Quem zomba de Libitina?
Libitina – Elegias e alguns infortúnios
Luto, adversidade, azar, fatalidade, tragédia, desgosto,
perda, calamidade...
A morte ronda, esperando sua vez de atuar. Mas, quem encena
grandemente este livro é Jorge Ventura, a exemplo de Alberto Caeiro (heterônimo
de Fernando Pessoa) que escreveu, na noite de oito de março de 1914, os
quarenta e nove poemas do livro “O Guardador de Rebanhos”. Jorge teve a
perspicácia de, num só fôlego, escrever, não poemas, mas trinta minicontos
dignos da apreciação do mais exigente leitor.
Recebo “Libitina – Elegias e alguns infortúnios” e me
surpreendo, logo no primeiro conto, quando um inofensivo “barulhinho de
ventilador” leva um sonho “pelos ares”.
Sigo lendo initerruptamente e, a cada página, sou tomada pelos
mais diversos sentimentos: admiração, espanto, assombro, fascinação,
estranheza, arrebatamento, choque...
Para quem sempre esteve de mau humor, morrer de rir é, no
mínimo, um triste desfecho. Os planos frustrados de um belo funeral, em época
de pandemia, decepcionam qualquer falecido. E a ironia de um coveiro, que não
tem onde cair morto, me entristece e me diverte.
Sem mais spoilers, afirmo que “Libitina – Elegias e
alguns infortúnios” traz a indesejada, a mais temida, a inaceitável criatura,
para um plano quase palpável, tornando esta obra, certamente, imortal.
Sonia Maria Mazzei
“O que não provoca a minha morte, faz com que eu fique mais
forte.”
Friedrich Nietzsche.
BOLSONARISTAS fascistas partiram para o DESESPERO: atacam o
Banco do Brasil, uma das maiores instituições brasileiras, com mais de 200 anos
de história.
“O Banco do Brasil informou nesta sexta-feira 22 que adotará
medidas judiciais após a onda de ataques à instituição financeira promovidos
nas redes sociais. Algumas postagens que circularam na internet ao longo do dia
recomendam usuários a retirarem seus recursos do banco em meio às sanções dos
Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
Em nota, o BB afirmou que as publicações buscam “gerar pânico
e induzir a população a decisões que podem prejudicar a sua saúde financeira”.
“Declarações enganosas ou inverídicas que tenham como objetivo
prejudicar a imagem do Banco do Brasil não serão toleradas.
O banco tomará todas as medidas legais cabíveis para proteger
sua reputação, seus clientes e seus funcionários”, ressalta o comunicado.
Mais cedo, a presidenta do banco, Tarciana Medeiros, enviou
ofício à Advocacia-Geral da União no qual menciona a possibilidade de acionar a
Justiça com base lei que trata de crimes contra o sistema financeiro nacional.
A legislação prevê multa e pena de dois a seis anos de
reclusão para quem divulga informações falsas ou incompletas sobre instituições
financeiras.
A nota divulgada pelo BB ainda pontua que o banco atua em
conformidade com a legislação brasileira, as normas dos mais de 20 países onde
está presente e os padrões internacionais que regem o sistema financeiro.
“Com mais de 80 anos de atuação no exterior, a instituição
acumula sólida experiência em relações internacionais e está preparada para
lidar com temas complexos e sensíveis que envolvem regulamentações globais”.
Um dos responsáveis por orientar, nas redes, a debandada de
clientes foi o advogado criminalista Jeffrey Chiquini, defensor do bolsonarista
Filipe Martins na ação do golpe.”
“O Banco do Brasil é 51% estatal, o Banco do Brasil vai
cumprir a decisão do Flávio Dino e o Banco do Brasil vai ser sancionado pela
Lei Magnitsky e vai ser desligado do sistema Swift global. Tirem imediatamente
seu dinheiro do Banco do Brasil porque ele será sancionado, isso é uma
certeza”, disse Chiquini em um canal bolsonarista no Youtube. “
“O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) é outro que incitou
a população a retirar dinheiro dos bancos nas redes sociais. “Tirem seu
dinheiro dos bancos. Moraes vai quebrar o Brasil”, escreveu em uma rede social.
Moraes foi alvo da sanção do governo Donald Trump sob o argumento de que ele
lidera uma “caça às bruxas ilegal” contra cidadãos e companhias brasileiras e
americanas, incluindo uma suposta perseguição a jornalistas e ao ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL).”
Com Informações de Carta Capital e Agência Brasil.
por Lau Siqueira
Tive o prazer de conhecer Bruno em Pombal, no Sertão. Fui
colega de trabalho de sua esposa, Lívia - baita professora de música. Que
privilégio ler seus textos por aqui!
“O Pastor , a Calcinha e o Vazio que nos Espelha - Uma leitura psicanalítica
A notícia correu como piada pronta: um pastor em Goiânia, flagrado de calcinha
e peruca loira, justificando a cena como parte de uma “investigação pessoal”.
Mas por trás do riso fácil, algo inquietante se insinua. O acontecimento, que
poderia ser apenas uma anedota bizarra, expõe um ponto sensível do nosso tempo:
a sobreposição entre espetáculo e intimidade, entre máscara e verdade.
Vivemos numa era em que até o segredo precisa ser exibido. O palco não é mais
restrito ao púlpito ou ao confessionário, mas às ruas, às telas, às câmeras que
tudo captam e distribuem em segundos. O que antes poderia se dissolver no
anonimato do desejo reprimido, hoje se converte em performance compulsória. O
pastor, no caso, não é apenas um homem em disfarce; ele é o emblema de uma sociedade
que já não sabe distinguir entre a experiência vivida e a cena encenada.
A contradição é gritante: quem ergueu discursos contra sexualidades desviantes
encena em público aquilo que condenava em nome da fé. O episódio revela a
distância entre palavra e corpo, entre a moralidade proclamada e o desejo que
insiste em escapar. O constrangimento nacional não nasce da calcinha em si, mas
da fissura entre a imagem construída e a realidade que insiste em atravessá-la.
É fácil ridicularizar, mas há algo de trágico no ridículo. O riso que circulou
nas redes esconde um incômodo coletivo: a percepção de que ninguém está a salvo
desse descompasso. O pastor é exposto, mas é a todos nós que o episódio devolve
um espelho. Afinal, quantos personagens montamos para sustentar nossa
respeitabilidade? Quantas chupetas emocionais carregamos, mesmo adultos, para
evitar encarar o vazio que nos assombra?
A busca por coerência, por pureza, por uma versão controlada de nós mesmos,
fracassa inevitavelmente. O que irrompe às vezes numa rua qualquer, às vezes
num deslize íntimo é o que sempre esteve lá: o desejo, o gozo, a falta de
sentido que nos move. Penso que é aí reside a lição mais incômoda desse caso:
não se trata de condenar o homem de calcinha, mas de perceber que todos, em
maior ou menor medida, caminhamos com disfarces que não resistem ao primeiro
lampejo de realidade.
O pastor virou meme. Mas a imagem que nos diverte é também a imagem do nosso
tempo: adultos que pregam certezas e vivem contradições, que falam em fé mas tremem
diante do abismo de sentido. A calcinha, símbolo improvável, revela menos sobre
o indivíduo que a vestia e mais sobre a nossa dificuldade de habitar o vazio
sem espetáculo, sem máscara, sem anestesia.
No fim o grotesco do pastor não é apenas dele. É de todos nós.
Bruno Almeida”
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