domingo, 13 de novembro de 2016

couro cru & carne viva


eu
poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas
da tua cama arrancar os cobertores
desatar todos os nós
com as unhas arranhar os teus pudores
rasgando as rendas dos lençóis

perpetuar a ferro e fogo
minhas marcas no teu útero
meus desejos imorais
mal/dizendo a hora soberana
com a fora sobre/humana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e fruto
como quem dá de comer aos animais

Artur Gomes
foto.poesia

do livro: Couro Cru & Carne Viva

sábado, 12 de novembro de 2016

pátria a(r)mada



pátria a(r)mada

só me queira assim caçado
mestiço vadio latino
leão feroz cão danado
perturbando o teu destino

só me queira enfeitiçado
veloz macio felino
em pelo nu depravado 
em tua cama sol à pino

só me queira encapetado
profanando aqueles hinos
malandro moleque safado
depravando os teus meninos

só me queria desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino

Artur Gomes
foto.poesia
do livro: Couro  Cru & Carne Viva

www.goytacity.blogspot.com 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

tecidos sobre a terra


tecidos sobre a terra

terra,
antes que alguém  morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida

minha terra é de senzalas tantas
enterra em ti
milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões
a voz que tenta - avança
plantada em ti
como canavial que a foice corta
mas cravado em ti me ponho a luta
mesmo sabendo o vão - estreito em cada porta

ó terra incestuosa
de prazer e gestos
não me prendo ao laço dos teus comandantes
só me enterro a fundo nos teus vagabundos
com um prazer de fera
e um punhal de amante

Artur Gomes

do livro: Suor & Cio 1985

terça-feira, 1 de novembro de 2016

poema antibíblico


Poema AntiBíblico

De Santa Cruz de La Sierra
passando  por PortoViejo
direto de Cavajarro
por ser de carne osso não de barro
te mando um beijo ó Amada!
pelo quanto que encerra
nosso amor BolivariAndo
só amando o que é nosso
o país que sobrevive em nossos corpos 
a semente que plantamos - nosso chão

é preciso não temer o canalha
nem se amedrontar com os hipócritas
se vivemos independentes
armados de palavra até os dentes
pra combater a podridão. 

Artur Gomes Gumes

cidade veracidade

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