Lau Siqueira, nascido em Jaguarão, é um poeta brasileiro.
Escreve poesias desde a adolescência, inicialmente influenciado pelo autor infanto-juvenil Sérgio Antônio Raupp. Na década de 70, começa a publicar seus poemas em colunas literárias do Jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, a capital do estado, vindo a publicar seu primeiro livro em 1993, chamado " O Comício das Veias", com o selo da Editora Idéia, com seus poemas e contos de sua então esposa Joana Belarmino.
Antes deste, havia participado de antologias como a "Mário Quintana - 1985" (aliás, Quintana, gaúcho como Lau, chegou a ser entrevistado pelo mesmo e por sua esposa em janeiro de 1987).
Seguem-se em 1998, "O Guardador de Sorrisos", pela Editora Trema, livro pelo qual o autor recebeu o prêmio Dom Quixote, do Jornal O Capital, de Aracaju, capital de Sergipe; e, em 2002, "Sem Meias Palavras", de novo pela Editora Idéia. Também se encontra em "Na Virada do Século - Poesia de Invenção no Brasil" (Editora Landy, 2002), antologia organizada pelos poetas Frederico Barbosa e Cláudio Daniel.
Seus poemas também podem ser encontrados nas Agendas da Tribo, em suas últimas edições, outras antologias literárias, suplementos literários em vários estados e, há algum tempo, no seu blog pessoal (endereço abaixo, em links externos).
O poeta há cerca de 20 anos vive na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba e mantém uma integridade rara, básica, que o torna tão expressivo quanto significativo para a poesia contemporânea, sem máscaras de qualquer espécie.
Uma citação sua: "Meu trabalho faz parte da minha vida, da minha história. Portanto, também o meu trabalho me fornece elementos para a escrita. Não há uma compartimentalização. Minha escrita se relaciona com tudo o que eu vivo, através da linguagem."
Comecei a conhecer a poesia de Lau Siqueira, através do FestCampos de Poesia Falada, festival de poesia que criei em Campos dos Goytacazes, em 1999, onde ele foi um dos poetas premiados na sua terceira edição em 2001. Lau lançou recentemente o livro: poesia sem pele e em João Pessoa, onde reside o lançamento se deu no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, para discutir a programação cultural da I Semana de Luta Antimanicomial da Paraíba.
1 - de médico poeta e louco todos nó temos um pouco?
de híbrido e de pouco
todos temos um louco
o homem é a cura
na doença da misturano mergulho da candura
na lua nua que flutua
na pose da escultura
que urra
e curra a normalidade
leviana que impune
plana
( )
na doença da misturano mergulho da candura
na lua nua que flutua
na pose da escultura
que urra
e curra a normalidade
leviana que impune
plana
( )
furo na pestana - mana
o médium é o louco
soco no oco
esguicho de versos
do pescoço
pode vrido no rosto
e é tudo muito
gozo
soco no oco
esguicho de versos
do pescoço
pode vrido no rosto
e é tudo muito
gozo
2 - a pele da palavra interfere na pele do poema pele?
a pele da palavra impele
a pele do que o pelo
expele
e a palavra sangra
o que fere serelepe
interfere
fere & refere...
a pele da palavra
remete a carne do poema
ao que o poema sugere
e o germe que apele
poesia é abismo
silvo que levita
e fere
remete a carne do poema
ao que o poema sugere
e o germe que apele
poesia é abismo
silvo que levita
e fere
3 - o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não profeta?
de lírios não somem
no olho manco da profecia
que mira o álvaro (de campos
ou mesmo a pessoa de fernando
o delírio é a ilha
a milha a escotilha
baunilha (também braguilha)
no olho manco da profecia
que mira o álvaro (de campos
ou mesmo a pessoa de fernando
o delírio é a ilha
a milha a escotilha
baunilha (também braguilha)
delírio delmiro musicalcinante brilho
em nome do pálio em nome do filho
enfim
delírio de lírio
é colírio
delírio de lírio
é colírio
o resto é estilo
4 - onde a metáfora e a meta do poema meta?
4 - onde a metáfora e a meta do poema meta?
a meta da metáfora
afora o afro do aforitmo
poema beta no silêncio metaldestino letal da seta
hino das colheiras
milharal mudo da reta
a metáfora é o poema
que desembesta em sopro
galo cantando
no terreiro da testa
(ô coisa besta!)
5 - o ofício de poeta é uma lâmina de artifícios?
o ofício do poeta
é furo na testa
corte no idílio raso
que resta
um brutus
e um pateta
festa da palavra
repleta na rosa certa
li ber t ação
do siri na lata
delata o caldo
de batatas
bagaceira
conceitual
coceira vital
é furo na testa
corte no idílio raso
que resta
um brutus
e um pateta
festa da palavra
repleta na rosa certa
li ber t ação
do siri na lata
delata o caldo
de batatas
bagaceira
conceitual
coceira vital
ofício do poeta é luxo
lixo em forma de barulho
silêncio do lado escuro
murro decadenso
claustro e seguro
da rolha que bóia
na entro-pia
bar do poeta
corte do letal
que deleta
corte no talho
que resta
lixo em forma de barulho
silêncio do lado escuro
murro decadenso
claustro e seguro
da rolha que bóia
na entro-pia
bar do poeta
corte do letal
que deleta
corte no talho
que resta
Lau Siqueira
POESIA SIM – http://www.poesia-sim-poesia.blogspot.com
PELE SEM PELE – http://www.lau-siqueira.blogspot.com/
“Eu me interesso pela linguagem porque ela me fere ou me seduz”. (Roland Barthes)
Grande Lau!!
ResponderExcluirsensibilidade à flor da pele..
é sempre prazeroso lê-lo e saber de você!
Beijos
Andréa Motta
Fantástica entrevista poética! Grande Lau! Abraços ao Lau e ao Artur!
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