tecidos sobre a terra
terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida
minha terra é de senzalas tantas
enterra em ti
milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões
a voz que tenta - avança
plantada em ti
como canavial que a foice corta
mas cravado em ti me ponho a luta
mesmo sabendo o vão - estreito em cada porta
ó terra incestuosa
de prazer e gestos
não me prendo ao laço dos teus comandantes
só me enterro a fundo nos teus vagabundos
com um prazer de fera
e um punhal de amante
Artur Gomes
do livro: Suor & Cio 1985
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