Pedra Pássaro Poema
era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe algum
vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?
na teoria dos mistérios
dos impérios dos passados
nas covas dos cemitérios
desse brasil desossado?
Macunaíma não me engana
bebeu água do paraíba
nos porões dos satanazes
está nos corpos incinerados
na usina de cambaíba
em Campos dos Goytacazes
Macunaíma não me engana
está nas carcaças desovadas
na praia de manguinhos
em São Francisco do itabapoana
Artur Gomes
Poesia Plural
Org. Chris Resplande
Editora Arribaçã – 2023
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/
É HOJE! É HOJE! É HOJE!
9 março 2024
Vernissage da exposição coletiva de arte
contemporânea "Mulher 8", na qual participo com o poema visual
"Me-We".
Exposição MULHER
8
Galeria Espaço Zagut
16h | 09.Mar.2024
Rua Siqueira Campos 43 / 725.
Copacabana.Rio de Janeiro, RJ
Tchello d´Barros
*
Ferências – Valdir Rocha
*
Amor no bairro Floresta
eu passo os dias a por reparo
quando ao fechar a janela
fitas o pé de quaresmeira
e ao percorrer a cidade, buscando direções
conta-me sobre constelações
Órion, que se apaixonou por Artémis
e foi morta por um escorpião
Andrômeda e sua forma espiral
a vida em seus métodos
a rua Pitangui e suas intersecções
você se perde e é preciso voltar
à casa
ao apartamento
à torneira que goteja como chuva
esticando as vontades
a vida apresenta-me um amor
em tempo de madureza
sua refeição de nuvens e fome
e se tenho um amor
penso na rosa fulva e incandescente
que avidamente desfolhas
pois se tenho um amor
durmo nos braços de um poema
e entre essas tantas e outras coisas
que este amor apresenta
eis que aprendo sobre o tempo
Adri Aleixo
Fui, mas já não vou... Estou exausta!
Mantenho, no meu "calado
pertencido", a utopia cultivada, apenas para poder caminhar.
Dalia Teles Veras
"O Auto-retrato"
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
as coisas que não existem
mas um dia existirão…
e, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
minha eterna semelhança,
no final que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!
Mário Quintana
Estou só
cabeças na multidão
corações arfantes
mãos que abanam
bocas que gemem
olhos murchos
corpos inflados
patinam no desamor
sem perder o prumo
scmos seres em filas
com ares longínquos
fios de sedas
devorados por traças
pés cansados
seres fugidios
pálidos, sem cores
como putas que aguardam fregueses
nas esquinas
como cadelas
que abanam seus rabos
somos fantasmas solitários
piscando pro infinito
sentados nos degraus da infância
rastejamos na euforia popular
sorrisos plastificados
sem sabores,
como seres penhorados
vadiamos
aguardando a sua vez...
Me conceda
a próxima dança?
Luiza Silva
Oliveira
Federika Bezerra
leia mais no blog
https://arturfulinaima.blogspot.com/
a tempestade vem
se instala
molha tudo
você acha que vai se afogar
e depois percebe
que só por causa dela,
floresceu.
Mônica Braga
MULHER
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
Florbela Espanca
ALGUMA POESIA
não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca
lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa carregada de
pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.
não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.
não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos
não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.
.
Artur Gomes In
Couro Cru & Carne Viva Prêmio Internacional de Poesia – Quebec – Canadá
1987 Poeta, ator, produtor, compositor, agente cultural, inquieto “cachorro
doido”. É impossível falar da poesia de Campos dos Goytacazes sem mencionar um
de seus principais militantes. Artur é um tipo de poeta sem “papas”, mas com
“farpas” na língua. Seu texto é cortante da vertente política à amorosa. Artur
é musical, intertextual. Seus poemas pertencem a uma classe específica: a dos
que precisam também ser falados em voz alta. Não é um poeta apenas para
estantes, mas para o palco, bares, ruas, etc. E assim faz o poeta, que
freqüenta várias cidades do Brasil declamando seus textos, participando de
mostras e festivais. Em Campos, foram muitos os eventos e as performances
produzidos por ele. Desde mostras visuais de poesia brasileira a happening em
ônibus e bares. O poema acima apresenta um eu-poético deslizando pelos prazeres
e paisagens da urbana Rio de Janeiro dos anos 80. O verso conciso é também
carregado de imagens sonoras seqüenciadas em rimas com aliterações e
assonâncias como “porca” “Lorca” “Urca”. Esse recurso aparece com freqüência em
outros textos do poeta. Será uma das razões de tantas parcerias de Artur Gomes
com músicos como Paulo Ciranda e Luiz Ribeiro?
Adriano Moura
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https://fulinaimargem.blogspot.com/
concretar é preciso
Tchello d´Barros
Artur Fulinaíma
teve sua conta
banida do face
mas teimoso e concreto
ele permanece aqui
erótico
ereto
Rúbia Querubim
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https://porradalirica.blogspot.com/
Sarau Campos VeraCidade
Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia
mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no que foi o que é e o que pode ser.
Abertura:
Leitura do poema Cidade, de Prata Tavares, por Artur Gomes
Participações:
mesa de bete-papo:
Sylvia Paes + Fernando Rossi + Carol Poesia + Ronaldo Junior
poesia:
Clara Abreu + Jonas Menezes + Valdiney Mendes + Marcelo Perez + Gezebel Mussi
música:
Thais Fajardo + Arnaldo Zeus + Reubes Pess + Renato Braga
teatro infantil:
Grupo GOTA
direção:
Simone Jardim
contação de estória
: Onalita Tavares Benvindo
produção:
Artur Gomes e Clara Abreu
direção: Artur Gomes
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https://fulinaimagens.blogspot.com/
Realização: Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos Uma Outra História
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