Impressões (iniciais)
de "Pátria A(r)mada":
por Nic Cardeal
Ademir Assunção está corretíssimo - sua poesia, Artur, não é literatura que se conforma em permanecer apenas nas páginas de um livro, pois a sua palavra é feita muito mais de som - de GRITO! - do que de apenas letras grafadas sobre o papel.
E esse som entra não somente pelos ouvidos, mas também transpassa através da pele e por toda a cartografia do corpo, como uma tatuagem latejante, marcando fundo todas as suas texturas, até alcançar as veias, os veios, misturando-se ao sangue, à seiva nossa de cada dia, para finalmente alimentar a alma com força, resistência, e também com a revolta/dor necessária à sobrevivência da esperança!
Em "Pátria A(r)mada" essa revolta é imensa, diretamente proporcional aos absurdos do capitalismo que nos tem devorado em variados âmbitos e sentidos.
Sua inquietude poética é a força necessária para que não sucumbamos nos abismos do conformismo e da resignação, e possamos seguir adiante, ainda que os tempos estejam cada vez mais obscuros... mas há também o amor (ainda bem!), sobreposto à miséria da realidade nua e crua de um país despedaçado e submisso às mais variadas formas de violência daqueles "poderes" desumanos, armados até os dentes...
Muito bem escolhido o título do livro, que de "Pátria amada" foi transformado em "Pátria armada", retrocedendo a um fascismo nojento após o golpe explícito de 2016.
A sua denúncia é política, social, cultural, humanitária, ética, estética - e poética! Lerei muitas outras vezes, para absorver com mais vagar cada poema!
Parabéns
!Sua poesia é viva - e é vida! Adorei! Grande abraço!
- Editora Desconcertos - São Paulo-SP - 2022
A Traição das Metáforas
Caipora tem andado
atormentada pelos corredores do presídio federal de Brazilírica, a maconha
mofada de Juiz de Fora deve ter
provocado um efeito negativo em seus
neurônios, ela tem andado surtada delirando com perturbações mentais, da ordem
dos apocalípticos seguidores do santo daime. Dai-lhe misericórdia santo Zeus
caso contrário ela vai acabar no cais da lapa, ou procurando jongo em
Custodópolis, tendo alucinações com Maria Anita, e se arriscando a levar uma
coça de umbigo de boi, e aprender a não olhar só para o seu umbigo.
Na Traição das Metáforas,
Macabea já sofreu as consequências pelos mesmos delírios, e nem psicanálise lhe
devolveu a sobriedade, ficou cada vez mais dilacerada pela própria
língua/espora com que tentava ferir a
barriga do cavalo. Ouça um bom Conselho Caipora aprendi com Chico Buarque – “eu
lhe dou de graça, venha minha amiga faça como eu faço inútil dormir que a dor
não passa, venha minha amiga brinque com
o meu fogo venha se queimar eu
semeio vento na minha cidade vou pra rua e bebo a tempestade”
Artur Gomes
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