quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jiddu Saldanha e o Cinema Possível em Cabo Frio




Noélia Albuquerque
Jiddu se preparando para encenar mais um número de mímica, um de seus talentos
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joao xavi · São João de Meriti, RJ
9/7/2009 · 18 · 2
Jiddu Saldanha é uma daquelas figuras inspiradoras, que em uma breve conversa nos traz uma série de reflexões e novas perspectivas para questões gritantes aos dias que vivemos hoje (da forma como produzimos e consumimos cultura, até a maneira que nos relacionamos como sociedade)

Graças à sorte ou a uma justiça divina (escolha aqui sua fé, e siga em frente!) tive a chance de conhecê-lo na primeira etapa das Oficinas Humano Mar em Cabo Frio. Inquieto, o curitibano que atualmente mora na Região dos Lagos tem uma longa vivência artística e toca vários projetos instigantes, sempre de olho no diálogo, no encontro e na troca.

Desta sede de realizar, Jiddu constrói filmes feitos com câmera fotográfica e editados em programas simples. Além de produzir de forma avassaladora ele ainda encontra tempo pra articular exibições de cinema nas casas das pessoas. Conheça um pouco da história de Jiddu lendo sobre tudo isso e mais um pouco nesse bate papo que tivemos via MSN.
(Entrevista por Igor Barradas, Paulo Mainhard e João Xavi)

Como foi sua trajetória até chegar ao Cinema Possível? 
Jiddu: Sempre fui cinéfilo, em Curitiba fui ao cinema pela primeira vez ver um filme chinês chamado DRAGÃO CEGO CONTRA O LOBO BRANCO... eu tinha 8 anos de idade! O Nome do cinema era ARLEQUIM, foi meu irmão mais velho que me levou e o porteiro deixou a gente entrar de graça porque ficou com pena da gente... Andamos 8 km para chegar ao cinema que ficava no centro da cidade!

Começamos bem...
Jiddu: Foi paixão à primeira vista, eu fazia de tudo para ver um filme! Inclusive apresentava números de dança para os porteiros, cantava músicas americanas num inglês fingido, qualquer mico era melhor do que ter que suportar a infância abandonada dos anos de chumbo! Eu fiquei famoso na minha comunidade por que tinha o hábito de contar filmes para os amigos... era um jogo interessante, no fundo os filmes não existiam, minha cabeça era muito fantasiosa e todo mundo gostava de me ouvir contar filmes!

Depois veio o teatro amador e então um encontro com dois cinéfilos doentes que foram meus primeiros professores de teatro. O Professor Mario Belino e o Jairo Lourenço...

Mário disse para mim que se eu não assistisse pelo menos um filme do Pasolini que não o procurasse mais! Por sorte vi no Corujão da Globo, na casa de uma suposta namorada Mama Roma! E aí pronto... o cinema virou um sonho inatingível mas autêntico... Já nos anos 80, na faculdade de teatro todos os atores iam ao cinema ao invés de teatro e só aí é que pude conhecer, de fato, o cinema Nacional... Inclusive, neste período virei mímico por causa do cinema (Chaplin,Buster KeatonMazzaropi...)


E que impressão você teve quando conheceu o cinema nacional? 

Jiddu: O Primeiro filme brasileiro que vi não lembro o nome, mas era de um personagem famoso lá no sul chamado TEIXEIRINHA! Acho que o nome do filme era VERIDIANA, era um filme caipira, ao estilo Mazzaropi mas com o toque mais ao sul do Brasil, Teixeirinha era um ídolo, que fez a famosa música "Coração de Luto", que é também conhecido como CHURRASQUINHO DE MÃE...
Depois, claro, vi todos os filmes dos Trapalhões e Mazzaropi! Até verVereda da Salvação, com o Raul Cortez, um puta filme!

E o cinema novo ou marginal paulista, chegava até você?
Jiddu: Por incrível que pareça não! Consegui ver o filme da Carla Camuriti, com música do Arrigo Barnabé, que acho que se chamava NOITE, se não me engano... A gente via mesmo é o cinema Carioca! O Rio de Janeiro era um mito na cabeça de qualquer curitibano... São Paulo soava mais operária e o Rio tinha uma imagem de prazer por causa da poesia do Vinícius e as novelas da Globo!

O nome do filme era Cidade Oculta, estamos no inicio dos anos 80, certo?
JidduCidade Oculta, isso mesmo! Mas quando vi A Idade da Terra, do Glauber, enlouqueci de vez! Entrei em transe!

O mais louco dos filmes do Glauber, o mais transgressor...
Jiddu: Com certeza, eu trabalhava num banco, fui do comitê de greve e o Gerente me ofereceu a oportunidade de sair sem ser demitido por justa causa. Recebi a rescisão do contrato de e o fundo de garantia. Pequei essa grana e comprei meu primeiro Vídeo-Cassete e aí botei pra quebrar! Vi toda a obra do Kurosawa,BergmanPolanski...

Em Curitiba quase não havia Cinema Nacional mas consegui ver os clássicos da AtlântidaCinédia Vera Cruz! Inclusive o famosoPagador de PromessaO Cangaceiro entre outros!

E como era viver isso tudo em Curitiba?
Jiddu: Devido à influência Imigrante de Curitiba eu vi muito cinema Italiano e Alemão! Até hoje as pessoas estranham como eu, com essa cara de brasileiro puro, falo do cinema alemão com tanta naturalidade. Muito simples: Curitiba nos anos 70 pululava de descendentes de imigrantes alemães, poloneses e italianos, então, vi o neo-realismo italiano como quem vê um filme do Mazzaropi!

A tecnologia trouxe a possibilidade de se fazer cinema com um celular, mas isso traz consigo uma poluição audiovisual. Como navegar nessa nova realidade? Qual é a responsabilidade dos cineastas de hoje diante dessa realidade?
Jiddu: Concordo com você, inclusive no começo do meu projeto eu tinha consciência de que estava contribuindo muito mais para a poluição visual do que para o cinema em si. Mas acho que havia uma possibilidade! Que não era bem o discurso que os agentes que produzem cinema davam...

Eu acho que nós, no Brasil, temos que aprender a realizar primeiro e para que isso aconteça é necessário ter coragem de se expor! Acho hoje meus filmes melhoraram muito, e agora eu entendo exatamente a extensão do risco que corri! Mas parece que o projeto foi se salvando pelas minhas escolhas e também pela minha intenção!

Um processo de formação, até meio autodidata...
Jiddu: Isso mesmo! Eu assumi a minha condição terceiromundista, a minha probreza... Na verdade eu sou inspirado por um cineasta de São Paulo de quem nunca vi nenhum filme mas só de saber da história dele me emociono. O Ozualdo Candeias! Dizem que ele foi o único cineasta brasileiro que terminava de fazer um filme e voltava pra vidinha pobre dele onde faltava tudo. Na verdade ele foi um exemplo de que o sonho do cinema não podia ficar restrito à classe média que tem acesso ao estudo e aos equipamentos mais caros! Então, nesse sentido, o cinema foi um encontro da inspiração com a possibilidade!

Quanto tempo o cinema possível tem de estrada e quantos rebentos ele já produziu?
Jiddu: Bom, eu produzi muitos filmes mas, claro, meu projeto está numa fase de triagem e dos quase 100 filmes que fiz nos últimos 2 anos e meio consideram pelo menos uns 20. Sendo que eu faço vários experimentos, pois, meu objetivo principal é entender o processo de um filme... então, eu faço vários tipos de audiovisual: documentários, clipes, ficção, cinepoema... e muito material experimental!

E onde é que esses filmes vão parar?
Jiddu: Pois é, pouca gente sabe que sou publicitário de formação. Então, meus filmes são muito mais assistidos do que parecem! Eu tenho os canais de usuário no Youtube, são 6 ao todo, onde classifico os filmes por estilo. Mas também já participei de diversas mostras no Rio Grande do Sul, no Amapá, No Rio de Janeiro e aqui em Cabo Frio meus filmes foram mostrados no Cine Tribal e no meu cineclube itinerante, o Cine Mosquito. O que eu evito são os festivais competitivos!


Por que evita os festivais competitivos?

Jiddu: Percebi que os filmes feitos com baixar resolução ainda não são levados muito a sério nos festivais!

É verdade. Será preconceito? Burrice? Elitismo?
Jiddu: É complicado mostrar o filme se ele não for contextualizado antes! Aí fica parecendo que a gente não sabe fazer e na verdade não é esta a discussão que me interessa. O cinema de baixa resolução é uma estratégia de inserção social e aí entra o projeto que desenvolvi na ONG CECIP durante um ano!

Fala mais sobre o trabalho no CECIP...
Jiddu: Ensinei a técnica de Cinema Possível para professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, e fizemos duas mostras, tudo através do CECIP.

E que técnica é essa?
Jiddu: A idéia é convencer o professor a editar seu próprio acervo. Numa primeira fase a gente não entra com o discurso do OLHAR, e sim com a estratégia de implementar um novo hábito nas pessoas de editar seu próprio material audiovisual!

Reciclagem audiovisual...
Jiddu: É importante construir esse hábito e ensinar o pessoal a trabalhar com software simples... e o mais simples de todos é o MOVIE MAKER. Só então, numa segunda faze entramos com o discurso cinematográfico de fato!

Como é o seu processo de trabalho?
Jiddu: Meu processo começou muito compulsivo, tive que aprender tudo sozinho! Filmava tudo o que via, fazia um filme e depois avaliava o resultado. Quando conseguia a chegar numa síntese chamava um ator para fazer um filme com ele!

Não entendi, explica melhor...
Jiddu: Eu experimentava as linguagens de cinema, e ao mesmo tempo estudava o limite técnico da máquina, do programa de edição e só fazia um filme quando tinha o domínio técnico do que eu queria dizer! É por isso que o cinema possível não gera filmes em grande quantidade porque ele contém uma estratégia de experimentação auto-didática! Anoto tudo, inclusive fiz uma apostila do método...

100 filme em 2 anos não é uma grande quantidade?
Jiddu: Como eu te disse antes, não considero 100 filmes como produto e sim, algo em torno de 20 filmes!

Mesmo assim Jiddu, é quase um filme por mês!
Jiddu: Coloco como resultado específico em 2 anos algo em torno de 20 filmes onde considero o resultado. Mas acho que teu processo não engloba as fazes do cinema possível, acredito que seja uma outra filosofia! No meu caso existe uma investigação e experimentação muito aberta onde a quantidade é muito necessária nesta fase!

Mas na prática Jiddu, como que é? Que câmera você usa, em que condições você produz? Com que equipe?
Jiddu: Pois é, você tocou num assunto polêmico! Eu não considero a tecnologia um fator limitante, mas sim instigante. Então eu trabalho atualmente com uma câmera fotográfica de 10 megapixels... Não estamos falando de um cinema convencional, mas de um cinema que se apóia na precariedade e na invenção de si mesmo!

O cinema sempre foi visto como uma arte coletiva, e agora esta se tornando uma arte individual. Como vc vê isso? Quem faz o cinema possível, o Jiddu e mais alguém?
Jiddu: Tudo no cinema possível é fruto de trabalho de que envolve muitas pessoas, mas não existe a organização clássica do cinema indústria! Nos meus filmes eu trabalho com músicos, atores, a diversos tipos de apoio... OS APOIOS POSSÍVEIS!

O que acontece é que o fator coletivo no cinema depende de diversas questões! O Cinema Possível não é um coletivo de 10 ou 20 pessoas, mas nenhum filme que faço é solitário, entende?
Quando fui estudar na Darcy Ribeiro eu tinha uma produção e queria discutir o caminho que tava trilhando, a professora, Inez Cabral, foi muito aberta e entendeu profundamente minha intenção...

E o Cine-Mosquito, ver filme juntinho é mais gostoso?
Jiddu: Pois é, o Cine Mosquito é mais um passo para romper com a solidão e preconceito. Muitos dos filmes produzidos no Brasil, não só meus, não têm como ser mostrado!
A idéia de um cineclube itinerante que vai na casa das pessoas gerou bastante audiência para filmes de muitos cineastas... inclusive o filme Curtindo a Vida Armado foi mostrado em 3 sessões para públicos diferentes dentro de Cabo Frio, tendo chegado a um público de aproximadamente 60 pessoas. Esse número parece que não é nada se pensarmos no cineclube tradicional ou na sala de exibição, mas é um número que aponta para uma tendência que pode mudar a forma de ver cinema nacional.

Como funciona o Cine-Mosquito?
Jiddu: Na verdade não existe nenhuma novidade em se mostrar filmes na casa das pessoas mas o Cine Mosquito tem algo de novo que é dar um caráter organizacional para a coisa!
Uma delas é a curadoria dos filmes, os critérios de escolha que devem ser discutidos com o dono da casa, a outra é evitar transformar o encontro num evento com telão e tal. Queremos ver os filmes na TV normal que as pessoas possuem em suas casas. E o evento só acontece quando alguém oferece sua casa. Este ano eu realizei apenas um no Amapá, dentro de uma universidade. O conceito ainda está sendo implementado, por isso, é difícil dar uma definição técnica. Mas se tivermos 12 convites durante um ano, teremos um Cine Mosquito por mês, até agora fizemos 6, todos os eventos são catalogados no blog.

Tá, então convido você para uma exibição na minha casa!
Jiddu: Seria ótimo! Existe uma questão de hábito aí e é onde o projeto ganha! No futuro as pessoas vão receber dinheiro para exibir filmes na sua casa! Essa é uma tendência... não sou eu que digo isso e sim o DOMÊNICO DI MASI

Mas se a casa é minha e a curadoria também, qual é o diferencial?
Jiddu: A Curadoria não é sua apenas é nossa! Existem critérios para que uma exibição na sua casa possa se chamar Cine Mosquito, entende?

Quais os critérios?
Jiddu: Estou tentando explicar o que é que acontece e porque o Cine Mosquito ainda não é uma idéia usual, depende de muita reflexão, diálogo e por isso ainda não temos como garantir uma programação mais continuada do evento!

A TV é um aparelho que compramos para exibir filmes consensuais. Ela é um terminal periférico para a exibição de conteúdos veículados não necessariamente por nós!

A discussão que o Cine Mosquito levanta é a apropriação desse objeto caseiro para a exibição de filmes escolhidos pelo dono da casa e direcionada ao público que ele quer mostrar!
A idéia parece simples mas não é, porque é um conceito amparado numa mudança da forma como nos apropriamos das imagens produzidas no planeta!

Cabo Frio tem uma perspectiva particular?
Jiddu: Com certeza Cabo Frio é uma surpresa no que tange ao fazer cinema! A cidade teve a sorte de ter um festival de cinema e o trabalho do Observatório Humano Mar que canalizou um momento e, modestamente, me permito dizer que o cinema possível ajuda muito a cidade! Assim como está sendo muito bom pra cidade o trabalho feito pelo Observatório, que sabemos, está mudando o destino de muita gente, inclusive posso afirmar que, devido a uma antena que tenho ligada no meu instinto de sobrevivência, o Cinema Possível também bebeu na fonte deste projeto.

Nos Cine Clipes você usa músicas de compositores famosos. Como você vê a questão dos direitos autorais? Hoje, o que é respeitar o autor?
Jiddu: Todas as músicas que uso são autorizadas! É um trabalho de parcerias, apesar de alguns músicos serem conhecidos, muitos nunca tiveram um Cine Clipe falando de sua obra.

Eu acho importante respeitar os direitos autorais, isso é fundamental! Mas eu desenvolvi técnicas de abordagem para chegar nesses profissionais e convencê-los a fazer o Cine Clipe. É importante que eles vejam que o paradigma da produção musical mudou no Brasil e a parceria é importante para que todo mundo possa ter visibilidade!

O Brasil é um país de concentração de renda, poder e saber. De vez em quando precisamos ter idéias e parcerias inovadoras para evitar que só alguns ganhem enquanto os outros ficam à margem!

E as perspectivas, o futuro?
Jiddu: Eu sou bem otimista. O projeto DO GIZ AO PIXEL, realizado na ONG CECIP foi um grande sucesso! A própria ONG quer dar continuidade e já me chamou pra conversar. Este ano tenho alguns convites para viajar e falar deste projeto, é um trabalho de formiguinha e ainda muito solitário, mas já está dando frutos!

Site do Jiddu:
http://www.jiddusaldanha.com/

Canal do Cinema Possível no Youtube:
http://www.youtube.com/user/cinemapossivel

Cinema Possível no Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55087

Cine Clipe no Youtube:
http://www.youtube.com/cineclipe

Blog do Cine Mosquito:
http://www.cinemosquito.blogspot.com/

ORIGINALMENTE PUBLICADO EM:
http://www.humanomar.com.br

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Jiddu Saldanha entrevista May Pasquetti

fonte: http://curtabrisa.blogspot.com


May Pasquetti é atriz, poeta e completará sua formação em biologia este ano. É Gaúcha de Bento Gonçalves, a cidade que realiza o Congresso Brasileiro de Poesia a quase 20 anos. Atualmente vive e estuda em Porto Alegre. 

Escolhida para protagonizar o primeiro filme do Projeto Cinema Possível em HD, uma produção de 2011; May Pasquetti não é só um rosto bonito das terras gaúchas, mais que isso, ela é uma pessoa que transborda humanidade e inspiração. Sensível, debochada, brincalhona, tem o toque mágico das atrizes de cinema.

May Pasquetti. Um passeio pela cidade de Paris - 2010.
Cinema Possivel – Fale um pouco da sua vida, sua história, as lembranças da cidade de Bento Gonçalves, sua terra natal.

May Pasquetti - Vivi em Bento durante toda a minha infância e adolescência, até os 17 anos. Tenho milhares de lembranças sobre a cidade, de todos os tipos. Bento é uma cidade muito bonita; diria que em uma primeira impressão seria arrumada e aconchegante. É um lugar ótimo para conhecer e passar um tempo, mas sempre tive dificuldades para ver a cidade como minha casa. Imagino que essa sensação tenha relação com a falta de oportunidade para minhas áreas de interesse (artes e biologia) e com o aspecto provinciano da cidade.

A colonização prioritariamente italiana dá um tom conservador e muito ligado as aparências e isso me incomoda! A parte isso, tive uma ótima infância: brinquei muito na rua, subi em árvores, vivia com as pernas roxas! Adorava correr pelo “calçadão”, como chamamos a praça do chafariz de vinho, em frente à prefeitura. Passei boa parte da minha adolescência no shopping Bento com a “galera da lan house”, onde conheci meu primeiro namorado e fiz bons amigos. Não era muito próxima dos meus colegas da escola, na verdade fiquei mais amiga dos meus professores! Enfim, tenho carinho pela cidade, retorno pra lá mais ou menos a cada 15 dias para visitar meus pais, e tenho sim boas lembranças de lá. Recomendo muito para conhecer e realmente há vinhos ótimos e vinícolas lindas! E claro, no Congresso de Poesia, Bento Gonçalves se transforma!

CP – Como foi que você se interessou pela poesia.

MP - Meus pais sempre me incentivaram a ler. Desde pequena fui uma grande devoradora de livros. Descobri alguns poetas nas aulas de português/literatura do colégio, mas o interesse de conhecer mais veio por conta própria. E claro, desde que venho participando do Congresso de Poesia de Bento Gonçalves, e que comecei a me arriscar a escrever, tenho cada vez mais contato.

CP – Quais são seus poetas preferidos, vivos e mortos. Você tem alguma predileção?

MP - Nossa! Posso fazer uma lista enorme. Não tenho predileções. Acho que um dos pontos altos da poesia é justamente o fato dela ser mutável: cada vez que leio um poema surge uma nova interpretação. Então, os meus poetas prediletos acabam variando muito de acordo com o momento em que estou vivendo. Não vou citar nome de amigos pra não esquecer alguém! Mas pra citar alguns dos clássicos adoro Vinícius de Moraes, Mário Quintana, Mário de Andrade, Drummond, Neruda, Torquato Neto, Arnaldo Antunes, Baudelaire, Leminski, Ferreira Gullar, Florbela, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Rimbaud e muitos outros.

os sons lépidos
das palavras sórdidas
de um convite rápido
com desejos tórridos

depois cálida
flutuo límpida
me sentindo única
nos teus braços súbitos

(May Pasquetti)

 CP – No congresso de Poesia, em Bento, você é conhecida por dominar uma parte do repertório do poeta Artur Gomes, como foi que você se aproximou da poesia dele?

MP - Durante o Congresso Brasileiro de Poesia os poetas visitam as escolas da cidade fazendo apresentações e palestras, e a minha foi uma dessas. Lembro de irem dois anos seguidos Artur Gomes, Nayman, Christian (acho que era esse o nome, um menino moreno bem novo, não vi ele nos últimos congressos) e o próprio Jiddu Saldanha (que eu ajudei numa mímica, algo como segurar um copo imaginário que ele enchia). Depois disso procurei o Artur na internet (acho que ele colocou o orkut e o blog dele no quadro) e começamos a conversar. Um dia, perto de julho de 2006, ele me enviou umas cenas de teatro dele, e disse que queria encená-las no Congresso e eu me convidei para participar. Naquele ano Artur foi uma semana antes pra Bento para ministrar uma Oficina de Poesia Falada, da qual também participei, e ensaiamos. Desde então venho participando com ele do Congresso de Poesia. Também fizemos um recital juntos na Fenavinho Brasil 2007 e participamos do III VMH New Scene, no Rio.

May Pasquetti, meio musa, meio poeta, gente por inteira!
CP – Atualmente na universidade, você está estudando em Porto Alegre, fale um pouco da sua formação, projetos para o futuro e possibilidades dentro do mercado de trabalho.

MP - Estou terminando o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. As possibilidades no mercado dentro de Biologia são bastante amplas, o curso permite desde a docência em escolas de Educação Básica até a pesquisa de ponta em grandes empresas e Universidades. Eu pretendo seguir estudando na área de Bioquímica. Vou me formar no final deste ano (2011) e entrar para o Mestrado.

tempo
grandeza vã

capaz de se perder
no espaço
esfacelar-se em pó

dono de longos
e ligeiros passos
faz-se ausente
até deixar-nos
sós

(May Pasquetti)


CP – Como surgiu teu interesse pelo Cinema Possível.

MP - Sou uma grande admiradora de todos os tipos de arte. Conheci o Jiddu no Congresso de Poesia faz 5 anos, e desde então temos feito alguns pequenos filmes, que rodam pelo Youtube. Já vi vários filmes produzidos pelo projeto e achei todas as idéias do Cinema Possível incríveis. Agora em 2010 surgiu essa idéia do curta e Jiddu me convidou para filmar com Artur e Jorge. E tem sido ótimo! Agora não paro mais!

CP – Quem é Mayara Pasquetti por Mayara Pasquetti?
MP - Uma doida responsável, extremamente determinada e persistente, que adora arte de todos os tipos e que tenta fazer as outras pessoas gostarem também, uma (quase) bióloga, alguém que tenta ajudar os amigos sempre que pode, uma aprendiz de poeta, uma chata perfeccionista pra caramba, mas acho que antes de tudo sou alguém em constante aprendizado, que tenta tirar o máximo de todas as situações e que ainda tem muito pra aprontar por aí!

Marisa Vieira comenta May Pasquetti.

A primeira vez que assisti uma apresentação de May Pasquetti fiquei impressionada com tamanho talento de uma moça tão jovem. Praticamente uma "Pagu" da nova geração.

May tem uma ousadia de misturar o sagrado com profano e ainda te deixar com o gostinho de querer beber mais de sua poesia.

No palco é singular, consegue ser várias e ao mesmo tempo uma só, uma atriz revelação, dividir o palco com May Pasquetti foi e sempre será uma grande honra!

Fico por aqui torcendo que o "Brisa" possa soprar aos quatro cantos do mundo e todos possam conhecer o talento e poesia de May Pasquetti.

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cidade veracidade

onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...