacazes

 

Macunaíma não me engana

está nas carcaças desovadas

na praia de manguinhos

em São Francisco do itabapoana

 

Artur Gomes

Poesia Plural

Org. Chris Resplande

Editora Arribaçã – 2023

https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/



*


 É HOJE! É HOJE! É HOJE!

9 março 2024  

Vernissage da exposição coletiva de arte contemporânea "Mulher 8", na qual participo com o poema visual "Me-We".

Exposição MULHER 8
Galeria Espaço Zagut
16h | 09.Mar.2024
Rua Siqueira Campos 43 / 725.
Copacabana.Rio de Janeiro, RJ 

                    Tchello d´Barros



*

Ferências – Valdir Rocha 

*

Amor no bairro Floresta

eu passo os dias a por reparo
quando ao fechar a janela
fitas o pé de quaresmeira

e ao percorrer a cidade, buscando direções
conta-me sobre constelações

Órion, que se apaixonou por Artémis
e foi morta por um escorpião
Andrômeda e sua forma espiral

a vida em seus métodos
a rua Pitangui e suas intersecções
você se perde e é preciso voltar

à casa
ao apartamento
à torneira que goteja como chuva
esticando as vontades

a vida apresenta-me um amor
em tempo de madureza
sua refeição de nuvens e fome

e se tenho um amor
penso na rosa fulva e incandescente
que avidamente desfolhas

pois se tenho um amor
durmo nos braços de um poema

e entre essas tantas e outras coisas
que este amor apresenta
eis que aprendo sobre o tempo

Adri Aleixo

foto: Marcello Vitorino 

Sim, já fui às ruas protestar, cartaz, megafone, silêncios e todos os instrumentos ao alcance, lembra-me o face.

Fui, mas já não vou... Estou exausta!

Mantenho, no meu "calado pertencido", a utopia cultivada, apenas para poder caminhar.

 

                      Dalia Teles Veras 


"O Auto-retrato"

às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
as coisas que não existem
mas um dia existirão…
e, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
minha eterna semelhança,
no final que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

 

Mário Quintana 


Estou só

cabeças na multidão
corações arfantes
mãos que abanam
bocas que gemem
olhos murchos
corpos inflados

patinam no desamor
sem perder o prumo

scmos seres em filas
com ares longínquos
fios de sedas
devorados por traças

pés cansados
seres fugidios
pálidos, sem cores

como putas que aguardam fregueses
nas esquinas

como cadelas
que abanam seus rabos

somos fantasmas solitários
piscando pro infinito
sentados nos degraus da infância

rastejamos na euforia popular
sorrisos plastificados
sem sabores,
como seres penhorados
vadiamos
aguardando a sua vez...

Me conceda
a próxima dança?

 

Luiza Silva Oliveira 


Federika Bezerra

leia mais no blog

https://arturfulinaima.blogspot.com/


 a vida e sua lógica

a tempestade vem
se instala
molha tudo
você acha que vai se afogar
e depois percebe
que só por causa dela,
floresceu.


                                  Mônica Braga 


MULHER

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Florbela Espanca 



ALGUMA POESIA

não. não bastaria a poesia deste bonde

que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador

aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.

.
Artur Gomes In Couro Cru & Carne Viva Prêmio Internacional de Poesia – Quebec – Canadá 1987 Poeta, ator, produtor, compositor, agente cultural, inquieto “cachorro doido”. É impossível falar da poesia de Campos dos Goytacazes sem mencionar um de seus principais militantes. Artur é um tipo de poeta sem “papas”, mas com “farpas” na língua. Seu texto é cortante da vertente política à amorosa. Artur é musical, intertextual. Seus poemas pertencem a uma classe específica: a dos que precisam também ser falados em voz alta. Não é um poeta apenas para estantes, mas para o palco, bares, ruas, etc. E assim faz o poeta, que freqüenta várias cidades do Brasil declamando seus textos, participando de mostras e festivais. Em Campos, foram muitos os eventos e as performances produzidos por ele. Desde mostras visuais de poesia brasileira a happening em ônibus e bares. O poema acima apresenta um eu-poético deslizando pelos prazeres e paisagens da urbana Rio de Janeiro dos anos 80. O verso conciso é também carregado de imagens sonoras seqüenciadas em rimas com aliterações e assonâncias como “porca” “Lorca” “Urca”. Esse recurso aparece com freqüência em outros textos do poeta. Será uma das razões de tantas parcerias de Artur Gomes com músicos como Paulo Ciranda e Luiz Ribeiro?


Adriano Moura

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concretar é preciso
Tchello d´Barros

Artur Fulinaíma
teve sua conta
banida do face
mas teimoso e concreto
ele permanece aqui
erótico
ereto

Rúbia Querubim
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https://porradalirica.blogspot.com/


Sarau Campos VeraCidade

 Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia

 mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no que foi o que é e o que pode ser.

 Abertura:

Leitura do poema Cidade, de Prata Tavares, por Artur Gomes

 Participações:

mesa de bete-papo:

 Sylvia Paes + Fernando Rossi + Carol Poesia + Ronaldo Junior

 poesia:

Clara Abreu + Jonas Menezes + Valdiney Mendes + Marcelo Perez + Gezebel Mussi

 música:

Thais Fajardo + Arnaldo Zeus + Reubes Pess + Renato Braga

 teatro infantil:

 Grupo GOTA

direção:

Simone Jardim

 contação de estória

: Onalita Tavares Benvindo

 produção:

Artur Gomes e Clara Abreu

direção: Artur Gomes

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https://fulinaimagens.blogspot.com/

Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos Uma Outra História


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