domingo, 24 de agosto de 2025


 Quem zomba de Libitina?

Libitina – Elegias e alguns infortúnios

Luto, adversidade, azar, fatalidade, tragédia, desgosto, perda, calamidade...

A morte ronda, esperando sua vez de atuar. Mas, quem encena grandemente este livro é Jorge Ventura, a exemplo de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa) que escreveu, na noite de oito de março de 1914, os quarenta e nove poemas do livro “O Guardador de Rebanhos”. Jorge teve a perspicácia de, num só fôlego, escrever, não poemas, mas trinta minicontos dignos da apreciação do mais exigente leitor.

Recebo “Libitina – Elegias e alguns infortúnios” e me surpreendo, logo no primeiro conto, quando um inofensivo “barulhinho de ventilador” leva um sonho “pelos ares”.

Sigo lendo initerruptamente e, a cada página, sou tomada pelos mais diversos sentimentos: admiração, espanto, assombro, fascinação, estranheza, arrebatamento, choque...

Para quem sempre esteve de mau humor, morrer de rir é, no mínimo, um triste desfecho. Os planos frustrados de um belo funeral, em época de pandemia, decepcionam qualquer falecido. E a ironia de um coveiro, que não tem onde cair morto, me entristece e me diverte.

Sem mais spoilers, afirmo que “Libitina – Elegias e alguns infortúnios” traz a indesejada, a mais temida, a inaceitável criatura, para um plano quase palpável, tornando esta obra, certamente, imortal.

Sonia Maria Mazzei

“O que não provoca a minha morte, faz com que eu fique mais forte.”

Friedrich Nietzsche.

BOLSONARISTAS fascistas partiram para o DESESPERO: atacam o Banco do Brasil, uma das maiores instituições brasileiras, com mais de 200 anos de história.

“O Banco do Brasil informou nesta sexta-feira 22 que adotará medidas judiciais após a onda de ataques à instituição financeira promovidos nas redes sociais. Algumas postagens que circularam na internet ao longo do dia recomendam usuários a retirarem seus recursos do banco em meio às sanções dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.

Em nota, o BB afirmou que as publicações buscam “gerar pânico e induzir a população a decisões que podem prejudicar a sua saúde financeira”.

“Declarações enganosas ou inverídicas que tenham como objetivo prejudicar a imagem do Banco do Brasil não serão toleradas.

O banco tomará todas as medidas legais cabíveis para proteger sua reputação, seus clientes e seus funcionários”, ressalta o comunicado.

Mais cedo, a presidenta do banco, Tarciana Medeiros, enviou ofício à Advocacia-Geral da União no qual menciona a possibilidade de acionar a Justiça com base lei que trata de crimes contra o sistema financeiro nacional.

A legislação prevê multa e pena de dois a seis anos de reclusão para quem divulga informações falsas ou incompletas sobre instituições financeiras.

A nota divulgada pelo BB ainda pontua que o banco atua em conformidade com a legislação brasileira, as normas dos mais de 20 países onde está presente e os padrões internacionais que regem o sistema financeiro.

“Com mais de 80 anos de atuação no exterior, a instituição acumula sólida experiência em relações internacionais e está preparada para lidar com temas complexos e sensíveis que envolvem regulamentações globais”.

Um dos responsáveis por orientar, nas redes, a debandada de clientes foi o advogado criminalista Jeffrey Chiquini, defensor do bolsonarista Filipe Martins na ação do golpe.”

“O Banco do Brasil é 51% estatal, o Banco do Brasil vai cumprir a decisão do Flávio Dino e o Banco do Brasil vai ser sancionado pela Lei Magnitsky e vai ser desligado do sistema Swift global. Tirem imediatamente seu dinheiro do Banco do Brasil porque ele será sancionado, isso é uma certeza”, disse Chiquini em um canal bolsonarista no Youtube. “

“O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) é outro que incitou a população a retirar dinheiro dos bancos nas redes sociais. “Tirem seu dinheiro dos bancos. Moraes vai quebrar o Brasil”, escreveu em uma rede social. Moraes foi alvo da sanção do governo Donald Trump sob o argumento de que ele lidera uma “caça às bruxas ilegal” contra cidadãos e companhias brasileiras e americanas, incluindo uma suposta perseguição a jornalistas e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).”

Com Informações de Carta Capital e Agência Brasil.

                 por Lau Siqueira

Tive o prazer de conhecer Bruno em Pombal, no Sertão. Fui colega de trabalho de sua esposa, Lívia - baita professora de música. Que privilégio ler seus textos por aqui!

“O Pastor , a Calcinha e o Vazio que nos Espelha - Uma leitura psicanalítica

A notícia correu como piada pronta: um pastor em Goiânia, flagrado de calcinha e peruca loira, justificando a cena como parte de uma “investigação pessoal”. Mas por trás do riso fácil, algo inquietante se insinua. O acontecimento, que poderia ser apenas uma anedota bizarra, expõe um ponto sensível do nosso tempo: a sobreposição entre espetáculo e intimidade, entre máscara e verdade.

Vivemos numa era em que até o segredo precisa ser exibido. O palco não é mais restrito ao púlpito ou ao confessionário, mas às ruas, às telas, às câmeras que tudo captam e distribuem em segundos. O que antes poderia se dissolver no anonimato do desejo reprimido, hoje se converte em performance compulsória. O pastor, no caso, não é apenas um homem em disfarce; ele é o emblema de uma sociedade que já não sabe distinguir entre a experiência vivida e a cena encenada.

A contradição é gritante: quem ergueu discursos contra sexualidades desviantes encena em público aquilo que condenava em nome da fé. O episódio revela a distância entre palavra e corpo, entre a moralidade proclamada e o desejo que insiste em escapar. O constrangimento nacional não nasce da calcinha em si, mas da fissura entre a imagem construída e a realidade que insiste em atravessá-la.

É fácil ridicularizar, mas há algo de trágico no ridículo. O riso que circulou nas redes esconde um incômodo coletivo: a percepção de que ninguém está a salvo desse descompasso. O pastor é exposto, mas é a todos nós que o episódio devolve um espelho. Afinal, quantos personagens montamos para sustentar nossa respeitabilidade? Quantas chupetas emocionais carregamos, mesmo adultos, para evitar encarar o vazio que nos assombra?

A busca por coerência, por pureza, por uma versão controlada de nós mesmos, fracassa inevitavelmente. O que irrompe às vezes numa rua qualquer, às vezes num deslize íntimo é o que sempre esteve lá: o desejo, o gozo, a falta de sentido que nos move. Penso que é aí reside a lição mais incômoda desse caso: não se trata de condenar o homem de calcinha, mas de perceber que todos, em maior ou menor medida, caminhamos com disfarces que não resistem ao primeiro lampejo de realidade.

O pastor virou meme. Mas a imagem que nos diverte é também a imagem do nosso tempo: adultos que pregam certezas e vivem contradições, que falam em fé mas tremem diante do abismo de sentido. A calcinha, símbolo improvável, revela menos sobre o indivíduo que a vestia e mais sobre a nossa dificuldade de habitar o vazio sem espetáculo, sem máscara, sem anestesia.

No fim o grotesco do pastor não é apenas dele. É de todos nós.

Bruno Almeida”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Quem zomba de Libitina? Libitina – Elegias e alguns infortúnios Luto, adversidade, azar, fatalidade, tragédia, desgosto, perda, calami...