quarta-feira, 27 de agosto de 2025

TranspoÉticas - Coletânea de Poetas Vivos

o cão azul  

para rodrigo sousa leão

 

ele cantava

como um pássaro engaiolado

as 4 da madrugada

no seu apartamento

e me perguntou

se eu tinha gostado

da garganta da serpente

e se era também azul

o cão que estava do meu lado

invisível para mim

naquele momento


EuGênio Mallarmè

nas fibras da memória

 

o meu espelho hoje

só reflete tempestade

 

em memória o vazio

nos atropela

 

pela língua pela lavra

fogo brasa

do teu corpo me acelera

 

perdi a conta

quantas vezes

o teu nome

me arrancou do sono

 

nas fibras da memória

tua memória nua

 

olhando da janela

o dia amanheceu

 

por isso anda o arrepio

quando o telefone toca

 

                       mariana brumadinho

 

um mar de lama

mata um rio

que era doce

 

mariana brumadinho

tem muita lama

no meio do caminho

 

holocausto

 

quem se alimenta

dessa dor

desse horror

desse holocausto

 

desse país em ruínas

da exploração dessas minas

defloração desse cabaço

 

quem avaliza esse des(governo)

simboliza esse fracasso

 

y love song baby

 

em imburi o vento sopra

gosma de tapioca

manga mandioca abacaxi

 

são francisco itabapoana

não me engana

 

minha língua não precisa

provar

lamber

comer

chupar

para saber o gosto

o amargo dessa estrada

 

nela se desova

toda cruel veracidade

da podridão de uma cidade

que nunca deveria ter sido


Federika Lispector 

              ensaio

com meu olho gótico TVendo enquanto o teu me trans pira pelos poros poemas ainda não escritos os ruídos os silêncios falas palavras que mesmo não saindo de tua boca vão ficando na retina e fotografadas na pele da memória 

 

vertigem 8

 

de pedra dourada

ficaram dedos

em minha língua de pétalas

desejos não saciados

por águas de cachoeiras

por trilhas inalcançáveis

na carne virgem do sol

 

de pedra dourada

ficaram minas

cravadas na flor da memória

no corpo cicatriz – tatuagem

nos olhos quantas vertigens

não sei por quantas viagens

ainda verei essas minas

 

em cada sulco dos dedos

em cada pedra nas mãos

 

Gigi Mocidade

 

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 jura secreta 40

 

moro no teu mato dentro

não gosto de estar por fora

tudo que me pintar eu invento

como um beijo no teu corpo agora

 

desejo-te pelo menos enquanto resta

partícula mínima micro solar floresta

sendo animal da mata atlântica

quântico amor ou meta física

tudo o que em mim não há respostas

 

metáfora D´alquimim fugaz brasílica

beijo-te a carne que te cobre os ossos

pele por pele sobre as tuas costas

 

os bichos amam em comunhão na mata

como se fosse aquela hora exata

em que despes de mim o ser humano

e do corpo rasgamos todo pano

e como um deus pagão pensamos sexo

 

Artur Gomes

Juras Secretas

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sou o mestre sala

não me roube a fala

nem a anarquia

que não sou político

carregador de mala

 

e que zeus me livre

dessa corja insana

que arrombou brasil

quero que se foda

a putaria toda

e o genocida

desça a rampa que subiu

 

Federico DuBoi

27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

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Artur Fulinaimagens
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