quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

princesa morta


princesa morta


dorme a princesa encantada
no portal dos desenredos
na bruma das madrugadas
evoé - Eros meus dedos
tocando o vinho na língua
da saliva em tua boca
ó princesa adormecida
que vens na pele da pedra
quantos anos quantas Eras
tivemos nesse abandono
por estações de primaveras
sem chegadas só partidas
nas luas de tanta espera
nas marés das despedidas
na carne o sal das promessas
silêncio o som das feridas

ó princesa adormecida
enquanto guardas na flor da carne
dos teus lábios indefesos
sorrisos palavras mágicas
ou só meus poemas presos
o que imanta teus olhos
que ímã me tens me tesa
me armas com tuas entradas
de tantas delicadezas
elétrico me põe na fala
faíscas de um tempo aceso
no mito a chave da porta
a corda que o plumo estica
no mito a princesa morta
no poema viva fica

Federico Baudelaire

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

dialogando com o mestre

 

Na Pedra do Reino do Sol
sem restrição alguma
em busca de Ariano Suassuna

Curso Livre de Teatro

Dezembro  - 2019

Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima

narrador - cantador

1 - certa vez na Paraíba
cidade de João de Pessoa
nasceu um sábio falante
que escrevia cantando loas
sabia falar oxente
compadecida também
pensava como se fala
escrevia como ninguém

2 - escreveu A Pedra do Reino
O Santo e a Porca também
quando foi morar no Recife
Nossa Senhora disse amém
louvando o diabo e o manto
joão grilho chicó e os vinténs
do homem que toca gaita
para o morto ressuscitar

3 - da mulher do padeiro o cachorro
o bispo não quis enterrar
A Mulher Vestida de Sol
a poesia o cordel
cantou as coisas da terra
cantou as coisas do céu
é tanta estória contada
e muito mais ainda pra contar

Artur Gomes
o poeta enquanto coisa
https://www.facebook.com/poetaenquantocoisa/ 


dialogando com o mestre

o poema pode ser
um trem fora do trilho
a ponte que caiu
a mulher que não deu filho
a puta que pariu

Rúbia Querubim
https://www.facebook.com/rubiaquerubim/


domingo, 5 de fevereiro de 2023

poética



Poética

para Rachell Rosa

 

Clarice mora no silêncio
vive em entre/linhas
fala monossílabas
quando toca as entre/minhas

come as Juras Secretas
como fossem chocolates
morde o líquido das delícias 
ao entrar em sintonia
em cada letra que namora

Clarice a mulher que come livros
Isadora a que devora

 

                         Federika Lispector

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/



 

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra 
tem seus olhos no brilho da escultura

 

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem a cor da tua pele
a carne sob os lençóis onde meus dedos
ainda não nasceram

 

Deus anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos

comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas 
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

 

                                                    Gigi Mocidade 

https://porradalirica.blogspot.com/


cidade veracidade

onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...