vampiro goytacá
canibal tupiniquim
poesia muito prosa
viagens metafóricas por realidades reinventadas
veraCidade
por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus dentes de concreto são paulo é quem me devora selvagem devolvo a dentada na carne da rua aurora
serAfim 1 - Artur Gomes
para ademir assunção
um nome escrito no vento
não quero o sentido normal
da coisa como me aparenta
quero a realidade
exatamente como a gente inventa
no concreto do abstrato
na argamassa do concreto
sou
vampiro bêbado de sangue
assassinei os alfarrábios
para inventar meu alphabeto
para renata magliano
lancei o tempo
numa agulha da fresta
ainda bêbado de ontem
bebo as trina e cinco pausas
de uma mulher em chamas
que ainda não conheço
o tempo me dirá o endereço
como metáfora ou alquimia
e sendo drama ou festa
tempo de poesia
é o que nos resta
vamos comer mastigar chupar beber
devorar deglutir cuspir escrever xingar falar sobreviver sobrevoar os telhados de todos os fantasmas goytacá ancestrais invadir os palácios de todos tupiniquins canibais mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que preciso não quero perder o meu juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz
no lado esquerdo
do peito
o direito não conforta
nem comporta a estrada
que preciso
nu poema
a porta
que se abre
a procura do inciso
31 janeiro 2010
era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim mais uma vez me beijou e bem ali no pé do ouvido me falou assim:
- vamos pra saideira
meu vampiro goytacá
canibal tupiniquim meu serafim
a saideira foi itacoatiara itaipu
engenho do mato dentro
engenho de dentro fora
quando penso que clara está vindo
irina já foi embora
o barro de alguns barracos continuam entranhados na carne com seus nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri trago a poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas unhas vampiro goytacá canibal tupiniquim
no branco do papel deponho a faca a foice navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br
já fui do breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido na paulista roubei poemas do piva para vender nas lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta da língua da memória
quando criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde no porão da casa onde aprendi a enxergar clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro
viraram espelhos para os meus numa madrugada 27 agosto 1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu
quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista
quem me vê
assim
tão comportado
não sabe
o que se passa
aqui no centro
não sabe do vulcão
em erupção
nesse serTão
do mato dentro
a traição das metáforas
para juliana stefani
dandara ainda mora
naquela beira de estrada
com seu vestido amarelo
no rio grande do sul
mesmo que não esteja
ainda a vejo
atravessando a calçada
saindo do carro azul
abrindo o portão da casa
de 7 portas douradas
com mil garrafas de vinho
psicografadas na sala
por algum poeta dos pampas
que escreveu por aquelas rampas
o que testemunhou nos vinhedos
quando italianos chegaram
nas serras dos meus segredos
origem
sou
afro-tupi
guarani
goitacá que
subiu o paraíba
para o
litoral paulista
nasci na
cacomanga
bicho do
mato
curupira
carrapato
sou campista
não tiro
onda de turista
sou Retalhos
Imortais do SerAfim
comigo é
assim
:
nem fiado
nem à vista
II
áfrica sim
minha mãe de
sangue
cresci
mamando do teu leite
lambendo o
sal
da tua carne
quente
bebendo água
suja
no tanque
sou fel
pimenta azeite
quem quiser
que me aguente
eu sou a
lama do mangue
metáforas em linhas curvas
quando manhã
canta e não chove lucia me fala das coxas de yve mergulhadas no pontal até a
última sílaba do poema letras salgadas de mar embora mesmo que agora chova e a
noite seja um relâmpago de estrelas sinto que nos falta um vagalume para
alumiar a escuridão tantas vezes lamparina acesa no bar de neivaldo foram
lâmpadas florescentes entre olhos famintos de luz no verão de 2010
minha escrita
grita
muitas vezes
invento
palavras soltas ao vento
a flor dos meus delírios
tem cheiro de poesia
relâmpagos de Iansã
incêndio no meio dia
netuno em polvorosa
me disse em verso e prosa
que ela vem com o frescor da maresia
e eu serei o seu Ogum
anjo da guarda e companhia
hoje mesmo distante
essa preamar me incendeia
ondas espumas explodem na areia
tempestades trovoadas ventania
e nem sei se estando perto
calmaria
estação 353
para cecília in memória
eu planto
minha estação existe
a adubagem orgânica está completa
não sou negacionista nem sou triste
sou poeta
irmão das coisas da alegria
eu sinto o gozo no tormento
atravesso noites e dias - invento
eu sei que planto
e o sistema é bruto
mas a terra gira como pomba gira
amora minha eterna namorada
e amanhã eu sei colherei teus frutos
nessa minha estação amada
hoje me surgiu esta ideia:
estava lendo antonio cícero
e antonio carlos secchin
e ai pensei - ler ler ler ler re-ler
não escrever - parece-me brincadeira
aprendizado para vida inteira
do mim dentro de mim
o Eu dentro do Eu
o Não dentro do Sim
metáfora 1
suspenso no ar às vezes penso se devo pensar tanto como um poema de
mayakóvisk ela um dia virá ao meu encontro e ressuscitará o poema que ontem não
nasceu a vida não é só flores ela me disse clarice em cada coisa tem o instante
em que ela é as vezes também penso ela não virá aí vou para praça jogar milho
aos pombos ao jardim zoológico dar comida aos patos os meus sapatos já conhecem
os anos de espera na última primavera os lírios não nasceram e as rosas eram só
espinhos com minha língua na faca cortei a fala ainda na garganta e fui pra
sala afiar o taco ela não sabe que o vinho que guardei pra ela é de uma safra especial de bacco
hipotemusa
a
menina da lanchonete hoje
rói as unhas de ira pira
quando quero
o que ela pensa que é apenas bolero na praça são
salvador com
esse poema torto que
te leva ao desconforto de
pensar o que não sinto como
ela vive sozinha entre
pastéis e empadas sua
vida é hora marcada de
entrada e de saída não
conhece uma outra vida por
isso me olha estranha com
uma sede faminta de
comer meus olhos
com palavras – quando te digo : não minta
hipotemusa 1
a
menina da lanchonete
em
frente a floricultura
são
salvador
mexe
na flor dos cabelos
dedos
entre pelos
enquanto
aguço os olhos
pensando
mar de abrolhos
na
terceira margem do rio
leio
um poema no cio
grafitado em isopor
não sendo assim
seja como for
hipotemusa 2
ela
bagunça meus 7 sentidos
aguça
lambuza
planta
um punhado de brócolis
no
pé do meu ouvido
me
dá de beber mastruz com leite
de
comer esphirra koreana
lhe
chamo de sacana
ela
me diz que é bacana
me
fazer de pé de moleque
pra
lamber meus sustenidos
hipotemusa 3
ela
agora usa piercing no nariz
sem medo de ser feliz
joga capoeira no mercado
aprendeu dançar suing
não dá mole pra racista
nem pra patrão
que escraviza empregado
hipotemusa 4
essa
garota me alucina
não
sabe ficar quieta com santa teresa
no
parque das ruínas
tem
mais de mil desejos
um
deles é quebrar meus óculos
com
sua fome de beijos
tem
mais de mil ofícios
um
deles é mapear o litoral
das
minhas costas
pelas
praias de são francisco
essa
garota é bárbara
afrodite
artemanha de iansã
me
banha com sua língua de vênus
as
terças-feiras de manhã
hipotemusa 5
quero botar no seu orkut um
negócio sem vergonha um poema descarado já chegando fevereiro e meu rio de janeiro
fica lindo mascarado
quero botar no seu e-mail um
negócio por inteiro eu não sou zeca baleiro pra ficar cantando a mama que ainda
tem medo do papa
meu negócio é só com a mina
que me trampa quando trapa meu negócio é só com a mina que me canta
ouvindo rappa
vou encontrá-la no rio psiu poético
sentidos todos plural um tanto cético nessa ponte para o nada - duvido que não
exista alguma esperança nos olhos de uma criança disse-me a hipotemusa no
amarelinho da lapa antes de atravessarmos para o ccjf com alguma poesia na
manga do lado esquerdo do pulso rasgar o verbo da fome e entregar à cara
a tapa
hipotemusa 7
hoje
acordei com
uma vontade da porra de
trepar na goiabeira talvez
assim quem sabe ela
me chame de jesus e
tire ele da cruz
ou
quem sabe bacurau ou
quem sabe bacuri para
acabar com carkamanos
ou
então até quem sabe ela
me chame de
exu cabra da peste do
nordeste koreano
hipotemusa 8
pode ser que
ela nem saiba
o quanto o
tanto o torto
pode ser que
ela me queira
bem debaixo
do vestido
e me chegue
como sempre
me rasgando
a roupa
me lambendo
a boca
sem vergonha
alguma
e me pegue
bem assim
descabelado
displicente
distraído
pra querer
mais uma
poesia pra
entortar 7 sentidos
hipotenusa 9
ela me deu um beijo na boca e me
disse carne seca me interessa assada na brasa como sua língua quente salivando
entre meus dentes enquanto conto peixinhos na baia da guanabara na hora do gozo
pode cuspir na minha cara essa gosma de lesma na calçada pedra faca trinca
ferro na janela casa mal assombrada cosme velho coisinha de sal e o bruxo ainda escreve dentro dela
hipotemusa 10
quando alvoroçar os teus cabelos
quero outras coisas alvoroçadas
poros pelos entradas
maria padilha
pomba gira cigana
presente na trilha
de qualquer oxossi caçador
beatriz sua filha de santo
foi quem vi no espelho
da minha mesa de búzios
quando joguei para xangô
hipotemusa 11
fulinaimânica sagarínica
algumas vezes muito prosa
tantas vezes muito cínica
hipotemusa 12
foi em são carlos
a última vez que fui
encontrei alzira
pira da pira de pira cicaba
incendiou minha carne
devorou meu esqueleto
o lance só acaba
quando mergulhamos
em são josé do rio preto
era uma japinha
que conheci em batatais
depois da prova dos 9
deu adeus e nunca mais
hipotemusa 13 –
como ninfa estrangeira ontem me veio envolta de
plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava antropologia pelas
marinas do rio no sexo sempre quentinha feito uma gata selvagem gozando a vida
no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios lambeu o mel entre as
coxas desapareceu no navio
hipotemusa 14
nem
bem havia anoitecido no parque das ruínas teus olhos de lamparina tocaram a
pedra do reino nas águas da guanabara coisa rara aquele peixe brilhante dentro
daquela boca com seios de primavera e vinhos da santa ceia em tua língua muito
louca
jura secreta 101
as orquídeas ainda são azuis
girassóis relâmpagos na chuva
na surpresa dentro a tempestade
dessa manhã que finda
pimenta tua boca em chamas
incendeia meus lençóis profana
essa linguagem como arco-íris
como fosse pulsação que arde
nas entranhas dessa luz de fogo
nos meus dentes mastigando a tarde
todo dia que não amanhece
anoitece
quem nunca leu sagaranagens
não pode dizer que me conhece
hoje na michigan vi o cara de bunda pra lua tirando cocô de cachorro na calçada torta tonto na califórnia cachorros moram em apartamentos bem diferente lá no engenho de dentro os cães uivam na ferrovia não são lobos mas parecia o outro cara dando marretadas na laje na esquina da santo amaro estação corpo belo universo paralelo vida louca vida Irina sorria enquanto beijava o sorvete trepada na padaria na outra esquina do dia rúbia querubim quase entuba enquanto volto pra munduba setenta e um guiado por federika a flor delírio de oxum
hoje reencontrei renata que pensava ser miragem em 2018 quando lia poemas tortos juras secretas linhas curvas nada em linha reta agora percebo a metáfora na flor da pele da meta renata metamorfose beija flor mirando a seta
minha irina toda via
é
travessa e atravessada
em
transversas travessias
trepa
sempre nas esquinas
contra o poder da tirania
no princípio era fábula depois veio o verbo logo depois a ficção e aí começou a invenção depois das sagaranagens
a selva de concreto fala
pelos seus poros ela veio de outra mata virgem agora devorada pelos dentes da
veraCidade
onde tudo é carnaval
minha madrinha se chamava cecília nunca
soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao lado
do colégio estadual nilo peçanha primeiro endereço que conheci nesta cidade
antes de estudar no grupo escolar 15 de novembro de onde muitas vezes assisti
desfilar a mocidade louca ao lado do meu padrinho benedito que inventou deixa que
eu chuto meu guardião absoluto
entre muros e paredes do presídio federal de brazilírica macabea foi jantada pelo pastor de andrade no carnaval da mocidade tem memórias por lá adormecidas que ninguém ousa contar a hipocrisia varreu daquele território a rebeldia marca registrada de um tempo que não podemos apagar trago nas nervuras entre a carne e os ossos marcas de explosões da caldeira na tipografia das letras onde tentaram me domesticar
mas sou
vampiro goytacá
endiabrado serAfim
sou canibal tupiniquim
meus
7 sentidos
fulinaíma me veio no
vento um
instrumento invento para
acrescentar a minha escritapara escancarar a minha fala percorria
a bandeirantes
quando me dirigia para
campinas com oficina de artifíciose não sei em que ofício a pedra do rock rola a pedra do vento voa depois de um instante qualquer que seja o
estalo nos
meus 7 sentidos já
perdi a conta do tanto faz então pra mim tanto fez o faz de contas que
me quiseram impor
sem ao menos saber se quero o tempo ajusta as pedras que rolam meu calcanhar é
testemunha em
toda veracidade verdade deve
ser dita em qualquer tralha
da cidade porque bem sei por
quantas trilhas já trilhei para chegar até aqui
afora em mim grafitemas nenhuma figuralidade frutas legumes verduras quem cala a fala consente houve um tempo que a dita/dura calou a fala da gente grafito em tua carne de pedra medusa de sete patas poema de sete cabeças miragens do amor que enlouqueça apóstolos na santa ceia miró brincando de circo com os olhos na lua cheia
poesia
tesão teu nome
transforma ritual &
gesto
não presto porque e te amo
te amo porque não presto
virgem santa
a fome
ainda é tanta
mas vida é pra sorrir
se divertir gozar brincar
seriedade
só no instante mais preciso
aí meu dente siso
morde a carne do decreto
no parágrafo do inciso
Artur
Gomes
https://fulinaimagens.blogspot.com/
serAfim 2 - rúbia querubim a desejada de federico baudelaire
quieta aqui nessa solidão capixaba quantas vezes me vem em sonhos ou alucinações contemporâneas tudo o que não fui eu não era a bruna beber muito menos débora seco mas ele gostava até queria que fosse assim como biúte me chamava de vários nomes ao mesmo tempo aquela profusão de palavras como inseto em volta da lâmpada e os cálices nos lençóis de algodão as vezes linho para atiçar nossa luxúria com a contribuição da enel que nos deixava quase sempre no escuro na guarapari do espírito santo uma noite ele passou o tempo todo lendo pagu no meu ouvido e macabea não se conforma por ter sido deixada de lado nas artes cínicas do presídio federal de brazilírica trafega com seus fantasmas pelos corredores falando para o vento que entra pelos buracos das fechaduras
nasci no dia nacional do samba talvez por isso aos 15 entrei para mocidade independente de padre olivácio – a escola de samba oculta no inconsciente coletivo instituição criada pelo intrépido artur gomes uma filial da igreja universal do reino de zeus pastor de andrade o antropófago não anda muito satisfeito com meu comportamento a frente da bateria da escola mas como sou capixaba e não amo capixaba e a única coisa de capixaba que gosto é a torta e o quibe de peixe amor com capixaba não faço já disse isso milhão de vezes mas faço amor não faço guerra e quem quiser que me queira por essa terra inteira
não conheço
mas é como
se conhecesse
disse-me ontem
a psicóloga
antes que
amanhecesse
depois de uma noite
de trégua
depois de passar a régua
na direção dos caminhos
irina serafina
nem minha nem tua
toda dela semi-nua
os olhos da janela
me espreitam
enquanto devoro
este poema
salgado de sol
sede
eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar
se eu não beber teus olhos
não serei eu nem mais ninguém
quando beijar teus lábios
desço garganta mais além
quando tocar teu íntimo
onde o desejo é mais intenso
jura secreta não penso
bebo em teus cios também
a flor da tua pele
me provoca
me toca
e não sei o que fazer
me perco nas esquinas
do teu corpo
em noites de lua nova
como uma prova de física
que eu nunca soube resolver
espírito santo
guarapari aqui estou
aqui me encontro
em estado de espírito santo
nesse mar azul e branco
como as cores da portela
o rio já passou em minha vida
nas marés de um serafim
mar é o que me fica
como o deus que me habita
sem princípio meio ou fim
musa
que é musa
não tem vergonha de nada
escancara a cara no espelho
se desnuda pra fotografia
teu corpo camisa de vênus
a flor da pele irradia
rasgando a camisa de força
tua carne é só poesia
mulher de nuvens
para Micaela Albertini
fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ventania nas chegadas
serAfim 3 - federico baudelaire o mestre sala dos mares
irina serafina
nem minha
nem tua
toda dela semi-nua
escrevo
como quem
pesca uma piaba
no rio ururai
vou por aí
de itabirina
a iriri
se não cansar
cato conchinhas
de anchieta
a guarapari
você está se aproveitando da
nossa situação e está de olho na minha mulher não vai colar porque gigi
federika lady rúbia eu gênia agora é minha quem mora com ela em iriri do
espírito santo sou eu pode tirar seu cavalhinho da chuva seu tempo de guarapari
passou se não é capixaba que se dane quero mais que o quiabo voz carrege porque
sua banda de reggae aqui não toca aqui não é freguesia do ó e você nem conhece
quibe de peixe pra ficar jogando isca no meu quintal de areia sua sereia já
morreu faz tempo o templo agora é outro pastor de andrade me deu a chave de
entrada da cancela principal gado não entra e o bom cabrito vai berrar do lado
de fora
só quem sabe do riscado
entende o seu ofício
procura palavra nua toda viva
toda crua
o resto que se foda
quero toda palavra toda
toda bruta toda puta
na artimanha o concreto
no abstrato do ereto
para rúbia querubim
a pétala da flor deságua sobre a flor da
tua pele nas águas salgadas desse mar
na correnteza desse rio eu bebo tudo que revele cada gota dessa água na leveza
do teu cio
alfândega
em santa cruz de la sierra
o poema e o anjo torto
se beijam num copo de vodka
com pimenta boliviana
e traçam maydoida cigana
que me deixou no desconforto
a metáfora da esfinge rúbia querubim tem o destino torto do anjo serAfim que mesmo sabendo de oswald
nada sabia de mim
bolivariando 2
eu sempre andei no encalço dos olhos de carolina na fantasia dos meus passos
tem confete/serpentina onde o profano e o sagrado em puerto viej cavajarro se encontram em outro tom a
cigana boliviana com seus olhos de pimenta com suas pimentas nos olho me levou para lá sierra de santa cruz da bolívia onde se masca folhas de coca antes do coito das cinco sem chá e nem torrada e
cerveja muito menos o sexo ali é na porrada com fogos de artifícios comendo no carnaval do mato dentro
poética 43
a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo liberdade vem de dentro do motor dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas sou tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele mas toco a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tem resposta aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor
poétttica
imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada
pedra dourada
amo a pedra
onde mora
estive lá
já vim embora
assim sozinho
mas é como se a pedra
estivesse ainda em meu caminho
come poesia menina
come poesia
não há mais metafísica
no mundo
do que comer poesia
temos delicados
drops de anis
ou
chocolate de café
para festejar
Leila Diniz
Artur Gomes Fulinaíma
https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/
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